Os garotos ensaiaram por mais de duas horas. Para eles, não era cansativo, pois a música os fazia feliz e os deixava bem.

Às dezenove horas do mesmo dia, Brendon, Ryan e Brad estavam saindo da casa de Spencer. Na hora de irem, o celular de Ryan tocou.

– Alô?

– E aí, cara!

– Oi, Gabe

– Como vai nesta bela noite?

– Bem, e você?

– Também. Então, eu combinei com o pessoal e estou convidando você e o resto da banda para conhecê-los

– Legal! Quando?

– Amanhã, vinte horas, naquele mesmo bar

– Combinado

– Ótimo, nos vemos amanhã

– Até

Ryan desligou o celular e olhou para os companheiros, que pareciam interessados na conversa do amigo.

– O Saporta nos convidou para conhecer o pessoal dele. Acho que já havia comentado

– É. Quando?

– Amanhã, vinte horas, no Open Bar

– Ok, estou dentro

– Eu também

– Brad, você quer ir junto?

– Acho melhor não, eu nem conheço esse seu amigo e...

– Mas vai conhecer. Amanhã combinamos melhor, pode ser?

– Pode, mas... onde eu fico?

– Bem, na minha casa você não aceitou, então eu te mostro um hotel aqui perto

– Ok, obrigado

– Não precisa agradecer. Brendon, você quer vir junto?

– Se não for incômodo

– Claro que não! Vamos - Ryan sorriu

POV do Brendon

Há alguns dias atrás, eu estava na aula de música, e foi nela que eu conheci Brent Wilson. Brent me levou até seus amigos para que eu pudesse me candidatar a gruitarrista da banda deles, e hoje faço parte dela.

A melhor parte disso tudo é Ryan. Ele é o vocalista e letrista da banda. O pai de Ryan é alcooólatra e bate nele, e mesmo assim, ele é a pessoa mais feliz que eu já vi. Está sempre se preocupando com os outros. Para Ryan, a felicidade das pessoas vem acima da felicidade dele mesmo. Ele é forte, e eu o admiro muito. Ele tem o sorriso mais lindo do mundo. Ele tem o rosto mais lindo que eu já vi

Fim do POV do Brendon

Já no hotel, Ryan e Brendon se despediram de Brad e seguiram seus caminhos

– Brendon, eu adoraria se você fosse agora na minha casa, mas... meu pai chega em pouco tempo e eu não quero que ele deixe seu olho roxo.

– Ok, sem problemas. Nos vemos amanhã, então

– Ok, lá por quinze horas eu vou estar na casa do Spencer

– Está bem. Até lá

– Até

No dia seguinte, eram treze horas. Ryan ligou para Brendon - aproveitando que seu pai não estava em casa - e convidou-o para os dois darem uma volta.

Na hora marcada, Brendon estava batendo na porta da casa do amigo.

– Vamos?

– Vamos lá

– E então, para onde nós vamos?

– Eu ainda não sei. Podíamos ir na praça

– Claro, seria ótimo. Estou cansado de ficar em lugares fechados

– Eu também

– E então, aproveitamos para nos conhecermos melhor

– Fala aí, o que você quer saber?

– Me fale o que você curte

– Basicamente minha vida se resume em Beatles, Smashing Pumpkins, Black Sabbath, Name Taken, tocar e passear. E claro, estudar.

– Namorando alguém?

– Não. E você?

– Não

Brendon e Ryan calaram-se e se entreolharam

– Sabe, Ryan, eu te admiro muito

– Por que?

– Porque você sempre coloca os outros acima de você. E você convive com um pai que te bate, e eu nunca vi você reclamar por isso

– Já sofri tanto que aprendi a lidar. Desde a minha infância. Eu já fui até para o hospital

– Nossa, eu... sinto muito

– Obrigado. Mas vamos mudar de assunto

– Concordo. Sobre o que você quer falar?

– Me diga você

– Relacionamentos

– Ok - Ryan riu - O que você quer saber?

– Já namorou alguém?

– Já

– Quanto tempo?

– Um mês

– O que aconteceu?

– Terminei com ela

- Por que?

– É complicado...

– Sou seu amigo. Pode me contar

– Eu sei, mas... é realmente complicado, e eu não tenho coragem de contar

– Ok. Quando tiver, fique à vontade para me contar?

– Está bem

– Continuando... você está afim de alguém?

Ryan hesitou, olhando para o amigo antes de responder.

– Talvez

– Talvez?

– É

– Você tem que ter certeza. Sim ou não?

– Acho que sim

– Quem?

– Segredo

– Você é muito misterioso... acho que vou ter que começar uma investigação

– Boa sorte, senhor Holmes. Você vai precisar

– Não se eu usar um método

– Que método?

– Um que nunca falha. Cócegas!

Brendon rapidamente se virou e fez cócegas no amigo, que ria sem parar.

– E agora, você vai me dizer quem é?

– Não. Brendon - Ryan dizia, rindo -, para, por favor. Estou ficando sem ar, e minha barriga está doendo de tanto rir

– Barriga? Você não tem barriga. Você é um palito, Ryan Ross

– Não me faça rir novamente, por favor

– Desculpe - Brendon riu

– Fiquei sem fôlego

– Quer sentar um pouco?

– Pode ser

Ryan e Brendon sentaram-se na calçada para descansarem um pouco

– Ai ai... - Ryan suspirou e olhou para Brendon, e assim começou a rir novamente

– O que foi? - Brendon ria do amigo

– Eu não sei

Ryan ria sem parar. Depois de algum tempo, conseguiu parar e deitou no chão com a cabeça no colo de Brendon

– Me desculpe. Eu ri muito, não é?

– Que nada. Foi engraçado. E um pouco estranho, talvez. Bem, não tão estranho quanto você estar deitado no chão

– De vez em quando me dá uns ataques e é difícil controlar

– Está tudo bem - Brendon sorriu

– Dá vontade de dormir aqui. Sabe, ao ar livre, ao som dos pássaros e do vento batendo nas folhas das árvores, vendo o céu...

– É, dá mesmo. Pena que estamos em uma rua bem movimentada e não dê para ouvir nada disso

– Desculpe - Ryan riu alto - Eu estou um pouco chapado, acho.

– Não, é loucura mesmo. Acontece comigo também. Quando estou feliz, começo a rir do nada e não consigo mais parar

– Bem, acho que já descansei o suficiente

– No chão deve ter sido bem confortável

– Você está muito irônico hoje. Mas, se quiser ser meu colchão, eu aceito

– É, vamos deixar isso para seu colchão de verdade. Vem, levanta daí

– Ok

– Agora é só seguirmos o caminho

– Brendon, obrigado

– Pelo que?

– Por ser tão tolerante à meus ataques de loucura

– Que isso! É divertido assistir - Brendon riu

– Isso porque você ainda não presenciou ataques piores

– São mais engraçados ainda, sem dúvidas

– Chegamos. Vamos sentar naquele banco perto do lado

– Ok

– Aqui é tão lindo, você não acha?

– Com certeza. Devíamos convidar o Spencer e o Brent para fazer um piquenique aqui qualquer dia desses

– Boa ideia. Então, o que podemos fazer?

– Eu não sei. Que tal se caminharmos um pouco pela praça?

– Ok

Os dois garotos levantaram do banco e caminharam pela praça. No meio do caminho, Ryan tropeçou em uma pedra e quase caiu no chão, mas Brendon segurou-o

– Opa! Está tudo bem?

– Está. Obrigado

– Não precisa agradecer - Brendon sorriu