Tudo ocorria bem. Era quinta-feira e iríamos à Fueled By Ramen. Chegamos e vimos Wentz na frente, nos esperando.

- Hey! Chegaram na hora. Estão prontos?

- Estamos

- Ótimo, então vamos subir

Pete apresentou-nos aos produtores.

Sacamos os instrumentos e começamos a tocar. Quando terminamos, saímos da pequena sala e um dos produtores nos mostrou um contrato.

- Leiam-no e se estiverem interessados, assinem. Vocês têm muito futuro, a banda é brilhante. Parabéns

Não conseguimos acreditar no que havíamos acabado de escutar. O quão incrível aquilo era?

Lemos todos o contrato e decidimos assinar. Nosso futuro estava naquele contrato.

- Bem, parabéns! Vocês agora fazem parte da Fueled By Ramen. Entraremos em contrato em breve, queremos as outras músicas. Posso afirmar que vocês não estão muito longe de gravar um disco.

Seria verdade? Quase tivemos um ataque quando escutamos aquilo, mas tentamos conter a enorme felicidade para parecermos profissionais

Pete estava encostado na parede, de braços cruzados. Ele sorriu ao ver nossa reação quando o produtor nos disse aquilo.

- Muito obrigado! Eu nem acredito que isso está acontecendo

- Mas está - O produtor sorriu - Nos vemos em breve, tchau.

Wentz se desencostou da parede e nos levou até o andar de baixo, na saída.

- Eu nem sei como agradecer, Pete

- Você não precisa - Ele sorriu - É sempre um prazer ajudar. Ele não estava mentindo quando disse que vocês são bons. A música é incrível. Quem as escreve?

- Eu

- Sozinho?

- Na maioria das vezes, sim

- Wow! Você é um letrista excelente, Ryan.

- Muito obrigado mesmo, Pete, por fazer isso por nós. Foi muito gentil

- Imagine! Quando precisar de alguém, seja amigo ou ajudante, eu estarei aqui - Pete piscou - Agora vá

- Tchau, Pete, e obrigado novamente

- Não há de que!

Chegamos na casa de Spencer muito felizes, comemorando.

- Conseguimos. Eu não acredito que conseguimos.

- Acredite

- Ele disse que não estamos longe de gravar um disco!

- Devemos uma ao Pete. Ele fez com que nosso sonho virasse realidade

- É

- Bem, não vamos perder o tempo que temos então! Vamos ensaiar

Foi o que fizemos, durante algumas horas. Nossa vida estava mudando. Estávamos todos muito contentes.

Brendon e eu não havíamos falando sobre aquela noite. Continuávamos amigos, conversamos normalmente, como se nada tivesse acontecido. Mas ambos sabíamos que não era bem assim. Algo havia acontecido.

Não foi algo que eu me arrependi de ter feito, muito pelo contrário. Se ele me beijou, acredito ter tido um motivo para isso.

Posso dizer que foi um momento perfeito. Acredito que ele teria continuado se Grace não tivesse nos chamado para jantar. Brendon me surpreendeu. Eu queria os lábios dele novamente.

Após termos terminado de ensaiar, Brendon veio falar comigo.

- Hey, Ry, você quer tomar um suco comigo?

- Agora?

- Sim

- Claro. Brent, Spencer, eu e o Brendon vamos indo

- Está bem, até mais

Brendon e eu pegamos nosso casaco e saímos. Fomos para um lugar que ficava perto da casa de Spencer.

- Eu não sei sobre o que falar... - Ele disse

- Nem eu...

Vi Gabe e William se aproximando. Era incrível que estávamos sempre na mesma hora e no mesmo lugar.

- Oi... - Gabe disse, tímido

- Oi

- Ouça, Ryan, me desculpe por aquele dia

- Sem problemas. Eu também me sentiria assim se alguém fizesse isso comigo. Quem te deve desculpas sou eu

- Então estamos quites. Como foi em Seattle?

- Foi ótimo. Ah, você não vai acreditar

- No que?

- Nossa banda conseguiu uma gravadora

- Sério? Que ótimo! Como?

- Eu falei com Pete Wentz e ele nos levou até sua gravadora

- Wow, wow, wow! Pera aí, Pete Wentz? Do Fall Out Boy?

- Ele mesmo

- Como você conseguiu? - Ele questionou, surpreso.

- Eu tenho meus segredos

- Parabéns, dude!

- Obrigado

- Bem, eu e o Bill vamos indo. Foi bom conversar com vocês, até mais

- Até

- Então... sobre o que você quer falar?

A cada vez que Brendon falava, eu tinha vontade de beijá-lo. Por que não podíamos sair daquele lugar e ir para um outro qualquer, com menos pessoas? Por que não podíamos voltar no dia em que ele me beijou?

- Eu não sei

- Quer ir na minha casa?

- Claro

Chegamos na casa do Brendon e vimos a mãe dele na sala

- Oi, meninos!

- Oi, mãe

- Olá, senhora Urie

- Me chame de Grace - Ela sorriu, e eu apenas sorri de volta.

- Vamos subir, se a senhora não se importa

- Claro que não

Subimos as escadas e entramos no quarto dele

- Eu... tenho que te devolver aquela cueca - Eu disse, tímido, e Brendon começou a rir

- Ta, quando puder, traga-a aqui

- Droga, Brendon, você não vai parar de rir?

- Desculpe, eu vou parar

- Brendon?

- Sim?

- Eu sei que você está rindo

- Ok, agora eu vou parar. O que você quer fazer?

- Sei lá

O silêncio tomou conta de nós. Olhei para Brendon, ele estava de cabeça baixa, mas quando percebeu que eu estava o olhando, levantou-a e ficou olhando em meus olhos.

Decidi, então, quebrar esse silêncio:

- Brendon, nós vamos mesmo fingir que nada aconteceu?

- Do que você está falando?

- Você sabe do que eu estou falando

- Ok... Ouça, eu não sei porque fiz aquilo, foi por impulso, me desculpe, não foi minha intenção, somos amigos e nunca seremos mais que isso, eu sei que você não é gay, e nem eu. Não vai mais acontecer.

Aquilo doeu profundamente em mim. Eu tive vontade de chorar, mas segurei.

- Ok - Eu disse, magoado e quase chorando, e acho que Brendon percebeu - Tchau, Brendon

- Aonde você vai?

- Para qualquer lugar

Me dirigi para a porta e saí para fora do quarto de Brendon. Eu quis ir, mas Brendon não deixou.

- Ryan, espera! - Brendon segurou meu braço com força

- Me larga, Brendon

- Não! Aonde você vai? O que houve?

- Me deixa em paz - Consegui me soltar e fui embora

Me despedi rapidamente da mãe de Brendon e saí correndo, desabando em lágrimas.

No caminho, encontrei Gabe, que me olhou preocupado. Ele estava com William, como de costume, já que era seu namorado.

- Ryan? Está tudo bem? - Ele perguntou, me parando na rua e segurando meu braço de leve

- Me deixa sozinho, Gabe - Falei, tentando não ser grosso e me soltando

Gabe e William deram a volta e correram atrás de mim.

- Ei, ei, ei, ei! O que houve, Ry?

- Nada, Gabe, me deixe em paz, por favor

- Como nada? Você está quase se afundando nas próprias lágrimas. Vem, vamos sentar e você me conta tudo que aconteceu, ok?

Gabe me conduziu até um banco e nós três sentamos nele.

- Agora me conte o que está te incomodando

- Sabe o Brendon? - Perguntei, chorando

- Sei, é aquele que estava com você hoje

- Há alguns dias, estávamos fazendo uma guerra de travesseiros na casa dele. Pulamos por cima do sofá e fomos jogados no chão, e o Brendon caiu em cima de mim. Ficamos nos olhando durante minutos, até que ele me beijou, só que hoje, há pouco tempo, eu estava na casa dele e ele me disse que éramos apenas amigos, que ele é hétero e acha que eu também sou e que isso nunca mais vai acontecer.

- Oh, Ryan, eu sinto muito! - Gabe me abraçou

- Não fique assim, Ryan - William falou, me consolando -, se ele te beijou, algum motivo ele tem.

- O Bill tem razão, Ry, nenhum garoto beija outro garoto sem motivo

- Beija sim, pra provar e depois falar que é machão porque teve coragem de beijar outro garoto.

- Eu não conheço nenhum que tenha feito isso

- Eles têm nojo, Ryan

- Relaxa, Ry, pode ter certeza que o Brendon sente algo por você.

- Por que ele disse tudo aquilo então?

- Porque ele achou que você não gosta dele como ele gosta de você

- E não quis estragar a amizade de vocês.

- Você terá tempo para conversar com ele e esclarecer tudo

- Um dia ele tomará coragem e dirá tudo que sente

- Um dia, e se isso realmente for verdade, o que eu duvido muito.

- Então pare de duvidar. Pode demorar, mas ele vai falar tudo. Agora relaxe, ok? Eu não quero te ver triste

- Obrigado, gente

- Imagine! Estamos aqui para o que você precisar.