Ryan Ross era um garoto de cabelos e olhos castanhos, muito magro, alegre e encantador. Ele tinha apenas cinco anos na época em que conheceu seu melhor amigo e descobriu sua paixão pela música. Sofria muito com seu pai alcoólatra, que chegava bêbado em casa todos os dias, e, por vezes, batia em Ryan.

Apesar de tudo que passou na infância, Ryan era um garoto feliz, e sentia-se o mais sortudo do mundo por ter aqueles amigos e família que o amavam tanto.

Já eram dezessete horas da tarde de sábado, e o garoto brincava com seu amigo no pátio:

– Bi, bi!!

– Quem é?

– Entregador de pizza!

– Pode entrar

– Spencer, Ryan, o lanche de vocês está pronto! - A mãe de Ryan gritava

– Vamos?

– Vamos

Spencer era o melhor amigo de Ryan. Os dois eram muito próximos, e ficava muito mais fácil de se verem, já que recentemente, Spencer mudou-se para uma casa que ficava em frente à de Ryan. Os dois também compartilhavam a mesma paixão pela música.

Vários anos se passaram, e os dois amigos já não eram mais crianças. Certo dia, Ryan e Spencer, juntos de Brent Wilson - a quem haviam conhecido poucos anos atrás - resolveram formar uma banda: The Summer League

Antes do ensaio, os três estavam na casa de Spencer.

– Estou fazendo aula de música

– Legal

– E começa em meia hora, então... nos vemos depois, no ensaio

– Ok, tchau

– Até mais, Brent

– Até

Brent abriu a porta e saiu, fechando-a em seguida

Uma hora depois, alguém batia na porta, e Spencer foi atender

– E aí

– Oi Brent, e...

– Ryan, Spencer, esse aqui é o Brendon. Ele faz aula de música comigo

Ryan imediatamente olhou para o garoto e encantou-se com a beleza presente em seu rosto

– Olá - Brendon falou, tímido

– Oi

– Oi

– Eu trouxe ele para se candidatar a guitarrista

– Legal. E então, Brendon, por que você não toca a guitarra para ouvirmos seu som?

– Claro

Brendon pegou a guitarra e começou a tocá-la. Quando o garoto terminou, os outros aplaudiram

– Isso foi incrível!

– Você toca muito bem

– Obrigado

– E então, você quer ser o guitarrista da nossa banda?

– Claro!

– Ótimo! Bem-vindo à The Summer League. Esta aqui é minha casa, onde acontecem os ensaios. Agora, precisamos ensaiar

O porão de Spencer era o lugar onde eles ensaiavam e onde os instrumentos ficavam. Só recentemente os garotos estavam fazendo suas próprias músicas. Ryan era um excelente letrista. Se dedicava totalmente à banda, e é claro, à escola, já que era o último ano.

– O show de talentos está chegando. Algum de vocês vai participar? - Brent perguntou

– Eu acho que não

– Não pretendo

– E você, Brendon?

– Eu vou

– Legal

– O Brendon é da nossa escola?

– É

– Como nunca vimos ele?

– Eu sou meio escondido...

– E o que você vai tocar?

– Eu vou cantar

– Jura?

– Sim

– Legal

Brendon e Ryan se olhavam enquanto arrumavam os instrumentos

– E então, vamos fazer um som?

– Já era!

Os garotos tocaram por uma hora, até que decidiram parar

– Perfeito.

– Devo dizer que fiquei impressionado, Brendon. Você toca muito, muito bem mesmo

– Obrigado... Ryan, né?

– É

– Você tem uma voz muito boa

– Obrigado. Bem, eu acho que vou indo

– Já?

– É. Tenho que chegar antes do meu pai, senão... você já sabe o que acontece comigo

– Sei... tchau, Ryn, se cuida, ok? Não deixe seu pai te machucar

– Vou fazer o possível

– Ok. Tchau

– Tchau, gente

– Tchau, até amanhã, Ry

– Até

Ryan caminhou até a porta, abriu-a e saiu

Na manhã seguinte, os quatro se encontraram na escola, e quando o sinal bateu para voltarem às suas casas, os garotos combinaram de se encontrar na casa de Spencer às catorze horas para o ensaio

Quando chegou a hora marcada, Ryan abriu a porta do porão da casa de Spencer e encontrou todos lá

– Oi - Ryan disse e sorriu, apesar de não parecer muito feliz

– Ryan! O que aconteceu? - Spencer perguntou, levantando-se rapidamente do sofá

– Foi o meu pai...

– Acho melhor limparmos isso. Você está bem?

– Estou

Brendon parecia chocado ao ver o rosto do amigo. Seu nariz e sua boca estavam sangrando, e seu olho estava um pouco roxo

– Vem, vamos subir, minha mãe cuida disso

Spencer e Brent ajudaram Ryan a subir as escadas, e Brendon os seguiu, em choque e sem entender nada.

A mãe de Spencer colocou uma cadeira no meio da cozinha e fez Ryan sentar nela. Depois, umedeceu um algodão e passou-o levemente nos lugares que estavam sangrando

– Foi aquele seu maldito pai, não foi? - A mãe de Spencer perguntou, indignada - Aquele alcoólatra maldito! Toma um porre e ainda tem coragem de bater no próprio filho! Isso é inaceitável!

– Eu vou ficar bem, senhora Smith. Não se preocupe

– Você só vai ficar bem quando estiver longe daquele monstro! - A mãe de Spencer gritava - Pronto, Ryan

– Obrigado

– Não precisa agradecer, querido

– vamos descer?

– Vamos

– O que houve que seu pai te bateu?

– E ele precisa de um motivo? - Brent interrompeu

– Nada, eu estava vindo para cá e encontrei meu pai no caminho. Ele já sabia que eu vinha para cá, então ele disse "você não vai ficar se misturando com aqueles seus amigos idiotas" e me deu alguns socos...

– Droga, Ryan. Eu estou avisando. Qualquer dia ele faz coisas piores. Se cuide, por favor

– Eu vou me cuidar. Obrigado, Spencer

– Não precisa agradecer. Eu sou seu amigo e é meu dever me preocupar com você

– Obrigado

– Brendon, parece que você viu um fantasma. Está tudo bem? - Brent perguntou

– Está, é só que... fiquei um pouco surpreso ao ver o Ryan todo machucado

– É melhor ir se acostumando - Ryan disse

– Não é a primeira vez que ele aparece sangrando aqui

– No total acho que já foram mais de sete vezes - Brent acrescentou

– Não é para tanto

– Oh, não é para tanto? Parece que você nem se importa com isso. Você quer morrer, Ryan?

– Não é que eu não me importe, é só que eu não fico mais surpreso

– Se cuide. Você sabe bem do que o seu pai é capaz

– Vou me cuidar, relaxe.

– Espero mesmo. Olhe só para o seu rosto

– Vamos mudar de assunto? Acho que devemos ensaiar

– De jeito nenhum nós vamos ensaiar com você desse jeito

– Eu estou bem

– Não parece

– É sério. A música me faz bem

– Ryan, não adianta insistir

A mãe de Spencer aparecera na porão segurando uma bandeja com xícaras em cima

– Eu trouxe chá

– Legal

– Bem... já que não vamos ensaiar, eu acho que já vou indo

– Não, você fica

– Desculpe, senhora Smith, eu preciso mesmo ir

– Nem pensar, sente agora neste sofá

– Mas eu preciso...

– George Ryan Ross III, sente imediatamente neste sofá!

– Tudo bem...

– Você acha que eu sou o que para deixar você ir para casa com aquele alcoólatra covarde, aquele monstro?! Você não ouse levantar deste sofá, ouviu bem? Eu vou subir, qualquer coisa me chamem

– Ok

– Falando sério, eu preciso ir, minha mãe vai estranhar eu estar demorando tanto

– Não! Você ouviu minha mãe. Não levante daí

– O Spencer tem razão. Não é seguro ir para casa com seu pai. Ele vai te surrar

– Obrigado, Brendon, mas eu já estou acostumado

– Ryan, não vá. Por favor

– Se eu não for agora, eu vou amanhã e meu pai vai me bater mais ainda

– Então deixe-me ir com você

– Não. Você não vai querer assistir, Brendon. Se você for junto meu pai pode até bater em você

– Ryan, eu te imploro - Spencer disse

– Desculpem, mas se eu não for hoje, amanhã vai ser pior

Com as últimas palavras, Ryan levantou do sofá, abriu a porta, saiu e fechou-a

– O que faremos?

– Pode parecer um pouco precipitado, porque nos conhecemos há apenas dois dias, mas eu vou lá

– Você não sabe onde é

– Então me dê o endereço

– Eu vou com você

– Não. Eu quero ir sozinho. Por favor

– Ok...

Spencer pegou um papel e uma caneta e anotou o endereço de Ryan

– Pronto. Se cuida

– Pode deixar

Brendon caminhou até achar a casa, e quando achou, bateu na porta. A mãe de Ryan atender

– Pois não?

– Oi. Eu sou Brendon, amigo do Ryan

– Claro. Ryan, é para você

A mãe de Ryan voltou à cozinha e Ryan apareceu na porta

– Droga, Brendon, eu disse para você não vir. O que você está fazendo aqui?

– Te protegendo

– Me protegendo? Obrigado, mas eu sei lidar com meu pai, já passei por isso milhares de vezes

– Quem está aí? - O pai de Ryan caminhou, desequilibrado, até a porta

– Ninguém. É só um garoto pedindo comida. Ele já está de saída, não é?

– É um dos seus amigos imbecis, não é?

– Não, não é. Me dê um minuto que eu tiro ele daqui

– Epsero mesmo

O pai de Ryan deu a volta e sentou-se novamente na cadeira

– Brendon, vá embora, por favor

– Não vou te deixar aqui. Você vai morrer, não é seguro. Eu vou chamar a polícia

– Brendon, você acha que sabe da minha vida, mas não sabe. Você não vai chamar polícia nenhuma, agora sai daqui

– Mas Ryan...

– Vai logo

– Está bem...