Bleach - The World escrita por Yoshiro Nakayama, Naomi Cipriani


Capítulo 12
God & Devil - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, especialmente para vocês!! O próximo deve demorar um pouco, pois estamos reescrevendo!



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– Uau! Um espaço tão grande debaixo dessa loja! É tão legal, é como se fosse uma base secreta! – Inoue exclamou com os olhos brilhantes.

– Que reação perfeita! – disse Tessai, com lágrimas nos olhos. Segurando a mão de Inoue, continuou. – Foi absolutamente magnífico, ojou-san! Veja minhas lágrimas de alegria!

– Hehe... Isso não foi nada...

Os outros olhavam aquela cena estranha. Mas era mesmo surpreendente: eles estavam em um imenso deserto de rochas.

– Vocês colocaram até vento. – disse Ichigo, perplexo. – É para não ficar muito quente, certo?

– É mais para deixar o ambiente melhor. – ele se virou para os adolescentes. – Bem, nós vamos nos separar em dois grupos. Sado-san, você vai treinar com Ururu e Jinta. – ele apontava para duas crianças.

– Tsumugi Ururu, é um prazer. – A garotinha que falou primeiro usava o cabelo preto amarrado, duas mechas entre os olhos e uma expressão de tristeza contínua.

– Hanakari Jinta. – disse o que parecia ser o mais velho. Seus cabelos eram vermelhos e tinha uma expressão carrancuda. Segurava um enorme bastão sem dificuldade alguma. – E eu já disse a Ururu que não íamos precisar da bazooka.

Bazooka?

– Quanto à você, Ichigo, você vai lutar comigo. – disse Yoruichi com um sorriso relativamente perturbante. – Siga-me, nós vamos um pouco mais longe. Se alguém quiser vir também...

Rukia e Ishida se olharam até que ele assentiu ligeiramente com a cabeça. A vice-capitã seguiu Ichigo e a mulher-gato, deixando os humanos sob a supervisão do quincy. Urahara os observou por alguns segundos antes de prosseguir.

– Bem, Sado-san, vamos para aquele lado. – disse, apontando para o lado oposto.

– E eu também vou? – perguntou Inoue, preocupada.

– Seus poderes já se manifestaram, diferente dos poderes do Sado-san. Você vai se juntar a nós depois que ele conseguir invocar seu poder. Vocês seis – ele se virou para Ishida, Inoue, Tatsuki, Keigo, Mizuiro e Chizuru – afastem-se, por favor. E sobretudo, nada de pânico, mesmo se o espetáculo parecer um pouco inesperado ou violento, não interfiram. De qualquer jeito, isso não vai levar a nada. – ele tinha um enorme sorriso no rosto.

Nem um pouco tranquilos, os quatro adolescentes sentaram perto da escada, e Tessai se colocou perto deles, como uma sentinela. O colosso juntou as mãos e pronunciou uma fórmula. Um imenso campo de batalha cúbico brilhou por um instante, fechando Urahara, as crianças e Chad no mesmo, e então se tornou invisível. Rapidamente, Ishida entendeu que agora Chad estaria inacessível a ele se ele tivesse que interferir.

– O que está fazendo? Você está trancando-os?

– Não, estou protegendo vocês. Não devem ser atingidos por balas perdidas.

Balas perdidas? Os adolescentes se calaram e começaram a prestar atenção no que estava acontecendo a sua frente. Havia muita tensão no ar: ninguém sabia o que iria acontecer...

Vendo que o colosso estava preparado, Kisuke decidiu que poderia explicar a Chad o que o esperava. Ele parecia estar nervoso por causa de Ururu e Jinta.

– Bem, nós podemos começar. É essencial que você possa usar seus poderes a vontade, e que aprenda a utilizá-los. O problema é que você é incapaz de usá-los conscientemente.

Um silêncio tomou posse do lugar. Se ele era realmente incapaz, em que consistia o treinamento?

– Portanto, o exercício terá como objetivo fazer você usar seus dons de forma inconsciente. Mas para isso, sua mente precisa sentir a necessidade de usá-los. Então teremos que colocá-lo em uma situação onde você precisa dos poderes. Pergunta: Como pode ser tal situação?

– Uma situação de perigo? – tentou Chad.

– Exatamente! Quando somos atacados, nosso corpo reage seguindo o instinto de sobrevivência: adrenalina, reflexos defensivos... e no seu caso, o uso de poderes.

– Espera... Quer dizer que eu vou correr perigo?!

– Hum... Se eu estou preso com você nessa barreira, é para evitar que a situação fique realmente perigosa.

– O que quer dizer?! – o sorriso que Urahara deu parecia mais sério. Mais sombrio.

– Ururu.

A garota correu com uma velocidade incrível, atravessando os três metros que a separavam de Chad, ficando bem na frente de seu rosto. Sem tirar a expressão melancólica do rosto, ela lhe deu um soco poderoso no rosto. Seu gesto não foi violento, mas o colosso foi derrubado e arremessado longe, com o rosto no chão.

– Chad!

– Sado!

– O que eles estão fazendo?!

– Parem com isso! Vocês são loucos?!

Mizuiro, Orihime, Chizuru, Keigo e Tatsuki se assustaram vendo o golpe que seu amigo acabara de receber. Ele se levantou, logo sendo atacado pelo garoto de cabelos vermelhos.

– Inoue-san... – Tessai se virou para a ruivinha. – Como seus poderes se manifestaram?

– Por que a pergunta?

– Eles apareceram quando você estava em perigo, prestes a morrer, certo? Poderes espirituais só se manifestam assim nos humanos.

– Mas isso é loucura!

Tessai não respondeu e continuou observando o treinamento de Chad. Os adolescentes não sabiam o que fazer, até que Ishida invocou seu arco de luz e apontou uma flecha para a cabeça do colosso.

– Diga à Urahara para parar tudo, ou eu atiro em você.

Os cinco humanos se espantaram, mas Ishida não parecia estar brincando. Tessai não reagiu, mas acabou por falar, sem olhar seu interlocutor.

– Você mataria um homem?

– Um homem não. Um shinigami.

– Você não teria coragem.

– Quer arriscar?

– Bem... – o colosso suspirou. – Sinto muito pelo que vai acontecer.

Em um segundo, ele colocou a mão na frente do rosto de Ishida, que sentiu suas forças o abandonarem, caindo de joelhos no chão.

Um bakudô, sem mesmo pronunciar a fórmula. Depois ele olhou para os outros adolescentes.

– Vocês vão me obrigar a usar kidô também, ou vão observar seu amigo conseguir os poderes do único jeito possível?

Tatsuki hesitou por um segundo, mas Mizuiro pôs a mão sobre seu ombro, balançando a cabeça. Eles não tinham escolha, então se viraram para onde estava acontecendo o treinamento, esperando que tudo corra bem.


Enquanto isso, Ichigo, Rukia e Yoruichi decidiram se afastar dali, indo para detrás de um penhasco, longe dos olhares curiosos. Depois, Yoruichi se virou para eles, com os braços cruzados e o olhar sério.

– Antes de começar, tenho uma pergunta: em seu treinamento, você trabalhou especificamente para atingir a Shikai do Ichigo?

– Sim, mas tem algumas falhas na reiatsu dele que parecem bloquear o acesso ao mundo interior dele. Essas falhas também interferem no aumento de seu poder espiritual.

– Que métodos vocês utilizaram?

– O treinamento básico dos shinigami. Meditação, aprendizagem de combate...

– Então, por definição não real.

– Eh… – Rukia parecia um pouco incomodada. – Sim, mas não sei o que você quer...

– É aí que está o problema. Se por alguma razão, seu corpo se recusa a liberar seu poder, temos que colocá-lo em uma situação em que ele será obrigado.

– Quer dizer?... – Ichigo perguntou, um pouco desconfiado.

Yoruichi sorriu, e pela primeira vez eles pareceram notar seus caninos extremamente pontudos. Em fração de segundos, ela apareceu do nada na frente do rosto de Ichigo. Suas pernas agarraram firmemente o pescoço dele, que não teve tempo nem de pensar que ela tomou um impulso para trás. Se apoiando com uma mão no chão, ela o fez passar por cima dela, com a força de suas pernas sem esforço algum. Ele foi jogado violentamente contra o chão, sem fôlego. Yoruichi ficou de pé outra vez antes de explicar.

– Quer dizer que eu vou te colocar numa situação em que seu corpo não terá outra escolha, a não ser liberar seu poder se ele quiser sobreviver.

O adolescente conseguiu se sentar e olhou para Yoruichi assustado. Depois se virou para Rukia, que abaixou a cabeça receosa, evitando seu olhar e falou, em um tom de desculpas.

– Sinto muito, Ichigo, mas é assim que funciona o poder espiritual...

O adolescente fixou seus olhos na shinigami, que finalmente retribuiu seu olhar. Uns segundos se passaram e ela desviou seu olhar outra vez. Usando o shunpô, ela se afastou um pouco, deixando o campo livre. Ichigo finalmente se levantou e começou a falar com uma voz mais firme.

– Então, vamos lá!

– Esse é o espírito! Agora, tente me atacar tanto quanto puder, e não hesite em usar sua Zanpakutô.

– Minha Zanpakutô? Mas você está desarmada, eu...

Ele não teve tempo de continuar, pois Yoruichi apareceu diante dele e sua mão tinha perfurado seu ombro direito. A dor o pegou desprevenido, e ele caiu de joelhos. Tentando recuperar seu fôlego, ele olhou para a atacante; havia uma brecha, era sua chance. Então ele segurou sua Zanpakutô com as duas mãos e com um grito de guerra, tentou atacá-la com todas as suas forças.


Chad rolou novamente no chão e se levantou com dificuldade. Seu corpo inteiro doía, ele não conseguia respirar direito, e o próximo ataque seria breve. De fato, logo ficou evidente que ele tinha uma resistência sobre-humana e Urahara pediu para as crianças aproveitarem e atacarem mais forte.

Ururu apareceu diante dele e pulou para tentar acertá-lo. O colosso desviou do golpe se jogando para trás, sabendo que ele só estava adiantando o inevitável. A adrenalina havia caído, fazendo-o sufocar com o esforço e a dor. Se ele tivesse ao menos um minuto para respirar, para tentar se concentrar, ele poderia até se defender, mas o ritmo dos ataques das crianças não deixava. Um chute no estômago lhe tirou o fôlego e ele foi novamente jogado ao chão. O colosso, com muito esforço conseguiu se apoiar em seus cotovelos, antes de sentir uma nova dor nas costas. Usando seu bastão, Jinta atacou as costas de Chad, fazendo afundar no chão, incapaz de se recuperar.

Ele podia sentir seu poder adormecido, que agora estava pulsando, à beira da liberação. Ele podia se lembrar de seu Abuelo dizer que esse poder servia para proteger os outros.

Ururu apareceu com uma rapidez sobre-humana em sua frente e o chutou, fazendo-o ser jogado para longe mais uma vez. Então ele sentiu aquela adrenalina outra vez, mais forte do que nunca, ameaçando esmagá-lo.

Antes dele chegar ao chão, Jinta apareceu, ficando na posição de um rebatedor de baseball, esperando para bater na bola.

– Jinta Homerun!

Seu golpe o jogou mais longe ainda, fazendo Chad cair de cara no chão. E de repente, a raiva tomou conta dele.

Ele queria matar essas crianças.

Não, ele não queria matá-las, ele só queria se defender.

Matá-los com suas próprias mãos, quebrá-los ao meio...

Abuelo já disse uma vez: sua força servia para proteger, não para atacar.

Comer a carne ensanguentada deles...

Por que toda essa selvageria? Por que ele queria a morte dessas crianças?

Ele levantou um pouco a cabeça e de repente, tudo ficou mais claro. Ele pode ver a garotinha vir em sua direção. Ela estava chegando, e estava sobre ele. Preparada para atacar. E então seu poder explodiu.

Uma explosão de reiatsu jogou Ururu para longe, mas ela se recuperou a tempo para ficar de pé. Uma nuvem espessa de poeira negra a impedia de ver o colosso.

Quando a poeira abaixou, todos puderam ver Chad. Seu braço direito estava coberto com uma armadura preta adornada com linhas vermelhas. Ele estava de pé, com um ar abatido e cansado. Jinta chegou um pouco perto de Chad e observou seu braço.

– É, nada mal. Mas isso não é suficiente...

Ele arregalou os olhos vendo o colosso levantar o punho e energia espiritual aparecer em seu ombro.

Matar o garoto.

O punho de Chad foi em direção do garoto, antes que este pudesse reagir. No momento do impacto, toda a energia acumulada no braço saiu, e uma gigantesca explosão o cegou.

Chad teve a impressão de acordar de um sonho. Uma sensação de queda o fez tremer um instante. Toda aquela fúria irracional que tinha-o invadido desapareceu, e seus olhos se arregalaram.

Seu punho se encontrou com algo duro. Madeira, mas bem mais sólida do que o normal. Urahara se encontrava entre ele e Jinta, e parou seu ataque com sua simples bengala. Jinta parecia aterrorizado, mas nem ele nem Urahara estavam feridos. O loiro tinha protegido o garoto somente com a força de sua reiatsu.

– Muito bom, Sado-san! – Urahara exclamou em um tom jovial. – Eu vou te conceder uma pequena pausa para poder respirar e curar suas feridas, você merece!

– E depois? – Chad perguntou, esgotado.

– Depois vamos recomeçar o treinamento até que você possa usar seus poderes conscientemente.

– … – Chad sentiu suas forças o deixarem e ele caiu, mas consciente o suficiente para ouvir vagamente a voz de Urahara.

– Sado-san? Era brincadeira.

Yasutora Sado:

Para poder proteger, temos que aprender a atacar.


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Notas finais do capítulo

Esse é o fim do penúltimo capítulo... Falta apenas mais um capítulo, que, como dito anteriormente, será dividido em dois capítulos, e então, a próxima saga irá começar... Vocês estão preparados?!!