Rin acordou. Olhou para a cama do irmão - onde, na noite passado, Misaki havia dormido. Ele levantou a cabeça.

– Cadê ela? - Perguntou para si mesmo.

– Eu tô bem aqui Rin - disse ela. Estava com os braços cruzados, segurando sua mochila, encostada na parede e olhando para a janela. - Estava esperando você acordar.

– Já dá pra ir pra escola? - Perguntou tristemente ao ver que ela usava o uniforme.

– É... tempo meio estranho hein? Ontem nevou, agora já tá calor.

– Pois é... que horas são? - Ele se pôs de pé.

– São... 08:30.

– O QUÊ?! EU TINHA QUE LEVANTAR ÀS 07:15! POR QUE NÃO ME ACORDOU? - Ele corria para os lados, pegando seu uniforme e indo ao banheiro.

– Porque eu acordei às 08:10 - respondeu, calmamente.

– VOCÊ DEMORA VINTE MINUTOS SE ARRUMANDO?

– E indo até o meu quarto, pegando meu material, arrumando na bolsa, voltando até aqui e tentando te acordar, sim.

– VAMOS LOGO - Rin saiu desesperado do banheiro, com a camisa ainda aberta.

– Nem a gravata colocou, e depois eu que demoro - ela suspirou.

– Eu não sei amarrar essa porcaria direito, ok? Quem amarra pra mim é o Yukio! - Explicava, abotoando a camisa. - DROGA, ERREI UM BOTÃO!

– Calma, não se desespere - a morena suspirou, colocou a mochila na cama dele e se aproximou. - Dizem que os de capricórnios são mais preocupados, e os sagitarianos mais calmos... você é de capricórnio né? Se for, isso é totalmente verdade, porque eu sou sagitariana e estou numa tranquila paz apesar de agora serem 08:35 - ela riu.

– Como pode estar tão calma? ESTAMOS ATRASADOS!

– E quanto mais pressa, mais atrasados estaremos - ela abotoava novamente a camisa dele. Apesar do rosto calmo, ela estava um pouco corada. - Me dá a gravata. - Ele obedeceu. - Agora, é assim que se amarra uma gravata - ela passou em volta do pescoço dele e, delicadamente, fez um nó de gravata perfeito. Como batia no peito do garoto, teve que erguer a cabeça para olhá-lo. - Entendeu?

– E-entendi - respondeu ele, corando com a proximidade da garota.

– Ótimo. Agora deixa eu pegar uma coisinha no meu quarto e já vamos - disse ela, saindo correndo do quarto dele.

– Pronto - respondeu ela, uns dois minutos depois.

– O que foi fazer?

– Preparar nossa desculpa por chegarmos atrasados - ela riu.

– O que é?

– Você vai ver. Só lembre de fazer o que eu mandar - Misaki sorriu e piscou.

Logo, eles chegaram até a porta da sala. Estava fechada.

– Abre ela - sussurrou. - Se for tentar convencer o professor, eu não posso abrir essa porta.

Rin concordou com a cabeça e abriu a porta devagar, um pouco corado por causa da vergonha de todos o olhando.

– Posso saber o motivo do atraso de vocês, Srta. Katsumi e Sr. Okumura? - Era aula de história.

– Me desculpe sensei, desculpe! - Misaki fez uma reverência se desculpas, assim como o moreno. - É que... quando eu estava arrumando meu material, meu gato apareceu no quarto. Eu fui pegar a tesoura pra colocar no meu estojo, e ele pulou na minha cabeça. Acabei me cortando... - ela ergueu a manga da jaqueta que usava e mostrou um punho enfaixado e vermelho, cor sangue. - Como eu não sabia enfaixar e, como era difícil fazer isso só com uma mão, pedi ao Rin que me ajudasse com isso... - ela olhou para ele. Era vez dele falar.

– Ah, é sim! - Completou, nervoso. - Eu tive que enfaixar o braço dela, mas demorou porque eu não conseguia achar a faixa pra isso. E depois eu tive que arrumar meu material, ajudar a Misaki a arrumar o dela, e ainda colocarmos os nosso uniformes...

– E por isso o atrasdo... desculpe, sensei - terminou ela, com uma cara de culpa. Rin a imitou. Sua outra mão segurava o punho enfaixado, como se ele doesse muito.

– Bem... se é assim... acho que está tudo bem então. Podem se sentar nos seus lugares, por favor - disse o professor, acreditando na história bolada pela garota.

– Arigatou, sensei - ela sorriu.

Misaki e Rin foram até a única mesa que estava sem ninguém. Eles sentaram um ao lado do outro e, quando finalmente se acomodaram, o sinal tocou para outra aula. O professor despediu-se e, quando saiu da sala, todos começaram a conversar entre si.

– Nossa, grande ideia a sua, Misaki! Se eu não soubesse, pensaria que era verdade - Sussurrou Rin.

– Ah, obrigada. Eu sou boa atriz - ela riu.

– A ideia do gato falso foi incrível - sorriu.

– Ah, sobre o gato... na verdade, eu realmente tenho um gato - contou Misaki. - Ele sai, volta e meia vai atrás de mim pelo cheiro. Faz um tempo que eu não vejo o Rory... - ela sorriu.

– O nome do seu gato é... Rory? - O garoto tentou não rir.

– É sim! Rory é um nome legal, certo? Ah, droga, a professora chegou - e logo, toda a conversa se sessou para a aula de matemática.

– Um... baile?

Rin estava em frente um cartaz no pátio da escola.

Baile de Boas Vindas!

A Academia Seijuuji fará um Baile de Boas Vindas aos novatos desse ano. Apenas alunos que estão aqui a mais de um ano poderão convidar os novatos. Alunos antigos também podem ir com outros alunos antigos. Nesse sábado, às 20:00.

PS: Meninas, favor usarem vestido.

– É, um baile - disse Misaki, que estava ao seu lado.

– Você já participou de um baile antes? - Perguntou ele.

– Não... e você?

– Não mesmo.

A garota observou várias pessoas convidando outras para o baile.

– Calma, alguém com certeza vai convidar você - disse Rin, seguindo o olhar dela. Misaki corou. - Quer dizer... ninguém vai querer ir sozinho, mais cedo ou mais tarde vão te convidar, não é?

– Você quis dizer que eu só vou porque ninguém quer ficar sozinho? - Ela ergueu uma sombrancelha.

– Ah, n-não exatamente... - gaguejou o garoto, porque foi exatamente isso que ele quis dizer.

– Ah, tudo bem. Não quero ir nesse baile mesmo. - Ela deu de ombros. - Já terminei de ler Fallen e começei Tormenta. Vou ficar no meu quarto lendo que é melhor - ela sorriu.

– Ler um livro romântico em um dia que você poderia estar dançando com um garoto bonito? Isso é irônico - Rin riu.

– Ah, cale a boca. Não será desperdício, porque eu sei que ninguém vai me chamar.

– Tem certeza disso? - Ele sorriu.

– Absoluta - respondeu ela. - E por que está sorrindo assim?

– Ah, não é nada - ele deu de ombros e estreitou levemente os olhos, encarando-a, ainda sorrindo. Misaki corou e o sinal bateu, anunciando o fim do intervalo.

– Aaah, finalmente! - Disse ela, ao fim de todas as aulas comuns. - Agora, o curso de exorcista - ela suspirou.

– Ei, Misaki, posso te perguntar uma coisa? - Disse Rin.

– Claro.

– É que... alquimistas são cientistas né? Eles não ateus? Não é estranho uma atéia vir ser exorcista?

– Ah - ela riu. - É verdade. Alquimistas não acreditam em Deus ou em demônios. Quando você e o Yukio chegaram na minha casa, destruíram minha lógica, sabiam? - Ela riu. - Mas, eu acho que, no fundo, eu sempre acreditei nisso.

Eles chegavam na sala deles, e logo, encontraram com Yukio no caminho.

– Ah, bom-dia Misaki-chan! - Cumprimentou ele.

– Oi Yukio-kun - ela sorriu.

– Nii-san, eu soube que você se trasou pras aulas hoje... Misaki-chan, você também.

– Ela se machucou - disse Rin, puxando a manga da jaqueta dela e mostrando o falso curativo.

– Ah, que ótimo. Porque a primeira aula de exorcismo hoje é sobre as invocações de demônios com seus sangues - ele sorriu e entrou na sala.

– Nos ferraremos muito quando ele descobrir? - Perguntou Misaki, olhando para a porta.

– Espero que não - disse Rin.

Sábado, 19:58

Faltava dois minutos para o baile da Seijuuji. Misaki estava enrolada no seu cobertor lendo o livro que havia mencionado. Ela suspirou apaixonado.

– Então, o Roland faz uma festa. Legal. Dai o Daniel pega a Luce e eles começam a dançar sobre a água. Apenas os dois. Sem ninguém para os incomodar - ela deu outro suspiro, mas dessa vez, era triste. Ela marcou a página do livro e o deixou em cima de uma mesa. - É incrível, Misaki... você diz que não se importa, mas no fundo, você liga de mais para isso. Diz que prefere ficar no seu quarto sozinha, mas sabe que na verdade, queria ir até o maldito baile. Mas, de que adianta? Você não aceitou ir com nenhum deles. Agora, vai ter que ficar ai deitada na cama, sozinha, abraçando um coelho de pelúcia...

Ela se assustou após ouvir alguém batendo na porta de seu quarto. Se perguntou quem era. Afinal, o Yukio era professor e não podia convidar ninguém, Rin provavelmente tinha convidado a Shiemi e o resto ou estava no baile ou não sabia da existência dela. Mesmo assim, se levantou e foi abrir a porta. Ela se surpreendeu com quem estava lá.

– E ai, tudo bem Misaki?

– R-Rin?

O moreno estava encostado de lado na parede, um braço solto e o outro no bolso. Usava um smoking preto, com uma gravata perfeita - e a outra deduziu que Yukio a tinha feito -.

– O-o que está fazendo aqui?

– Sem mais perguntas. Vai lá pegar o seu vestido.

– Por quê? - Ela estava confusa.

– Porque, minha amiga, você vai no baile hoje a noite.

– Com quem? - Perguntou. Afinal, Rin não podia estar convidando ela ali, um minuto antes do baile começar...

– Com quem mais? É óbvio que é comigo, linda - ele sorriu e piscou, fazendo Misaki corar.