Quando cheguei em casa, eu só conseguia pensar na Sakura. Ela estava tão triste naquele parque... Sozinha, desamparada. Eu me senti muito mal com aquilo e acabei chorando por ela, mesmo sem perceber. “Por que eu estou me sentindo assim? Por que estou chorando? Será que o que eu temia aconteceu?”

No dia seguinte eu fui para a escola e como sempre ela estava no portão. “Ela vai implicar comigo...”. Eu passei por ela no portão e ela ficou parada a me observar.

Sakura: B-bom dia...

“Hã? Ela nunca me deu bom dia... Deve estar doente.” Bom dia.

Nós entramos no colégio e não trocamos uma única palavra o dia inteiro. Eu ficava imaginando o que aconteceu, por que ela de repente veio com um “bom dia” pra mim? Ela nunca foi gentil comigo. Deve haver alguma coisa errada.

Seguiram-se três dias e sempre a mesma coisa. Mas no terceiro dia ela estava tão abatida que nem tirava os olhos do chão. Eu precisava saber o que estava acontecendo com ela. Eu me sentia tão mal por vê-la naquele estado.

Na saída da escola ela foi para o parque e eu a segui de longe. Eu levei a Tomoyo comigo para qualquer coisa ela me ajudar.

Tomoyo: O que você acha que ela tem?

Não sei ao certo, mas acho que é por causa do Yukito.

Tomoyo: Por que você acha isso?

Eu vi o Yukito terminar com ela aqui no parque quatro dias atrás que foi quando ela começou a ficar estranha.

Tomoyo: É realmente nesses últimos dias ela tem andado bem estranha.

Eu que o diga ela não implicou comigo durante 72 horas?! Ela não passava um minuto sem fazer isso.

Tomoyo: É verdade... Olha! O que ela ta fazendo?

Ela estava sentada em um banco no parque e olhava para o longe como se esperasse algo e de repente começou a chorar desesperadamente. Aquilo me corroeu por dentro. Depois de cinco minutos começou a chover. Eu via aquela mulher tão decidida e corajosa se tornar uma criancinha apavorada e chorona. Deixa ali mais uma vez seria um erro que eu não poderia cometer. Mas de onde eu estava eu não me movi ao ver duas figuras andando debaixo de um guarda-chuva, eram Yukito e Nakuru. O que eles estariam fazendo ali?

Ao vê-los, Sakura fez um silêncio de pânico. Ela colocou o casaco na cabeça como se estivesse esperando por alguém naquele banco. Yukito e Nakuru passaram por ela como se não estivessem a vendo e um pouco mais a frente eles se beijaram. Sakura parecia se quebrar em milhões de pedaços e seu choro soou mais desamparado que nunca.

Eu já não suportava vê-la naquele estado. Saí detrás do arbusto que me escondia e levei Tomoyo comigo.

Tomoyo: O que você vai fazer?...

Vou ajuda-la.

Tomoyo: Como?

Não sei. Eu não posso ficar só olhando sem fazer nada.

Eu me aproximei dela e ela me reconheceu.

Sakura: O-o que você está fazendo aqui?...

Sakura eu...

Sakura: Você vai pegar um resfriado vai para casa...

Eu não vou a lugar algum até você me contar o que está havendo com você.

Sakura: Como assim?

Você pensa que me engana?! Eu estudo com você a tanto tempo que leio até seus pensamentos. Você está com algum problema?

Sakura: Não é da sua conta...

Ela se levantou e começou a caminhar, mas eu a puxei pelo braço e fiz eu voltar para mim e dei um abraço nela.

Sakura: O que você está...

Eu a olhava de uma maneira gentil e suave, ela me olhou nos olhos e corou. Eu apertei o abraço e  disse olhando nos olhos dela.

Pode me falar o que está sentindo, eu estou aqui para te ajudar porque eu sou... Seu amigo e me preocupo com você.

Ela me olhou por alguns instantes, depois apoiou a cabeça em meu peito, me abraçou e começou a chorar novamente.

Sakura: Shaoran...

Sakura...

Sakura: Eu estou assim porque o Yukito terminou comigo. Eu gostava muito dele, mas... Acho que ele não gostava de mim... Ele apenas me usou...

Calma... Já passou... se ele fez isso com você foi porque não tem merecia.

Sakura: Eu sei, mas... Eu ainda gosto dele.

Ele não era a pessoa certa pra você. Um dia você vai ver uma pessoa que você realmente vai amar vai aparecer para você e ela te amará o mesmo tanto que você    ama-la, e somente essa pessoa vai te fazer feliz.

Sakura( me abraçando bem forte): Obrigada, Shaoran.

Ela deu um lindo sorriso para mim e nem percebemos que estávamos encharcados pela chuva que acabara a pouco tempo. Nós ficamos mais um pouco ali abraçados, quando ela se soltou de meus braços.

Sakura: Eu preciso ir para casa.

Quer que eu te acompanhe?

Sakura: Obrigada.

Tchau, Tomoyo.

Tomoyo: Tchau, Sakura. Tchau, Shaoran.

Casa da Sakura...

Sakura: Você quer entrar?

Não precisa. Está um pouco tarde e eu tenho que ir para casa.

Sakura: Então ta. Até amanhã na aula.

Até.

Ela sumiu dentro da casa. Eu comecei a andar para ir para a minha. Uma felicidade enorme me possuiu, era como se eu estivesse andando nas nuvens. Eu me sentia tão bem por ter feito ela sorrir. Naquela noite ela não saiu da minha cabeça.