15th Hunger Games escrita por Primrosers


Capítulo 4
Tributos


Notas iniciais do capítulo

Conhecer seus companheiros Tributos, lidar com seu estilista e seu mentor. Sua equipe de preparação pronta para deixar Abbie totalmente diferente. Como será que ela vai reagir a tudo isso? Espero que vocês gostem deste novo capítulo :) não deixem de comentar! Boa leitura. xx



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Uma luz branca brinca com meus olhos, enquanto tento enxergar onde estou. Tudo o que sei é que agora estou deitada em algum tipo de maca, vestindo somente um pequeno e fino roupão azul. Assim que chegamos na Capital fomos trazidos para cá, essa sala toda iluminada onde funcionários da Capital irão cuidar para que fiquemos 'bonitos'. Hoje a noite ocontecerá o desfile dos tributos, onde cada garoto e garota de cada distrito irão desfilar pelo centro da Capital em cima de carruagens douradas, com transmissão ao vivo para Panem inteira. Penso em qual será a reação de Milly, de Katie e de minha mãe ao me verem pela televisão. Aliás, como será que elas estão agora? Tomando café da manhã enquanto assistem à reprise de minha chegada à Capital? Não sei, mas o pensamento faz com que uma tristeza aflore em meu corpo. Uma lágrima escorre pelos meus olhos, mas lembro que tenho de me manter forte por elas.

– Porque você está chorando?– diz uma voz, vinda do lado esquerdo de onde estou. Eu nem havia reparado que tinha compania. – Ainda nem começamos a trabalhar em você!

Tudo que eu menos preciso agora é sentir mais dor, mas logo percebo que isso não será possível. Minha equipe de preparação começa a arrancar cada pelo existente em meu corpo, removem manchas e me esfregam até que minha pele fique completamente esfolada. Sons agudos escapam de minha boca e eles me olham, impacientes. Percebo seus rostos, suas peles coloridas, modificados através de cerurgias e tudo tipo de coisa que só os residentes da Capital fazem. Para nós, que moramos nos distritos, a imagem deles é uma completa piada. Podemos viver na pobreza, somos forçados a passar por inúmeras situações, mas a ideia de tingir a pele ou usar perucas coloridas jamais passou pela cabeça de alguém do meu distrito. Acho que nos outros também não deve ser diferente.

– Estamos quase acabando. – diz uma mulher, que ouvi chamarem de Ruvia. As horas se passam e eu fico cada vez mais inquieta. Processos e mais processos até que minha pele fique completamente sensível a um simples toque. O que será que estão fazendo com Alex agora? penso.

Finalmente minha equipe de preparação terminam seu trabalho em mim. Estou com as unhas feitas, minhas cicatrizes das mãos e dos pés foram apagadas, todos os pelos foram retirados de meu corpo e meu cabelo está macio e sedoso como nunca. Tento me levantar, mas meu corpo está totalmente sensível. Sento um pouco sobre a maca, e vejo minha equipe de preparação desaparecendo pelo corredor. Eles não parecem ser muito amigáveis. Depois de cerca de 5 minutos eles voltam, acompanhados de um homem másculo e alto.

– Olá, Abbie.– diz ele. – Meu nome é David, sou seu estilista. É um prazer conhecê-la!

Pois eu não tenho prazer nenhum em conhecê-lo. Afinal, ele me deixará bonita para que? Para morrer?

– Oi.– digo, quase como um sussuro.

– Sua equipe de preparação me disseram que você estava chorando antes mesmo de eles começarem o trabalho. – diz David, com um leve sorriso. – O que aconteceu? Se você quiser contar para mim, é claro. A partir de agora serei como um amigo para você.


Não, você não é meu amigo, penso. Meu amigo está em algum lugar perto ou longe daqui, talvez em outra sala como essa, sendo preparado para entrar na arena comigo.


– Eu só... Eu só estou com saudades de casa. - Digo, sem entrar em mais detalhes.

David segura a minha mão e pede para que eu me levante. Sigo ele por um corredor todo iluminado por pequenas lâmpadas azuis, que fica do lado esquerdo da sala, e ele me aponta uma porta.

– Entre. – diz David – Pode escolher uma roupa para vestir aí dentro, volto daqui a uns 10 minutos para levá-la até seu quarto.

– Onde você vai agora? – pergunto.

– Vou ver como está indo o trabalho de Betie. Ela é a estilista de seu amigo Alex.

"Seu amigo". As coisas parecem se espalhar rápido por aqui.

Dou apenas um leve aceno com a cabeça, fecho devagar a porta, deixando uma pequena brecha por onde consigo vê-lo caminhando ao longo do corredor. Depois de passar por mais ou menos seis portas, ele entra em uma sala. Fecho a porta, com um empulso, e troco de roupa o mais rápido possível. Uma blusa lilás e um shorts preto, é o que eu escolho. O mais estranho é que as roupas parecem terem sido feitas sobre medida para mim, pois servem direitinho.

Enquanto caminho de volta até a porta começo a formular um plano em minha cabeça. Giro a maçaneta devagar, verifico se não há ninguém no corredor e saio andando nas pontas dos pés. Passo por exatamente três portas, e sem pensar abro uma. Para minha sorte, a sala está vazia. Só há uma cama coberta com panos brancos e dois armários azuis.

Escuto passos no corredor e tento olhar por uma pequena fresta na porta, é David. Enquanto ele abre a porta da minha sala, giro a maçaneta e corro em desparada pelo corredor. Passo por mais três portas e entro na sala onde encontro um Alex brilhante e sedoso deitado em uma maca exatamente como a minha.

– O que você está fazendo aqui, Abbie? – diz ele, sorrindo ligeiramente para mim.

– Eu precisava ver como você estava!

A porta se abre novamente e vejo uma mulher, deve ser Betie. E atrás dela, um David um tanto quanto furioso está me encarando.

– O que você pensa que está fazendo?– diz a mulher. – É perigoso sair escondida desse jeito!

– Betie está certa, Abbie. Você deve permanecer onde nós dissermos, está bem?– diz David.

Mesmo não gostando disso, balanço levemente a cabeça em concordância.

– Agora venham conosco vocês dois. – diz Betie – Elise está esperando no saguão, para levá-los até seus quartos.

Pego a mão de Alex e sinto aquilo de novo, aquela sensação de proteção. Me sinto protegida, pelo meu melhor amigo.Caminhamos em silêncio atrás de David e Betie, que de um em um minuto olham para trás para se certificarem de que estamos realmente os acompanhando. Alex segura minha mão com firmeza, mirando o chão. Seu olhar triste e vazio me indica que ele deve estar pensando em sua família. Fico na ponta dos pés e dou um leve beijo em sua bochecha.

– Queria estar em casa agora. – digo, sussurando em seu ouvido para que ninguém mais escute.

– Eu também.– diz Alex, olhando em meus olhos.

Depois de uma longa caminhada no que parecia ser um corredor interminável, entramos em um elevador. Passamos por quase 10 andares, quando a porta se abre e damos de cara com Elise e Albert. Seus rostos ficam perplexos quando nos veem.

– Que belo trabalho fizeram com vocês! – exclama Elise.

– Eu diria que parece um milagre – diz Albert, com sua risadinha que me dá vontade de vômitar.

– Acho que outra pessoa aqui também precisa de um milagre. – digo para Albert, ironicamente.

É, eu preciso mesmo de um milagre para aguentar você. – diz ele.

– Não se preocupe, vai ser por pouquissímo tempo.– digo, dando de ombros.

Todos nós encerramos o assunto. Elise nos leva até outro elevador, pede para que eu e Alex entremos e aperta o número 11.

– Vocês ficam com o 11º andar, como o número de seu distrito.– explica ela.

Se eu pensava que ao entrar no trem eu estivesse sonhando, então não consigo achar definições para explicar o que estou vendo. Assim que a porta do elevador se abre, somos surpreendidos por milhares e milhares de lustres de cristais. Uma sala de jantar totalmente iluminada, com várias mesas de vidro cheias de comida. Todo o tipo de comida que eu jamais havia visto em toda a minha vida. Tudo no trem foi só uma pequena amostra do que existe aqui. Alex olha para mim, perplexo, e não consigo conter o riso. Estou completamente encantada com tudo que estou vendo. Um segundo elevador se abre e Albert, David e Betie aparecem ao nosso lado.

– E aí, o que acharam? – diz David.

– Tudo é... Lindo.– É só o que consigo dizer.

Elise nos leva até nossos quartos. Só tenho tempo de dar um breve abraço em Alex e ele me da um beijo no rosto. Espero por volta de meia hora, até que minha equipe de preparação comece a invadir o meu quarto. É, acho que não terei privacidade por aqui, penso.

Os três conversam sem parar, e logo aprendo seus nomes. Ruvia, Vivian e Louis. Observo Ruvia atentamente enquanto ela pinta minhas unhas com um leve tom de rosa claro. Seus cabelos possuem uma coloração alaranjada, com algumas mechas douradas. Seus olhos são escuros, como chocolate, e sua pele é um tanto quanto esverdeada. Vivian é a mais normal dos três, com seus cabelos escuros e ondulados caindo sobre seus ombros. A única coisa que a diferencia são suas tatuagens douradas acima de suas sombrancelhas. Louis é alto, seus cabelos possuem pequenos cachos roxeados, e sua pele tem um tom de rosa claro. Juntos, eles cuidam de minhas unhas e dão ainda mais brilho aos meus cabelos.

Depois de cerca de uma hora estou consideravelmente 'pronta'. Elise bate na porta me chamando para comer e minha equipe de preparação desaparece de meu quarto. Caminho até a sala de jantar, e vejo que David e Betie estão falando sobre as roupas que usaremos no desfile desta noite. Alex está remexendo uma sopa de verduras, completamente sem apetite. Eu, por minha vez, também não estou com fome, mas sou obrigada a comer um bolinho recheado de goiabada. Conheço bem a fruta que faz esse doce, a goiaba. Eu e Alex escalavamos as goiabeiras e passávamos a tarde comendo-as, enquanto observávamos o lindo pôr-do-sol no horizonte. Esse pensamento me traz alegria, por um momento, até que a realidade me chama de volta.

– Abbie, já tenho o vestido perfeito para você. – diz David, entusiasmado.

Tudo o que faço é dar um sorriso, o menos falso que consigo

– Alex também vestirá algo deslumbrante! – continua Betie. Mas Alex parece não dar ouvidos à ela, ainda está concentrado em sua sopa.

Preocupada, sento ao seu lado. Ele segura minha mão com firmeza como sempre faz. Se ele soubesse o quanto eu preciso disso, dessa mão segurando a minha, acho que ele jamais soltaria.

– O que foi? – sussurro.

– Estou com medo– diz ele.

– Medo do que, exatamente?

– De que você não consiga vencer, Abbie.

Um sentimento estranho toma conta de mim. É como se algo estivesse sufocando minha garganta. Um ar gelado sai de minha boca, estou perplexa com o que ele acabou de dizer.

– Mas, como assim? Eu... Eu não compreendo.– digo.

Uma lágrima escorre de seus olhos. Eu jamais havia visto ele chorar.

Eu quero proteger você. – diz ele.

Me sinto tomada por algo diferente. Jamais havia sentido isso antes. Além da tristeza, da dor, do medo, da perplexidade e do susto, outra coisa está tentando achar um espaço dentro de mim. Com tantos problemas para pensar, não posso reservar um tempo para esse sentimento agora, de modo que o expulso de minha mente.

– Eu não consigo suportar a ideia de perder você.– sussurro em seu ouvido, tentando aliviar a dor que sinto dentro de mim.

– Eu também não.– diz ele, fixando em meus olhos.

Olho para frente tentando desviar de seu olhar. Não quero que ele me veja chorando. Abaixo a cabeça e pareço estar desacordada, quando Elise me desperta:

– Vocês não vou comer nada?– diz ela.

– Perdemos o apetite!– exclama Alex.

– Bom, então é melhor vocês se apressarem porque em poucas horas vocês serão transmitidos ao vivo para Panem inteira. – diz Elise, com o maior ânimo que ela consegue provocar.

David e Betie nos conduzem pelo corredor. Betie some com Alex, que me acena com a cabeça. Ambos entramos em nossos quartos com nossos estimados estilistas. Só espero que ele não me faça vestir algo esquisito, pois cada tributo deve vestir algo de seu distrito. Como trabalhamos em pomares, geralmente usamos chapéis de palha e macacões por cima de calças compridas e uma blusa cinza. Mas, para minha surpresa, o que me espera é totalmente diferente. David coloca em minha frente um vestido rosa, feito de pequenas bolinhas que parecem com as amoras que cultivamos.

– Você gostou?– diz ele.

– É... Brilhante! - digo.– São amoras de verdade?

– Não, mas fizemos com que parecessem mais reais possíveis.

– Achei que você iria me fazer colocar um chapéu de palha e usar um macacão.– digo.

– Acho que você pode demonstrar ter uma personalidade doce. E, para isso, nada melhor do que amoras. Além disso, vocês costumam cultivá-las, não é mesmo?

Sim. De todos os tipos e cores – digo.

Sem perder mais tempo, David coloca em mim o vestido cuidadosamente. Para acompanha-lo, usarei sapatilhas prateadas com um lacinho rosa em cima. Acho que ele está um tanto quanto equivocado em me fazer parecer uma garota doce e simpática. Seja lá qual for sua intenção, sou o oposto de tudo isso.

David faz um penteado em meus cabelos com seus dedos longos, e delicadamente prende alguns fios na parte de trás de minha cabeça, e o resto permanece solto. Mais alguns detalhes em minha maquiagem e já estou pronta. Me olho no espelho, e a imagem que vejo é totalmente diferente do que eu jamais havia imaginado. Uma menina doce, angelical, que parece ainda mais nova do que realmente é. O vestido é perfeito, como se tivessem colado pequenas amoras umas nas outras para fazê-lo. Dá a total impressão de que sou uma garota delicada e simpática só de olhar, sem ao menos precisar conversar comigo para descobrir isso.

– Nossa! – exclamo, espantada com minha visão diante do espelho.

– O que achou? – diz David.

– É diferente de tudo que eu possa ter imaginado.– é tudo que eu digo.

David me conduz até a porta, onde um Albert impaciente me olha, espantado.

– Você está linda, docinho.– diz ele.

– Obrigada – digo. Talvez minha raiva sobre Albert esteja finalmente passando, ou isso seja apenas momentâneo.

Alex sai de seu quarto seguido de Betie. Ele está magnífico, vestido em um tipo de macacão feito exatamente como o meu vestido. Só que são amoras roxas escuras, as que crescem perto da campina. São as minhas favoritas, embora possam ser confundidas facilmente com as do tipo venenosas chamadas ''amoras cadeado''.

Betie nos entrega uma capa, prateada, e a joga por cima de nossos ombros. Agora estamos praticamente iguais. Alex segura a minha mão e caminhamos até a sala de jantar. Elise parabeniza brevemente Betie e David pelo maravilhoso trabalho, enquanto eles nos guiam até um elevador.

– Chegou a hora?– pergunto.

– Sim.– diz Betie.

É, está na hora de conhecer meus amigos tributos.

Onze andares abaixo, saímos no centro de treinamento. Amanhã iremos começar aqui, aprendendo técnicas de sobrevivência. Todos juntos, os 24 tributos. A sensação que tenho é de medo e ao mesmo tempo de ansiedade. Sinto que estou girando, a ponto de cair no chão, mas Alex me pega pelo braço. É tão bom saber que ele está lá para me segurar.

Quando a porta do elevador se abre, fico surpresa de ver que fomos os primeiros a chegar. As carruagens já estão dispostas, cada qual com dois cavalos, marcadas com os números de cada distrito. David e Betie nos conduzema até a de número 11, e nos auxiliam a subir. No começo é difícil manter o equilíbrio, mas anos e anos escalando árvores acabam ajudando nessas horas. Aperto o braço de Alex, desejando sumir deste lugar que cheira a pó.

– Calma, está tudo bem. – diz ele.

Aos poucos os tributos vão chegando, o que causa um enorme arrepio em mim. Os tributos do distrito 1 são altos e másculos, mas não possuem mais de 16 anos. Já os tributos do distrito 2 parecem os mais velhos, mais fortes e mais bravos. São máquinas mortíferas. Imagino um deles me matando com um faca, ou apenas com um só golpe. Sucessivamente surgem os tributos do distrito 3, 4 e 5. A garota do distrito 5 me encara de longe, lançando um olhar feroz na minha direção. Ambos os tributos do 6, 7 e 8 parecem jovens e fracos, com idades entre 13 e 15 anos. Os tributos do distrito 9 e 10 são altos, fortes, mas não parecem uma grande ameaça. O que mais me surpreende são os tributos do último distrito. Pobre distrito 12, o lugar onde pessoas morrem de fome todos os dias. Isso foi o que houvi falarem na escola. Eles sofrem assim como nós sofremos. Seus tributos, ambos crianças, são fracos e miúdos. A menina, que parece ter 12 anos, me olha de longe. Seu olhar vazio, sem esperanças de voltar para casa. Sei como ela se sente.

Alex prefere não olhar para os tributos, mantendo seu olhar apenas em mim. Abraço ele, por um instante, mas a visão não agrada muito os outros. Mesmo eles sendo do mesmo distrito, é como se agissem como inimigos. Por um lado eles estão certos, só um pode sobreviver. Mas a história entre mim e Alex é completamente diferente.

Albert vem correndo a tempo de nos desejar boa sorte, e ele pede para que eu eu tente sorrir. Balanço a cabeça como um sinal de concordância, enquanto David e Betie ageitam nossas capas. Tudo pronto, eles se afastam e fazem um sinal de positivo para nós.

– Não solte a minha mão.– digo para Alex.

– Nunca.– Ele diz.

As carruagens começam a se mover, e uma por uma, seguindo a ordem, saem pelas portas do centro de treinamento em direção às suas da Capital. Multidões ensurdecedoras, gritos e aplausos vindo de todos os lugares. As pessoas parecem gostar particularmente do que estamos vestindo, além de darem gritos ao verem os tributos do distrito 1 vestidos de jóias coloridas. Cada um está representando algo de seu distrito, conforme deve ser. A criatividade vai de cada estilista, e neste momento faço um agradecimento mental à David e à Betie também.

Olho para Alex, e vejo que ele está acenando para a multidão. Faço o mesmo, mandando beijos e pegando flores que são jogadas em minha direação. A carruagem segue até o círculo da cidade, onde paramos e o hino da Capital começa a tocar. Sei que devemos estar ao vivo para todo o país agora. Mamãe, Katie, Milly... estarão assistindo. Tento engolir o choro, para não deixar que nenhuma lágrima estrague este momento. Enquando o presidente Cornelius nos dá as boas vindas, a multidão fica em silêncio. Meu pensamento voa longe, de modo que só ouço suas últimas palavras:

– Bons Jogos Vorazes. E que a sorte esteja sempre a seu favor!

Acho que a sorte não está a meu favor nunca, penso.

As carruagens começam a se mover e voltamos ao centro de treinamento. Os tributos dos distritos 1 e 2 ficam nos observando, com um olhar de fúria. Um medo toma conta de mim, mas Elise nos leva rapidamente de volta ao elevador.

– Brilhante! – diz ela.

Quando chegamos em nosso andar, caio exausta em uma poltrona. David, Betie e Albert saem do outro elevador, nos parabenizando.


– Vocês estavam ótimos! – diz Betie.

– Acho que causamos uma grande impressão nesta noite! – comenta David.

Albert balança a cabeça, concordando com o que os dois disseram. Ele se aproxima de mim, e as palavras saem de sua boca com uma voz baixa e suave:

– O que foi aquilo lá fora? Está tentando passar a imagem de garota simpática? – diz ele.

– David achou que meu visual daria um jeito nisso.– retruco

– Você precisa decidir o que você é de uma vez, docinho.– diz Albert, ironicamente.

– O que você está tentando dizer com isso? – digo.

– Só acho que quando você estiver na arena, seu lado rude pode voltar. Só tente não enganar as pessoas, para não perder patrocinadores.– continua ele.- Se você pretende ser doce, então não seja só pela roupa. Mude de atitude.– Albert caminha em direção ao corredor e some da sala de jantar.

Me sinto insultada e ao mesmo tempo sei que ele está certo. Como posso passar uma imagem de algo que não sou, sem que em algum momento eu acabe deixando esse jeito de lado? Não sei como interpretar isso, mas algo me diz que devo ser cuidadosa. Um vestido não pode mudar minha personalidade. A pergunta é: devo mudar, ou continuar sendo quem sempre fui? Minha cabeça começa a latejar, vou para o quarto e me deito na cama. Passo a noite em claro, não como nada, fico imóvel tentando criar um plano em minha mente. Afinal, quem eu realmente sou?










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Notas finais do capítulo

E agora, qual será a próxima decisão de Abbie? Ser uma menina doce ou arrogante? Ser ela mesma, ou ser algo que queiram que ela seja? Comentem, isso me motiva a postar mais! :) xx