Durch Den Monsun - Tudo O Que Restou escrita por seethehalo


Capítulo 17
Monsoon


Notas iniciais do capítulo

Ok, não clamem pela minha cabeça.
Eu também não queria atrasar. Mas tive um imprevisto.
A última coisa que eu estava querendo era adiar isso mais ainda, mas enfim.
Com a fatídica notícia que foi dada no domingo (se alguém ainda não leu, faça o favor e escandalize-se junto http://fanfiction.com.br/noticia/231/mudanca_nas_regras_de_postagem/), acho que podemos considerar que o Nyah programou sua autodestruição para o fim desse ano e bom... vamos aproveitar o gancho, né.
Anyway, leiam o fim da fic primeiro ^^
E, claro, ENJOY!



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Estou lutando com todo esse poder
Vindo na minha direção
Deixe isso me levar até você
Estarei correndo noite e dia
Estarei contigo logo
Apenas eu e você
Estaremos lá em breve
Em breve
Correndo através da monção
Além do mundo
Para o fim dos tempos
Num lugar onde a chuva não machucará
Lutando contra a tempestade
Imerso em tristeza
E quando eu me perder, vou pensar em você
Juntos correremos pra algum lugar novo
E nada poderá me separar de você
Através da monção
Monsoon - Tokio Hotel

*-*-*-*-*

     - É uma grande ironia que eu tenha que lhe comunicar isso, mas lá vai: você tá grávida.

     - Como é? – consegui responder alguns instantes depois.

     - Não sei, foi você que me falou ontem à noite, e algo sobre um exame na gaveta...

     Virei-me para o lado e abri a gaveta que encontrei no criado-mudo. Ali tinha um envelope de laboratório com lacre rompido. Peguei-o e tirei o conteúdo.

     É, tinha o meu nome e os meus dados. Data recente. Corri os olhos no resto da página. Sim, era um exame de gravidez. E, Cristo crucificado, o resultado era positivo.

     - Eu tô grávida... do Bill? – virei-me novamente para o Tom, de joelhos do outro lado.

     - Creio eu que sim, já que vocês estão juntos há quase três anos e você mora conosco desde julho. Mas espera pra chorar quando disser a ele, porque ele tá se coçando pra saber o que você tem pra contar.

     Balancei a cabeça e dei-lhe um abraço, soltando a tempo de Bill entrar no quarto com uma bandeja, seguido de Lucas e uma garrafa térmica.

     - Nossa, quanto luxo!... – falei.

     - É que é bom a senhora comer bem e não se esquecer do que disse que quer me comunicar. – disse Bill depositando a bandeja numa mesa dobrável que manobrou agilmente.

     - Certo, capitão. – a verdade é que eu também ardia de vontade de contar logo, mas consegui me conter um pouco. – Tom, vem comer também. Lucas, idem.

     Agrupamo-nos os quatro em volta da mesa. Tom e eu sentados na cama, Bill no criado-mudo e Lucas ficou em pé. Bill passou geleia numa bolachinha e me entregou, dando-me um beijo no canto da boca. Tive uma vontade súbita de deitá-lo na cama, despi-lo e ficar abraçada a ele por um bom tempo. Ou só por um tempinho. Seja como for, agora não seria possível, e acho que terei muito tempo para fazê-lo. Por ora, apenas terminei de comer em silêncio e aguardei o gêmeo mais novo afastar a bandeja de banquete e perguntar:

     - E então, Sra. Kaulitz, posso saber do que se trata seu importante comunicado?

     Sra. Kaulitz? Não vi nenhuma aliança no meu dedo, mas captei o espírito da coisa. Sorri, dizendo:

     - Bom, Bill... Acho que nós dois nunca discutimos formalmente a ideia, e talvez você fique tão surpreso como eu fiquei.

     - Fala logo – pediu, sentando-se à minha frente na cama.

     - É... O que você acha de o Lucas ter um irmão?

     Ele arregalou os olhos pra mim, já entendendo o recado. Terminei antes que conseguisse abrir a boca:

     - Eu tô grávida.

     Ele sorriu. Eu também. Ele me abraçou, logo depois veio o Lucas e por último Tom. Deixei algumas lágrimas caírem, muito mais pela resposta à notícia do que por esta propriamente dita. Não me lembro de que estar grávida fosse uma boa notícia. Disse isso ao Bill quando ele me perguntou o motivo do choro.

     - Qual é. Olha o moleque lindo que você já fez. Agora teremos mais um.

     - Vai ser menina – Tom cortou.

     - Vai nada – Bill rebateu. Olhou para o irmão, que lhe lançava o olhar da ideia tida ao mesmo tempo.

     - Gêmeos.

     - Ai que medo de vocês. – falei.

     - Seria divertido – Bill me deu um beijo.

     - Será divertido – respondi. – Mas eu prefiro esperar pra ver qual será o nosso presente. E você, Lucas, prefere um irmão ou uma irmã?

     - Tanto faz. Você vai continuar sendo a melhor mãe do mundo.

     Foi a deixa para abraçá-lo, bem apertado, como queria desde que acordei.

     Bill chegou mais perto, dando-me um beijo.

     - Aí, sobrinho – disse Tom -, hora da nossa retirada estratégica.

     Bill e eu rimos enquanto os dois saíam e Tom fechou a porta atrás de si.

     - Tudo bem com você? – perguntou.

     - Sim. Só um pouquinho desnorteada... mas me sinto ótima.

     - Desnorteada por quê? Por causa da gravidez? Espera, tem algo errado aí. Você já teve um filho, que eu acabei de pegar pra mim também. Mas um bebê pra mim é novidade, não devia ser eu o desesperado?

     O desnorteio não era bem por causa disso, mas também servia. Em vez de responder, resolvi cumprir a vontade de despi-lo e o fiz. Em resposta, também ele tirou minha camisola, enterrou as mãos nos meus cabelos e me beijou. Ao que nos acomodamos embaixo do edredom, falei:

     - Bill, não somos casados.

     - Não somos. Você quer casar comigo? Eu trato de providenciar tudo pra já.

     - Você faz questão? Falei isso de bobeira... Eu não preciso de coisa alguma a não ser você.

     Ele me deu um beijo de leve no ombro. Após alguns minutos de silêncio, perguntou:

     - Escuta, será que faz mal se a gente fizesse... por causa da gravidez?

     - Claro que não, seu besta, faz até bem. Pelo menos pra mãe. Isso é comprovado, sabia?

     - É mesmo? Nesse caso – com alguns movimentos, Bill estava sobre mim -, é claro que eu quero que essa mamãe aqui tenha toda a saúde do mundo.

     Ao que Bill me beijou, entreguei-me a ele e me deixei realizar o que eu fantasiara desde aquela noite em que ele disse com todas as letras que me amava, aceitou a minha existência clandestina e me deitou no sofá. E retribuí intensamente, como se fosse a primeira e última vez, mesmo sabendo que não era e nem tinha como.

     Vários dias se passaram. Não foi muito difícil me acostumar com a nova situação... só é meio difícil crer que a minha intervenção no passado não só deu certo como também o resultado não podia ser melhor. Ainda tem a banda. Georg casou mesmo e teve um filho mesmo. Lucas e eu estamos morando com os gêmeos e eu estou grávida do Bill.

     Passamos 2025. Minha barriga vai começando a crescer e Tom me ajuda a recuperar as lembranças do tempo que eu passei no “piloto automático”. Em março, fiz o exame que deu para descobrir o sexo do bebê – que é um só e eu não deixei nenhum dos três saber se é menino ou menina.

     Quando comecei a fazer compras, estoquei tudo no quarto de hóspedes e o manti trancado. Tom e Bill inverteram seus palpites, e Lucas ainda prefere a surpresa.

     Vez ou outra, um deles vem até mim e me criva de perguntas, tentando me fazer contar. A estratégia de Tom é perguntar se eu já escolhi um nome e desfiar todos os que lhe vêm à cabeça. Bill tem um pouco mais de sutileza; faz uma ou outra pergunta, me cobre de beijos e mimos e inventa outras formas de tentar descobrir. Dia desses mandou Lucas vir me perguntar. Saquei na hora e dei xeque:

     - Por quê, filho? Você quer muito saber? Ou foi o Bill que te mandou vir perguntar e dar o recado? Se bem que, se aquele eu conheço, é capaz de estar atrás da porta da cozinha escutando.

     - Estraga prazeres! – o próprio bufou, aparecendo e encostando-se no portal. Me mata de rir.

     MARIA OFF

     Num dia aleatório de maio, sentei-me ao lado da Maria no sofá e puxei assunto importunando-a:

     - E aí, como vai o meu sobrinho?

     - Bem – respondeu, sem tirar os olhos da tevê.

     - Já decidiu qual vai ser o nome desse moleque?

     - Possivelmente.

     - Que tal Henry?

     - Tom, você tá careca de saber que eu não vou falar. Desista.

     - Minha mãe falou que antigamente tentavam adivinhar o sexo da criança pelo umbigo da mãe.

     - Vou cuidar de não deixar meu umbigo à mostra até segunda ordem. – virou-se para mim ignorando a tevê. – Mesmo sabendo que isso é pura crendice.

     - Deixa estar, eu já transmiti essa informação ao Bill.

     - Acho que o Bill não chegou ao ponto do desespero em que começa a acreditar em qualquer coisa que lhe falam. Não depois que eu lhe expliquei sobre o incidente de “hey sunshine”.

     - De que baú você tirou isso?

     - Ah, vá, Tom. Foram bons tempos – disse com um risinho.

     - Foram. Mas enfim, vem cá, me responde uma curiosidade?

     - Depende.

     - O que aconteceria se viesse a público que você é a responsável pelo surrupio da máquina do tempo?

     - Vejamos... Acho que eu seria condenada à morte. Mas claro, como eu tenho amor à vida, eu ia tratar de me bandear pra um canto esquecido no planeta, tipo Nicarágua ou a Tasmânia. Não avisaria pra vocês para não vos expor ao risco de serem tidos como meus cúmplices, enquanto a Interpol seria acionada pra me procurar viva ou morta pelos quatro cantos do globo. Daí, se me capturassem, com um pouco de misericórdia eu poderia apenas ser internada num sanatório pelo resto da vida. Depois, talvez o controle fosse destruído e eu duvido que alguém mais voltaria a querer saber de transporte interdimensional, vulgo viagem no tempo, até o final do próximo século.

     - Puta. Que. Pariu... Nesse caso, é bem melhor que a história em torno daquela coisa fique só entre a gente, certo?

     - Com certeza.

     - De qualquer forma, considerando a vaga possibilidade de que isso aconteça, eu não me importaria em ser seu cúmplice. Já que venho sendo há vinte anos.

     - Sabe de uma coisa, Tom? – olhou pra mim de novo – Você é a melhor pessoa do mundo.

     Sorri, sem ter o que responder. Admito que sou egocêntrico, mas a Maria sabe enfiar a agulha no orifício onde fica uma pontinha de modéstia.

     POV BILL

     Os meses foram passando e certa ansiedade foi tomando conta de mim. O fato de estarmos de férias contribui pelo alívio de esperar que a criança que a Mari está esperando resolva nascer numa manhã em que eu esteja em casa.

     Mas não foi bem isso o que aconteceu.

     A data era particularmente importante: vinte anos do lançamento de Durch den Monsun. E bom, na véspera, à noite, tínhamos um programa na tevê pra gravar. E foi no primeiro intervalo que, quando eu entrei nos bastidores procurando por um bebedouro, Jost me deu a notícia:

     - Bill, tua mulher acabou de ligar. Disse que tava indo pro hospital... Seu filho vai nascer.

     Mandei o Tom se virar e pedir desculpas ao público no ar, mas eu tive que dar no pé. Peguei Lucas, que tinha ido conosco, e a chave do carro, e dirigi disparado até a maternidade. Nem precisa dizer que todos os semáforos que estavam no caminho fizeram o favor de fechar na minha cara. Quando finalmente chegamos, ela já estava em trabalho de parto, tivemos que esperar.

     Vários agônicos minutos se arrastaram até que pudemos vê-la. Tom já havia chegado também. Corri até o quarto onde Mari estava e dei-lhe um beijo, dizendo:

     - Desculpa não estar aqui do seu lado, não consegui chegar a tempo. Tudo bem com você? Como você tá linda. Mas onde está o bebê?

     -Foi tomar um banho, uma vacina e colocar uma roupinha. Já o trazem pra eu amamentar. E, por Deus, Bill; eu estou inchada, suada, descabelada... Passe no oftalmo antes de ir pra casa. E eu sabia que você viria correndo. Senti que já estava aqui quando ele nasceu.

     - Mas então, cunhada querida, você pretende nos dizer agora o nome do meu sobrinho... ou sobrinha, como acha o Bill? – indagou Tom.

     - Mas é claro. – uma enfermeira trouxe o bebê, enrolado numa mantinha azul.

     - Azul? É menino? Eu sabia!

     - Sai pra lá, Tom, eu tinha dito primeiro que seria menino. Mas agora, Mari, desembucha, qual é o nome do nosso caçula?

     - Thomas. – ela declarou, aconchegando-o junto ao peito.

     - Thomas? – Tom indignou-se – Maria, o que você...

     - Cale a boca, Tom. – ela retrucou. – Sim, é por sua causa, e você sabe muito bem por quê. O Bill também.

     Sorri. Gostei. Concordei. Tom olhou pra ela com cara de pai que pega criança fazendo gracinha.

     Mamãe e bebê vieram para casa no dia dezesseis. Foi o dia mais longo da minha vida. Cuidar de recém-nascido cansa mais do que correr uma maratona.

     Respirei aliviado quando deitamos na cama, já tarde da noite. Dois minutos depois de eu ter fechado os olhos, ouvi de novo aquele chorinho.

     - Bill... vai ver o que ele quer que eu não tenho mais força nem pra abrir os olhos... – Mari resmungou.

     Resmunguei também e levantei.

     BILL OFF

     - Tá legal, posso exigir uma explicação? – sentei-me ao lado da Maria depois do almoço. – O porquê dessa “homenagem”? – fiz aspas com as mãos.

     - É por tudo. Olha, não dá pra eu dizer que você é o meu melhor amigo desde sempre, mas... Você entendeu. Até porque sempre foi meu membro favorito da banda.

     - Não deixe o Bill ouvir isso.

     - É. – rimos. – Depois que eu me toquei do amor que eu sentia pelo Bill, você automaticamente se tornou meu melhor amigo. Pensa que é só isso? Vocês dois me livraram de todos os meus traumas. Acha pouco pra eu querer te retribuir?

     - Olha, você não existe, sabia? – falei sorrindo.

     - Em 2005 eu não existia mesmo. Mas hoje eu estou aqui de verdade.

     - Mas escute... Você não acha que tá mais do que na hora de colocarmos os ases na mesa e acabar com isso tudo?

     - Ficou com você, né?

     - Sim, ficou. Mas e aí?

     - Mais do que na hora. Você sempre tem razão.

     No mês seguinte, fomos fazer um passeio nas montanhas. E foi no fim de uma pequena trilha que eu vi a oportunidade ideal de colocar nós três para abrirmos o jogo.

     Estávamos no topo de uma colina, que dava para um enorme desfiladeiro enevoado. Encostei-me na cerca alta de proteção e calculei por onde começar. Bill e Maria conversavam sobre o lugar. Ventava.

     - Esse lugar é neutro – dizia ela. – Não guarda nenhuma lembrança controversa, para que queiramos lembrá-lo ou esquecê-lo.

     - Então é bom pra gravar uma lembrança nova, certo? – falei. Ela entendeu o recado:

     - É. E tá na hora de a gente te contar uma coisa, Bill.

     - Espera – interrompi antes que qualquer um dos dois voltasse a abrir a boca. – Bill... você nunca falou com a Maria sobre aquele seu sonho, né?

     - É. Acho que eu entendi. Mari, eu nunca te contei isso... Quando você salvou a minha vida naquela estrada, lá no Brasil... enquanto eu estava desmaiado, eu tive um sonho. – meu irmão então contou toda a história do sonho, que ela ouviu sem dar um pio, opinando apenas pela expressão do rosto. Ao que ele citou que morreria por ela se fosse preciso, foi impossível não notar a mudança na fisionomia dela – eu mesmo não consegui disfarçar o reflexo da associação instantânea de sonho com palavras e ex-fatos. É, ex-fatos. Mas continuando: - Aí eu acordei. E vi que você estava ao meu lado. Te vi ali, linda, e decidi que você não seria mais a menina do Tempo. Você tinha que ser minha dessa vez.

     - Eu deixei de pertencer do Tempo pra pertencer a ti no dia em que você se apaixonou por mim. – os dois sorriram um para o outro. – Eu sempre fui sua. Você é o baú que contém o meu coração dentro e tem tudo o que o faz continuar batendo. Eu te amo, Bill. Vou ser completamente apaixonada por você até depois que eu morrer.

     - E eu vou fazer de tudo para que se cumpra esse destino. Da minha parte, tenho consciência dele há vinte anos.

     Breve silêncio. Me impus de novo.

     - Agora é a nossa vez. – tirei do bolso, adivinha a máquina do Tempo.

     - Isso... é o que eu estou pensando mesmo? Tom, de onde saiu essa coisa? – Bill perguntou, surpreso.

     - É exatamente o que nós dois temos que te explicar.

     - Bill, presta bastante atenção. Escuta tudo até o final. – pausa tensa. Maria se armou para começar: - Bill, naquele dia, naquela estrada... você morreu. E durante todos os dias que passavam após aquilo, eu me sentia culpada. Eu me sentia uma assassina, sentia que eu é que tinha matado você. Dois anos depois, Tom me procurou e retomamos o contato. Tom, quer contar a sua parte?

     Concordei. Relatei o meu lado da moeda, colocando que só conseguira tocar depois que começaram os sonhos. Daí pedi que ela prosseguisse, e ela resumiu a história do processo, minha ida ao Brasil e a vinda definitiva dela pra cá.

     - Foi aí que a antiga intimidade entre a gente voltou, e ia ficando cada vez mais forte. Tom descobriu que eu ainda guardava o controle.

     - Logo depois disso foi que nos ocorreu uma ideia – interrompi. – A História dizia que a Maria tinha voltado no tempo e alterado alguma coisa, mas tudo o que aconteceu quando éramos pirralhos era a ordem natural. A ideia que corria pelas nossas cabeças era de voltar no tempo e trazer você de volta.

     - E por fim, isso foi feito. – ela terminou. – A única coisa em que eu pensava naqueles quatro anos e pouco em que você não existiu era que eu podia ter morrido no seu lugar. O que me fazia continuar vivendo era o Lucas. E aos poucos, tudo foi acontecendo até aquele ponto em que decidimos mexer uns pauzinhos... Voltamos os dois. Foi aí que eu salvei a sua vida na estrada. Tom recuperaria todos os acontecimentos e as minhas lembranças; e a partir de então o controle passou a ficar com ele. Combinamos um código para saber quando eu estaria de volta. E o dia em que eu voltei foi uma surpresa até pra mim. O Tom me contou que eu estava grávida.

     - A gente tinha falado no telefone antes de pegar o voo, lembra? – expliquei – Naquele telefonema, Maria me falou sobre a gravidez e disse que ia te contar assim que chegássemos. E no dia seguinte, dois minutos que você nos largou sozinhos no quarto, o tal código foi reconhecido; e veja a ironia, eu tive que devolver a notícia que ela tinha me dado.

     Bill chorava, com as mãos cobrindo o nariz e a boca.

     - Você é louca. Vocês dois. – conseguiu dizer. – Que tipo de gente desafia a ordem natural das coisas pra impedir que alguém morra?

     - Gente que te ama desatinadamente – disse ela.

     - Gente que não consegue viver sem você. – completei.

     - Eu... Isso deve ter sido tão difícil...

     - Difícil foi ter que existir sem você, meu amor. Mas esquece isso... Agora, a gente tem que deixar os ciclos se repetirem em círculos lá atrás e começar a andar em linha reta.

     - Eu já ouvi isso! – sorri.

     - Então, olhe só para frente! – ela se virou e apoiou as mãos na cerca. – Você mesmo disse que podemos gravar uma lembrança nesse lugar. Ou então... um esquecimento. Quer fazer as honras? – olhou para mim.

     - Isso não cabe a você? Afinal, esse troço te pertencia.

     - Trocou de mãos quando alteramos a História.

     Olhei para o controle, na minha mão. Minha vez de chegar perto da cerca. Os dois se abraçaram depois que eu joguei o objeto longe.

     - Se liga, Bill, você por acaso já contou à Maria que escreveu Thema Nr. 1 pra ela? E a segunda versão de Schönes Mädchen Aus Dem All também?

     - Hã... acho que não... – disse ele, tentando procurar na memória. – Mas é isso mesmo.

     - Bill, sabia que Thema Nr. 1 é a minha música favorita de toda a carreira de vocês desde a primeira vez que ouvi?

     - Ela te pertence. Desde sempre.

     Voltei e tirei Thomas do carrinho, ficando com o bebê no colo (já falei que vai ser complicado ter um sobrinho quase xará?).

     - Fim. – falei.

     O que Bill e Maria me ensinaram é que absolutamente nada é impossível se você acreditar e tiver fé – nem mesmo a existência pode te impedir, ainda mais se estivermos falando de um grande amor. No fim das contas, talvez eu até acabe fazendo parecer que descobri meu fiapo de romântico e meloso. Nada disso – tudo isso só me fez evoluir e amadurecer de uma forma estranha. Ainda sou o mesmo, pode acreditar.

     Com um sobrinho no colo e levando o outro adquirido pela mão, virei-me sorrindo e fui em direção à pequena casa na montanha, sabendo que o momento dos dois às minhas costas dispensava público.

     E eu só não termino esta história dizendo que o meu irmão e essa doida serão felizes para sempre porque eu não lembro em que ocasião eu ouvi – ou seria isso coisa da minha cabeça? – que para sempre é tanto tempo que nem existe.

     - FIM.


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Notas finais do capítulo

ACABOOOOOOOOOOOOOOU.
Bom, nem tem o que colocar nas notas hoje (deve ser por isso que choveu loucamente essa semana kkkkkkkk), a própria história autoexplicou o que ainda estava no ar.
Mas claro, como não podia deixar de ser, tem duas coisicas que eu gostaria de compartilhar:
#01: Thomas nasceu no dia do aniversário do Ber. Adianta dizer que não foi proposital;? :} (Quem não conhece o Ber, é um dos meus melhores amigos, mas ainda sim um ingrato porque até hoje não passou do primeiro capítulo de 1000 Meere.)
#02: Eu não gostei muito desse fim. Quer dizer, gostei; só não me agradou muito a forma como eu desenvolvi, dá pra entender...?
Bom, agora vão ler os agradecimentos. Apesar de todos os pesares, se tornaram uma tradição.