Quando cheguei à noite na casa de Eduardo fui até o quarto e lá ele estava me aguardando apreensivo.

“Onde você estava?” Ele me perguntou um pouco nervoso “Digo, estava preocupado.”

“Não seja cínico Eduardo.” Eu disse furiosa “Você estava preocupado caso eu tivesse te deixado ou tivesse contado tudo para o Lúcio, ou você vai me dizer que Patty não te disse nada?”

“Ela disse.” Eduardo disse chegando perto de mim querendo me beijar “Mas nunca pensei que você pudesse dedurar...”

“Não encosta em mim.” Disse me distanciando dele “O que você pensa? Que é só seu sexo que me preenche? Pois não é Eduardo! Eu quero mais do que sexo! Eu quero um infeliz qualquer que não minta pra mim! Um infeliz que olhe no meu olho e seja honesto comigo!”

“Eu fiz por nós.” Ele respondeu.

“Por ‘nós’?” Comecei a rir com ironia “Me poupe!”

“É verdade.” Ele disse segurando o meu braço “Eu fiz por nossa casa!! Pelo nosso casamento, pela nossa droga de futuro!”

“Me solta.” Disse e ele me soltou.

“Foi mal.” Ele disse.

“Qual é o seu problema?” Eu o perguntei “Quem te disse que eu quero me casar agora? Assim? Tipo, quem disse que eu queria que você roubasse um cara pra construir uma merda família comigo? Eu só queria você e nada mais. É tão difícil assim de compreender?”

“Você ‘queria’? Por que não me quer mais?” Ele me perguntou.

“No exato momento não.” Disse pegando minha camisola e saindo do quarto.

Fui até o quarto de Helena e  a perguntei se podia dormir ali. Ela me ajudou a montar minha cama.

Pegamos um colchão, que ela usa quando uma amiga vai dormir ali, e lençóis e eu me deitei ali. Mas um pouco depois que eu caí no sono pude ouvir Eduardo perturbado quase colocando a porta de Helena abaixo.

Abri a porta e o perguntei: “O que você quer?”

“Quero que você volte para o quarto.” Eu podia perceber claramente o quão perturbado ele estava.

“Você se drogou?” Perguntei.

“Volta para o quarto!” Ele disse, mas ele não tinha se drogado, estava apenas fora de si.

“Não.” Disse.

“Ou você ta comigo ou você não ta, patricinha.” Ele disse com pura arrogância “E então, o que vai ser? Vai voltar para o quarto ou vai embora daqui de vez?”

“Edu!” Helena exclamou.

“Não se mete, fedelha.” Ele disse.

Eu estava incrédula, nunca havia imaginado aquele homem quem eu tanto amava tão descontrolado assim.

Eu fui sem dizer uma palavra sequer rumo ao quarto de Eduardo.

“Mas Beatriz...” Helena dizia.

“Não se preocupa, meu anjo.” Disse “Eu sei o que estou fazendo.”

“É, ela ta fazendo o que é certo.” Eduardo disse entrando no quarto depois de mim fechando a porta em seguida “Sabia que ia tomar a decisão correta.”

Eu não disse nada só comecei a arrumar as minhas coisas.

“Espera aí?” Ele me perguntou “O que você está fazendo?”

“Na verdade eu já fiz.” Disse fechando o zíper da mala “Você me deu uma escolha e eu escolhi.”

“O quê?” Ele me perguntou incrédulo “Você não pode fazer isso!!”

“Perdeu, Eduardo.” Disse “Em mim você não toca mais.”

Sem nem sequer trocar de roupa saí daquela casa de uma vez por todas e fui para um hotel.

Logo depois que eu saí, Eduardo pegou as chaves de seu tunado e pisou fundo em seu acelerador profundamente perturbado.

Ele não estava perturbado, estava transtornado na verdade.

Ele andava o mais rápido que jamais andara pensando e lembrando de nossa discussão. Ele sabia que eu falava sério quando disse que em mim ele não tocava mais e quando deu por si...

Bateu com tudo contra uma árvore.

Enquanto dirigia para o hotel senti um pressentimento terrível em relação à Eduardo, mas não fiz nada apenas me registrei no hotel e ficaria lá por aquela noite.

Me deitei naquela cama confortável e comecei a chorar. Não sabia dizer se era de ódio ou de tristeza mesmo.

E lá adormeci até o dia seguinte.