– Vadia! – Debrah gritou.

Ela puxou meu cabelo e então a dor me trouxe a realidade. Senti meu corpo esquentar de raiva e minha mão coçar, ansiosa para acertá-la.

Castiel voltava para perto de nós depois de ligar a lâmpada . Antes dele poder chegar até nós, joguei meu corpo para o lado de modo que ela ficou embaixo de mim.

Segurei os pulsos dela e com a outra mão e dei diversos tapas nela. Ela gritava como um porco morrendo. Isso me dava mais vontade de bater nela.

Castiel gritou comigo, mas eu estava furiosa demais.

Ouvi, bem longe, o som de The Kill ( Burry me) – 30 Seconds to Mars.

Meus movimentos eram rápidos e antes de entrar no refrão eu já batia nela com força, impulsionada ainda mais pela música.

Senti as mãos do Castiel me puxar para trás, mas me agarrei nos cabelos dela, que gritou ainda mais num choro falso.

– AGH !! – gritei.

E foi então que o refrão veio e os puxões tornaram-se mais fortes a medida que a fúria aumentava e Castiel puxava.

Debrah se contorcia embaixo de mim. Jogando as pernas para todos os lados.

Castiel gritou mais uma vez e desta vez puxou minha cintura com muita força, me levantando de cima da Debrah, minha mão soltou um pulso dela e então agarrei seu cabelo com urgência. Ela me empurrou e bateu nas minhas mãos para soltar seus cabelos. Suas unhas arranharam minhas mãos, perfurando a pele fina.

Gritei e soltei em meio a dor. Castiel aproveitou e me jogou para o lado.

Me debati em meio a seus braços.

– Me deixe bater nela!! – gritei enquanto ele me arrastava pelo corredor.

– Cale a boca, antes que eu a cale.

Me calei, mas me debati ainda mais. Quando chegamos na sala ele me jogou no sofá com violência. Com o impacto, perdi o ar de meus pulmões.

– Não pense em levantar deste sofá!- ele gritou com força.

Ah! Mas eu ainda estava furiosa!

Me levantei e o encarei, olho-no-olho. Vi a raiva dele passar para algo relacionado a perigo. Ele tencionou o maxilar como um animal.

– Saia da minha casa. – sua voz era baixa e tensa, passando pela garganta com dificuldade aparente pela tremenda força que manter seu maxilar tensionado. Ouvimos Debrah chama-lo. Ele olhou em direção ao quarto, preocupado.

– Claro, vai defender sua ex namoradinha.

Seus olhos voltaram a mim.

– S.A.I.A.

Não desviei o olhar. Ele estava escolhendo a ela.

A decepção substituiu a raiva e meu corpo refletiu a dor.

Limpei a garganta, tentando desamarrar o nó que acabara de se formar.

– Está bem. – peguei meu celular de cima do sofá e voltei a vê-lo. Meus olhos ardiam e prováveis lágrimas se acumulariam ali.

Ele se refreou por um instante. Sabíamos, neste silêncio, que o que quer que tenhamos estava acabando bem aqui.

Eu gostaria tanto que ele dissesse algo... Pedisse para eu ficar. Eu até poderia desculpar a Debrah...faria o possível para dar certo.

Mas ele ainda gosta dela.

E quem sou eu para me meter no seu romance? Aonde eu estava com a cabeça quando pensei que ele gostaria de mim?

Suspirei. Sentindo o peso da perda.

Abri a boca, eu poderia dizer que gosto dele, que não quero ir embora, que não quero que ele fique aqui sozinho com ela....mas a fechei.

Guardei o celular no bolso e dei a meia volta. Olhei para trás antes de fechar a porta e ele já estava no corredor, andando rápido enquanto Debrah choramingava seu nome.

Ele iria consolá-la...

Fiz uma careta diante da cena.

Não sei ao certo quando anoiteceu ou quando dormi. Mantive- me na cama por muito tempo.

Afastando casa pensamento relacionado a ele e permitindo-me odiá-lo por me tratar daquela forma.

Com mágoa. Com dor.

Eu me sentia muito só e me enterrava na escuridão do meu quarto.

Ouvi o barulho que meu celular faz quando recebo SMS diversas vezes, mas não olhei. Até que ele descarregou e silenciou-se.

Não estava frio, mas eu estava debaixo de dois edredons.

Me obriguei a levantar para tomar banho depois de não sei quanto tempo na cama. A água quente relaxou meus músculos e me apoiei na parede, deixando a água cair sobre meu corpo.

Eu fui longe demais.

Quando comecei a gostar tanto dele?

Porque Permiti?!!

Respirei fundo, no que podia ser muito bem confundido com um suspiro. Não posso ficar assim.

Chega de luto.

Ouvi o toque da campanhia

Fechei o chuveiro e coloquei um Hobbie o mais rápido que pude.

A campanhia voltou a tocar.

Abri a porta.

– Oi. – um sorriso misterioso surgiu em seus lábios.