3 Escolhas escrita por Dama Da Noite


Capítulo 3
Smells like Teen Spirit - Nirvana


Notas iniciais do capítulo

Ida para escola. Um encontro nem um pouco amigável com um dos garotos. ;) Uma prévia das complicações que nossa querida Docete irá enfrentar; ^^



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Acordei toda de mau jeito no sofá. Olhei para a TV e já eram 08h30min!

Eu estava MUITO atrasada para escola. Levantei num pulo. Coloquei minha calça preta enquanto procurava a blusinha branca com uma Rosa dos 4 ventos prata e coloquei minha jaqueta de couro enquanto escovava os dentes.

O ônibus buzinou. Peguei minha bolsa e segurei meu All Star enquanto fechava a porta.

Corri para o elevador só de meias. Um garoto de cabelos vermelhos estava sozinho dentro de um, gritei para que ele segurasse o elevador pra mim.

Ele apenas me olhou e viu a porta se fechando bem devagar.

Cheguei na porta meio segundo depois dela se fechar.

–Filho da mãe...- eu disse.

– Entre neste! – ouvi uma voz familiar.- Oi Mel!

– Ken? O que você esta fazendo aqui?

Eu estava realmente surpresa. Ken estudava na minha antiga escola. Ele era muito atencioso comigo, ATÉ DE MAIS. Era apaixonado por mim desde a Quinta série. Apesar do jeito grudento dele de ser, era um ótimo garoto. Tinha em suas mãos seu típico pacote de biscoitos de chocolate, ele amava aquilo!

– Me mudei para cá. Pelo visto estamos na mesma escola! Que bom! Estou tão feliz em ter você aqui! – seus olhos brilhavam.

Não pude deixar de ter dó. Ele usava óculos fundo-de-garrafa junto de roupas feias e um sapato esquisito. Era magrelo e baixinho. Ele não tinha nada de atraente, mas quando sorriu pra mim seus olhos verdes me impressionaram. O seu sorriso também era bonito. Era ingênuo, sincero... algo que não vemos facilmente.

Sorri para ele.

– É bom te rever também Ken.

O som agudo da buzina soou novamente. Corri para dentro do elevador.

Me sentei no chão e coloquei meu tênis. Olhei no espelho e passei uma sombra e delineador, tudo bem rápido.

Sai do elevador passando meu costumeiro batom vermelho.

Olhei para o vidro da porta de saída do prédio.

– Assim está bom. – sorri, satisfeita com o resultado.

– Não se preocupe, você está linda. – Ken disse.

– Obrigada, Ken. Gentileza sua.

Ele quase pulou de alegria. Eu podia reconhecer aquele olhar...

“ Ai Ai, não quero ser rude, mas não posso iludi-lo” – me repreendi – “Será que há meio termo?”

Olhei para ele tentando abrir a porta, todo desengonçado.

“Acho que não.” – conclui.

Ouvi uma voz masculina vinda do ônibus.

– Venham logo! Espero que não sejam sempre tão atrasados. Corram!

Tentei vê-lo, mas Ken tampou minha visão. Acho que era loiro.

Entrei no ônibus e procurei um lugar. Andei pelo corredor, e todos os bancos estavam ocupados. Tantos rostos que eu não conhecia... Me senti estranha.

Na penúltima fileira estava o garoto com cabelo vermelho e cara amarrada, com os braços cruzados e encarando a poltrona da frente.

Tinha um lugar vago ao lado dele. Parei.

“Também... Quem em sã consciência gostaria de sentar com uma pessoa tão antipática?!”

Ele me olhou.

– Se fosse você não me sentaria ai. – disse Ken.

Encarei o ruivo.

Seus olhos ardiam feito fogo, tentando me fazer mudar de idéia.

– Tudo bem, Ken. Eu me viro. – disse colocando minha bolsa para o lado e me sentando ao lado do “emburradinho”.

– Você deveria escutar mais seu amiguinho Nerd.- disse enquanto colocava o fone de ouvido, tentando me ignorar.

Revirei os olhos e foquei em olhar só pra frente, tentando o ignorar.

Conheço esse tipinho “Bad Boy”. Com uma jaqueta de couro com alguns botões pratas, uma camisa vermelha de alguma banda que eu não consegui identificar, uma calça preta um pouco larga e uma bota masculina. Só faltou o cigarro para ser um legítimo “ Bad Boy’ mal- humorado e arrogante. Cliché.

– Não pense que me esqueci do elevador. – eu disse, mesmo sabendo que ele não me escutaria já que eu podia escutar o som da música que ele escutava mesmo de longe. Era um violão.... algum ritmo próximo a de Wake me up when September ends, tentei mas não consegui decifrar. Wake me up when September ends não combina com ele....

Ouvi ele dizer um “Tanto faz” bem baixo.

Não resisti e sorri.

– Porque está sorrindo? Não estou vendo nenhum palhaço.

– Você não, mas eu sim. – sorri novamente – Veja aquelas garotas...

Ele olhou pela janela do ônibus e pode ver o mesmo que eu. Três garotas num Porshe esperando o sinal abrir, todas de nariz em pé.

– Não parecem muito amigáveis.

– Ah, - ele me olhou – pode acreditar que não. São um bando de idiotas.

– Você as conhece?

– Sim, infelizmente. Você também vai as conhecer, e também vai dizer “infelizmente”. – ele profetizou.

Avaliei seu rosto. Nada mal. Ele não era assim... tããão... feio. Aliás, não era nada feio.

– Espero que eu seja invisível pra elas.

– Não será. Elas vão te achar. – sua voz expressava a seriedade e dureza de seus olhos. Muito indiferente quanto ao que eu passaria, segundo ele, na mão delas.

– Tudo bem. Eu não tenho medo de cara feia.

Ele me olhou, pela primeira vez em meus olhos. Quase não suportei aquele olhar.

– Deveria ter.

Demorei alguns segundos para conseguir encontrar minha voz, com um frio na espinha um tanto quanto estranho.

– Você está se referindo a elas ou a você?

Enquanto as palavras escorregavam de sua boca pausadamente ele deu um meio sorriso, em que sua única definição só pode ser maligno.

– A mim.





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Notas finais do capítulo

Comentem! ;D