(not a) Goodbye escrita por Carol Dias


Capítulo 1
Roots before branches




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“I know, I’m meant for something else, but first I gotta find myself, but I don’t know how now"

Ele se apressou e tentou, inutilmente, acompanhar o trem até não poder mais. Já era. Ela já tinha ido. O último vagão passou por ele, que continuou parado, encarando os trilhos vazios. Finn Hudson tinha acabado de deixar Rachel Berry ir viver seu sonho. Ele não queria ser uma pedra no caminho da estrada de tijolos amarelos dela, Finn a amava demais pra isso.

“Nós devemos chama-lo? Ele já está parado ali há quinze minutos”, Tina perguntou aos poucos amigos que ainda estavam ali, basicamente, Mike, Kurt, Blaine, Sam, Rory e Sugar.

“Eu vou falar com ele”, disse Kurt.

“Eu já vou indo com eles, tá?”, falou Blaine antes de dar um pequeno beijo em seu namorado e ir embora.

Kurt se aproximou do meio-irmão, mas não sabia ao certo como falar com ele, então apenas ficou atrás dele com a esperança de que ele se virasse o mais rápido possível, o que não aconteceu. Ele esperou cinco, seis, sete minutos e então contou até dez e respirou bem fundo antes de tirar o irmão de seus pensamentos.

“Sabe? Eu acho que essa foi a coisa mais madura que você fez na vida”, ele disse, mas Finn continuou encarando os trilhos vazios. “Finn, todo o seu sacrifício terá sido em vão se você continuar assim. Você fez isso pro bem dela e sabe disso”

Finn não disse nada em resposta, ele apenas se virou e Kurt pôde ver as lágrimas em seus olhos e então Finn o abraçou e despejou em seus ombros o choro que ainda restava nele.

“Eu deixei ela ir, Kurt. Eu fiz isso. Por favor, me diz que foi o certo a fazer pra eu não me sentir pior do que já estou”

“Foi a coisa certa a fazer, Finn, foi sim”

Kurt também estava triste. Todo o planejamento que eles haviam feito durante o ano inteiro, todas as brigas causadas por isso, todos os esforços, tudo havia sido jogado no lixo, ainda havia o próximo ano. ‘Não pare de acreditar’ era praticamente o lema de vida dos membros do New Directions e pra ele não era diferente, mas ele temia por Finn, ele tinha medo que ele não aguentasse e ainda achava uma besteira a ideia dele ir para o exército.

E ainda tinha Rachel.

“Você irá entrar naquele trem e irá para Nova York sem mim, isso é o quanto eu te amo”

As palavras dele ainda martelavam na cabeça dela. Ela ainda não conseguia entender. Ela não estava em condições de entender. Rachel Berry saiu de casa naquele dia achando que iria se casar com o homem da sua vida, o homem que a havia feito adiar o maior sonho de sua vida por um ano. Mero engano. Se ela soubesse o que ele havia planejado com seus pais, provavelmente ela se amarraria na maior árvore de Lima até convencê-lo de que ela poderia esperar. Parece exagero e drama demais, mas essa é Rachel Berry. Em compensação essa é a mesma Rachel Berry que um dia, em meio à raiva e decepção, disse que seus sonhos eram maiores que Finn e dessa vez ele é quem havia sido a voz da razão dela e a tinha encaminhado para o que, de fato, era o destino dela desde que ela estava na barriga de Shelby Corcoran e seus pais colocavam “Don’t Rain On My Parade” para que ela escutasse.

Talvez “Don’t Rain On My Parade” fosse a maior ironia de sua vida. Ela assistiu Funny Girl milhares de vezes e conhecia bem a cena em que todos tentavam dizer à Fanny Brice o que fazer e ela desistia de tudo, cantava o clássico e pegava o primeiro trem com destino ao lugar em que seu amado Nick Arnstein estava. Agora, além de ter esquecido a letra da canção que era seu hino, o que não fazia muita diferença já que ela conseguiu entrar para a NYADA, ela estava dentro de um trem indo para longe de seu Finn.

Mas cada vez mais longe dele ela ficava, mais perto de Nova York ela estava.

Rachel pegou sua nécessaire em sua malinha rosa – ela realmente esperava que seus pais a estivessem esperando com mais bagagens – e foi em direção ao banheiro do seu vagão. Sua imagem no espelho estava deplorável.

Ela encarou seu reflexo e cantou para si mesma: “When you’re smiling, when you’re smiling, the whole world smiles with you”, ela deu um sorriso fraco, era o máximo que conseguia. “Você é uma estrela Rachel Berry, todos os seus sonhos estão prestes a se realizar assim que você pisar em Nova York”.

Rachel lavou o rosto e se maquiou novamente para disfarçar o estado inchado de seus olhos. Durante o resto do percurso ela tentou não chorar mais, brincou com um bebê que estava no colo de sua mãe e tentou, acima de tudo, não pensar em Finn. Ela falhou nessa tentativa e permitiu-se chorar mais uma vez, mas não deixou o trem sem antes repetir o ritual de limpar o rosto e se maquiar. Uma nova Rachel Berry sairia da Grand Station e ela estava decidida a isso.

“I gotta have roots before branches, to know who I am, before I know who I wanna be, and faith to take chances to live like I see a place in this world for me”

Assim que pisou fora da estação ela já se sentia uma pessoa renovada. Talvez fosse o ar mágico de Nova York que já estava em seus pulmões. Ela andou pelas ruas movimentadas até perceber que não sabia exatamente para onde ir, enviou uma mensagem para seu pai, Hiram, que não demorou a enviar a resposta com o endereço do hotel onde se encontrava com Leroy. Felizmente, ou coincidentemente, Rachel estava do outro lado da rua em que o hotel ficava, então ela só precisou atravessar a rua.

Ao adentrar o local, viu que seus dois pais já a esperavam no saguão. Ela não sabia o que pensar em relação a eles, já que eles foram “cúmplices” de Finn o tempo todo, e ela não duvidava que talvez a ideia tivesse partido de um deles e que seu noivo tivesse apenas concordado, pois sabia que era o melhor para ela, mas no fundo, ela não podia deixar de estar feliz, porque estava onde ela sempre quis estar.

Leroy foi o primeiro a abraça-la e Hiram não aguentou esperar ele terminar e se juntou ao abraço.

“Finalmente... Você conseguiu, filha”, disse Leroy.

“É, eu consegui”, ela não pode deixar de sorrir. “Mas tudo só estaria perfeito se ele estivesse aqui comigo”. Então o sorriso murchou e seu rosto voltou a dar lugar as lágrimas que ela tinha jurado que não retornariam naquele dia.

Leroy encarou Hiram, que a tomou em seus braços. “Minha querida... Finn só fez isso porque ele te ama, ele te ama tanto quanto nós dois, por isso ele fez isso. Ele sabe o que é melhor pra você e isso foi muito corajoso da parte dele. Eu tenho certeza que se você também o ama tanto assim, a história de vocês dois ainda não acabou. Rachel, para de chorar, por favor, se não eu vou chorar também”

“Você já está chorando Hiram”, falou Leroy. “Escuta, filha”, ele virou Rachel para que ela ficasse de frente para ele e ergueu sua cabeça para que ela o encarasse “Agora você precisa focar mais do que nunca. Você já está na direção certa para ser uma estrela. Imagina por um momento a sua grande estreia na Broadway: Depois do último ato a peça se encerra e todos os outros atores do elenco se juntam a você para receberem os aplausos, o diretor chega e entrega flores para a protagonista, que é você, é claro. Então você olha para cada pessoa na plateia a procura de um rosto familiar e logo na primeira fileira você me vê ao lado do seu pai, até mesmo a Shelby está lá para te prestigiar e então você encontra ao lado dela um cara muito alto e que você ama, com aquele sorriso de lado que você cansou de descrever pra gente e ele está segurando um buquê de orquídeas porque ele sabe que é sua flor favorita e você acena para ele e sopra um beijo e seu pai e eu ficamos com ciúmes por que você só deu atenção pra ele. É uma ótima imagem, não é mesmo?”

“É sim, pai, você tem razão”

“É claro que eu tenho”

Depois de descansar um pouco, Rachel foi jantar com seus pais em um simpático restaurante italiano que não ficava muito longe dali. No meio da refeição o celular de Leroy tocou, ele disse que não iria atender, pois era falta de educação, mas ao ver quem era ele levantou correndo para atender e voltou com um sorriso. Ela ficou um pouco curiosa, mas aquilo não a interessava, então ela deixou pra lá. Já Hiram insistiu em saber quem foi a pessoa que ligou para o marido que o deixou naquele estado, mas ele disse que falaria mais tarde.

Antes de dormir ela precisava realizar seu ritual noturno. Ela teria que acordar bem disposta no dia seguinte já que iria fazer compras na cidade com seus pais e assistiria ‘Evita’ na Broadway com eles, para então, no outro dia, os três prepararem toda a papelada e coisas necessárias para as aulas de Rachel na NYADA. Ela abriu sua mala para pegar seu pijama favorito quando seu celular tocou. O nome de Finn apareceu no visor e ela hesitou, mas atendeu.

“Rachel?”

“Oi, Finn”

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, apenas ouvindo a respiração um do outro.

“Como você tá? Você chegou bem?”

“Eu tô bem, na medida do possível”

A voz de Rachel estava chorosa e aquilo cortava o coração de Finn.

“E Nova York?”

“Continua mágica, mas estaria melhor se você estivesse aqui comigo”, ela suspirou e se pôs a chorar. “Eu já sinto sua falta, Finn”

Ele permitiu que ela chorasse do outro lado da linha, quando viu, já chorava também.

“Vai na janela, Rach”

“O que?”

“Vai na janela e olha pro alto”

“Já estou olhando”

“Você se lembra do seu presente de natal?”

Ela soluçou mais alto. Ela lembrava.

“Procura pela minha estrela. Procure por mim, eu vou estar sempre lá em cima quando você sentir minha falta”

“E quando estiver de dia? Nós vendemos os brincos para doar o dinheiro, lembra?”

“Bom... Nesse caso, você vai ter que abrir a porta”

“Como assim, abrir a porta?”

“Abre a porta, agora”

Na verdade ela ficou com medo, mas seguiu as instruções de Finn, de repente ele tinha mandado algum presente, ou coisa parecida. Quando ela a abriu, Rachel não soube que reação demonstrar, mas seu celular caiu no chão assim que ela viu o primeiro e único Finn Hudson diante dela, ali em Nova York, não em Lima, muito menos na Georgia.

“Oi”, ele disse simplesmente e foi recebido com um nem um pouco delicado tapa na cara, muito mais doloroso do que o que recebera de Santana no ano anterior.

“Como você tem coragem?”, ela disse enquanto distribuía mais tapas e socos nele. Ele não soube fazer outra coisa para pará-la além de puxá-la pela cintura e beijá-la. Quando a boca dele tocou a dela, Rachel imediatamente deu espaço para a língua dele adentrar a sua e uma de suas mãos pequeninas se perdeu nos cabelos dele enquanto a outra passeava pelas costas largas de Finn e ele a apertava cada vez mais. O beijo era desesperado, já que mais cedo, ambos pensavam que talvez nunca mais se beijariam de novo.

Eles ficaram uns bons minutos naquele beijo, até que uma camareira passou no corredor com seu carrinho de lençóis e toalhas e tocou seu sininho para ver se eles se tocavam que estavam protagonizando uma cena daquelas no meio do corredor, além de estarem atrapalhando a passagem.

“Rach, acho melhor a gente entrar”, ele disse e pegou sua mala que já estava caída no chão e entrou no quarto sendo puxado por ela.

“Então, agora você pode me dizer o por quê de todo aquele drama de manhã se no fim de tudo você está aqui comigo? Foi tudo por puro prazer de me ver sofrer ou foi uma forma de eu ver o quanto você me ama e ver o quanto você pode abrir mão por mim? Por quê se ninguém te disse, essa é a pior declaração de amor que alguém já fez na vida, tenha total certeza disso”

“Você fala demais, Rachel Berry”

“Não fuja do assunto!”

“Rachel, tudo o que aconteceu naquela estação, tudo o que te disse... Foi tudo verdadeiro, só que houve uma mudança de planos. Trinta minutos depois que o trem tinha partido, eu ainda estava lá, parado. Eu não aguentei nem meia hora com a ideia de que você ficaria tão longe de mim e que eu poderia nunca mais te ver, ou que você arrumaria alguém melhor do que eu aqui, Deus! Se passaram tantas coisas na minha cabeça... Eu sinto muito Rach, foi horrível pra mim, eu nunca mais quero passar por isso, imagino como deve ter sido pra você”

“Você quer que eu cante ‘Without You’ de novo pra entender como eu estava me sentindo?”

“Eu jamais desperdiçaria uma chance de ouvir você cantar”

Ela pegou a escova que estava dentro da mala e tacou nele, mas ela errou, é claro.

“Eu tô falando sério, Finn”

“Eu também tô, escuta: Eu usei parte do dinheiro que guardamos para a nossa lua-de-mel para comprar a passagem para vir pra cá, eu vim de avião porque é mais rápido, mas vim na classe econômica para economizar”

“Tudo bem, o que importa é que você tá aqui”, ela foi até ele que estava sentado na cama e se aninhou no colo dele.

“O Burt vai me emprestar um dinheiro até eu conseguir arrumar alguma coisa por aqui, o Kurt também vem pra cá e pelo o que eu ouvi Santana Lopez também está a caminho”

“A Santana?”

“Pois é, ela tá vindo”

“Finn, e se de repente... Bem, meus pais querem que eu fique no Campus, mas se eu, você, o Kurt e a Santana nos juntássemos, nós poderíamos conseguir um apartamento em conta para nós dividirmos, como em Friends! Eu sei que a ideia é que seja apenas nós dois, mas acho que por enquanto... Quem sabe?”

“Nós podemos pensar sobre isso... Mas agora, neste exato momento, existem coisas melhores para pensarmos”, ele disse enquanto distribuía pequenos beijos no pescoço dela.

“Ah, é? O que, por exemplo?”, ela perguntou se fazendo de inocente quando ele mordeu sua orelha.

“Eu prefiro mostrar em vez de falar”

E então eles passaram a noite juntos, sem se importar que os pais dela estivessem bem no quarto ao lado, mas depois que Leroy ouviu a briga no corredor ele resolveu colocar alguma música para não se preocupar muito com o que o genro estava fazendo com sua filha e poder se distrair com seu marido. Até porque, Finn já o tinha informado que estava indo para Nova York, foi o próprio sogro quem lhe cedeu as informações de onde estavam hospedados.

No dia seguinte eles acordaram com a certeza de que nunca mais cogitariam ficar longe um do outro.

“I’m forever yours, faithfully”



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Notas finais do capítulo

Eu ainda não me conformei com o final do episódio, espero que eles nos recompensem na próxima temporada, ou eu coloco fogo na casa do Ryan Murphy. -n
Espero que tenham gostado... Mereço reviews?