Garasu No Namida escrita por MayonakaTV


Capítulo 6
V- Say he’ll haunt us.


Notas iniciais do capítulo

Menor que os outros, um tanto parado, mas tão importante quanto.



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[ Mana's POV ]



Eu nunca soube que tipo de pessoa seria a certa para mim. Talvez alguém com gostos parecidos, alguém que se submetesse a mim de certa forma... Não sei explicar. Tudo isso é muito relativo. Essa coisa de homem ou mulher dos sonhos é complicada de se explicar. Meu estereótipo de par perfeito era alguém literalmente perfeito, mas é em sua busca pela perfeição que o homem se perde. Todos têm defeitos, assim sendo, era de se esperar que até mesmo uma pessoa tão aparentemente perfeita como Kaya tivesse traços bastante desagradáveis em sua personalidade.



– Aconteceu alguma coisa...? – Perguntou ele do sofá, encarando-me como se eu estivesse a ponto de fugir pela mesma porta por onde havia acabado de entrar. Ou pela janela, na pior das hipóteses.


– Contei a ele sobre nós e... Bem, ele não me pareceu muito feliz.


As lentes do pequeno acenderam um brilho entristecido. Era tudo de que eu menos precisava para um momento como aquele.


– Ele gosta de você, não é?


Abaixei a cabeça, encarando meus próprios pés. Mais direto do que eu imaginava.


"Controle-se, Mana."



[ / Mana's POV ]



– Bom, ahn... Camui sempre foi um grande amigo – Começou o proutor, sentando-se ao lado do menor no estofado vinho. – Já passamos por muitas coisas juntos, acho que é normal que ele se sinta assim... Só que eu me senti um pouco... Culpado.


– Vocês já tiveram algo?


– Não posso dizer que foi "algo". Estávamos confusos demais para fazer algo na época. Dois medrosos...


Mana sorriu desajeitado, esperando desanuviar pelo menos um pouco aquele clima tenso. O que obteve foi um pequeno afastar do namorado que, retraindo os ombros, deixou que o olhar se perdesse nos próprios dedos nervosos que se entrelaçavam uns aos outros.


– Estávamos conversando normalmente – Continuou Mana, fitando atentamente o mais novo. – Mas, quando toquei no assunto, ele se entristeceu... E pediu para que eu contasse se sentisse algo por você.


– "Se sentisse algo por mim"? – Indagou Kaya com certa aspereza, levantando os olhos já ocupados por lágrimas prestes a cair. – Mana, você ainda não sabe o que sente por mim? Você não quer mais ficar comigo?


O peito do mais velho apertou. Kaya era realmente equivocado.


– Eu não disse isso. Eu só... Ah, Kaya, eu o amo, amo muito mesmo. Mas Camui é alguém muito importante e sempre demonstrou gostar de mim de um jeito que não pude corresponder...


– Olha, se quiser ficar com ele, vá. Eu entendo. Eu não estou confuso sobre o que sinto por você, mas se você está, pode tirar suas dúvidas com Camui. Não vou ficar entre vocês, afinal se conhecem há tanto tempo e eu só cheguei agora pra atrapalhar. Pode ir, Mana. Estarei feliz se você também estiver.



[ Mana's POV ]


A capacidade de persuasão de Kaya era algo acima da média, devo admitir. Tatsuya merecia um prêmio por atirar pesos descomunais na consciência das pessoas com tamanha facilidade. Conseguiu fazer com que eu me sentisse um traidor, e eu realmente o era. Traí a mim mesmo quando tomei a mão direita do moreno entre as minhas e, arrependido por tê-lo magoado daquela maneira, jurei-lhe amor eterno e afirmei estar certo de que ele era o único a quem eu amava. Contei-lhe tudo o que desejava saber e, ao fim da conversa, as coisas pareceram se acertar.



Apenas pareceram. Desde o começo, nossa relação não passou de um jogo de aparências e apenas ao lado dele é que pude, aos poucos, colocar as coisas em seus devidos lugares. Nunca fui do tipo que segue o fluxo da corrente, mas com Kaya as minhas reações rápidas, sempre tão úteis e adequadas à vida que eu levava, passaram a ser uma coisa incerta e assustadora. Afobação momentânea... Alguém já deveria ter inventado uma cura em comprimidos para essa maldita doença. Eu compraria logo umas dez caixas.



Com o sucesso de Kanon tornando-se maior a cada dia, talk shows pedindo entrevistas, revistas querendo fotos e grandes marcas a querendo como estrela de suas propagandas, tivemos que dar uma pausa no trabalho de Kaya que, com sua voz limpa e poderosa e sua enorme criatividade ao começar a abusar de figurinos condizentes com as mensagens de suas músicas, chamava de igual forma a atenção da mídia local. Era trabalho demais para uma única pessoa. Minhas visitas a Kaya começaram a se tornar mais monótonas, mesmo que vez ou outra um dos dois sempre tivesse uma ideia divertida para apimentar a relação... Como aquela vez em que quis adoçar um pouco as coisas com chocolate e sorvete, ou quando ele preparou um ambiente romântico com velas, jujubas e cortinas vermelhas no banheiro para que tivéssemos muito mais do que um simples banho. Ainda assim, nosso namoro começou a se desgastar. As brigas se tornaram frequentes graças ao ciúme descontrolado de Kaya que, chorão e invasivo, passou a fazer cenas cada vez piores. Tentei terminar com ele mas, diante daquela manha que sempre derrubava minhas defesas, fui incapaz de fazer tal coisa e, depois de uma noite maravilhosa com o pequeno, senti-me um tolo por quase ter deixado que tudo acabasse. Sobrevivemos a mais alguns meses, mas minhas opiniões não fazerem mais sentido algum foi a minha paga. Já não eram mais minhas opiniões.




Sentia que minha vida estava sendo controlada... E, aos poucos, o que eu tinha com Camui passou a ser uma relação extremamente dolorosa. Difícil dizer que Kaya estava entre nós, mas era justamente o que estava acontecendo. A ideia de estar perdendo meu melhor amigo não me fazia bem, e a de estar me desdobrando para agradar Kaya arrancou de mim tudo aquilo que eu pensava ser "amor eterno". Eu estava... Infeliz. Já não sabia se era Kaya quem tinha se entregado muito depressa, ou se eu é que havia feito tal coisa.



De qualquer maneira, todas as noites eu procurava deitar a cabeça no travesseiro e dormir bem, pensando no dia seguinte. Ainda tinha muito trabalho a fazer e, com a mudança de estação, eu sabia que teria muitos prejuízos.


Aproximava-se a temporada de chuvas. E o sol do casal Mana e Kaya já havia sumido antes mesmo disso acontecer nos céus de Tokyo.


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Notas finais do capítulo

Sei lá quantas músicas misturei, mas o título ficou esse mesmo por ter dupla função. O "diga que ele vai nos assombrar" serve tanto para o ponto de vista de Kaya em relação a Camui ameaçar seu namoro como para o de Mana em relação a Kaya ameaçar sua amizade. De qualquer forma, se houver uma música com esse título, créditos a quem compôs e gravou. rç



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