Eu não podia crer no que os meus olhos estavam me mostrando. Aquela cena nunca iria sair da minha cabeça, abalando os meus pensamentos e me atormentando em forma de pesadelo.

Nessa câmara, as paredes estavam iluminadas com tochas de incríveis chamas negras, algumas armas estavam penduradas nas paredes e eu podia jurar que aquele vermelho escarlete que cobria as paredes da câmara era sangue seco. Mas o que me assustara não era a caverna em si.

Meus amigos... Todos os eles estavam ali. A metade que saíram na busca de Lisanna... Gray, Erza, Gajeel, Levy-chan, a Rose, Alice, Ikari, e a pequena Wendy. Todos estavam espalhados pelo chão da gruta, incrivelmente machucados. Lisanna não estava à vista.

– Ora, parece que estás assustada... Lucy-chan? – Um par de olhos vermelhos surgiu na escuridão – Creio que já conheces meus pequenos brinquedinhos. – soltou um risinho – Ah... Eles sabem como gritar e divertir alguém.

Fechei as mãos em punho, irritada.

– Onde está Lisanna? – perguntei fazendo o ser soltar uma gargalhada sem achar graça alguma.

– Ela não está mais entre vós – disse com a voz arrastada com um toque de zombaria.

O que me fez ficar ainda mais irritada.

– O que você quer dizer com isso? – perguntei ainda parada no mesmo lugar, um pouco assustada de ver os corpos dos meus amigos espalhados por todos os lugares.

– Vosso corpo mortal estas servindo de hospedeira. Vossa alma foi corrompida e esta sendo consumida nesse momento.

De repente, ela saiu da escuridão e de lá eu podia ver. Ver aquele ser desprezível que havia feito meus amigos de brinquedo e depois os ter descartado.

Lisanna saiu da escuridão, e sorriu para mim, como se acabássemos de contar uma piada.

Dei um passo para trás. Meu corpo todo tremia, e eu não sabia o que fazer.

– Porque? Porque você fez isso com a Lisanna?

Seus olhos, antes vermelhos, se tornaram azuis e foram preenchidos de raiva e... ódio.

– Eu estava cansada de você – gritou a voz de Lisanna – Sentia-me esquecida! Você usurpou o meu lugar ao lado de Natsu.

– Lisanna... E-Eu não queria... eu não sabia que sentia-se assim... por favor, tente resistir e volte para nós. Mira está esperando por você.

Observei seu corpo tremer, então ela piscou os olhos e depois me olhou confusa.

– Lu...cy? – murmurou, mas logo sua voz enraivecida voltou novamente – Eu não me importo!

Espera um momento. Será que... será que ela estava resistindo? O que diabos estava acontecendo com ela?

– Ei você! – gritei no impulso – Essa que se apossa da Lisanna! Porque você esta fazendo isso? Por que possuiu o corpo da Lisanna, se o seu objetivo era eu...

Novamente a sua forma tremulou e ela voltou para a escuridão, observando-me com os olhos, novamente, vermelhos.

– Isto é simples minha cara – falou a voz arrastada – Meu objetivo não eras tu. E sim o vosso grandioso salamander.

Olhei para a escuridão, assustada.

– Q-Que? O Natsu? Mas por que fez isso? – gritei exasperada.

O ser riu.

– Pois minha querida, tu eres a parceira dele – olhei confusa para aquele par de olhos e ele grunhiu – Tu eres devagar garota. Pois bem, lhe explicarei.

Engoli em seco, meus dedos estavam envolta das minhas chaves. Apertei as chaves um pouco mais forte e as senti aquecer meus dedos.

– Meu objetivo era roubar o poder do salamander, mas precisava de uma hospedeira antes. Pensei em um plano até encontrar-me com está mortal chorando. Fui gentil com ela e ela contou-me sobre o salamander e sobre tu. A induzi a pensar sobre coisas ruins sobre tu e a começar uma vingança por tê-la roubado “o Natsu dela”. Foi assim ela começou a briga entre vós. Tinha o objetivo de sequestra-te e fazer o salamander vir até mim e assim roubar teu poder. Mas houve algumas controvérsias – então sorriu – Mas tu estas aqui agora e isto es o que importa. Aposto que o vosso querido salamander estas a caminho.

Respirei fundo.

– Ele não vai me encontrar – falei com a voz afiada

Eu não sabia de onde havia tirado coragem para poder desafia-lo. O ser olhou para mi incrédulo e depois começou a rir depois de ouvir minhas próprias palavras.

– Ao contrario do que pensas minha cara, ele encontrara-te facilmente, já que tu eres a companheira dele.

Dei alguns passos para trás.

– Você que pensa que eu-

De repente algumas cordas negras prenderam os meus pulsos, me forçando a voltar.

– A não, não, não, não Lucy Heartfilia, esperei muito tempo para isto. Vamos brincar um pouquinho hein? O que achas – sorriu diabolicamente.

– SOLTE-ME!

– Alguém aqui esta resistindo? – apertou as cordas nos meus pulsos – Creio que tu conheces a historia de Remember, se não quiseres perder mais alguém como esta cria que tu carregas dentro do teu ventre, é melhor ficar paradinha.

Fiquei estática com que ele acabará de falar. Como assim cria que eu carrego dentro de mim? Quer dizer que eu estava grávida? Do Natsu? Por isso que Mirajane estava estranha! Por isso que Alice, Ikari e Rose estavam de agindo de modo suspeito comigo! Será que o Natsu sabia? Eu preciso salvar meu pequeno bebê!

– Oh! Vejo que ainda estas resistindo – abriu um sorriso e eu vi seus olhos vermelhos-sangue brilharem – Interessante.

Recebi o primeiro golpe na lateral do meu corpo. Verguei para frente e cai batendo o rosto no chão. Senti uma ardência na sobrancelha direita, no queixo e na bochecha. Tentei me levantar, cuspindo sangue. Limpei a boca e levei as mãos as minhas chaves.

– A-Abra-te o portão para a virgem! Virgo! – chamei

– Hime, hora da punição? – perguntou o espirito de virgem.

– Não! – exclamei – apenas acabe com ele.

– Entendido.

Peguei outra chave do molho de chaves e quando eu ia chamar o espirito de Leão, uma mão segurou meu pulso, me impedindo.

– Não gaste sua magia assim tão imprudente Lucy – disse a voz do líder dos espíritos estelares me oferecendo a mão para poder levantar.

– Loki! – o abracei.

– O que está acontecendo? – me perguntou.

Contei resumidamente a situação e Loki franziu a testa.

– Mas onde estão eles, Lucy?

Olhei um pouco confusa para ele.

– Eles quem?

– Os corpos do pessoal da Fairy Tail que você falou? Eu só vejo a gente.

– O quê? M-Mas eles estão bem... aqui.

Então me lembrei de algo que a falsa-Lucy havia me falado quando eu acabei com a farsa dela. Ela havia dito “Eu gosto de brincar com a mente dos outros”. Aquilo tudo era uma ilusão? Tudo uma confusão causada pela F-Lucy para poder me abalar mentalmente e emocionalmente? Mas por quê? Só para poder pegar o poder do Natsu? Eu não acredito! Ela havia me enganado, e eu como sou idiota, havia caído direito na sua armadilha.

Ouvi uma risada soar pelo local.

– Loki, consegue sentir alguma outra magia além da nossa por aqui?

Loki fechou os olhos por alguns segundos enquanto uma explosão soava aos nossos ouvidos. Olhei para o lugar onde Virgo e a F-Lucy estavam enfrentando uma batalha dura e então aconteceu da Virgo desaparecer. Desesperada, peguei a chave do Capricórnio e o chamei e assim que ele apareceu, foi correndo atrás da F-Lucy.

– Assim não vai dar se continuar nesse ritmo, eu vou acabar com minha magia gasta e acabar não servindo para nada. – parei um pouco para pensar.

O Loki ainda estava tentando localizar alguma outra magia local, e eu tinha que fazer alguma. Mordi o lábio inferior e peguei o meu chicote. Aquela luta é minha, eu que tinha que enfrentar aquele ser que queria roubar o poder de Natsu. Aquele ser que estava possuindo o corpo de Lisanna, e que havia me feito sofrer.

Assim que Loki abriu os olhos falei para ele rapidamente.

– Loki encontrou? – perguntei.

– Sim eles-

O interrompi.

– Tudo bem, Loki quero que me faça o favor, vá atrás deles e os liberte, seja lá onde eles estiverem e saia daqui rapidamente. Essa luta é minha e eu tenho que faze-lo pro mim mesma.

– Mas, Lucy...

O silenciei e dei um pequeno abraço.

– Está tudo bem, sei os meus riscos, mas eu quero finaliza-lo agora. Só quero que confie e mim e siga o que eu falei. – disse.

Loki olhou hesitou por alguns segundos e então suspirou.

– Tudo bem Lucy – disse – fique a salvo.

– Vou tentar – falei.

E assim corri em direção a F-Lucy.