Uma Estranha No Meu Quarto escrita por Damn Girl


Capítulo 33
Capítulo 29 - Reunião (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Continuação do capitulo passado... espero que gostem! Sem enrolação, vamos lá.



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Jason se levanta do chão e tenta atacar Roosevelt novamente, e é impedido da mesma forma que antes, sendo jogado agora contra a lareira. Jaynet suspira e parece triste, ao olhar de um para o outro, sinto seu desapontamento há distâncias. Jason se ergue e praticamente rosna. Mas é só isso mesmo, um rosnado, pois sei que contra Roosevelt ele não tem a menor chance.

— Filho da puta, desgraçado, cretino. Isso não vai ficar assim! Eu vou te exorcizar, eu juro... você não vai reviver às custas do sangue da minha família seu babaca..

— Será que agora podemos conversar, ou você vai vir me atacar outra vez? — Repete Roosevelt em um tom debochado, ignorando sua ameaça.

Jason parte para cima dele uma terceira vez e dessa vez Jaynet se mete na frente de Roosevelt com braços abertos e um olhar suplicante. Jason para pouco antes de lhe acertar um soco, o braço fechado em punho e erguido no ar. Ela fita Roosevelt de soslaio, que tinha a mão erguida e se preparava para lançar Jason nos ares, e ele encolhe o braço ao ver seu olhar repreensivo. Ana intervém:

— Senhor Mackenzie, você não é bem-vindo a esta casa agindo desta forma. Peço que tenha compostura ou que se retire.

— Aye.

Penso que Roosevelt irá embora, porém ele se endireita em seu lugar e cruza as pernas, determinado a se comportar. Ana fita Jason com um olhar repreensivo que, de muita má vontade, se ajeita em seu lugar, mantendo seu olhar de ódio ao provável assassino de sua família. Digo provável por que não sei de mais nada.

—  Bom, acho que agora podemos ter uma conversa civilizada! — Comemora jaynet, se ajeitando em seu lugar. 

—  Me desculpe Ana.  — Pede Jason. — É difícil ficar na frente deste homem depois de tudo que ele fez. 

Roosevelt franze o cenho encarando Jason por um tempo, mas permanece em silêncio. Quando abre a boca perece mais calmo. 

—  Perdão senhorita Collin, não só por hoje quanto pelas outras vezes em que nos cruzamos. Não a conheci direito em vida, e temo que fui bastante desagradável em morte.

—  Tudo bem, Senhor Mackenzie. — Ana parece receosa ao pronunciar as próximas palavras. —  E a minha irmã, como vai?

— Infernal, desprezível e insuportável, como sempre. Mas vai bem, na medida do possível.  — Roosevelt suspira. Ele encara Ana de um modo intenso e sincero que a faz se encolher. — Preferia mil vezes ter me casado com a senhorita, seria imensuravelmente mais agradável. Pena ter falecido antes.    

— Ela sempre foi meia... intensa. —  Lamenta ela. — Já a convidei para vir para cá diversas vezes, mas minha irmã sempre diz que quer ficar com você. Eu sinto muito, sinto muito mesmo, queria tanto que vocês se acertassem...

— Isso não vai acontecer. — Responde Roosevelt de forma enfática, no entanto seu semblante parece um pouco triste.  —  Nunca.

— Entendo... Ela se pôs numa situação complicada. Espero que você saiba que nossa família não sabia de nada sobre... seu desvio. Pelo menos não enquanto eu estava viva.

  — Eu sei, conheço muito bem Alana para saber que ela é promíscua por conta própria. 

Eles não falam mais nada, ambos parecem absortos em lembranças de uma época muito distante da nossa e o clima na sala não fica nada bom. Jaynet me olha de uma forma interrogativa e dou de ombros. Também não estou entendo mais nada do que eles dizem. Ao que parece os dois são cunhados, o que é um fato muito surpreendente. Ana sempre me falou para ter cuidado com Roosevelt, nunca gostou dele. Até me salvou o dia em que fui em sua mansão... 

Mas o que teria acontecido de tão grave entre ele e a irmã de Ana para que ela fique se justificando?

Subitamente lembro-me da tal Alana no primeiro dia em que fui na casa de Roosevelt e tenho calafrios. Aquela mulher ruiva terrível controlando Kristen, me beijando no corpo de uma garotinha de seis anos. Não parece ser alguém fácil de lidar. Tampouco se parece com Ana. Mas o que ela fizera, controlar Kristen, foi por ordem de Roosevelt. Lembro-me bem. Encaro o fantasma e antes que eu possa questioná-lo sobre Kristen, Jason se levanta, zangado. Ele aponta para Ana de forma acusadora.

—  Agora estou entendendo essa merda toda! Vocês dois estão juntos nessa, são parentes. esse negócio de "não é bem-vindo em minha casa" é tudo armação. — Ele sorri irônico.  —  E eu achando que você não gosta dele. Mas é tudo um teatro para esvair a culpa do assassino de minha família. Vocês ensaiaram isso antes, não é ? O que vem agora, uma história triste para me fazer sentir pena? — Ele encara a mim e a Jaynet. — Vocês dois também, estão do lado desse assassino!

— Eu não! — Rebato tentando manter a paciência. — Eu não fazia ideia que os dois eram próximos, estou tão confuso quanto você.

—  Não somos próximos, não concordo com algumas atitudes que ele vem tomando. — Responde Ana. — Nos conhecemos depois que ele morreu por acidente, mas somos cunhados sim. Eu morri antes dele e Alana se casarem. 

— Não acredito em nenhuma merda do que você diz!  —  Ana encolhe os ombros triste.  —  Você é conivente com este assassino!   

—  Já chega criança! — Grita Roosevelt assustando a todos. Ele encara Jaynet. — Pensei que você havia me chamado para vir aqui para discutir um plano sobre você voltar à vida, não quanto aos problemas pessoais deste homem que sequer conheço. Se não vamos fazer isso eu vou embora.

— Claro por que você não aguenta ouvir a verdade, covarde. — Jason me encara carregado de raiva e não sei o que fazer. — Ou você exorciza esse assassino agora, ou pode dizer adeus a sua escola Christian.

Mais rápido do que meus olhos puderam acompanhar, Roosevelt levantou de sua cadeira e antes que eu me desse conta, Jason estava sendo pressionado contra a parede, imobilizando-o pelo pescoço.

— Escute, garoto. Eu vou falar somente uma vez por que eu me cansei de você, embora eu não tenha que te provar nada: Não matei a merda da sua família, não o conheço e não tenho ligação com você. Mas se não parar com essas ameaças agora mesmo, você vai ver seus tios, avós e tudo o mais que ainda estiverem vivos morrerem. 

Brada em Roosevelt, com um carregado sotaque escocês, mal consigo entender. Mas finalmente ele se defende. Ameaçando o resto da família de Jason, mas pelo menos diz que é inocente.

— Roosevelt!!  —  Jaynet toca seu ombro e tenta puxar seu braço.  —  Solte-o, por favor. 

— Está mentindo!  —  Grita Jason. 

— Ah criança, eu sou muitas coisas; Assassino, louco, idiota, ingenuo... exceto mentiroso. Eu mato uma pessoa de cada vez, e lembro perfeitamente o rosto de cada uma delas, mas eu posso começar a matar em grupos se continuar me ameaçando.

—  Me solte!!  — Grita Jason, nervoso demais para se desmaterializar creio eu. Roosevelt o larga e ele me encara furioso. — Vou embora agora mesmo.

 Não tenho culpa dessa confusão toda, o que ele queria que eu fizesse? Jason evapora no ar. Roosevelt caminha elegantemente até sua cadeira e volta a se sentar. Jaynet desaba na cadeira ao lado dele, aliviada.

— Ele não foi embora, está lá fora esperando um de nós, espreitando. Melhor você ter cuidado, mediador.  

— Como você sabe disso?  —  Indago. 

— Eu só sei, faz parte dos meus... poderes. 

—  Você poderia somente ter dito que não havia matado a família dele.  —  Repreende Ana, apoiando a mão na testa. Parece cansada.  — Aw aye  Bawbag! 

—  Acho que você quis dizer, aw ya Bawbag ("Escroto!")   —  Responde Roosevelt rindo da cunhada. Não entendo o que eles dizem. Mas depois ele acrescenta , sério.  —  Poderia ser o mais doce das pessoas Ana, nada que eu dissesse o faria mudar de ideia. Ele está plenamente convencido de que fui eu.

—  E não foi? 

— Dinnae ("não") Ana, juro por todos meus ancestrais. Você sabe exatamente como eu mato.  —  Ele me encara e se dirige a mim sem o seu sotaque escocês.  —  Não fui eu. Será que podemos falar sobre reviver a Jaynet agora, estou ansioso. 

— Isso é um absurdo, está enchendo a cabeça de Jaynet com essas ideias tolas.. — Diz Ana.  — Você sabe que as chances são muitos remotas, se fosse fácil haveriam milhões de fantasmas retornando, ninguém morreria mais em definitivo, a terra perderia seu equilíbrio.

— Mas existe mesmo uma chance!  — Exclama Jaynet animada, e repentinamente sua animação se esvai.  — Poxa Ana, se você sabia por que você nunca me contou antes?!

— Não queria te encher de esperanças.  —  Ela fuzilou Roosevelt com o olhar.  —  Tampouco fazer de você uma assassina. Jaynet eu gosto muito de você, como se fosse minha filha, mas se quer tentar eu não posso te impedir, existe alguns rituais antigos. Mas devo dizer que me entristece muito que você queira fazer o mesmo que ele faz, Jaynet. Como você vai carregar o peso de ser uma assassina depois? Isso não é brincadeira.

— O corpo dela está intacto, Ana.  

Roosevelt sorri como quem ganha no poker. Ana arregala os olhos e os corre por todos nós, parece prestes a ter um ataque. 

— Como isso é possivel?  —  Sussurra.

— Basicamente, nitrogênio a 196 graus negativos.  —  Os olhos de Jaynet brilham, parece perdida em uma lembrança feliz.  —  Meu pai é cientista, guardou meu corpo para fazer experimentos. Ele quer me reviver.  Mas a ciência ainda não é tão avançada.

 —  Nossa mesmo assim, esta ciência moderna me assusta. Congelar um corpo! — Ana encara Roosevelt.  —  E pensar que morri por conta da doença do suor. Se lembra, quando ficávamos doentes em nossa época, a luta que era para trazer um médico?!

—  Se estivesse nevando então? Não havia carruagem que chegasse. —  Roosevelt ri, acompanhado por Ana. 

— Bom, mas se seu corpo está mesmo congelado muda tudo!  —  Diz Ana animada.  —  Você não tem que matar ninguém, somente recuperá-lo. Ah meu deus, se for bem planejado a gente pode fazer acontecer! Meu deus... pode dar certo sim!

Sorrio aliviado para Jaynet e ela retribui. Ouvir de Ana que é possível nos passa bem mais confiança do que ouvir de Roosevelt, realmente eleva tudo a outro nível. Fito o fantasma à minha frente com uma pontada de esperança, não consigo evitar.

—  Então, acredito que você tem um plano?  —  Pergunto a ele.  — Não faço a mínima ideia do que fazer.

—  Claro... Espero que seus amigos sejam sem escrúpulos, iremos precisar da ajuda deles.  —  Ele me encara de forma significativa e ergue uma sobrancelha.  —  Não digo só daquele que ouve fantasmas, iremos precisar dos três. 

Michael e nick? Arfo e me levanto da cadeira, tremendo. Devo ter ficado pálido, pois segundos depois Jaynet está ao meu lado acariciando meu rosto. Roosevelt observa nosso contato de um jeito indecifrável. Não sei dizer se ele está com ciumes, inveja ou derrotado.

—  Qual o problema Christian? - Ele pergunta por fim.  

— Michael e Nick não sabem que sou um mediador.  —  Minha voz sai estrangulada.  —  Eles vão me internar no hospício! Eles não vão acreditar em mim nem se o Kevin confirmar...

—  Isso é um problema.  Precisaremos deles para invadir a empresa do senhor Becker e roubar o corpo dela. Acho melhor você ser bem convincente e o quanto antes melhor.  — Roosevelt balançou a cabeça, o semblante preocupado e sombrio. — Essa história do tal de Jason me deixou com um mal pressentimento. Odeio quando isso acontece. 

—  Roubar meu corpo! Ficou maluco?! 

— Não entendi.  —  Dispara Roosevelt, genuinamente confuso. E solta um sorriso sarcástico.  —  Como você acha que essa situação iria se resolver com seu corpo a quilômetros de distância? 

Jaynet se mexe inquieta e suas mãos tremem, parece a beira do histerismo. 

— Não pode! A segurança lá é muito reforçada. Os meninos iriam presos antes de mesmo de entrar no prédio!  —  Ela me fita com os olhos suplicantes e espalma as mãos em meu peito. —  Não pode entrar lá entendeu, esqueça tudo isso. É suicídio!

— Não acho que seja reforçada o suficiente para a filha do dono do prédio. E um bando de fantasmas invisíveis. —  Os olhos de Roosevelt faíscam. — Podemos colocar eles lá dentro com a sua ajuda, Jaynet. Você sabe que podemos. Você conhece bem o prédio?

—  Claro, cada andar. Praticamente cresci na empresa. —  Rebate ela automaticamente, e balança a cabeça. — Não, é muito perigoso... 

— Não tanto quanto contar aos meninos que sou um mediador.  — Sussurro.

Jaynet revira os olhos para mim, no entanto estou decidido a contar a verdade de uma vez por todas aos meninos. Eles já deveriam saber há muito tempo, independente de eu precisar da ajuda deles para roubar um corpo ou não, nós nunca tivemos segredos. Penso em todas as travessuras que fizemos ao longo de nossa amizade. Já fizemos coisa terríveis, mas nada nem em sombra parecido com...

Roubar um corpo! Estou mesmo considerando isso? Que loucura...  

Estou sim, sei que estou. E sei que não vou sossegar enquanto não fizer. Fito Roosevelt com um sorriso malicioso. 

—  Os meninos são totalmente sem escrúpulos, eu também. 

Pela Jaynet eu faço qualquer coisa.


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Notas finais do capítulo

Que o Roosevelt não bate bem da cabeça todo mundo sabe, mas ele tem cada ideia kkkkkk E o Christian ainda vai na onda... Pois é gente, vai acontecer, mas calma que esta reunião ainda tem uma terceira parte. Tem muita coisa acontecendo nessa reta final,e devido a isso ainda teremos uns 10 capítulos da história principal por aí.
Enquanto isso vamos acompanhar o Carlisle e Alana na continuação da História de Roosevelt. Pra quem não se lembra, Carlisle matou Roosevelt com um virote no peito :'( e Roosevelt jurou se vingar. Agora estamos caminhando para o final dos capítulos bônus também. Vejo vocês lá, Beijão! ♥