O Formigueiro escrita por RockStar


Capítulo 1
Capítulo I - A formiga construtora.


Notas iniciais do capítulo

Essa história é inspirada em todos os contos de Agatha Christie que envolve o Sr Hercule Poirot. Espero que gostem...



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Mais um belo dia na França. Como Paris é magnífica! Hercule Poirot espreguiçava-se vergonhosamente enquanto seus olhos se abriam um pouco. Deixara seu escritório em Londres e voltara a esse lugar que tanto gostava por apenas dois dias. Dois dias de descanso. Na noite anterior bebera um pouco de sirop de cássis, e descansara bem pela noite. Suspirou pesadamente ao olhar para o telefone do apartamento alugado que tocava.

– Gostaria de um pouco de calma as vezes...

Sussurrou Poirot pegando o telefone.

– Poirot, pois não?

Atendeu meio sonolento. O que veio a seguir o fez arregalar os olhos. Era Isabelli, a secretária de Lady Marshall, uma velha amiga.

– Senhor Poirot, foi isso o que aconteceu. E quando foram ler o testamento, ninguém soube interpretá-lo também, de forma que não sabemos o que fazer. Miss Marshall achou melhor lhe telefonar, por isso estou falando com o senhor.

Poirot se limitou a passar as mãos pelos cabelos e sorrir.

– Tudo bem, estou a caminho. Prepare um quarto para mim, chego ao final da tarde.

O detetive que nem desarrumado as malas havia feito, apenas pagou a pernoite do apartamento e seguiu de volta para Londres.

– Adeus dias de descanso.

Sorriu ele ao lembrar-se do por quê havia escolhido aqueles dois dias de “folga”.


Ao chegar na estação mais próxima da casa de Lady Marshall, Poirot encontrou um senhor de cabelos brancos, pince-nez, e bigodes finos.

– Mns. Poirot?

– Sim, sou eu.

– Acompanhe-me, sim?

Poirot se lembrava de Albert, mas esse era um senhor daqueles que recordam nomes, e não faces, o que tornava a visita de Poirot mais aconchegante, mesmo em uma hora dessas.

Poirot seguiu Albert até o carro da família Marshall. Eles passaram por uma estrada sinuosa, depois chegaram a uma vila. A vila era pequena e parecia bem movimentada, com todas as ruas cheias, e um cheiro de álcool forte. Seguiram em frente até chegar na portaria que dava acesso a uma mansão de propriedade dos Marshall's.

Poirot adentrou a mansão enquanto observava as maçanetas da porta de entrada da casa. Maçanetas douradas impecavelmente perfeitas. O delegado da pequena cidade Londrina,que já estava na casa, veio até ele com certa curiosidade.

– Por acaso o senhor “prodígio de Holmes” veio a procura de algum torrão de açúcar?

James Forks conhecia Poirot há muito tempo, e sabia que quando o chamavam, era por que algo estranho havia ocorrido.

– Forks! Pensei que havia se aposentado! Faz bastante tempo, não? A única formiga que construiu um grande império foi Lady Marshall meu caro. Na verdade, talvez esteja em busca de alguns amendoins*...

– Há! Há! Você e seu Zoológico Poirot! Mas díga-me, o caso aqui é extremamente simples. A senhora morreu naturalmente, e o testamento só possui alguns erros de digitação, então não compreendo sua presença.

– Hum... Interessante.

– Interessante? Poirot, está bem?

Hercule Poirot sorriu e assentiu com a cabeça.

– Albert, poderia reunir todos da casa para mim, sim?

O mordomo da casa assentiu e sumiu escada a cima da mansão. A mansão era claramente fácil de se descrever. Logo que se entrara na casa uma enorme escada lhe aparecia. À esquerda, uma sala de visitas, e próxima a escadaria o escritório. À direita, a sala de jantar e após ela, uma porta que dava acesso à cozinha. Na parte de cima os dormitórios e fora da casa um jardim que rodeava a mansão. Aos fundos dessa, uma área de lazer com uma piscina e nada mais. O mordomo cortou a escadaria voltando ao lado de Poirot e proclamou em voz baixa.

– Suas malas foram guardadas e os presentes já estão descendo senhor.

Hercule assentiu e sorriu.

– Como nos velhos tempos Forks... Como nos velhos tempos...

Forks sorriu meio amarelo e suspirou.

Agora na sala de estar de Lady Marshall, encontravam-se as seguintes personalidades:

Albert – Mordomo, Miss Nickolle Marshall – Filha de Lady Marshall, Isabelli Miller– Secretária de Lady, James Forks – Delegado, Betânia de la Rosa – Cozinheira, Irmãs Fujimoto – Arrumadeiras, Tiago Labell – Advogado da família, Ignotto Severo – Médico, e o nosso querido Poirot, claro.

Após perguntar nome e ocupação na casa para cada um, e ouvir de Betânia os nomes e ocupações das irmãs japonesas, Poirot parou um pouco olhando para a escadaria.

– Então miss Marshall sobe as escadas para pedir a mãe um tempo para uma conversa, e depara-se com a mãe deitada de forma doce, ao tocá-la, Lady Marshall encontra-se em estado de decomposição já avançado, depois disso, todos sobem para ver o corpo, chamam a polícia, junto vem o doutor e o advogado da família, examinam a moribunda, lêem o testamento, algo está errado com o testamento, miss Marshall lembra-se do amigo detetive de sua mãe, pede à senhorita Isabelli que me telefone, e todos permanecem no quarto junto à falecida Lady Marshall até a minha chegada. Correto?

Miss Marshall encontrou-se boquiaberta com a rapidez e facilidade em gesticular do tal senhor, Poirot apenas sorriu sentando-se na sala de visitas e acenando para que todos se acomodassem.

– Bem, eu creio que precise saber com detalhes a causa Mórtis da falecida, e gostaria de ver o testamento também. Se não se importa, doutor Severo, gostaria de chamar um amigo especialista meu.

O homem de branco assentiu de forma fria como se não se importasse com a desconfiança de Poirot em seu trabalho.

– A sim, e depois disso, gostaria de falar com cada um de vocês a sós. Um por um.

Todos assentiram enquanto Poirot se prontificava a ir até o telefone chamar Neto, um legista amigo dele no qual ele confiava cegamente. Após a ligação, Poirot foi averiguar o fato mais intrigante da noite: O testamento.

Logo ao ler as primeiras palavras já franziu o cenho.


Serei breve Aos meus filhos pela lei lhes deixo a metade dos bens assim como a casa principal a Betânia e Albert e os outros bens ao fim de que seja os cavalos para Isabelli nada aos pobres.”


O testamento era puramente esse, e nada mais. Poirot suspirou lembrando-se da última vez que vira Lady Marshall em Londres. Era uma mulher já bem de idade, porém bem forte e super bem sucedida. Balançou a cabeça lamentando a morte da pobre alma e suspirou encarando um espelho próximo à porta. Pequenos símbolos como esse lhe faziam lembrar de várias histórias passadas, e isso o fazia sorrir.

O doutor Neto havia chegado assim que Poirot se trancara no escritório para poder estudar o testamento e agora lhe trazia as primeiras impressões.

– Então, o que me trás de fato?

Perguntou Poirot com cara de quem espera uma resposta direta a qual ele já obteve.

– Ela não morreu de causa natural. Foi intoxicação, das de difícil de detectar. Vou levar amostras para o laboratório, e depois te telefono com as respostas.

Poirot assentiu e o médico foi-se estrada a fora. Assim que se viu novamente com o caso em mãos, foi ao encontro de Froks e ambos foram até o local da morte.

O quarto de Lady Marshall era repleto de pequenos objetos inusitados de vários cantos do mundo. Lugares os quais ela já foi, amigos foram e se lembraram dela, ou que ainda tinha vontade de visitar. América, e Ásia eram os nomes mais mencionados quando questionavam as origens de tais objetos, tanto que suas empregadas eram exemplos vivos de seus gostos por certas partes do mundo.

Hercule olhou para a cama, onde a senhora ainda aguardava ser liberada para sem embalsamada e enterrada. Já estava morta a certo tempo, por isso, o cheiro forte do cadáver era de se impregnar as narinas finas. Forks usava um lenço sobre o rosto e Poirot parecia não respirar até puxar um lenço também.

– Ela parece ter sido deixada aqui por semanas.

Comentou Poirot observando algumas larvas que começavam a roer a caixa toráxica da morta. Forks limitou-se a olhar de longe e acenar para que Poirot cobrisse a mulher. Forks parou à porta enquanto Poirot rodava o quarto em busca de algo. Procurou na lixeira do canto do quarto, na escrivaninha, onde um bloco de notas estava aberto, com a marca de força das últimas coisas que foram escritas no papel que ficaria a cima do bloco. Uma caneta jogada de ponta para cima no porta-canetas, enquanto todas as outras estavam de ponta para baixo, uma receita de um coquetel de remédios que Lady tomava diariamente dentro da gaveta da escrivaninha, e um incenso que ainda queimava quase no final.

Anotou cada item em um bloco de notas e desceu até a sala de visitas onde todos se encontravam. Forks o acompanhava meio tonto. Poirot seguiu para o escritório a pedido de Albert juntamente com Forks.

– Podemos fazer algumas perguntas a todos aqui mesmo?

Perguntou Poirot tirando um torrão de açúcar da caixinha que estava na bandeja que o mordomo trazia com chá para o delegado e o detetive.

– Creio que não há importância senhor. Por favor, sirva-se.

Poirot assentiu e bebeu uma xícara de chá enquanto rodava o torrão de açúcar entre os dedos.

– Podemos começar por você Albert?

O mordomo sentiu-se surpreso, mas assentiu.



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Notas finais do capítulo

E então? digam-se o que acharam por favor... Ficarei lisonjeada se receber reviews...
Nota: Amendoins* - Faz-se menssão ao livro: "Os elefantes não esquecem" da escritora.