A Perdição do Olimpo escrita por Leticia Matias


Capítulo 1
O Início


Notas iniciais do capítulo

"Linguagem impropria. Palavrões explícitos." - 2012

Revisei todo o capítulo e o reformulei. Ele continua nas mesmas bases, porém mudei seus contornos :v
Espero que gostem. ♥ - 2014



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As vezes eu penso que a minha vida começou a dar errado no momento em que comecei a respirar, mas se eu pudesse marcar um dia em que eu definitivamente descarrilhei em rumo ao fracasso, foi naquele dia.

Era meu aniversário de 11 anos.

Eu deveria ter uma festa como qualquer criança normal. Deveria ganhar uma bicicleta e comer sorvete com meus pais. Eu não deveria precisar fugir.

Eu acordei com sons de conversa na cozinha. Minha mãe brigava com meu padrasto. As brigas eram comuns, mas não o fato de estarem falando baixo. Quando eu entrei na cozinha, eles se calaram. Nenhum feliz aniversário, nenhum abraço ou cumprimento. Eu apenas me sentei à mesa e esperei. Eles me olharam com medo, como se eu pudesse ataca-los. Depois disso, um borrão. Meus pais fizeram as malas. "Nós vamos viajar". Então eu peguei uma mochila e enchi com roupas. Eu não tinha nada além disso, apenas um colar que um vendedor ambulante havia me dado uma vez. Ele era feito de latão. A corrente, era cinza e fria. O pingente, um emaranhado de fios que formava a imagem de um raio.

Entramos no carro e eles me lançaram um último olhar. Alguma coisa os preocupava e eu nunca soube o que era.

Depois disso eu acordei no hospital.

Eu me lembro apenas de uma enfermeira loira me olhando por cima da maca. Ela estava injetando algo no meu braço enquanto eu recobrava a consciência e então, estava apagando novamente. Antes de fechar os olhos eu pude ver um vulto entrando pela janela e então, nada.

Quando eu acordei novamente, recebi a notícia de que meu padastro tinha sido morto e que minha mãe estava desaparecida. O nosso carro havia batido e eu tinha sido a única sobrevivente. Sobre minha mãe, nunca mais a encontraram. No final, a deram por morta.

Nunca esclareceram, porém, o fato de meu padrasto ter sido brutalmente mutilado, de minha mãe ter desaparecido sem deixar vestígios e principalmente, nosso carro ter sido completamente destruído mas não encontrarem o que causou tal dano e no meio disso tudo, eu ter sobrevivido.

(...)

Meu nome é Helena Havoc.

Completo 16 anos neste final de semana e já passei por 7 abrigos e em torno de 15 famílias temporárias depois do acidente.

Há quem diz que sou uma delinquente, uma marginal. Outros dizem ser causa do trauma que eu sofri na infância. A questão é que é mais simples do que eles pensam e mais complicado do que podem imaginar. O primeiro dos muitos paradoxos na minha vida.

No meu abrigo, todas as crianças sonham em ter uma família. E se esforçam pra isso. Mas eu não quero. Não consigo me imaginar tendo pais novamente simplesmente porque isso não se encaixa mais na minha vida. Ter uma família abriria a possibilidade de perde-la, novamente. E eu não quero perder mais nada.

Desde então, eu estou por conta própria. O orfanato faz o que pode para cuidar de mim, mas eu estou sozinha.

Já roubei e entro em brigas constantemente, porém quase nunca sou pega. Mas quando sou, os castigos são pesados. Nesse orfanato que eu estou atualmente, a Instituição Hera, é conhecido por ser uma das instituições mais rigorosas do estado, educando os órfãos com eficiência militar e até, em recuperar os casos mais perdidos.

Eu estou aqui há exatas 6 semanas. E eu posso te garantir, eu não posso ser recuperada.

6 semanas antes...

" -Devagar, você poderia acordar alguém a 10km de distância - eu sussurrei enquanto apontava a lanterna para Adam. Embaixo de nós, o líneo recém encerando e ao redor, prateleiras de produtos baratos e vencidos, sacos de arroz, macarrão, óleo. Logo a frente, uma banca de revistas. Nós nos dirigíamos ao balcão. Para a caixa registradora.

Eu estou com calor - Alex reclamou por baixo do capuz. Essa noite, tínhamos recebido uma onda de calor inesperada. Estava fazendo provavelmente uns 35° graus, mas não importava. Precisávamos terminar logo o que tínhamos começado.

Direcionei o jato de luz da lanterna para o balcão, enquanto Adam se encarrega de arrombar a fechadura da caixa registradora. Ele foi rápido e então o dinheiro já estava nas minhas mãos. Íamos saindo quando um vulto chamou minha atenção.

Eu não hesitei, em segundos eu me virei e golpeei a esmo. Minha lanterna não atingiu nada mas eu conseguia sentir um cheiro acre no ar. E rosnados.

Alex se adiantou com sua lanterna procurando a fonte dos rosnados. Mas não era possível. Nós tínhamos entrado pelo telhado. Nada poderia ter nos seguido. Será que o dono da loja havia deixado cães de guarda, diferente dos outros? Eu não tive tempo para concluir meu pensamentos, porque foi quando eu ouvi os gritos. Alex havia sido atacado e pedia socorro. Corri em disparada, tentando me orientar pelo som da voz dele quando, por fim, cheguei ao corredor dos refrigerantes e vi um corpo preto e peludo debruçado sobre meu amigo. Parecia um cachorro, mas poderia ser um urso. Senti meu tênis úmido e olhei para baixo, algo estava molhando meu sapato. A lanterna ainda iluminava as prateleiras, então a dirigi para baixo, para o chão e pude ver que o líquido que molhava meus All Star era vermelho vivo. Sangue.

Eu não tive tempo de correr ou gritar, chorar ou me desesperar pelo meu amigo. O cão tinha se voltado para mim e minha visão se embaçou pelo medo. Eu estava vendo de forma tripla. Três grande cabeças escuras me encaravam, seus caninos deixavam escorrer grandes linhas de um líquido preto.

Eu tinha um segundo. Um segundo para decidir o que fazer.

Então eu me joguei sobre ele.

Uma garota de 1m67 e 62kg contra uma massa disforme de uma espécie bizarra de urso negro. Um urso na cidade. Um urso carnívoro. Nada fazia sentido. Mas ele havia machucado meu amigo e era só o que importava.

Começou a chover. A loja era iluminada pela luz dos raios e o som dos trovões estava cada vez mais forte, dando a impressão de que iria estourar o vidro das janelas. No meio do barulho ensurdecedor, eu pude ouvir Adam me chamando. Eu tive vontade de gritar para que ele fugisse. Que levasse Alex consigo e me deixasse morrer.

Salve sua vida, idiota.

Algo distraiu o urso e ele saiu de cima de mim. Adam havia jogado uma garrafa de Whisky nas costas do bicho e ele estava temporariamente distraído. Eu me afastei e peguei um dos maiores cacos de vidro e o golpeei nas costas. Nada. Nem um arranhão. O urso continuava intacto. Ele pulou sobre mim e então minha cabeça bateu contra o chão. Eu não conseguia enxergar nada além de formas difusas e escutar sons distantes. Mas sabia que o urso não estava mais sobre mim. Mesmo com a consciência vacilando, eu sabia porquê.

Ele estava matando Adam.

Nos meus últimos instantes, eu me sentei sobre o chão e o encarei. Eu via três cabeças negras e seis caninos pingando sangue sobre o corpo desfalecido do meu amigo. Uma fúria tomou conta de mim. Uma fúria que eu nunca havia sentido em toda a minha vida.

As janelas vibravam, a chuva golpeava fortemente as paredes e então, o teto explodiu. Uma luz cegante inundou a loja e então, no lugar do urso nada mais havia que um amontoado de pó que rapidamente se umedecia. Foram as ultimas imagens que eu vi antes de desmaiar."

Eu só estive em hospitais 3 vezes durante toda a minha vida. E em duas delas, eu havia sobrevivido quando deveria ter morrido junto com quem amava.

Oficialmente, eu não fui culpada por nada. A minha invasão foi perdoada. Meus amigos foram enterrados. A explosão do teto foi justificada como causada pela tempestade e de um curto circuito na fiação. O mais importante, a causa da morte de meus amigos, foi atribuída a um ataque brutal de um animal selvagem desconhecido. Caso encerrado.

Então eu fui transferida para a Instituição Hera.

Eu esperava ficar aqui por mais tempo, porém essa tarde me avisaram que eu irei para uma família adotiva.

O sobrenome deles é Steiner e se eu soubesse o que me espera, gostaria de nunca ter saído daquela loja de conveniências viva.


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Notas finais do capítulo

ACABEI O /
Esse é apenas um remake do meu capítulo inicial, que escrevi em 2012.
Estou reescrevendo essa história por diversão e espero que gostem.
Se encontrarem algum erro, por favor me avisem ^-^



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