The Closer, The Better. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 1
Maybe we are victims of fate.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada. Vale lembrar, é minha primeira fic de criminal minds.



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The Closer, The Better.


Quando o avião pousou no chão de Quântico a agente Jennifer Jareau tomou coragem de finalmente olhar para o colega Spencer Reid, sentado em uma das poltronas do jatinho. Ele não conseguira pregar o olho a viagem toda, porque as imagens de Tobias, Raphael e Charles torturando-o, drogando-o, discutindo entre si sobre matá-lo ou deixá-lo viver. As vozes eram frequentes em sua cabeça. Nem mesmo o seu adorado café conseguia amenizar a dor que ele sentia parecia maior naquele momento. Morgan a única pessoa com quem conseguira falar um pouquinho. Se sentiu bem melhor quando falou, mas por outro lado, como se sentir uma pessoa melhor, como ser uma pessoa melhor. Só uma coisa fazia com que ele esquecesse todas as suas dores: heroína.

Os belos olhos da agente continuavam em Spencer e a sua falta de concentração em um livro. Havia tentado convencer todo mundo que ele estava muito bem para um cara que passara por tudo o que ele passara. Ela não sabia que ele tinha alguns frascos de heroína no bolso e não sabia como ele estava lutando para não tomar aquela coisa. Não queria ter começado, não queria ter sofrido aquela overdose maldita, mas não tinha mais jeito. Tudo estava feito e ele estava em meio a um grande conflito. O que era melhor pra ele, naquele momento, era uma incógnita.

Todos eles desceram e se despediram uns dos outros. Todo mundo tinha um relatório burocrático para fazer e entregar antes de entrarem em um novo caso de cabeça. Spencer só queria ficar sozinho para poder aliviar sua dor. Como sua mãe lhe disse uma vez, ele não era um fraco, mas descobrira que tem coisas que não é possível suportar. Passou pelo estacionamento do FBI e entrou no seu carro, foi quando ouviu a loira – Jennifer – batendo na janela do carona. Spencer sorriu fraquinho e abriu a porta.

“Hey.” Ela disse. “Posso te acompanhar até em casa?”

“Você não tá muito cansada pra ir até minha casa?” Perguntou ao invés de responder. “Eu... ahn... eu to bem, JJ.”

“A última vez que eu te deixei sozinho, aconteceu tudo o que aconteceu.” Ela disse, encolhendo os ombros defensivamente.

“JJ?” Spencer disse, arrebatando a atenção dos olhos azuis. “Não foi sua culpa.”

“Você tá falando isso só pra me fazer me sentir melhor.” Ela disse, rindo sem muita emoção. “Você tem três PHDs em comportamento humano. Não dá pra acreditar que é sincero.”

O doutor ficou em silêncio. Deu partida porque percebeu que a menina não ia deixá-lo sozinha. Admirou a garota que mesmo dentro de seus próprios conflitos tinha tempo para se preocupar com o bem estar de um homem que sofrera o pior da humanidade. Spencer sabia que a culpa fora sua, que não devia ter gritado ou mesmo saído de sua tocaia. Sabia que jamais seria capaz de se perdoar, mas sabia o motivo; o desespero que sentiu em imaginar que a agente JJ estava em apuros o fez esquecer o principio de nunca deixar a tocaia. Só pensara em fazer algo pela amiga, pela companheira de trabalho.

E sua mente voltou-se novamente para a cena do abraço. De quão firme JJ o segurou, do quanto ela quis saber que ele estava inteiro, que estava em seus braços. O quanto ele estava cansado de lutar, mas se sentia preocupado o suficiente para dizer à loira que estava tudo bem agora. Mas antes disso, ele se sentiu seguro em seus braços. Seguro porque Jennifer estava a salvo (ele sequer conhecia o motivo dos tiros desesperados, por isso ele parecia muito mais feliz em vê-la do que aos outros), que os tiros foram dela e não nela. Sentiu-se seguro naquele abraço porque ele podia resgatar o melhor de si, ao menos por um momento.

Spencer não conseguia se lembrar da última vez que tinha abraçado alguém com tanto afinco. Ele não se lembrava de ter fechado os olhos em nenhum outro abraço. Jennifer deu a ele segurança, força para reviver o melhor dele, mesmo depois dos dias de terror que tinha vivido. Talvez os braços dela substituíssem o efeito da heroína enquanto ele estivesse ao lado de todos os seus colegas da B.A.U. Jennifer não sabia o bem que fora capaz de fazer a um coração cheio de dúvidas.

Chegando em sua casa, Spencer parou o carro e saiu do mesmo. Antes que tivesse tempo de ser cavalheiro, JJ já havia saído do carro e o menino torceu os lábios levemente. Estava meio desajeitado com a garota, mas estava agindo como um amigo, recebendo o cuidado delicado de uma amiga. Ainda que ele não fosse o cara mais socializado do mundo, era bom saber que existiam pessoas que largaram tudo para descobrir onde ele estava. Ele foi uma vítima, claro, não se esquecera disso.

Infelizmente – ou talvez felizmente – ele não fora capaz de ver o quanto JJ ficou abalada com seu desaparecimento e com tudo o que vira pela internet. Não as mortes, mas a tortura que Reid sofrera, a overdose. Naquele momento em que o doutor estava caído, algemado, tremendo, ela pensou que perderia o menino. Um menino tão jovem que mal tinha começado a viver. Um prodígio, um gênio, um amigo. Pensou que naquele momento teria que conviver com o peso da morte de Reid pra sempre em seu coração e com certeza ela não seria capaz de conviver com aquilo.

Os dois entraram juntos na casa de Spencer que colocou sua mala sobre o sofá e com a bolsa marrom que sempre carregava. Ele fez um gesto pra que ela fizesse o mesmo, e como uma ordem, ela seguiu.

“Você, ahn, quer um café?” Perguntou Spencer. “Temos só umas três horas pra dormir antes de ir pra BAU.”

“Quero, obrigada.” JJ olhou todo o lugar abarrotado de livros, mas todos organizados demais. Acompanhou o dono da casa até a cozinha, onde ele colocou cada peça da cafeteira em seu devido lugar antes de colocar a água para fazer o café. “Você tá mesmo bem, Reid?” Insistiu. “V-você passou por muita coisa.”

“Não há com o que se preocupar.” Ele afirmou com falsa firmeza. “Eu vou melhorar assim que dormir um pouco.”

JJ assentiu, embora não confiasse muito naquilo. Acompanhou o menino fazer o café em silêncio. Ele ainda andava com um pouco de dificuldade e demorava em outros movimentos. Como se seus pensamentos estivessem longe demais daquele café. Ouviu o barulho típico da cafeteira e ele permanecia de costa, em silêncio, apoiado no balcão da cozinha.

“Ahn, JJ?” Murmurou. “Eu posso... posso perguntar algo?”

“Pode.” Ela sorriu, ainda que ele não vesse. Acompanhou o menino pegar as canecas e as colheres para café. Colocou tudo na mesa, aproximando-se ligeiramente dela que estava parada na mesa. Seus olhos se encontraram, seus corpos quase se tocaram e JJ se viu obrigada a segurar a mesa pra frear as mãos que quiseram abraçá-lo. “Pergunte.”

“Por que você atirou?” Ele manteve o tom baixinho, colocando as canecas e colheres sobre a mesa.

“Porque os cães que mataram a vítima que ele chamou de Jezabel estavam furiosos e vinham pra cima de mim quando eu abri o celeiro.” JJ explicou. “Era eu ou eles.”

“Achei que você tinha tomado um tiro.” Ele explicou. “Essa hipótese me deixou apavorado, desesperado, medroso. Culpado.” Confessou num fôlego só, como se estivesse falando mais uma das estatísticas que era acostumado, ao mesmo tempo com um pouco de ressentimento. “Eu me separei de você, contra a sua vontade, a final.”

“Nunca mais faça isso.” Ela advertiu, dando um tapinha no ombro do menino. “Se fizer, eu mesma te mato, tudo bem?” Ela brincou.

“Tudo bem.” Ele respondeu, olhando meigamente para a garota.

“Caramba!” JJ pensou. Como ele podia ser tão meigo, mesmo depois de ter vivido tudo o que viveu? Como ele poderia manter aquela essência mesmo depois de tudo o que passou? E como ele podia sentir culpa de uma coisa que a tal culpa era dela. Jennifer Jareau. Spencer Reid era alguém especial, concluiu.

“Psiu.” Ele chamou, levantando os olhos dela. “Quando eu digo que não foi sua culpa, não é só pra acalmar seu coração. É usando a razão e analisando friamente os fatos.”

“Como sabe que eu pensei nisso?” Ela riu sem emoção, franzindo o cenho.

“Não é tão difícil perfilar você, JJ.” Ele sorriu fraquinho, colocando o cabelo dela atrás da orelha, gentilmente. Ela sentiu suas bochechas corarem e riu baixo. Por um momento pequeno esqueceu que eles eram parte de um lugar que estudava o comportamento e que o homem a sua frente era um gênio. “Pode acreditar em mim. Não foi sua culpa.”

Os rostos se aproximaram quase inevitavelmente. JJ sentiu a respiração ficar mais descompassada e fechou os olhos azuis. Spencer, por sua vez, segurou o rosto dela com gentileza e juntou seus lábios. Ela não o negou e escutava-o murmurar quase sem som “Não foi sua culpa” entre seus lábios.

Num beijo meigo ela compreendeu que ele jamais a culparia. Num beijo meigo ele percebeu que ela nunca mais o deixaria só, mesmo num momento onde ele duvidava de si mesmo.


FIM.



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