1 mês já havia se passado. Era uma fria quarta feira de manhã...

"Merda!" Pensei, ao caminhar para o colégio, no dia seguinte.

Eu estava mais cansado que o usual, e isso não podia ser bom sinal.

Minha primeira aula era de psicologia. Era legal, porque era uma das poucas classes que não me deixavam entediado. A professora era divertida, e a aula descontraía um pouco.

Aula vem, aula vai. Eu podia jurar que o intervalo durou muito mais tempo para chegar.

Saí da classe um pouco depois do que o resto dos alunos e, consequentemente, cheguei mais tarde ao pátio. E adivinha quem estava lá? Não, não era a Megan fox ou a Taylor Swift... Din din! Isso mesmo! Minha perseguidora Nº 1, Sarah!

─ Bom dia, David! ─ Ela me saudou com aquele sorriso amigável de sempre. Murmurei um "oi" e fui embora, para o meu canto.

Eu não lancho, se é isso o que pensa. Por quê? Simplesmente não sinto fome. Sempre fui assim, e ao contrário do que a maioria das mães disse, eu não estou "fraco" ou "com má saúde" ou "desnutrido", ou qualquer uma dessas coisas que elas dizem... Se bem que, naquele dia em especial, eu não estava tao bem. Mas nada que não se curasse em um ou dois dias.

Chequei meu bolso. Merda, mais uma ─ Havia esquecido o celular.

Entretenimento, zero. Tédio de mais de 8 mil.

Não me restava nada mais a fazer se não ficar dando voltas pela escola, feito um idiota.

Passei ao lado de Sarah, e tivemos uma breve troca de olhares. Simplesmente isso. Nem expressões felizes, nem tristes. Apenas uma troca de olhares de alguns instantes. Na verdade, foi tão insignificante que nem sei o por quê de escrevê-la aqui...

Alguns minutos depois o bendito sinal tocou. Fui para a minha respectiva classe, e Sarah já estava lá. Não sei se se lembra, mas nas quartas feiras tenho 2 aulas nas quais Sarah também tinha. Primeira, química.

─ Oi ─ Sarah comprimentou-me, e eu respondi com um movimento da cabeça.

Joguei minha mala no chão e me sentei. O professor falava algo como o resultado de uma prova do bimestre passado.

─ Você está bem? ─ Sarah me lançava um olhar estranho

Assenti com a cabeça

─ Está vermelho. Tá gripado? ─ Ela perguntou.

─ Não. ─ Respondi imediatamente.

─ Qual é! ─ Ela colocou a mão sobre minha testa, o que me assustou um pouco ─ Você está ardendo em febre!

─ Não estou. ─ Falei, tirando a mão dela do meu rosto ─ E ponto final.

─ Como quiser... ─ Ela se sentou para frente de novo e voltou sua atenção ao professor.

Eu simplesmente ODIAVA ficar doente. Mas também, quem não odeia?

Mas sei lá, eu não podia ficar doente. Era algo meio que... inaceitável, para mim.

A aula de química passou bem rápido, pra falar a verdade.

Mas não é engraçado, quando falamos que algo passou rápido? Eu quero dizer, é o mesmo tempo para todos, mas para alguns parece que esse tempo foi menor, e para outros, maior. É intrigante.

─ Tem certeza de que está bem? ─ Ela perguntou, ainda com aquele olhar estranho.

─ Tenho... ─ Respondi ─ Agora me deixe em paz.

Ela deu de ombros.

─ Bem, hoje está frio. É algo meio natural ficar doente.

─ Eu não estou doente! ─ Falei, já farto

─ Continue mentindo para si mesmo. Depois, não venha reclamar para mim quando estiver com dor de garganta, de ouvido e tudo mais.

─ Claro que não. ─ Cruzei os braços

Ficamos um tempo sem conversar. Mas, como eu não conseguia prestar atenção no assunto que ali era discutido, decidi puxar conversa.

─ Você parece o bob esponja, sabia? ─ Falei, com um sorriso quase sarcástico ─ Petulante e me segue aonde eu for, achando que somos amigos.

─ E você parece o lula molusco. Rabugento e não gosta de ninguém. ─ Ela respondeu da mesma maneira.

─ Exatamente. ─ Concordei.

Ela deu uma pequena risada.

─ Mas é uma boa pessoa, no fundo. ─ Ela continuava com aquele sorriso carinhoso que só ela sabia fazer. Era literalmente "^~^"

─ E-E o que te garante isso? ─ Perguntei, meio surpreso.

─ Eu só sei. Você com certeza não é uma má pessoa, só precisa que alguém te ajude a despertar essa sua bondade etc. ─ Ela dizia com uma certeza sem sentido.

─ Você viaja demais, menina. ─ Falei, balançando a cabeça, em reprovação ─ Por um acaso você pensa ser essa "pessoa que vai despertar meu bom eu interior"?

─ Acho que sim ─ Ela respondeu, feliz.

─ Tsc tsc... ─ "Essa garota é doida" ─ pensei ─ "Mas tem alguma coisa diferente... Só não sei o que é"

Bem, não que isso seja relevante, mas na aula seguinte de Biologia seria a entrega e apresentação do trabalho. Falei algumas coisas decoradas rapidamente e Sarah também. Nada demais. O grande problema é minha voz ter falhado logo depois, então, quando o professor foi fazer algumas perguntas, eu não tinha voz para responder, e Sarah teve que responder no meu lugar. Baah!

O bom sinal é que tiramos a nota máxima, pelo menos.

Voltei para casa meio exausto. Não restou outra: dormi a tarde inteira.

Sonhei com o apocalipse zumbi. Melhor sonho de todos!