Anti-social escrita por UnknownName


Capítulo 15
Insistência




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Mas, ele não ia deixar assim. 

─ Hey! Volta aqui! ─ Mike me perseguia.

"Mais um...".

Assim como Sarah, não tive um segundo de sossego. Ele me seguiu em todos os lugares e, se eu não tivesse fechado a porta na cara dele, provavelmente teria me seguido até em casa.

─ Você consegue ser mais grudento que ela. ─ Falei à Mike, apontando para Sarah, em algum momento do intervalo, naquele mesmo dia.

─ Se você aceitar a luta eu paro de te seguir. ─ Ele disse, cruzando os braços.

─ Sem chance. ─ Respondi imediatamente.

─ Então não paro. ─ Ele respondeu da mesma maneira, virando seu rosto para outra direção.

Sarah apenas continuava me observando com aquele sorriso. Chegava a irritar.

─ Por quê está sorrindo tanto para mim? ─ Me aproximei dela, e perguntei. Ela apenas sorriu mais.

─ AAAAH! Diga logo o que foi! ─ A agarrei e chacoalhei, pela gola, impaciente.

─ Calma. ─ Ela me parou ─ É que eu estou feliz que você não aceitou a briga. Começar lutas por motivos inúteis só prova o quão você é idiota ─ Ela olhou para Mike, que fingiu não ter ouvido.

Não sei se foi a primeira vez, mas abri um sorriso sincero(não um "leve sorriso", apenas), e sentei em um banco que tinha por lá. Sarah fez o mesmo e, para minha infelicidade, Mike também.

─ Meu dia está bem ruim hoje. ─ Falei, olhando para o chão. ─ Mas você conseguiu me fazer sorrir.

─ Não existem dias ruins ─ Sarah disse quase que murmurando, fitando o horizonte.

─ Quê? ─ Perguntei, tirando os fones de ouvido.

─ Dias ruins, eles não existem. Existe o que você faz para tornar seu dia um dia ruim. ─ Ela olhou para mim, fazendo uma cara "^-^".

─ Você e suas filosofias... ─ Olhei para o nada, e coloquei meus fones novamente. ─ Mas é verdade.

Ficamos um tempo em silêncio, mas senti uma mão cutucar meu ombro.

─ Que foi? ─ Perguntei, tirando os fones mais uma vez.

─ Já decidiu se vai aceitar a briga? ─ Mike perguntou.

─ Já. ─ Respondi, com indiferença.

─ Sério? ─ Seus olhos brilharam ─ E o que vai ser?

─ Eu já disse, não vou brigar com você. ─ Falei, com os olhos fechados, depois o fitei com raiva.

Ele observou Sarah com um olhar perverso, depois a agarrou pelo braço e se levantou, trazendo-a junto.

─ E agora, o que você vai fazer? Eu vou bater nela. ─ Ele ameaçou.

─ Bata. Você não consegue. ─ Falei, sem ligar muito.

─ Eu já fiz isso uma vez, não fiz? ─ Ele cerrou os olhos.

─ Você não tinha nem uma consciência sana, como poderia saber o que fazia? ─ Ficamos alguns segundos apenas olhando um para o outro, como se nos desafiássemos apenas com o pensamento. 

─ Foda-se. ─ Ele a soltou, empurrando-na ─ Fique com a sua amiguinha, mas você ainda não está livre de mim. ─ Ele foi embora, com as mãos nos bolsos, e eu voltei para a minha tão adorada música.

Como ele prometera, eu não iria ter paz. No caminho para as salas de aula, na volta para casa, se ele me encontrava na rua(isso já era mais raro), em todos os lugares ele vinha sempre com o mesmo papo. "Já decidiu se vai aceitar?", e a minha resposta sempre era a mesma, sem tirar nem pôr: "Eu já disse que não vou aceitar.".

Mais tarde, à noite, eu estava sossegado, deitado na minha tão querida cama, lendo meu tão querido mangá, e meu pai me chamou do andar de baixo.

─ DAVIIIIID! ─ Ele gritou.

─ QUE FOOOI? ─ Gritei em resposta.

─ VAI PASSEAR COM O FÊNIX! ─ Ele ordenou.

─ NÃO! ELE É SEU! ─ Neguei obedecê-lo ─ E ESTÁ TARDE!

─ ENTÃO VAI PASSEAR COM ELE AMANHÃ! E TODOS OS DIAS! ─ Ele ordenou novamente. 

─ EU TRABALHO! ─ Avisei.

─ QUANDO VOLTAR DO TRABALHO! E SEM DISCUSSÃO! ─ Ele encerrou a "conversa", e deixou bem claro que não tinha jeito.

O animal olhou para mim, abanando o rabo, como se tivesse entendido a conversa toda e agora dissesse "Oba!". Olhei para ele, fazendo uma expressão de descontentamento.

Olhei para fora, pela janela. O céu estava com algumas nuvens, e uma fina garoa começara. A lua funcionava como um enorme poste de luz, e iluminava a noite. Algumas pessoas andavam pela rua, cobrindo suas cabeças. Outras corriam, tendo em visto que a chuva aumentava. Vi uma delas escorregar e cair no chão, a esse ponto, já molhado. "Deve ter doído".

Eu não tinha nada para fazer então, como da outra vez, peguei a bolinha do Fênix e fiquei jogando para cima e para baixo. Ele me olhava, abanando o rabo. Em algum momento, deixei a bola cair, e ele saiu correndo atrás. Rapidamente trouxe-a de volta.

─ Hm. ─ Observei a cena. Ele realmente parecia gostar de tal coisa, por mais boba que seja. ─ Eu só te tratei mal desde que você chegou, não é? Mas você continua aí sorri- ─ Senti algo como uma pontada. "Agora eu tenho que aturar as manias de Sarah mesmo na minha própria casa?!". Suspirei pesado. Joguei a bolinha novamente, e Fênix repetiu o processo.

─ Você é tão bobo. ─ Balancei a cabeça, em reprovação. Me ajeitei em minha cama novamente, e voltei à minha leitura. Aabei dormindo com o maná na cara, e não percebi que Fênix tinha subido na cama, e estava dormindo juntamente à mim. "Maldito sejas".

Sonhei com alguma coisa muito estranha, que não sei identificar o que era. Algo como um círculo explodindo em cima de uma árvore e pessoas chovendo. Acordei me sentindo drogado.


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