Anti-social escrita por UnknownName


Capítulo 11
Uma fênix pulguenta




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Acordei sentindo minha face... molhada?

Abri os olhos lentamente.

─ AH! O que faz aqui?! ─ Bati minha cabeça na cama, ao ver o cachorro me lambendo. O dito cujo se assustara tanto quanto eu, pelo visto.

Fui rapidamente ao banheiro, e enxaguei meu rosto como se não houvesse amanhã.

─ Você é nojento! ─ Exclamei. Ele apenas me observava, sentado, com a cabeça virada.

Tomei um banho rápido, e me enrolei com uma toalha. O animal estava me esperando no meu quarto.

─ Você fica fora ─ Falei, o colocando para fora do quarto, e fechando a porta.

Vesti a primeira coisa que vi no meu armário, e desci até a cozinha. Fiz um café da manhã rápido e me apressei em sair. Eu estava quase atrasado.

Um dia normal de aula. Vi aquele garoto novamente. Por algum motivo tive uma vontade insana de dar um soco bem no meio de sua face. Aquele cara me irritava, se achando o melhor de todos. O pior é que ele tinha "seguidores", que o veneravam. Fala sério.

Sarah o observava com uma expressão estranha, mas não parei para perguntar o por quê. Eu tinha que ir embora para casa.

Dessa vez meu pai não estava em casa. Joguei minha mala na cadeira, como sempre fazia, e liguei a televisão, enquanto deixava uma comida congelada esquentando. 

Aquele bichinho apenas me encarava.

─ O que foi? ─ Perguntei, mas obviamente ele não responderia.

Ficamos nos fitando por algum tempo. Ele parecia uma mistura de algo como Rottweiler com Labrador. Se fosse isso mesmo, ia ser BEM agitado.

O encarei mais de perto. Tinha pelagem totalmente preta, e pelos curtos e brilhantes. E uma língua bem molhada.

─ Não precisa me lamber toda vez que eu olhar pra você! ─ Falei, limpando o rosto com a manga da blusa. Olhei para um canto e vi um pote de comida e um de água. Meu pai provavelmente saíra mais cedo, de manhã, para comprá-los, mais a ração.

Quando deu 1 hora da tarde eu saí de casa(minha escola possuía horários diferentes das outras escolas americanas. Eu entrava às 6 e 40 e saia ao meio dia), e fui em direção ao meu primeiro dia de emprego. Yay.

Nada demais, assinamos algumas coisas e ele me permitiu ajudar a consertar um computador velho que ele tinha lá. Fui liberado para voltar para casa em torno das 7 da noite.

"Ele ainda não chegou?" Perguntei à mim mesmo, referindo-me ao Chris(Christopher(meu pai)). Lá vinha aquele chatinho me encher o saco. Trazia uma bolinha de brinquedo na boca.

─ Não. ─ Falei e subi as escadas. Ainda tinha lição de casa para fazer.

Alguns minutos depois ouvi barulhos no andar debaixo. Desci correndo para ver o que era. O cachorro se encontrava debaixo de vários potes, e o armário estava aberto. Ele me fitava com um olhar culpado, e as orelhas abaixadas.

─ Você vai dar muito trabalho ─ Falei, esfregando o rosto com as mãos. Recolhi os objetos e enxaguei-os com água, depois sequei e os voltei ao armário. O pequeno se aproximava de mim devagar, ainda com as orelhas abaixadas, como se estivesse dizendo "me desculpa?".

─ Nem vem. ─ Avisei. Alguns segundos depois meu pai entrara pela porta da frente.

─ Olá. ─ Ele cumprimentou-me, colocando sua maleta sobre um pendurador.

─ Oi. ─ Respondi.

─ E aí, como vão vocês dois? ─ Ele perguntou, mas eu não respondi. ─ Já escolheu um nome para ele? ─ Ele pegava o animal no colo, e afagava sua barriga.

─ Pulguento. ─ Sugeri, e ele riu.

─ Qual é, você não consegue pensar em nada melhor?

─ Esse nome se encaixa perfeitamente.

─ Ele não tem pulgas ─ Meu pai observava os pelos do cachorro.

─ É um pulguento mesmo assim. ─ Afirmei.

─ Ha ha ha, o que acha de Fênix? Eu sei que você gosta de Fênix.

─ Mas eu não gosto dele.

─ Ora, olhe pra ele. Como alguém poderia não gostar disso? ─ Ambos me observavam com aquele olhar piedoso.

─ Dê o nome que quiser, tanto faz. ─ Cedi, por fim, e fui para o meu quarto.

─ Pois bem, senhor Fênix [...] ─ Consegui ouvir meu pai conversando com o cão, antes de fechar a porta.

Mais tarde contei para ele que eu arranjara um emprego, e a felicidade em seu rosto estampava claramente "Yay! Agora eu não preciso mais pagar coisas pra você!". Era bom porque assim eu estava cada vez mais próximo de ir morar sozinho e viver minha própria vida, longe de todo mundo.

E foi pensano nisso que eu dormi(mais tarde, eu não durmo tão cedo assim). 

O resto da semana foi sem graça, como usual. Eu tivera outra "visita" ao psicólogo (a.k.a. Joe). Conversamos sobre os livros, e deu pra perceber que não foi como ele esperava. Ele queria o quê? Que eu falasse que adorei, e saísse por aí vendo um mundo cor de rosa, pulando de alegria, totalmente mudado e sociável? Haha, não. 

Mas eu tenho que admitir que é meio engraçado ver essas pessoas tentando me mudar. Poderia até mesmo dizer que era bom. Não levaria a nada, mas era legal vê-los se juntando assim por minha causa. 

─ E o exército só aumenta, né? ─ Falei, olhando para Fênix, que virava a cabeça, como sempre fazia ao eu falar com ele. Acho que ele tinha entendido como um elogio ou sei lá, por quê logo depois pulou no meu colo e começou a me lamber.

─ Você tem que parar com essa mania! ─ Falei, o afastando de mim e limpando o rosto. 


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