-Hawkeye chuui san!

-Bom dia, Edward. O Coronel deve estar à sua espera em sua sala. Espere um instante, por favor, vou anunciá-lo.

-Como se aquele cara fosse estar trabalhnd...

-MAS O QUÊ!

A fala de Ed foi interrompida por um grito vindo de dentro da sala, fazendo-o pensar se deveria acabar de girar a maçaneta para entrar.

- Na verdade, Edward, ele está falando com uma... subordinada nesse instante... e... como viu ela não é muito afável.- A tenente Hawkeye tratou de explicar ao recém chegado. – Mas talvez seja melhor entrar agora mesmo.

Entrar agora mesmo era a última coisa que ele queria fazer, porém. Enquanto ele procurava freneticamente uma boa desculpa para não precisar acabar de abrir a porta, esta se abriu sozinha, nocauteando-o.

- FullMetal – A voz que havia gritado há pouco chamou – Onde está o FullMetal Alchemist?

-Embaixo – respondeu concisa a tenente.

-Epa.

-Me desculpe, me desculpe, Não sabia que você estava segurando a porta...

Era uma menina. Com a mesma altura que ele. Vestia um casaco preto com um zíper duplo de dentes grandes, fechado só na parte do ventre. A gola era alta e larga e mostrava uma outra gola de padre larga e negra. Usava botas de plataformas imensas, bem maiores que as de Ed, e tinha nelas vários círculos de transmutação desenhados, bem como suas em luvas. Ela tinha o cabelo negro curto como o de Roy, mas sua franja era longa caindo relaxadamente sobre seu rosto até abaixo das clavículas. Seus olhos eram cinzentos, cor de grafite, afiados e agressivos lembrando os do coronel, embora fossem maiores e às vezes tomassem um ar receoso de menina inocente. Assim se completava o seu ar contraditório de punk lolita, um azedo doce, uma menininha inocente e revoltada.

A garota por sua vez observou-o detalhadamente de baixo para cima. Seu olhar passou pelas botas de sola vermelha, pela corrente de prata pendente de sua cintura para o bolso, pelo fecho de sua jaqueta preta e deteve-se longamente em seus olhos dourados, até seus olhares se encontrarem num diálogo sem palavras.

A menina de repente cortou o contato visual virando o rosto para o coronel sentado do lado oposto de sua escrivaninha. Este recebeu o olhar da menina com um sorriso sarcástico de aprovação: Estava começando a se sentir desconfortável sendo ignorado de tal maneira.

- Então – a menina disse lentamente – para que nos chamou mesmo, Taisa? – sorriu ironicamente sinalizando que havia entendido perfeitamente o sinal do outro.

- Obviamente, para uma missão – respondeu com seu costumeiro ar de superioridade – E esta será em dupla – seu olhar se voltando para Ed.

- ...Dupla?

- Foi o que eu disse, Fullmetal – Taisa sendo extremamente irritante, como sempre, pensou o menino.

- Eu não preciso de um parceiro, Taisa, afinal eu sempre levo Al comigo – replicou imediatamente levantando-se da cadeira e batendo na mesa com as mãos.

- Mas não vai levar dessa vez – O único adulto da sala endureceu o tom de voz e avançou também sobre a mesa, os frios olhos imperiosos postos nos olhos quentes de revolta do garoto.

-Como assim “não vai levar” desde quando você...

Então, de repente, no meio da discussão acalorada surgem mãos, batendo no obro de pequeno e no topo da cabeça do grande.

- Calma aí, vocês... Mas que agitação... Fullmetal, escuta até o fim; Flame, eu acho que você era mais delicado antigamente. – A menina disse em um tom meio divertido, meio exasperado, como se estivesse lidando com duas crianças que discutiam quem tinha começado a briga.

Os dois viraram boquiabertos para a garota.

Me chamou de FullMetal! Chamou o Taisa de Flame! Tá zoando com a minha cara, maldita, eu não sou criança!. A cada constatação Ed se irritava mais. Com certeza, mesmo tendo só quinze anos odiava ser tratado como criança. Mas também sentira uma pontada pelo choque de ver alguém como ela falando tão casualmente com Roy.

- Agora que os ânimos se acalmaram, por favor mr. Mustang, acabe de falar sobre a missão para o pequeno – disse sublinhando ironicamente com a voz o por favor

Para Ed, porém, o sublinhado veio em outra parte da fala.

- QUEM VOCÊ TÁ CHAMANDO DE GRÃO DE AREIA MINÚSCULO QUE PRECISA DE PINÇA PRA PEGAR!

A menina olhou espantada para um pequeno furioso e depois, pedindo silenciosamente por uma explicação , procurou o olhar de Taisa, que suspirava, indicando que aquele era o normal.

- Ok, não digo mais isso... Coronel Mustang – olhou irritada pelo canto do olho, exigindo a explicação que não vinha nunca.

-Pois bem. – começou a falar, retornando à sua postura sóbria – Eu decidi mandá-lo sem seu irmão, hagane no, porque vocês devem ir disfarçados de civis. Não devem em hipótese alguma chamar atenção, e chamar atenção é algo que Alphonse nunca conseguiu evitar.

Ed desviou o olhar para baixo. Um profundo sentimento de culpa congestionando sua garganta.

- Hagane no – A voz de Roy repreendeu-o e o fez levantar a cabeça – Está me escutando? Vocês seguirão para uma cidade ao norte para verificar algumas suspeitas. O nome da cidade é Furalle. É consideravelmente fria. Ultimamente não estou recebendo os relatórios do encarregado da cidade, talvez seja uma deserção, ou talvez ele tenha sido morto, ou algo do tipo. Há suspeitas de que seja uma revolução começando.

-Revolução?

-Sim. Furalle é conhecida por ser uma cidade que concentra universidades renomadas no campo das ciências, mas não alquimia. As mais famosas escolas de médicos, químicos e físicos estão naquela região. É conhecida a insatisfação dos profissionais especialmente dessas áreas com o governo militar.

- É claro que aí tem muito ciúme, não é – a garota riu levianamente – isso é um pouco de ressentimento pelo modo como o governo prestigia os alquimistas.

- Obviamente. Furalle é uma cidade que não tem nenhum alquimista. E é por isso que é necessário que finjam ser civis. Vocês não podem levar nada que sugiram que vocês são alquimistas , exceção aberta para o relógio, mas não o deixem à vista. Isso quer dizer que você não poderá usar esse seu sobretudo vermelho, FullMetal, e você vai ter de trocar de botas e luvas, Steel Boots.

Após um pequeno intervalo ambos concordaram com o olhar.

- Está acertado então. O próximo trem para o norte sairá daqui a três dias, suas reservas foram feitas. – o Coronel encerrou categoricamente a conversa.

- Ah, Taisaa – a menina o chamou-o divertida e insolentemente – Achei que ia me apresentar direito para o seu FullMetal.

- Steel Boots, você...

- Não seja mal educado, Roy Mustang. – deliciava-se desconcertando o mais velho

-ah, está bem, que folgada você ficou... FullMetal Alchemist, esta é a sua companheira de missão: Steel Boots Alchemist.

- Muito prazer. Não precisa me chamar pelo meu nome de alquimista. Eu sou Suzu Strife – disse estendendo-lhe a mão

- Ah, muito prazer – disse Ed desajeitado estendendo a mão também – Sou Edward Elric.

-Devo dizer, hagane no, que Strife é hierarquicamente superior a você então é ela que lidera a missão, entendeu bem?

Edward observou a menina com espanto. Ele já era alquimista nacional há bons três anos e uma menina de aparência completamente irresponsável como Strife estava em um posto mais alto que o dele...

- Sim

- Bem, no caso de qualquer dúvida sobre a missão – disse Roy entregando-lhes um grande fichário de arquivos e mais um grande envelope pardo para cada um – dêem uma olhada nisso. No envelope também está a verba liberada para a missão, já que não podem usar o desconto garantido aos militares.

- Entendido

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Notas da autora:
Wee, fim do primeiro capítulo /o/

Até o seguinte, então xD”

próximo: Conversa (I)