Capítulo 13 – Serpente e Leão conversam

Harry saiu da sala depressa e com raiva e triste, e aquilo piorou os sentimentos de Ron, ele odiava ter que mentir para seu melhor amigo.

O ruivo e o loiro ficaram se encarando calados, e praticamente se fuzilavam com os olhares.

                - Você... – começou Ron. – É um covarde imaturo.

                - E quem te pediu sua opinião? – Draco respondeu rapidamente com sarcasmo.

                - E quem disse que preciso de opinião de um inerme como você? – e o ruivo abriu um sorriso vencedor, ainda com fúria nos olhos.

Draco fechou os punhos com ódio, e depois de um tempão abriu um sorriso.

                - Ela me chamava assim, sabia? – ele abriu um sorriso ainda maior. – Sempre que queria me beijar, me chamava de inerme, me atentando para eu beijá-la.

O coração do ruivo doeu, e o ódio explodiu e com um grunhido arranhado sua garganta, ele começou a chorar.

                - Ah! Mas que fofo. – Draco ficou feliz com a desgraça do outro. – Está chorando por um amor.

                - Como pode? Você nos fez tanto mal, por que ainda continua? – ele perguntou com a testa sobre a parede, e com as mãos puxando seus cabelos. Ainda chorava – Você sabia... Que ela chegou a pensar... Que... Estava apaixonada por você...? – ele respirou fundo, e em seguida tossiu – Você a machucou de diversas formas... Mas esta foi a mais cruel.

Os olhos agora do loiro se encheram de lágrimas e dessa vez, foi seu coração que se feriu. E embora ele estivesse com raiva da garota, e pode perceber... Naquele momento... Que realmente a amava.

O loiro também respirou fundo, e limpou olhos com lágrimas, e se controlava pra não continuar chorando, mas era em vão.

                - Eu... Não fiz por mau. – tentou se explicar. Embora seu orgulho fosse grande, ele sentia necessidade de responder. – Eu... Não queria magoá-la, mas não posso assumir isso.

                - ISSO! – gritou Ron socando a parede. – É seu filho! – e ele começou a chorar mais. Ele queria não chorar, mas não conseguia. Aquelas eram lágrimas de muitos dias, em que ele não havia derramado. – Para de fazer disso um erro, ou uma coisa...

                - Mas foi um erro! – o loiro o interrompeu. – Eu... Não devia ter me relacionado com ela... Era para nós sermos eternos inimigos... – e o nó em sua garganta formou, ele respirou fundo e o ar arranhava seus pulmões – Mas eu me apaixonei.

O ruivo ficou o encarando enquanto ele chorava apoiado na pia, e se não fosse os pranteados de dor de Malfoy, o lugar estaria em silêncio pleno.

O ruivo não compreendia porque acreditou naquelas palavras – ele não queria acreditar, mas acreditava. – Não era possível ele ter se apaixonado por ela. Não... Ele não podia.

                - Se... – ele falou interrompendo os lamentos de Malfoy – Realmente estivesse apaixonado por ela... Estivesse a amando. – ele respirou fundo encerrando suas lágrimas – Não teria vergonha; enfrentaria qualquer coisa.

                - Você não entende... É uma honra de família. Nossa família é pura, e...

                - Eu não entendo? – ele abriu um sorriso de sarcasmo em algo que seria um tanto redundância – Minha família há sete gerações é pura. Tanto materna ou paterna.

                - Mas eles não ligam pra isso!

                - Não quer dizer que eu não entenda! – gritou mais alto. – De amor eu entendo muito bem Draco, você não.

                - Ah, não me venha com papo de o bem vence.

                - Mas é a verdade, já provamos isso. – ele rio heroico. – E além do mais, você disse que estava apaixonado, o que é uma mentira.

                - Não é! – ele se exaltou. – Eu nunca pensei que fosse sentir isso por alguém antes.

                - Se você realmente a amasse não se importaria com nada, o amor supera tudo, qualquer rótulo, qualquer dificuldade. Entenda. Você. Não. A ama. – sibilou com seriedade. O ruivo já tinha parado de chorar, mas seu coração ainda doía.

- Não sabe quanto ódio eu carreguei por toda minha vida. – responde o loiro sessando suas lágrimas também, e gritando com raiva. – Meu pai não me castigava com chineladas ou com um castigo de um mês sem minha vassoura! Ele me torturava... E minha mãe via e não fazia nada... Ela só olhava... – ele virou-se de costa ficando um tempo calado e tentando conter-se para não chorar novamente, porém não aguentou. – Eu nunca recebi amor. Minha vida toda, eu só tive uma melhor amiga, que quando eu fiz nove anos mudou-se e parou de me responder as cartas antes de eu entrar aqui em Hogwarts. Eu nunca senti amor. – ele fechou os olhos e as lágrimas desceram. – Eu sempre senti medo. Raiva... O que eu sinto por ela é a melhor coisa que poderei sentir por toda minha vida. Sei que não luto por ela, mas não me peça mais do que já dei a ela...

O ruivo olhava para ele, parado, sem chorar, sem fazer nada. Só o encarava. Ele se perguntava se deveria sentir pena, se o loiro tinha razão... Mas naquele momento seu coração estava petrificado e partido. Ele queria sentir um pouco de piedade do loiro, porém não conseguia.

- Eu faço a mínima questão de saber como foi sua vidinha de merda. – ele foi seco. – Você gostou da sua vida assim? Não? Então deveria pensar melhor em estragar as das pessoas a sua volta. Imagine agora, se eu não quisesse assumir esta criança... Como seria a vida dela? Sem um pai. – ele respirou fundo e começou a andar de um lado para o outro. – Imagine Malfoy, agora... O futuro dela, quando nascer loira, e se perguntar por que é diferente dos irmãos, dos tios, dos primos. Imagine se ela puxar todo ódio que vem de você... Você está colocando a vida de outras pessoas em problemas, com sofrimentos, por culpa dos seus pais. Se realmente quisesse sentir pena de si mesmo, deveria pelo menos lutar por uma melhora em sua vida.

Ele estava calado e encarava o ruivo ferozmente. Ele não admitia ouvir tantas coisas sobre ele, porém, o que mais machuca seu ego, era  fato de saber que seu inimigo estava certo em tudo.

                - Você quer que eu lute? – ele respirou fundo. – Irei lutar então. E dessa vez pra valer. Já perdi uma vez, mas desta vez irei vencer. Vou ter Hermione em meus braços, dizendo que me ama, Wesley. – ele caminhou até o ruivo e os dois ficaram cara a cara bem próximo, encarando-se com puro ódio em seus olhares – Sentindo os lábios maravilhosos dela em minha boca novamente. Vou poder ter aqueles seios esplêndidos em minhas mãos. – Ele abriu um sorriso vencedor. – Ela não te ama mais, seu palerma.

O ruivo explodiu. Não podia ignorar aquilo. Empurrou Draco com toda sua força derrubando contra a parede até cair no chão. Ele caiu em cima do loiro voltando a socar sua cara. Draco depois de alguns segundos sendo espancado reagiu, empurrando o ruivo e socando seu estômago.  Eles se socaram e chutaram por uma pouco mais de tempo, porém a luta foi interrompida quando Neville chegou.

                - Parem com isso! – gritou o moreno empurrando Draco e segurando Ron para não ir até ele novamente.

No final de contas o problema da luta era apenas o Ron. Neville teve dificuldade de segurá-lo, ele estava nervoso e exaltado. Draco permaneceu no chão enquanto Neville tentava acalmar o ruivo que gritava e quase estava batendo no moreno também por tentar segurá-lo.

                - É... Obrigado pelas dicas, Weasley. – ele disse se levantando e limpando o sague de seu nariz. – Você não sabe o quão bom vai ser ele voltando pra mim. Sentir todo o prazer que ela proporcionou a mim. E poder a fazer sentir aquele prazer novamente, aposto que fui melhor que você. Eu poder ver aquele corpo esplendido em cima de mim novamente. E cada gemido excitante dela.

                - Filho da puta! – gritou o ruivo que empurrou Neville e caiu em cima de Draco novamente. Porém desta vez o loiro reagiu e agarrou Ron por trás enforcando o ruivo com seus braços.

                - Você e seus amiguinhos podem ter vencido uma guerra entre bem e o mal, Wesley. – ele riu esnobe – Mas na guerra da Sedução e do Amor eu venço.