Tentei imaginar o que tinha acontecido, e porque aquela repentina mudança de humor, mas eu não tinha explicação, já se passaram praticamente dez minutos desde que ela saiu correndo da mesa. Pensei em ligar no celular dela, mas achei melhor não.

Eu olhava freneticamente para todos os lados para ver se eu a encontrava, mas foi em vão. Eu não sabia se comia o lanche ou se esperava ela voltar, se ela voltasse. Resolvi esperar mais cinco minutos, se ela não voltasse eu voltaria para casa.

Depois de quatro minutos resolvi ir embora, mas Hinamori chega quando estou prestes a me levantar.

-Me desculpe, eu tive uns problemas e tive que falar com a minha mãe, e o sinal aqui dentro é ruim então tive que ir lá para fora, minha mãe acabou de ser assaltada e teve que falar comigo sobre uma coisa. Por favor me desculpe.

-Tudo bem. – Murmuro.

-Tá com raiva de mim?

-Não, claro que não.

-Você parece bravo, tem certeza que está tudo bem?

-Sim, é que eu pensei que você tinha ido embora.

-Não eu nunca faria isso.

Eu sorrio um pouco e dou de ombros, não tenho o que argumentar, pelo menos ainda não.

Enquanto comemos percebo um homem de pé ao lado de um pilar, não era possível ver seu rosto, pois estava coberto por um capuz vindo de uma blusa e óculos escuros, vestia um jeans escuro e tênis pretos. Um arrepio percorre meu corpo quando vejo a marca na mão dele. Um deles. Engulo em seco.

-Esta tudo bem? – Pergunta Hinamori.

Faço que não com a cabeça e olho de novo para ele, continua no mesmo lugar, mal se moveu. Vejo com o canto do olho que Hinamori se vira lentamente para onde estou olhando.

-Essa não... – Sussurra ela.

O homem coloca uma das mãos no bolso da blusa e tirou uma pequena pistola prateada.

-Hinamori, temos que sair daqui agora. – Falo olhando rapidamente para ela.

-Pra onde vamos? Não tem como a gente fugir.

-Sei lá, vamos dar um jeito, mas aqui não dá para ficar. – Vi um grupo bem grande de pessoas andando – Já sei, tá vendo aquelas pessoas? Vamos nos misturar a elas e ir para outro lugar.

-Tá.

-Vamos esperar eles virem para mais perto, ai a gente vai para o meio deles. No três ok?

-Ok.

Quando o grupo estava a pelo menos 3 metros, corremos em direção a eles, esbarrando em pessoas que murmuravam coisas como: “olha pra onde anda”

Olhei para onde o homem estava encostado, estava no mesmo lugar, provavelmente nos procurando no meio da multidão, não podíamos ficar muito tempo entre eles, pediríamos ser vistos ou seguidos.

-Vamos sair daqui, vamos virar em algum outro corredor ou entramos em uma loja grande.

-Porque?

-Se continuarmos aqui será mais fácil dele nos achar. Vamos entrar naquela loja de equipamentos esportivos que tem a mais ou menos cem metros daqui ok?

-Ok.

Eu suava frio, lembrando do que ele tinha me falado: “O próximo ataque está por vir, e vou atacar com um dos meus melhores homens.”

Olhei para trás novamente, ele tinha sumido. Gelei completamente, ele estava lá agora pouco.

“um dos meus melhores homens.”

-Onde ele está? – Sussurrei

-O que foi?

-O homem, ele sumiu!

Olhei para o final do grupo de pessoas, ele estava lá, nos seguindo e observando.

“um dos meus melhores homens.”

A loja estava ao nosso lado, agarrei o braço de Hinamori e entrei na loja, correndo entre roupas, bicicletas e raquetes de tênis. Nos escondemos no meio de roupas e sacos de pancadas no meio da loja. Ele parou do lado e olhou pela loja, fechou os olhos respirou e olhou em nossa direção apontando a arma em nossa direção.

“um dos meus melhores homens.”

-Não posso correr, ele vai me alcançar – Pensei

“um dos meus melhores homens.”

-Se eu ficar ele vai atirar, pode acertar Hinamori.

“um dos meus melhores homens.”

-Não posso deixar isso acontecer.

“um dos meus melhores homens.”

-O que eu faço agora? – Uma gota de suor caiu pelo meu rosto – Tenho que pensar rápido.

Minha mente trabalhava a mil, pensando em possibilidades de conseguir escapar dessa. E com um movimento rápido o homem guardou a arma no bolso quando uma vendedora se aproximou.

-Olá, precisa de ajuda?

-Não obrigada, só estou dando uma olhada.

-Sem problemas, mas precisamos que o senhor se retire.

-Por que?

-Por que o senhor carrega uma arma? – Falou uma voz mais atrás. Um policial. A vendedora se afastou de foi para uma bancada de vidro perto do caixa.

-Ah, é que sou guarda de um condomínio.

-E você não deveria estar neste condomínio?

-Estou de folga.

-Sei, então onde está sua licença para carregar uma arma?

-Esqueci em casa.

-Então vou pedir que o senhor me acompanhe até uma delegacia para você explicar isso direito.

-Mas eu não fiz nada!

-Então por que estava com a arma apontada para este lado?

O homem ficou em silencio e olhou para onde estávamos. Prendi a respiração, ele ainda tinha a mão no bolso, ele poderia puxar a arma e atirar.

-Coloque as  mãos onde eu possa ver. – Falou o policial pegando as algemas.

Relutante o homem colocou as mãos para cima e foi preso com as mãos atrás do corpo e foi conduzido para fora da loja. Nunca senti um alivio tão grande na minha vida.

A vendedora veio até onde estávamos.

-Podem sair, ele já foi.

Saímos devagar, eu ainda estava tremendo, minha mão estava gelada e suada. Hinamori estava pálida.

-C-Como você sabia que estávamos aqui? – Perguntei

-Eu vi vocês entrando correndo e ele atrás de vocês. Mas, o que aconteceu?

-Ele estava nos seguindo desde que entramos no shopping, e ele tentou nos parar e saímos correndo.

-Não acha que foi muito arriscado? Ele poderia atirar em vocês.

-Nós sabemos. Hã... temos que ir, estamos atrasados para encontrarmos com nossos amigos.

-Não é melhor vocês irem para casa e falar com seus pais?

-A gente fala com eles no caminho.

-Tá bom.

Eu e Hinamori saímos da loja e sentamos em um banco mais à frente no corredor, não sei quem estava mais nervoso, eu ou ela. Provavelmente os dois.