Percy:

Como vocês já devem ter deduzido, levei uma bronca daquelas. Foram quase meia hora só de um discurso completo com “Você deveria ter nos avisado!”, “ Esse não foi um ato responsável” e quando tentei explicar que era apenas uma reunião de projeto, veio o “ E da próxima vez vai ser o que? Uma festa?”.

“Claro que não”, tive vontade de responder. Eu não estaria louco a ponto de convidar certas pessoas, como Annabeth, para uma festa. Poderia até convidar Thalia, com todo aquele lance dela com o Luke.

Sem brincadeira, eu estava mesmo feliz por ele estar gostando  de uma menina. Mas tinha que ser Thalia? Logo a melhor amiga de Annabeth, aquela garota insuportável? Quando falei isso para Grover, ele só me disse: “Apenas fique feliz e cale a boca.”.

Quando cheguei na segunda-feira, foi aquele mesmo ritual de sempre. Cheguei junto com todos os meus amigos do time de basquete do colégio ( a propósito, eu fazia parte dele), e logo vinheram as meninas. Uma das primeiras a chegar foi Rachel. Cara, aquela menina era louca por mim. Ela era bonita, mas mesmo assim, não sentia nada por ela. Ficamos umas vezes (ok, muitas vezes.), mas mesmo assim, não queria nada sério. Essa é um das vantagens de fazer parte do time de basquete: popularidade e todas as meninas aos seus pés.

Quando fui até Luke e Grover, eles estavam me olhando de um jeito estranho, quase como se estivessem explodindo de rir por dentro.

- Qual é o problema?- eu perguntei curioso.

- Nenhum. – Luke respondeu e olhou para Grover.

- É cara, problema nenhum. – ele disse, segurando uma risada.

- Ah, vocês estão rindo igual a duas moças. - falei, dando de ombros.

As três primeiras aulas passaram voando, e logo chegou ao intervalo. Todos saíram apressados, mas eu fui com calma (mais uma vantagem de ser do time: passagem livre para a cantina).

Peguei meu lanche e fui para a mesa onde Grover e Luke estavam sentados. Eles se olharam e de novo tentaram segurar uma risada.

- Ok, abram o jogo. – disse impaciente.

- Tudo bem. – Grover respirou fundo, se recuperando, e olhou para mim. – Você vai à festa sábado?

- Claro que vou, todo mundo vai.

- Pois bem, queremos te propor uma aposta. – Luke completou, com um sorrisinho.

Eu me inclinei para frente, interessado:

- Hum. Que tipo de aposta?- eu perguntei.

- Uma aposta completa. Você só tem que fazer o que dissermos, e nós te pagamos. – explicou Grover.

- Quanto?

- 100 reais. Mas tem que fazer direito.

- E o que exatamente eu tenho que fazer?- eu estava ficando cada vez mais impaciente. E os dois engraçadinhos ainda fizeram suspense.

- Você... Vai ter que beijar a Annabeth.

Silêncio. Eu olhei estupefato pra os dois palhaços. Beijar Annabeth. Sério? Eu me recostei na cadeira, com os olhos arregalados. Annabeth era até bonita, num todo. Mas beijá-la? Eu nunca tinha pensado nisso. Uns anos atrás, eu teria gritado “Não, que nojo!”. Mas agora... Poderia pensar no assunto.

“pense na grana”, falei comigo mesmo. “É uma boa grana. Dá para comprar aquele jogo.” Boa, eu tinha esperado muito tempo para comprar aquele jogo, e agora podia ter a grana.

- E então, você topa?- Luke perguntou, quase pulando de ansiedade.

Eu respirei fundo.

- Eu topo. – respondi e eles me deram tapinhas no ombro, comemorando.

“Que roubada”, pensei.