Chegou no horário marcado para conversar com Darry, a enfermeira que tinha cuidado de Percy. Entrou na sala do hospital de semideuses e se sentou na cadeira de escritório, na mesa em frente à Darry.

– Oi, de novo.

– Olá Annabeth e então por que você veio? Como Percy está?

– Então, na verdade eu vim falar sobre ele.

Ela ficou um tempo olhando para a cara de Darry.

– Então...

– Ah, ta. Eu quero resolver isso.

–Resolver...

– Sim, impedir que ele morra.

Darry ficou em silêncio um pouco pasma.

– Eu não sei se isso vai ser possível. Annabeth... Eu não sei como posso ajudar.

– Eu creio que você não pode, mas os deuses sim. Depois de tudo que Percy fez pelo Olimpo os deuses vão o deixar morrer por uma simples doença assim? E Apolo, com certeza deve ter um jeito de fazer com que Percy viva.

– Não é uma doença “tão simples assim”. É uma doença grave e não podemos controlar a vontade dos deuses.

– Mas e o pai de Percy? É Poseídon e pelo que sei ainda nem visitou o filho eu deveria avisar? Será que de alguma forma ele poderia ajudar?

– Poder ajudar é uma coisa, mas visitar o filho por uma possível ultima vez... Sim.

As duas se encararam por um tempo com um tom de tristeza no rosto, sem saber o que dizer.

– Eu entendo o porquê de você querer ajudar ele, então eu estou disposta a ajudar, se eu tiver que. Aliás, me conte qualquer coisa que acontecer.

– Obrigado Darry, eu volto se eu tiver que voltar... – disse ela já se levantando da cadeira.

E assim ela saiu da sala, sem rumo e desesperada. Andou um pouco pela rua, nenhum monstro apareceu para sua sorte. Que planos podia fazer? Talvez fosse o destino mesmo. Como estava cansada decidiu voltar para o acampamento daquele jeito mesmo... Sem nenhuma resolução. Já nem conseguia pensar com muita clareza mesmo.

– Annabeth – ouviu alguém chamar.

Virou a cabeça rapidamente. Um homem com uma roupa havaina, bigode e uma expressão não muito feliz.

– Oi?

– Podemos conversar?

– Hã...

– Sou Poseídon.

– Sim.

Ele estava tão triste, isso era fácil perceber, o motivo também estava claro. Era de se admirar um deus se importar tanto com um filho semideus.

– Então Percy...

– Sim, até que se diga o contrário – disse ela em um tom respeitoso.

Ele estava desconcertado – ela também.

– Eu... Preciso ver ele uma ultima vez.

–Eu também deixei escapar um detalhe... Vamos nos casar.

Agora seu semblante tinha mudado totalmente, parecia mais raiva do que qualquer outra coisa. E era.

– Como assim?! Você tem um namorado que vai morrer, não conta pra ele e ainda decide se casar? Qual o seu problema?! – gritou ele

– Eu... Eu...

– Você ta totalmente pirada isso sim.

O clima ficou esquisito e os dois ficaram em silêncio em quanto Annabeth desvia o olhar.

– Amanhã, você o leva para os filhos de Apolo no acampamento.

– Então vou ter que contar?

– Eu não vou interferir na sua decisão mais, vou apoiar, minta, invente, mas leve ele de qualquer jeito. Talvez com todos juntos de certo.

– E se não der?

– Nesse caso eu vou conversar com Apolo.

Pela primeira vez no dia ela tinha se sentido feliz deu um sorriso tímido e disfarçado, talvez tudo desse certo, talvez ainda tivesse alguma esperança.

– Hoje ainda quero me encontrar com Percy. Apenas dar uma palavrinha no acampamento, à noite.

– Ele vai ficar feliz, pode ter certeza.

Poseídon chamou um garçom do pequeno café em que eles se encontravam.

– A conta, por favor. – o Garçom foi busca-la – não tenho mais tempo para ficar, mas pegue isso deve pagar – deixou o dinheiro.

Annabeth sabia que mortais não iam aceitar dracmas de ouro para pagar dois cafés, mas Poseídon já tinha ido embora e de qualquer jeito ela não teria coragem para contar. Pagou a conta ela mesma e voltou para o acampamento, de certa forma estava bem feliz voando naquele pégaso ao sol poente de um fim de tarde. Estava bem esperançosa. Talvez tudo fosse dar certo.

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