Por incrível que pareça, Gerard não sofreu morte por conta dos três fortes comprimidos que tomara, mas sua mente mudou. Sua personalidade mudara de forma repentina.

Eram sete horas da manhã, de uma terça-feira. O ruivo levantou-se, fez a rotina que sempre fazia, mas, em vez de ir ao trabalho, ligou para o Hospital Psiquiátrico Jersey’s Sorrow.

- Hospital Psiquiátrico Jersey’s Sorrow, em que posso ajudar?

- Meu nome é Gerard. Eu gostaria de marcar uma consulta. – Foi apenas isso que disse para a moça que lhe atendeu.

- Tudo bem, senhor Gerard. Temos apenas dois médicos disponíveis para hoje, o senhor quer marcar para hoje, ou pode esperar até semana que vêm?

- Eu irei daqui a pouco – Disse baixo, com um tom de frieza em sua voz.

- Ok, o senhor será atendido pelo doutor...

Sem deixar a atendente terminar o que iria dizer, Gerard desligou o telefone.

Parece impossível haver mentes insanas no mundo real. Devem dizer: “Ah! Isto só em filme e em livros!”

Não. Gerard é prova de que isto não é impossível.

Gerard se vestiu socialmente. Calça, camisa, terno, sapato. Ele passou um pouco de gel nos cabelos, ajeitando-os para trás.

Mas sua face. Sua face! Pele pálida e os olhos profundos e escuros em baixo faziam-o parecer um doente.

E um belo sorriso psicótico vindo de seus lábios carnudos e perfeitos, fazendo um par perfeito com seus dentes brancos e bem definidos.

Saiu de casa e não demorou a chegar ao local que tanto desejara.

Foi direto se consular com a atendente.

- Gerard Way – sussurrou o ruivo.

- Oh! Senhor Gerard! O doutor está te esperando na sala cinco.

Os corredores estavam praticamente vazios. Havia apenas alguns enfermeiros passando rapidamente de um quarto para o outro. Nada que pudesse estragar os planos de um psicopata. Mesmo não tendo um.

Ele já havia entrado neste hospital, visitava-o quase que freqüentemente antigamente, portanto, já conhecia boa parte dele.

Chegou em frente à porta cinco, e parou, apenas olhando-a sério.

Abriu silenciosamente a porta, avistando o que havia por ali, e viu o doutor que lhe atenderia, virado de costas pra ele. Fechou a porta calmamente.

Andou com passos calmos e silenciosos, até a mesa que continha uma tesoura de ponta de escritório, tratou de pegá-la rapidamente, mas sem fazer movimentos bruscos que pudessem avisar que estava ali.

Foi em direção ao doutor, e quando prestes a pegá-lo pela jugular, o menor virou-se assustado. Frank Iero era quem lhe atenderia.

O doutor ficou com um aspecto pálido, em choque. Obviamente, nunca esperou por isso.

- HEY! – Frank gritou de forma ensurdecedora. – O que pensa que estás fazendo?

O maior apenas largou a tesoura no chão, e se ajoelhou. Olhou fixamente para o pequeno rapaz em sua frente.

- Eu... Eu... Não queria fazer isso... Quero dizer, queria sim! Mas... É você.

Gerard ficou surpreso com a situação em que estava. Deixou com que uma lágrima quente escorresse pelo seu rosto.

- Venha aqui. Sente-se nessa poltrona. – Frank o convidou, pegando-o por debaixo dos braços, e apoiando o maior em seu ombro. – Qual seu problema? Primeiro, por que veio aqui se consultar? E segundo, porque tentou me matar?

- Eu não sei. Não sei por que estou aqui. Eu apenas nutri o desejo de matar para poder completar o vazio que estou sentindo. Só não sei se deveria me matar, ou matar alguém. – Gerard se explicou.

- O que aconteceu, para você nutrir esse desejo?

- Perdi meu emprego.

- Qual a causa pra isso ter acontecido? – Frank o questionou preocupado.

- É... Você.

Um breve segundo de silêncio se passou. O menor não entendera o que o ruivo lhe disse.

- Por minha causa? Mas nunca nos falamos ou nos conhecíamos.

- Sim, nos conhecemos. Bom, pelo menos eu lhe conheço.

- Mas, de onde? Espere... Gerard, Gerard Way! Como pude não reconhecê-lo?!

- Talvez seja porque mudei o cabelo e o traje – Gerard disse sorrindo.

- Oh meu Deus! Como não pude reconhecer o homem dos olhos mais bonitos que já vi!- Frank levantou-se passando a mão pelos cabelos, sorrindo de uma forma entusiástica.

Gerard abaixou a cabeça, corando suas bochechas suaves e perfeitas. Frank levantou o queixo do maior, com um toque suave, que mexeu com Gerard.

- Me conte o que se passa na sua mente, Gee. Estou disposto a ajudar o homem dos olhos mais perfeitos que existem. – Sorriu grandiosamente.