Os Selos Do Destino escrita por Tsukkiame


Capítulo 10
A criação dos Zevs - parte 1


Notas iniciais do capítulo

SIM!! Um capítulo duplo!! Só dividi por que achei que ficaria muito longo, não esperem demais, mas em compensação são dois capítulos xD



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Depois de terem ido almoçar e deixado parte de seus novos materiais em seus devidos quartos, dirigiram-se para o prédio leste. O prédio era igual aos outros, com dois andares e um toque sutil de mistério. Nele estava uma mulher à espera deles. Depois que todos os alunos chegaram ao local o silêncio foi rompido:

– Todos, por aqui! – A mulher os levou para uma porta que os levara para o subterrâneo do prédio. Os degraus pareciam escorregadios, sem contar o corredor baixo e abafado.

Prosseguiram por mais alguns metros na escuridão, guiados apenas por um feixe que era irradiado de um pequeno tubo de ensaio na mão da professora a frente.

– Está vendo aquilo? – Começou Cloe, animada. – Aposto que é a poção da noite, ela só pode ser feita em noites de lua cheia e crescente. Sem contar que no período de Saros a intensidade e a cor da poção ficam mais fortes. - Martin ia perguntar como ela sabia tudo aquilo quando foi interrompido.

– Agora todos já sabem o caminho para o laboratório. As mesas são grandes aproveitem o espaço e, por favor, não façam nada que eu não disser. – Pediu. Todos já estavam acomodados em suas respectivas bancadas. – Sou Mary Straugs, professora de poções. Sejam bem vindos.

Mary Straugs era uma alquimista de alto calão que já havia viajado o mundo para escrever seu livro. Ela buscava pelo Elixir da Morte, ao contrário do Elixir da juventude Eterna, que só funciona para continuar no mundo físico, o Elixir da Morte torna quem o bebe capaz de passar por todos os planos existentes, desde a dimensão dos espelhos até o pano astral e o submundo. Além disso, o efeito não é atribuído ao corpo e sim à alma. Na busca pelo elixir, Mary se deparou com diversas cenas, passou por povoados que utilizavam de suas famílias para realizar magias e rituais, noutros escapou da morte por um tris. Se ela encontrou o Elixir da Morte ou não nessa viagem ninguém nunca soube. Manteve tudo o que passou em completo mistério.

A mulher tinha cabelos curtos e castanhos, óculos de armação simples e um jaleco manchado com diversas cores que aparentavam ser de suas poções, que carregava em tubos de ensaio num cinturão de couro e nos bolsos. A raça da professora era um mistério, assim como a viagem em busca do Elixir da Morte.

A iluminação do local a base de tochas davam ao olhar de Mary Straugs um ar macabro e o reflexo da luz em seus óculos aumentava a sensação.

– Olha só pra ela – Começou Samantha. - ,essa psicopata só está esperando a gente abaixar a cabeça para sair jogando poções nos alunos.

– Pobre Sam, a pancada afetou a cabeça dela. – Caçoou Martin.

Allan riu, mas logo parou ao perceber a expressão de Cloe, que encarava Mary com admiração e logo se virou com uma cara quase tão assustadora quanto a dela.

– Parem com isso. Não estão vendo que ela quer começar a aula? – O cabelo estava numa mistura de laranja e vermelho fogo.

As conversas não duraram muito. Mary ligou o fogo na sua bancada, abriu diversas gavetas de um móvel ali perto e retirou delas vários ingredientes desconhecidos e os jogava no caldeirão. Depois de terminar rapidamente o que fazia, tirou parte do líquido e o colocou em um recipiente transparente para que todos vissem.

– Muito bem, hoje vocês irão fazer uma poção simples. – Irrompeu a professora enquanto escrevia na lousa os ingredientes. – A poção de esquecimento. Alguém sabe o efeito dela sobre quem a bebe?

Cloe levantou a mão, inerte.

– Ela não faz a pessoa esquecer algo importante ou do gênero, apenas a deixa aturdida, sem saber o que ia ou estava fazendo mas, claro, por um breve momento.

– Ótimo. Clara e precisa. – Agradeceu a mulher, que voltava a passar os ingredientes e suas quantias no quadro. – Para essa poção, comecem esquentando o líquido vermelho de suas bancadas, que, como diz a etiqueta, é sangue de lagarto branco. – Começou a andar. – Depois basta pesarem as quantidades daqueles ingredientes ali – Apontou para a lousa. - e misturar com o sangue. No final a aparência da poção de vocês deve estar como aquela em cima da minha bancada. Perguntas? Podem começar.

“Para a próxima aula tragam o livro de poções que receberam, vão precisar dele. Além disso, quero que façam uma pesquisa sobre quatro poções: Algatodos, ogfo, sono e a última pode ser de sua escolha. Cada uma com no mínimo vinte linhas”. A sala soltou um uivo entristecido. “Sem choro. Ao terminarem a poção podem sair, não pretendo usar as duas aulas”.

– Confirmado, ela é uma psicopata que adora torturar seus alunos. – Disse Samantha enquanto pesava pó de unhas de grifo.

– Ande logo, Sam. Só falta a sua parte e terminamos a poção. – Reclamou Allan.

– Se você tiver um pouco de calma eu termino. A Cloe começou a fazer a poção do nada e você ainda me apressa. Olhem para as outras bancadas, no máximo eles estão no terceiro ingrediente.

E estava certa, foram os primeiros a terminar. Cloe parecia ser mais do que apta para a criação de poções. Quando viu os ingredientes na lousa e o nome da poção já sabia como prepará-la. No momento que começou, sua agilidade para pesar e misturar os materiais era impressionante.

Mary passou pela bancada deles e soltou um breve sorriso.

– Pelo visto terminaram, certo? – Perguntou na hora em que Samantha terminou de colocar a poção em um recipiente idêntico ao que a professora utilizara. – Não esperava menos de Cloe Laque. – A ninfa corou. – Dispensados.

Martin esperou chegar no corredor que levava às escadas do laboratório para perguntar:

– O que ela quis dizer com não esperava menos?

– Nada. Esqueçam o que aconteceu! – As mechas de Cloe começaram a tomar tons mais claros.

– Não acho que foi nada. – Disse Samantha.

– Concordo, nunca vi alguém preparar uma poção tão rápido e ainda ser elogiado pelo professor. – Allan reparou que agora não só os cabelos, mas o rosto de Cloe também estava rosa de vergonha.

– Bem, é que... – Gaguejou a garota.

– Vamos lá, deixem a coitada em paz. – Disse Mary logo atrás deles.

Ficaram surpresos, pensando o que a professora faria ali, mas logo tiveram sua resposta:

– Por que essas caras? Hahaha! Só vim tomar um ar. – Mentiu enquanto acendia um cigarro. – Não posso fazer isso lá embaixo ou explodiria alguma coisa cedo ou tarde.

Ainda desconfiados com a presença da professora ali fora começaram a andar em direção ao pátio.

– E...hmm...vamos indo então, precisamos pegar nossos materiais para a próxima aula. – Agilizou Samantha. – Essa psicopata não me cheira bem. – Disse por fim quando já estavam fora do olhar de Mary Straugs.

O intervalo de tempo livre que tinham para a próxima aula passou despercebido com os pensamentos pairando entre as habilidades de Cloe e a professora de poções.

Dirigiram-se de volta ao prédio norte para a próxima aula, desta vez a aula foi no segundo andar, onde o professor já os esperava. Draco Benington, vindo de Rehlm, era o professor de invocações da escola. Ele tinha cabelos negros na altura dos ombros, combinando com suas vestes pretas e esvoaçantes. Sua pele pálida dava contraste aos seus olhos azuis, profundos, que miravam a cada aluno que entrava na sala.

Depois de alguns minutos todos se sentaram e a aula começou.

– Bem vindos, sou Draco Benington, professor de invocações. Hoje irei lhes ensinar simplesmente como fazer uma invocação de um objeto de um lugar a outro. – As mãos de Draco brilharam, tocou a mesa e surgiram diversos materiais, entre eles, livros, gizes, papéis, e pequenas caixas. Dos materiais pegou um livro e um giz. – O processo é simples, basta você preparar o local de onde ele vai sair e o outro aonde você irá invocar o objeto. – Com o giz foi até a carteira de um aluno e escreveu símbolos que ninguém conhecia, no fim ligou-os com traços e fechou tudo em um círculo. – Esse é o círculo onde o objeto vai sair. E esse – Voltou à sua mesa e desenhou quase em um piscar de olhos um círculo semelhante ao outro. – será o destino final do objeto. Agora, colocando o livro aqui e concentrando energia um pouco de energia onde eu quero que o objeto vá. – Os símbolos do segundo círculo começaram a brilhar. – Ele será invocado. – Agora abram o livro de feitiços na página 1034.

Um livro de tamanho normal não poderia ter tantas páginas, pensou a maioria dos alunos. O que diferenciava aqueles livros dos outros era a maneira em que foram produzidos. Suas páginas não eram de papel normal, mas sim de Benzalkonium, o papel podia multiplicar-se quantas vezes fosse necessário. Livros com conteúdo muito extenso são impressos nesse tipo de folha para serem mais leves e fáceis de transportar.

A aula demorou a passar já que a única parte em que não estavam quase dormindo foi quando invocou o livro de um lugar a outro. O sinal tocou e todos saíram. Com as aulas terminadas Allan lembrou a todos:

– Já sabem aonde vamos certo?

– Claro, é melhor nos apressarmos. – Respondeu Cloe com uma animação fora do normal.

Foram em direção à biblioteca, que ficava próxima ao refeitório. A entrada do local ficava no meio de um longo corredor, que na verdade eram as paredes da biblioteca, o arco que os levava ao interior era de madeira, ao pé das colunas havia dois animais, do lado direito uma coruja e do esquerdo um urso, talhados com uma perfeição sem igual.

Entrando no local deparava-se com prateleiras e mais prateleiras logo depois de uma área com mesas e o balcão principal onde ficava o bibliotecário do colégio. Além das diversas prateleiras à frente, havia mais três andares visíveis ao redor do local em forma de U que podiam ser acessados por escadas. No teto havia uma grande claraboia que iluminava por inteiro o lugar. Impressionada com o lugar Samantha não se conteve:

– Nunca imaginei que eu iria gostar de uma biblioteca, mas essa aqui merece meu respeito.

– Não conheço muita coisa daqui, mas esse cheiro de livros me fascina. – Comentou Allan.

– Vamos, se apressem. – Cloe os chamou enquanto passava entre uma prateleira e outra. – Acho que tenho uma ideia do que estamos procurando. – Começou a andar mais rápido, agora estava indo em direção às escadas.

Passaram por seções e mais seções de livros, algumas que nunca imaginariam existir, outras que não acabavam mais de tantas estantes que ocupavam, por fim no meio do segundo andar, após começarem a correr para conseguir acompanhar o ritmo de Cloe, encontraram a seção História geográfica.

– Cloe, eu sei que parecia animado, mas não precisa correr, ou o bibliotecário irá vir, e é melhor que ninguém saiba o que estamos fazendo.

– Com o bibliotecário deixem que eu me entendo, sou ótimo em persuadir pessoas. – Disse Martin com um sorriso.

Depois de quatro prateleiras encontraram o livro que estavam procurando. Asphire: do início ao fim.

– Minha mãe estudou aqui e passava a maior parte do tempo livre aqui, foi ajudante do bibliotecário e ele mostrou tudo que tinha aqui. – Explicou a ninfa. – Sem contar que ela me contou uma vez que o livro que contava a história da escola foi enfeitiçado pelo autor para que ele não se desatualizasse, ou seja, se algo aconteceu, as informações desse livro também vão mudar.

– Mas o que isso tem a ver? – Perguntou Allan.

– Simples, um livro desse porte com certeza tem informações de salas até imagens dos locais usados pelos professores.

– E como é atualizado podemos ver se o lugar que o Vladmir nos levou era mesmo o campo de caça!

– Se esse livro tem todo esse poder por que está aqui avulso e não em uma seção fechada? – Samantha estava em dúvida.

– Creio que é porque só tem informações básicas e históricas do lugar, não é como se fosse uma câmera escondida que podemos ver por onde andam as pessoas, certo? – Martin estava a par da situação, mesmo vigiando o corredor.

– Isso. Agora vamos para as cabines de estudo em grupo, lá ninguém pode ouvir o que estamos fazendo. – Cloe saiu em disparada com o livro nas mãos.

Passaram por todas as seções que viram anteriormente. Não sabiam se era a ansiedade ou o nervosismo por estarem quase descobrindo o mistério do campo de caça, mas a viagem de volta ao andar térreo pareceu durar uma eternidade.

–x-

As cabines de estudo eram vedadas com magia para que o som interno e externo não entrasse ou saísse. Tinham lugares para quatro pessoas, mas muitos as usavam com seis, até oito pessoas numa única cabine. Nas janelas, abertas, corria o vento de fim de tarde, e ao longe viram o sol se pôr.

– Certo, - começou Allan. – precisamos saber se aquela sala onde fomos levados era a sala que o Martin mencionou. Alguém lembra o número?

– A sala tinha número? – Perguntou Martin.

– Todas tem Martin. – Respondeu Cloe com uma expressão que beirava a raiva.

– Não é mais fácil procurar sobre o prédio oeste, ou seja lá o nome que ele tiver? – Sugeriu a gêmea.

– Boa ideia, vamos ver. – Cloe prolongou a última sílaba enquanto procurava a página listada no índice. – Aqui. Nã, nã, nãã. O prédio foi reformado duas vezes, na última vez foram adicionadas duas novas salas ambas no andar térreo. Nessa reforma uma das salas foi especialmente encantada para que os professores que dão aula ao ar livre não precisem suspender as aulas caso algo ocorrer.

– Espere. Se temos essa sala pra caso algo acontecer por qual motivo as aulas foram suspensas, então?

– Mais um item pra investigarmos, Sam. Agora, continuando. O feitiço lançado na sala atribuiu a ela a capacidade de se transformar fisicamente nas proporções desejadas pelo usuário. Desse modo, os professores da instituição podem usar a sala como se fosse um campo aberto caso necessário. – Cloe parou, e olhou para os outros. – Acho que isso confirma o que o Martin suspeitava, agora falta você terminar de nos explicar tudo, Al.

– Pensem comigo, sabemos que aquela sala pode se transformar em qualquer lugar de acordo com o professor, certo? – Levantou seus óculos. – Se o lugar onde fomos parar era o campo de caça já temos uma ideia de como é o lugar, ou seja, só precisamos pensar em um lugar onde quem o invadiu não tenha passado e tenha ficado intacto. Se não me engano eu vi um grande lago, um vulcão e até um pico nevado, o problema é saber o que entrou naquele lugar.

– Não está pensando em ir até lá, está? – O olhar de todos voltou-se para Cloe, que parecia estar nervosa com aquela ideia.

– O que mais seria? Você queria mais que todos saber o que aconteceu lá.

– A questão agora é como chegaremos lá. – Interrompeu Martin. – Não aprendemos como fazer um portal fixo, para irmos e voltarmos.

– Não, mas aprendemos um instantâneo. – Sorriu Samantha.

– Mas ainda nem praticamos.

– Então comecemos a praticar. Viram o quão vazio estava o segundo andar. Imaginem o terceiro. Cloe procure se tem alguma sala no último andar, podemos usar ela como destino e treinar.

– Hmm, deixe-me ver. – Começou a folhear o livro mais uma vez. Os olhos percorriam o conteúdo das páginas com uma velocidade surpreendente. – Nada, os únicos lugares com portas, se for o caso, é aqui na área de estudo. – Arregalou os olhos. – Esperem, ouçam isso. – Botou o dedo na folha para ter certeza de que o que viu era aquilo mesmo. – A biblioteca de Asphire tem a mais diversa variedade de livros disponíveis. A estrutura de sete andares só pode ser acessada através de um portal. – Deu um tempo para que todos captassem a ideia. – Esse lugar tem sete andares, mas, contando com o térreo só temos quatro.

– Não pode ser, tem certeza que é essa a quantidade escrita aí, me deixa ver. – Allan virou o livro para poder lê-lo. – É-é isso mesmo, só que tem mais. – Virou a folha. – Se isso aqui estiver certo, têm mais três andares abaixo de nós.

– Pronto. Já temos o lugar.

– Não é tão simples, Sam. Os três andares subterrâneos são a seção extra reservada. E... – Voltou-se para o livro. – Só podem entrar professores autorizados. Ou seja, não podemos usar o lugar, sem contar que nem sabemos chegar lá.

– Por que querem tanto um lugar fechado? Por enquanto o terceiro andar é a melhor opção, com a quantidade de prateleiras que há podemos despistar qualquer um. – Interveio Martin.

O sol terminou de se por, trazendo à cabine escuridão. Ficaram alguns minutos pensando no que estavam se metendo. O som de passos os trouxe de volta.

– Essa não, o bibliotecário. – Sussurou Cloe – Ele normalmente não checa as cabines por que justo hoje ele veio?

– De qualquer forma essa é a nossa chance. – Samantha estava tomada pela adrenalina. – É agora ou nunca. Não se esqueçam, visualizem bem o lugar, encontro vocês no corredor do dormitório. – Concentrou-se no seu quarto, em cada detalhe e logo se ouviu um som semelhante ou que ouviram na aula de Helen Sorine.

– Não, espere! – Foi em vão. A mão de Martin passou pelo lugar onde Samantha estava. – Droga! Eu disse que dava um jeito.

– Agora não temos outra opção, concentrem-se em seus quartos. – Instruiu Allan.

O bibliotecário abria as portas com rapidez, o som agudo que Samantha havia provocado o deixou curioso. O ranger das portas se aproximava a cada passo.

Ouviram a porta se abrir à frente. Silêncio.


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Notas finais do capítulo

Bem, o que acharam? Está começando a tomar forma