Era a mais bela manhã para qualquer um, menos para um garoto, quase homem, cabelo azul, aparentes 18 anos, que está na cama de um hospital, aflito, o suor escorrendo, a expressão de angústia. O sentimento de culpa o invadindo completamente por causa daquele dia. Ele não tinha de ter convidado ninguém. Kaito não tinha que ter convidado Miku. Que se fosse, fosse sozinho. Mas ele queria mais. Queria aproveitar um pouco mais além do que ele queria, mas tudo acabou do jeito mais inesperado possível. Do pior jeito.

...

Kaito ganhou um carro que seu pai lhe deu, e logo quis estreá-lo. Uma boate. E seu objetivo era o amor. O amor que sentia por Hatsune Miku. Uma jovem adulta de também 18 anos, cabelos longos e verde-azulados. Talvez ela não gostasse tanto dele como o mesmo gostasse dela. E ela recebeu o convite de sair. Uma certa rejeição por parte da garota, mas nada tão forte que não fizesse com que Kaito não a convencesse. Ele não imaginava o que aconteceria. Logo na porta dela, ela entrou no carro, e os dois seguiram para a festa.

Uma badalada boate. Kaito também encontra Rin por lá. Ele, Miku e ela conversam por um tempo. Logo Rin vai embora, tem de ir pra casa pois já está ficando tarde, pouco mais de meia-noite. Então Kaito aproveita mais a festa, umas poucas doses de uísque são bebidas por ele. Miku adverte que eles estão de carro, então, que não beba tanto. Mas parece que foi em vão. Logo mais doses são pedidas, e a consciência de Kaito já não está tão clara. Ele não está completamente lúcido. Ambos saem da boate e seguem para o carro, no estacionamento, deserto, pouco mais de 4 carros. Miku se sente um pouco assustada de ter que ir com ele nessas condições.

– Você está bem, Kaito-kun? - ela pergunta.

– Estou. - Kaito responde friamente. A voz não parece ser a dos outros dias.

– Você tem cer - Miku é interrompida por Kaito, que a agarra e a encosta na porta do carro, os dois braços sendo segurados pelos dele. O beijo acontece. Quando as duas bocas se separam, Kaito pergunta:

– Você... sabe que eu gosto... de você. Acha que eu... desperdiçaria a oportunidade... de hoje...?

– Eu sei disso... mas por favor, me solte. - Miku diz.

Os braços de Miku são apertados mais fortemente pelas mãos dele.

– Você não gosta... de mim? - Kaito pergunta.

– Não assim... Você está com hálito de uísque... - Miku responde.

– Não importa. Eu amo você. Deixe-me amá-la, apenas hoje... - Kaito diz.

– Não. Não nesse estado... Kaito-kun... Você está louco... Me solte... - Miku diz.

Kaito a solta. Mas abre a porta do carro e a empurra para o forro do banco.

– Kaito... Por favor... - Miku implora.

O consenso por parte dela não existe. Mas o garoto de cabelo azuis não quer perder a oportunidade que teve. Ganhar um carro e conseguir levá-la tão fácil para sair. Um novo beijo acontece. Um pouco mais longo e sensual. Kaito começa a ter uma intimidade maior com Miku, mas esta parece não estar tão feliz.

– Kaito... eu lhe imploro... pare com isso... - Miku diz, chorando.

Mas ele não para. A blusa dela é levantada, e cenas piores acontecem.

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Após o término da sessão, Kaito recoloca sua roupa.

– Vamos... - ele diz.

Ele liga o carro, e segue de volta. Os choros de Miku ecoam pelo carro. Mas também uma lágrima cai pelo rosto dele. Por mais bêbado que estivesse, a garota com que ele fez isso não era qualquer uma. Era Hatsune Miku. A que ele mais amava, mas de uma forma romântica. Se arrependera do que fez. Tinha um pouco de consciência de tudo o que aconteceu. A junção de todos os fatores, a bebida que diminuiu a lucidez dele, seu arrependimento e o choro de Miku que só o fazia se sentir pior fizeram com que ele perdesse o controle do carro e batesse. Após isso nada mais ele pensou, apenas conseguiu ver o reflexo de Miku ensanguentada atrás, tentou resistir, mas desmaiou alguns minutos depois.

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Kaito acorda. Em um hospital. É de tarde, e a chuva cai do lado de fora. O barulho é grande. Assim como o seu arrependimento. Suas lembranças voltam, mais lúcidas do que antes.

– Miku... Uh... Me perdoe... - Kaito diz em tom choroso.

Mas o mais importante era como ela estava. O assombro que sentiu quando a viu na parte de trás do carro foi grande. O que acontecera depois? Ele se levanta, tirando um por um os equipamentos com os quais está conectado, tubos e agulhas. Apenas caminha. Sai do seu quarto e segue o corredor, abrindo cada porta. Algumas pessoas se assustam, vendo um homem andar pelos corredores com sangue escorrendo pelos braços. Kaito não se importa com quem o vê e suas reações, apenas quer ver o que aconteceu com a sua amada. Logo um médico vem, e o para. Pede para que volte a seu quarto, que o irá acompanhar. Kaito resiste, mas o médico diz certas palavras que o acalmam completamente:

– Sei que Hatsune Miku estava com você. Vou informar o estado dela para você assim que eu puder.

O médico encaminha Kaito para o seu quarto. Logo o médico sai e segue corredores à frente. Kaito, em sua cama, novamente com os equipamentos, fica angustiado. Alguns minutos depois, a porta se abre. É o mesmo médico de antes, e ele diz as palavras que Kaito não queria ouvir:

– Miku está em estado grave.

As lágrimas escorrem compulsivamente pelo rosto de Kaito. Seu arrependimento fica maior ainda. Mas, mesmo assim Kaito consegue falar:

– Por favor... leve-me até onde ela está.

O médico diz que ele deve repousar, mas lembrara-se da história inteira e o que acontecera. Descobrira o motivo de haver policiais no hospital.

– Ah... então... Vou levá-lo. - o médico diz.

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Após percorrer alguns corredores, os dois estão na frente da porta do quarto onde Hatsune Miku está. O médico abre a porta e as lágimas de Kaito retornam a cair. O estado de Miku é assustador. Não tanto para o médico, que já está acostumado, mas para Kaito, era a mais completa tragédia. O rosto dela todo ferido, cicatrizes e pontos. 'A culpa fora toda minha' - era a única coisa que Kaito pensava. O médico acompanhou-o até o leito onde ela estava.

– M-miku... - Kaito diz. Ela acorda.

A expressão dela é de susto, e de repulsa. O que ele fizera com ela não tem perdão. Mas mesmo assim, diz:

– Veio rir da minha desgraça... né...

– Não... como eu poderia rir...? O que eu fiz a você... não tem perdão... Mas eu... tinha que vir... - Kaito diz.

– Saiba... Ugh - Miku cospe sangue. O médico rapidamente faz os procedimentos necessários. O estado dela é muito grave. Logo Kaito retorna a ela e diz:

– Naquele dia... eu estava tão apaixonado por você... que meus atos não se calcularam... me perdoe... Tudo o que fiz... foi porque te amo...

– A ponto de... Ugh... - Miku novamente tem um colapso.

O barulho do equipamento é ouvido por Kaito e o médico.

' TUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU-- '

Kaito é retirado do quarto. Ele retorna ao quarto e escuta um alvoroço. Minutos depois, a notícia fatal:

– Miku morreu. - as palavras do médico fazem Kaito ficar chocado. Policiais entram e o prendem.

Kaito apenas chora. O arrependimento vai perseguí-lo por toda a vida.

....

Alguns anos depois, Kaito na prisão, não aguenta e se mata, consegue quebrar um pedaço de porcelana da pia da cela e corta o próprio pescoço.

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O azul dos cabelos dele,

e o vermelho do sangue dele,

formando contraste de amor por ela,

arrependimento do que fez com ela,

e morte após a morte dela.

O amor tem um destino diferente para todos,

mas todos os acontecimentos por parte deste amor,

foram causados por um carro,

e algumas doses de uísque.

A irresponsabilidade e loucura de alguns,

levam à ruína de outros.

Logo depois à própria ruína.