Talking To A Moon escrita por Rach Heck


Capítulo 9
One Thing


Notas iniciais do capítulo

Tenho a leve impressão de que vocês não leem essas notas, pois nunca respondem, mas enfim UASHUSUA Quero que saibam que me apeguei muito à vocês, à cada uma de vocês, e espero, de coração, que não me abandonem. Pelo menos até o fim da fic né USAHUSHUA Esse foi o maior capitulo até agora, então corram e matem a curiosidade, que eu escrevi com o maior carinho.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/224361/chapter/9

– Sente-se. - Minha tia sorriu ao me ver entrar na cozinha. - Estou preparando algo para a gente comer. Deve estar com fome né?
– Sempre. - Gargalhei. Lotte me encarou com uma expressão engraçada. - Sabe que perdeu a sua filha né? Agora ela é minha.
– Ah é? - Ela se virou e pôs as mãos no quadril. - E posso saber quem é o pai, mocinha? Afinal, ele tem que assumir a responsabilidade. - Disse rindo.
– Niall Horan. Conhece?
– Esse nome me é familiar... - Não pude ver seu rosto pois ela voltara sua atenção para o fogão.
– Ele é daquela banda... One Direction... - Tentei explicar da melhor maneira possível, mas não me lembrava como se fazia isso, parecia que minha mãe sempre soubera, não me lembro de como expliquei para ela.
– Ah, eu sei quem é. Um loirinho, né? Eu gosto do de cabelos cacheados... Muito gato.
– Tia! - Protestei.
– Que foi? - Fez-se de desentendida.
– Sabe que tem muito mais chances com ele do que eu né? - Gargalhei e ela me encarou sem entender. - Nada tia, longas histórias. Mas então, o que queria conversar?
– Vamos comer primeiro, e depois conversamos.

Estava uma delicia. Lembrava um pouco a comida da minha mãe, e a elogiei por lembrar como se fazia uma autentica comida brasileira. Mas ainda não tinhamos terminado de comer quando não aguentei a curiosidade que martelava em minhas têmporas, e pedi que conversássemos logo.
– Bom, é que, como sabe, Genevieve está noiva e vai se casar dentro de dois meses... - Suspirou. Pude ouvir as vozes agudas de algum desenho ligado na sala. Lotte balbuciava junto. - E estou achando essa casa vazia demais, sinto-me sozinha demais com Char aqui, apenas nós duas... E eu queria muito que você e sua mãe se mudassem para cá. Não vejo problemas em morarem conosco, mas, se a sua mãe teimar, posso encontrar uma casa aqui por perto, ou sei lá... - Parei de respirar. Era isso mesmo que eu estava ouvindo? - Eu realmente me apeguei demais a você, e não preciso nem falar da Char, ela simplesmente ignorou o protocolo e sua primeira palavra foi Mari. - Ela sorriu, e não contive um sorriso também. - E realmente não queria ficar sozinha. - As lágrimas que brotaram em seus olhos lanharam meu coração.
– Calma tia, não chora, ok? Promete que não chora? - Agi feito criança.
– Desde que o John se foi, sinto medo dessa casa vazia, sinto medo de... - As lágrimas rolaram, e não contive minhas mãos, que logo secaram o rosto da linda mulher a minha frente.
– Olha, vou falar com a minha mãe. Com certeza ela vai querer.
– Não tenho tanta certeza. Desde que voltaram para o Brasil, tento convencê-la, mas ela diz sobre o trabalho, sobre os amigos que você tem por lá, te sobrecarregar tendo que falar em inglês o dia inteiro, que é o seu ultimo ano do colegial...
– Vocês o quê? – Exclamei. Como assim? E minha mãe não me falara nada!
– Eu sei, ela não te contou, não é? – Ela suspirou e duas lágrimas tímidas rolaram por sua face já úmida. – Eu sei que é tudo o que você mais queria, mas tem que ver os contras também. Sua mãe não está errada, estamos na metade do ano já, se mudar para cá pode ser prejudicial... – Revirei os olhos. Não queria começar uma discussão. E se não agisse com calma, poderia pôr tudo a perder.
– Eu vou conversar com ela, ok?

Ouvi o choro de Lotte vindo da sala, e corri para ver o que era.
– O que foi meu anjo? – Perguntei a beira do pânico, abrindo os braços para busca-la do chão. Seu rosto estava vermelho por causa do choro. – Caiu?
– O que houve? – Minha tia apareceu logo atrás.
– Acho que ela caiu e bateu com a cabeça.
– Mas ela está bem? – Karla se aproximou de nós. – Calma, já passou, já passou. – Sussurrou enquanto acariciava a cabeça da neném no meu colo. – Culpa desse seu marido desnaturado, cadê ele aqui para cuidar da filha de vocês? – Fez-se de brava. – Como é mesmo o nome?
– Niall. – Sorri. Minha família realmente não era normal.
– Se você não der bola, logo ela esquece. Foi só pelo susto mesmo... Bom, vamos aproveitar que ainda está cedo, e vamos passear?
– É quase como perguntar ao Niall se ele quer comida.
– Espera, esse Niall... Você me falou dele da última vez em que esteve aqui, não?
– Eu só falei dele, tia. – Gargalhei. – É a idade hein.
– Está me chamando de velha? – Tentou fazer-se de ofendida, mas não aguentou o riso.
– Acredite, isso foi um elogio, se um dia o Haroldo te vir...
– Haroldo? – Mariana se controle, sua tia não entende das suas coisas.
– É, o de cachos tia, o de cachos. Vamos?

Era bom visitar todos os lugares dos quais já havíamos ido antes. Parecia que não passara tempo algum, que eu sempre estive ali.
– Hey Lotte, você não cansa de dançar não? Meus braços já estão doendo. – Reclamei enquanto ela se balançava em meus braços e balbuciava coisas sem real significado, em meio a Merri’s sorridentes, sem dentes, devo acrescentar.
– Está cansada de segurá-la? Se quiser eu posso leva-la daqui em diante...
– Não! – Exclamei, mas percebi que gritei um pouco alto demais. – Desculpa. Não precisa, tenho que aproveitar ao máximo todo o tempo que tiver com a minha filha né. Logo... – Respirei fundo. – Enfim, estou com fome, e acho que ela também.
– Então vamos procurar um lugar para lanchar, as coisas dela estão no carro... Onde você quer ir? Hum, aposto que McDonalds... – Ela sorriu enquanto andava em direção à saída do Museu.
– Na verdade... Acho que traumatizei. – Gargalhei.
– Traumatizou... Ah sim, lembro, da última vez você estava passando mal e desmaiou... – Ela riu. – Ah pare de palhaçada, só por causa de um desmaio?
– Não foi só pelo desmaio... – Suspirei.

Saíamos do McDonalds, minha tia me encarava preocupada enquanto nos dirigíamos ao carro.
– Tudo bem? – Ela me fitava.
– Tudo oras... – Dei de ombros, o que deu nela?
– Mari, você comeu dois hamburguers, o resto da minha batata e ainda está tomando milk shake! – Algumas pessoas nos encararam, provavelmente porque uma louca estava aos berros em um idioma engraçado, que ainda se mesclava ao inglês. Ah, vai entender.
– Mas eu estava com fome!
– Não sei como a sua mãe te sustenta... – Ela disse e eu gargalhei.

Entramos no carro e eu coloquei Lotte na cadeirinha.
– Merrri. – Ela riu.
– Vamos para casa agora? – Perguntei enquanto abria a porta e sentava no banco da frente.
– Sim, descansar para amanhã né.
– Amanhã? O que tem amanhã?
– Vamos à Paris para comprar as coisas da festa da Char.
– Em Paris? – Exclamei.
– Algum problema? – Minha tia virou o rosto para me encarar confusa.
– Nenhum né, nós vamos à Paris... Posso ligar o rádio? – Não esperei que ela respondesse. Não acreditei quando as batidas começaram. - I've tried playing it cool, but when I'm looking at you, I can't ever be brave 'cause you make my heart race. – Cantei junto com o Liam, tentando alcançar um tom próximo ao dele. Desastre.
– Deixe-me ver... É a banda do seu marido, o... Niall?
– Como adivinhou? – Gargalhei, enquanto o refrão entoava agitado.
– Não...
– Pera, agora é ele! – Gritei mais alto que a música, enquanto o meu anjo cantava seu solo. Apenas a voz dele preenchendo meus ouvidos, era como o oxigênio que eu precisava em meus pulmões. – Ai Niall, por que tão meu?- Suspirei. Karla apenas riu.

A casa estava novamente silenciosa. Uma pontada apertou no peito. Acho que sei o que minha tia está sentindo.
– Vou tomar meu banho e deitar, se precisar de alguma coisa... – Ela deu de ombros. – Ah, você é mais do que de casa. – E então ela subiu com Lotte em seus braços.

Me joguei no sofá e assisti à algum programa sem nexo. Metade do que o apresentador disse eu não entendi. Aquilo era inglês? Enfim, eu estava morta de cansaço, por isso subi e fui me banhar. O clima estava esfriando, e tinha medo de que não suportasse o frio do inverno londrino.

Ao sair do banheiro, contra a minha vontade, vesti o primeiro pijama que encontrei e fui até a janela.
– Boa noite. Senti sua falta. – Sorri para o ser translúcido em toda a sua majestade pálida. – Ainda não acredito que estou aqui. Parece um sonho... Mas eu não sei, não estou tão esperançosa quanto antes. Talvez eu esteja me preparando para o pior... – Suspirei. - Minha tia disse sobre virmos morar aqui, eu realmente quero muito, mas duvido que minha mãe vá deixar, pelo menos até eu terminar o colegial... Só tenho receio pela minha tia, hoje ela chorou ao lembrar do John... Não me lembro muito bem dele, mas lembro que minha mãe chorou horrores quando ele morreu. Acho que a história foi que, eles brigaram, foi a pior briga de todas, gritaram coisas sobre divórcio, minha tia não sabia nem que estava grávida, de dois meses na época, se não me engano, ele então pegou o carro e... Um acidente aconteceu naquela noite. Lembro de a minha mãe ter comentado sobre ele ter sido o grande amor da vida da irmã dela. Gostaria muito de tê-lo conhecido. Minha tia se culpa até hoje, por ele ter partido brigado com ela... O.k, vou dormir antes que conte toda a história da minha família. – Sorri. – Pode me fazer um favor esta noite? - Sussurrei. As mesmas palavras de sempre. - Cuida dele? Guarde seu sono por mim? Enquanto eu não posso guardá-lo... Ainda. Afinal, amanhã é um novo dia, e eu estou aqui, em Londres, respirando o mesmo ar que ele. – Meu sorriso parecia que iria deslocar minha mandíbula.

Fechei os olhos assim que deitei a cabeça no travesseiro, e instantaneamente dormi.

Trancava a porta enquanto minha tia Karla me esperava com Lotte nos braços, o queixo batendo de frio.
– Tem certeza de que não quer se agasalhar mais? – Gritou.
– Eu estou bem. – Segurei no corrimão da escada, evitando uma queda. Droga de calçada congelada pelo frio noturno. Neve que era bom eu ainda não havia visto.
– Espero que não esteja nevando em Paris, vamos, teremos uma hora para nos programarmos.

Estava nevando em Paris. Na verdade, eu vira a neve começar a cair. Fora uma das visões mais lindas da minha vida. Só perderia para o momento em que eu o encontrasse.

As ruas começavam a se pintar de branco, as pessoas perambulavam com seus agasalhos coloridos, pintando as ruas, diferenciando o vivo do majestoso.
– Vamos, entra logo. – Ela bateu as pernas para espantar o frio, enquanto segurava a porta de uma loja gigante. Lotte tinha sua cabeça entre os meus cabelos. – Pode dar uma volta, e, se achar algo interessante me encontre. – Sorri e comecei a passear.
– Ah, é uma pelúcia de lua! – Exclamei e saí correndo para pegar o brinquedo. – Veja Lotte, não é linda? É a minha melhor amiga! – Eu ria feito criança. Os olhos do anjinho loiro em meu colo brilhavam. – Acho que alguém também gostou dela... Sou ciumenta hein. Mas pode deixar, divido com você. Só com você. – Preguei-lhe um beijo em uma das bochechas rosadas. Ela passou os bracinhos em volta do meu pescoço e deitou-se novamente, a lua de pelúcia em mãos. Continuei a fuçar a loja.
– Ei, a bebê deixou cair. – Uma voz masculina soou atrás de mim. Virei-me. Um garoto loiro me encarava, a lua em mãos.
– Nai... – Lotte balbuciou em meus braços.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!