Talking To A Moon escrita por Rach Heck


Capítulo 11
I Should Have Kissed You


Notas iniciais do capítulo

Nenéns, desculpem a demora para postar. Não quis matá-las do coração, juro.
Só avisando, estou de mudança - again - então, logo ficarei um tempo indeterminado sem internet. Por favor, não me abandonem, prometo que assim que voltar, vou recompensá-las.
Ps. Prometo que vou tentar postar mais um capitulo antes de me mudar.



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- E então, como vai o seu plano de persegui-lo por toda Londres? – Steven puxou assunto. Havia explicado toda a minha estratégia na noite passada.
- Nem um pouco sucedida. – Gargalhei.  O rapaz do Café servia os nossos pedidos. Meu celular, que eu havia colocado em cima do balcão, vibrou, acendendo o visor. Bateria fraca, tudo o que eu precisava.
- Ah! – Exclamou enquanto depositava o meu pedido à minha frente. – Esse menino é daquela boyband... One Direction, não é? – Assenti entediada enquanto pegava o café, já havia me acostumado a essa pergunta.  – Que engraçado, você está sentada onde ele... – O cara riu. – Ele acabou de sair daqui. – Senti o copo em minhas mãos arder em brasa, e enquanto corria para a saída, pude ouvi-lo estourando ao encontrar o chão.

Os sinos da porta de vidro soaram ao longe, soaram na realidade, mas eu estava sonhando, não estava?

E então o sonho se tornou pesadelo. Eufórica, não perguntei para que lado ele tinha ido. Ia virar para voltar e perguntar para o carinha, quando os sinos tilintaram novamente e a voz de Steven soou logo atrás de mim.
- Ele foi por ali. – Apontou para um dos lados, mas só consegui me mover quando ele me puxou pela mão.

A neve que caía não me deixava enxergar muita coisa. Ou então deveriam ser as lágrimas que congelavam em minhas bochechas. As pessoas não ajudavam muito, tentavam abrir caminho pela multidão, enquanto nós dois nos espremíamos no mar de casacos e pessoas robotizadas. Corríamos havia algum tempo quando outra bifurcação de ruas fez com que parássemos bruscamente. Um carro quase me atropelou.
- Não vai dar certo. – Sussurrei, as lágrimas lutando contra o frio e dançando sua breve coreografia antes de se congelarem em minha face. – Nunca vai dar certo.
- Você é louca? – Steven virou e me encarou, os olhos azuis ardendo em chamas. – Não entende o quão perto chegou? Vai desistir agora? Na primeira esquina você cai de joelhos? – Ele gritava feito louco, como se quisesse sobrepujar o vento.  Os soluços, que até então estavam disfarçados pelo meu peito que arfava após a corrida, vieram, e Steven me envolveu em seus braços. Seu casaco verde escuro, em um tom quase preto, cheirava bem, como roupa recém-lavada e perfume masculino.

Rezei baixinho para que a Lua ignorasse a neve e surgisse aquela noite. Precisava de consolo, como jamais havia precisado.

Acordei com um beijo na testa. Minha mãe sorria para mim. Quando foi que eu dormi? Não me lembro... Lembro apenas de me ajoelhar em um dos sofás, abrir a janela e sussurrar coisas desconexas, pois o sono e o cansaço me envolviam como um manto enfeitiçado.
- Também contei as horas para te ver. – Pude ouvir sua risada enquanto se afastava.  Contraí os olhos, como se pudesse afastar o sono.
- Mãe... Você já chegou. – Ignorei minha voz rouca enquanto içava meu corpo para que pudesse me sentar.
- Não Mariana, ainda estou no Brasil. – Disse irônica. Como senti a falta dela. – Ah, a Gabi mandou um recado. – Ela voltou e me encarou como se estivesse forçando para se lembrar. – Sua vaca, como assim foi para Londres de novo e não me avisou, ou me levou na mala? – Citou, a voz imitando uma aeromoça. Não contive uma gargalhada. – Bem Gabriela Muniz. – Minha mãe sorriu, virou-se e foi em direção à cozinha. Percebi então o quanto minha melhor amiga, segunda melhor amiga devo dizer, estava fazendo falta. Ela ia adorar o Steven. Dar em cima dele talvez com certeza, mas seríamos um bom trio.

A festa era amanhã, mas pela animação das duas mulheres que tagarelavam pela casa, parecia que seria dentre algumas horas. Lotte brincava com a pelúcia de lua em meu colo.
- A aniversariante mesmo está alheia a isso. – Revirei os olhos.  – Bom, quer ver o que os meninos estão fazendo agora? Quem sabe persegui-los pela cidade?
- Nai... – Ela riu. Não me contive e a abracei. Que risada mais gostosa. O plano de fundo do meu celular, que sempre fora uma foto dele, agora era uma minha e de Lotte. E em breve seria uma foto de nós três juntos.

Harry estava fazendo compras no centro...

Em dez minutos Steven estava tocando a campainha. Ele havia prometido me ajudar, e como tinha carro, denominou-se meu motorista particular. Mas lá estava ele, vestido feito um modelo, de polo e calças jeans, sorrindo na entrada.
- Ah, vamos leva-la? – Seu sorriso pareceu aumentar diante da ideia de levarmos Lotte conosco. Ele realmente gostava dela.
- Acho perigoso ela ficar aqui. Aquelas duas estão praticamente loucas. – Fiz uma careta engraçada.
- Ah, sua mãe está aí? – Espiou curioso por sobre meu ombro.
- Sim, mas aconselho conhece-la outra hora. Não quero que fique com uma má impressão. – Gargalhei enquanto fechava a porta as minhas costas.
- Não acho possível ter uma má impressão da sua mãe. – Revirou os olhos enquanto íamos em direção ao carro.
- Nai... – Lotte riu para Steven. Não sei como tirar da cabeça dela que ele é o Niall.
- Também estou feliz em vê-la. – Disse cordial. Me incomodava um pouco quando ele falava desse jeito. Na verdade, acho bonito e gosto, mas me incomoda, pois não sei até que ponto consigo compreender. – Deu sorte que hoje abriu um... – Ele encarou o céu nublado de Londres. – Sol...
- Deu sorte que minha tia gostou de você, se não, nunca iria passear de carro com você pela cidade, muito menos levando o anjinho loiro.
- É impossível não gostar de mim. – Fingiu-se de convencido enquanto abria a porta traseira para que eu entrasse com Lotte. Afinal, no carro não tinha cadeirinha, e nem morta a levaria no banco da frente.

A festa estava linda. Também, pudera, passamos a manhã inteira arrumando tudo. Genevieve estava radiante, visivelmente cansada com os preparativos do casamento, mas não largava Lotte um segundo. Seu noivo era muito bonito, mas não conseguia parar de pensar no dia anterior.

Enquanto Steven, Lotte e eu procurávamos por Harry, para não dizer perseguíamos, encontramos com Genevieve e Robert em uma das lojas. Desde então não conhecia o noivo da minha prima. Ainda nos apresentávamos quando seu celular tocou.
- Ah, é o Ed. – Sorriu e se afastou enquanto atendia a ligação.
- É o primo dele. – Genevieve sorriu. – Provavelmente falando sobre a despedida de solteiro. – Revirou os olhos. – Não param um minuto.
- Ed... – Steven pareceu quase deduzir quem era.
- Ed Sheeran, sim, o cantor. – A loira sorriu. Meu estômago parecia ter sido atingido por um soco. Por isso algo nele me era familiar... E não apenas pelo cabelo de fogo. Fechei os olhos e respirei fundo. Lotte deu um passinho meio sem equilíbrio, e meus braços, que seguravam suas mãozinhas, a seguiram.
- Ele está por aqui, fazendo compras com um amigo. Pediu para que eu o encontrasse. – Robert voltou, e eu abri os olhos. Amigo? Prendi a respiração.
- Essa festa parece que vai ser melhor que o casamento... Nunca vi se prepararem tanto para uma despedida de solteiro. – Minha prima fingiu-se de enciumada.
- Não seja boba. – O ruivo riu e beijou a loira, sua futura esposa. – Bom, foi um prazer conhece-los. – Então se ajoelhou e encarou Lotte com seus olhos quase transparentes. – Foi bom revê-la, mocinha. Vejo que melhorou seu andar. Logo poderemos correr juntos, hun? – Sorriu para a neném que lutava para se manter equilibrada sobre seus pezinhos frágeis, sustentada por meus braços.
- Igualmente. – Steven sorriu e assentiu com a cabeça quando Robert levantou novamente. Eu só consegui ficar ali, parada, encarando o nada.

Estava sozinha na mesa, pois minha mãe estava com a minha tia, rodando por toda a festa e cumprimentando os convidados, Lotte estava com Genevieve, e Steven estava conversando com Robert e alguns amigos. Revirei os olhos e peguei o celular. O que estaria acontecendo?

Não acreditava que estava acontecendo novamente. Era como um déjà vu, mas um péssimo déjà vu. Lotte dormia em meu colo enquanto eu assistia a neve cair do lado de fora do carro. Steven não poderia se despedir no aeroporto, pois teria de trabalhar. Um photoshoot de ultima hora. Agradeci por todo o cuidado, por toda a atenção, por ter rodado praticamente Londres inteira à procura dos meus ídolos. Ele se desculpou por não poder vir me ver, e por não ter conseguido encontrar os meus ídolos. Zombei quando ele contou que a garota de quem estava afim estaria lá. Mas ao desligar o telefone, me senti mal. Ele havia sido tudo o que me sustentara nessas últimas semanas, e agora eu voltaria para o Brasil, novamente fracassada. Mas lá eu não teria o colo de Steven, onde derramar oceanos de sentimentos e me sentir protegida, como se a parte vazia e machucada estivesse aconchegada em uma lareira. Era assim que Steven me fazia sentir.

Procurei a Lua no céu, mas as nuvens deixaram tudo como um borrão negro. Suspirei.
- Não fique assim. – Minha tia disse docilmente enquanto parávamos em um sinal. – Daqui a dois meses vocês voltam para o casamento. E eu prometo que dessa vez você vai encontra-lo. Nem que para isso eu vá na TV, faça uma passeata, pule da ponte, e tudo o mais. Você não pode desistir agora. Nem nunca. Não pode desistir. Se não se viram ainda, tem um por quê. Às vezes, teria sido apenas uma fã pedindo um autografo, pedindo um pouco de atenção. Quem sabe, isso tudo já não estivesse preparado, para que o dia em que os dois se conhecerem você seja inesquecível. Pense que é como um teste, você só terá se quiser muito, e para isso, precisa esperar, pois só o tempo pode dizer se é verdadeiro, e aí, quando tiver, será mais que inesquecível, pois você lutou, sonhou e esperou por isso.

O aeroporto estava cheio, mas meu coração estava vazio. O que minha tia falara havia me deixado melhor sim. Mas ainda queria ter me despedido de Steven. Ele fora tão compreensivo. Não parecia que nos conhecíamos há semanas. Parecia que eu sempre o havia conhecido.

Fiquei lembrando das minhas últimas semanas em Londres. Sorrindo ao lembrar de cada sensação de cada quase encontro... Daquele dia no Café... A viagem seria longa.

POV Steven

Daria tempo. O relógio em meu pulso parecia travar uma corrida contra mim. E estava ganhando. Não me despedira de Anabelle, mas a veria na próxima semana. Não veria Mariana por dois meses. A neve me impossibilitava de dirigir mais rápido. Meus pensamentos se fundiam, e como em todos os meus sonhos, elas eram uma só. Mas isso era apenas em sonho. Não eram a mesma pessoa, e eu teria de me decidir. As lembranças de toda a minha infância, de todos os momentos com Anabelle, faziam a neve parecer o menor dos meus problemas ao dirigir. Uni as sobrancelhas, como se pudesse me fazer lúcido novamente. Então outros pensamentos me afogaram. Lembrei daquele dia em Paris, quando um bebezinho loiro deixou cair um brinquedo... Sempre tive certeza do que sentia por Anabelle, mas quando Mariana me olhou nos olhos... Não sei mais o que pensar.

Estacionei o carro na primeira vaga que avistei. O relógio ainda corria contra mim. Saltei do carro, e só lembrei de trancá-lo quando já estava entrando no aeroporto. O frio me fazia querer gritar. Talvez não fosse completamente culpa do frio.

Perguntei à moça do guichê sobre o voo para o Brasil. Esta me informou que estava se preparando para partir. Corri pelo aeroporto procurando a plataforma de embarque do mesmo. Mas quando olhei pela grande janela panorâmica, pude vê-lo decolando. Levando-a de mim. Todos os meus desejos entalados na garganta.  Apenas um ato, e toda essa dúvida acumulada no peito teria se desfeito.

Me peguei entoando um trecho de uma das músicas que ela me ensinara.

- I should, I should, oh, I should've kissed you...


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