Louis’ POV

Atendi a porta e fiquei surpreso ao ver que eram Adam e Luigi. Sorri sem vontade e abri a porta, dando passagem para eles entrarem. Revirei os olhos quando vi os dois se sentarem no sofá.

- Quanto tempo, Louis! – Luigi comentou animado.

- Pois é...

Eles ficaram conversando comigo por um bom tempo. Falavam sobre coisas banais que eu não estava nem um pouco a fim de ouvir. Contavam sobre a vida deles e eu assentia a maior parte do tempo.

- Louis, será que poderia emprestar um pouco de ração animal? Está em falta e nossa mãe não quer ir para a cidade por causa do feriado.

- Tudo bem, vamos lá pegar.

Saímos e eu fechei a porta. Não confiava naqueles dois. Nem fodendo. Fui para o celeiro e Adam e Luigi nos seguiram. Entramos e eles começaram a pegar o necessário. Ajudei eles para terminar mais rápido.

O celular de Adam tocou e ele saiu para atender. Fiquei ajudando Luigi e ele puxou assunto. Ficamos conversando por um bom tempo. O papo estava realmente interessante e eu nem percebi que Adam não tinha voltado.

- MEU DEUS DO CÉU! – Luigi berrou, me assustando. – O remédio do Adam!

- O que tem o remédio do Adam? – perguntei confuso.

- Ele não tomou! – ele me olhou preocupado e eu comecei a entender onde ele queria chegar. – Não tem nenhuma mulher aqui, né?

- Caroline! – levei as mãos até a boca, que estava escancarada. Saí correndo do celeiro e Luigi veio atrás.

- Ela é bonita? – ele perguntou e eu fiquei com mais medo ainda.

- Bonita é pouco! Caroline é o paraíso!

- Corre, Louis. – Luigi falou e eu corri o máximo que pude.

Entrei em casa completamente desesperado e me atropelei todo nas escadas. Ouvi alguns gritos de Caroline e senti meu sangue ferver. Se esse cara tocar no meu anjo ele vai para o inferno. E eu é quem mando.

Abri a porta do quarto e deixei meu queixo cair. Caroline estava só de sutiã e calça e Adam estava prendendo seus pulsos em cima de sua cabeça. Não pensei duas vezes e fui pra cima dele, derrubando-o no chão.

Estava com tanta raiva, mas tanta raiva que dei um soco na cara daquele desgraçado. Ele tentou revidar, mas eu não deixei. Estava cego de ódio e acertei mais um soco nele.

Ficamos nos estapeando até Luigi chegar e me tirar de cima de Adam. Ele ainda teve que me segurar, pois tentei ir para cima de Adam novamente, mas Luigi me impediu.

Olhei para Caroline pela primeira vez depois de ter começado a socar Adam e vi que ela estava completamente encolhida no canto da cama chorando. Suas mãos tremiam violentamente. Aquilo me cortou o coração. Fazia uns bons dias que não a via chorando.

Corri até Caroline e a peguei em meus braços, como se estivesse segurando o mundo. Na verdade eu estava segurando o mundo. O meu mundo. Só meu e de mais ninguém.

Luigi saiu arrastando Adam do quarto e me lançou um olhar pedindo desculpas. Apenas assenti e suspirei, vendo-o fechar a porta. Olhei para Caroline, que tinha o rosto enterrado em meu peito.

Peguei sua blusa que estava jogada no chão e coloquei cuidadosamente nela. Caroline me olhou nos olhos e vi medo neles. Muito medo. Não aguentei e a puxei para me colo, a abraçando mais forte do que da primeira vez.

Ela ainda estava muito trêmula e não parava de chorar. Não sabia o que fazer, então pensei nas coisas que a acalmavam. Música. Encostei minha cabeça na dela e comecei a cantar The A Team.

Cantei o CD inteiro do Ed Sheeran praticamente. Mas deu certo, pois Caroline parou de chorar e de tremer. Depositei um beijo carinhoso em sua testa e afaguei seus cabelos.

- Tudo bem, meu anjo? – sussurrei e ela assentiu. – Ele fez alguma coisa com você? Te machucou?

Caroline hesitou um pouco, ponderando se deveria falar ou não. No final suspirou e me mostrou os pulsos completamente marcados pelas mãos daquele vagabundo. Controlei minha raiva.

- Mais algum lugar? – perguntei.

Ela não falou nada, apenas jogou os cabelos para trás, deixando seu pescoço à mostra. Arregalei os olhos ao ver três vermelhos que amanhã provavelmente estariam bem roxos.

Passei meus dedos delicadamente pela região avermelhada e vi Caroline se contrair um pouco. Deveria estar doendo. Cheguei mais perto de seu pescoço e dei um beijo carinhoso nos vermelhos.

Peguei seus pulsos e fiz a mesma coisa, enquanto ela me olhava chorosa. Me partia o coração vê-la daquele jeito. Se eu pudesse pegava toda sua dor e jogava em mim. Mas infelizmente eu não podia fazer isso.

- Eu prometo que nunca mais deixo um idiota chegar perto de você. – olhei profundamente nos olhos magníficos de Caroline. – Ninguém vai te machucar, meu anjo. Ninguém. – falei pausadamente.

- Obrigada, Louis. – ela se pronunciou pela primeira vez depois do ocorrido.

Resolvi contar para ela que Adam tinha distúrbios psicológicos e ficava louco quando via uma mulher bonita. Quando não tomava seus remédios direito ficava completamente descontrolado e fazia coisas inimagináveis.

- E além disso ele fica com uma força sobrenatural. – comentei passando os dedos levemente sobre os pulsos de Carol.

- Então como você conseguiu bater nele? – ela perguntou me olhando intrigada. Corei violentamente.

- Não sei. – dei de ombros. – Não suporto ver alguém te fazendo mal. – beijei a testa dela novamente.

- Que bom que você chegou, não queria nem um pouco passar por aquilo de novo. – Caroline suspirou aliviada e eu arregalei meus olhos.

- De novo? Como assim de novo? – ela bateu em sua testa e mordeu o lábio inferior, como se estivesse se punindo por ter falado algo que não deveria. – V-você já f-foi...? – não consegui terminar de falar.

- Já. – Carol abaixou a cabeça e eu fiquei em choque. – Quer que eu te conte?

- Se você quiser falar sobre isso, sim. Se não quiser eu entendo completamente. – me afobei ao falar. Não queria pressioná-la a falar nada.

- Tudo aconteceu quando eu tinha 14 anos. – ela suspirou, mas dessa vez parecia angustiada. – A mulher que cuidava de mim sempre me mandava fazer entregas. E a farmácia trabalhava 24h, então eu não tinha descanso.

“Uma noite um cliente ligou e pediu para eu levar um remédio para a filha dele, que estava ardendo em febre. Já se passava das 11 da noite e é muito perigoso no Brasil. Eu tinha muito medo, mas não tinha outra opção.”

“A casa do cliente era muito escondida e ficava entre vários becos. Cenário perfeito para acontecer crimes. Estava andando calmamente quando fui arrastada para um desses becos. E foi lá que tudo aconteceu. Eu fui abusada, violentada e roubada. Não roubaram nada de valor material, mas parte de mim foi roubada.”

Estava completamente chocado. Era informação demais para mim. Não acredito que Caroline foi estuprada. 14 anos? Com 14 anos eu ainda brincava de carrinho! Como alguém é capaz de fazer isso?

- Não conta isso pra ninguém, Louis. Por favor. – ela implorou e eu assenti ainda atordoado.

Apertei Caroline mais em meus braços e escondi minha cabeça no vão de seu pescoço. Realmente, tem muitas coisas que não sabemos sobre seu passado e talvez nunca nem saibamos.

- Obrigada de novo, Louis. Eu devo muitas a você. – ela agarrou minha blusa e se aninhou em meu peito, como sempre fazia quando ia dormir.

- I can’t be no superman, but for you I’ll be super human... – cantei em seu ouvido e vi um sorriso fraco em seus lábios.

Me ajeitei melhor na cama e Caroline se aconchegou em meu peito. Não fazia a mínima ideia de como ia contar isso para minha mãe, para os meninos e principalmente para Niall.

Mas agora isso não importa. Meu anjo está em meus braços e daqui não vai sair tão cedo.