*6 Messes Depois*

POV Miley Onn

Não sentia a falta dele.. amor superado. A fila anda, o mundo gira, algumas pessoas morrem, outras nascem. Qual é, Justin foi só um idiota, dos olhinhos bonitos, da bunda empinadinha, igual a ele existem vários... Aquele sorriso não me encanta e aqueles olhos não me hipnotizam, não mais. Não sou de ficar apertando a mesma tecla, afinal, quem vive de passado é museu.

Okay Miley, quem você está querendo enganar? A si mesma? Só pode.

A verdade é que eu ainda o amo, mesmo que "a fila ande, e o mundo gire" ele vai ser sempre meu Justin... Aquele que me pediu em namoro em um programa de TV, aquele que me deu uma moeda como "amuleto" da sorte, o mesmo que me enganou, me iludiu e me quebrou por completa.

Blé. Eu ainda lembro de nós dois esparramados no sofá às 17:00 de uma terça-feira, vendo Friends — que era a nossa série favorita — e levantando 17:03, para fazer um misto quente, porque é a hora que tem a vinheta e tem o comercial logo após. Comíamos e ríamos como duas crianças de 8 anos e quando dava 17:58 e já tinha acabado, íamos pra sala de jogos, jogar aquele jogo de fliperama, mesmo que ele nunca consiguisse ganhar. Fraco. Eu sempre dizia num tom irônico e baixo porém ainda esperando que ele ouvisse. Imbecil. Ele sempre respondia como se gostasse de cada provocação minha. Mas éramos dois ingênuos. Duas crianças. Acho que foi isso que sempre gostei em nós dois. Simplicidade. Pequenos gestos. Quase mínimos. Mas que me deixava acordada fazendo e refazendo aqui na minha mente. Me lembro também quando saíamos da sala de jogos depois de uma derrota mais do que linda — diante do meu ponto de vista, é claro —  e íamos direto pro subway comer aquele sanduíche de frango que ele tanto apreciava, como se o misto quente das 17:03 não tivesse bastado. Gordo. Só pensava em comer, comer, comer, comer, como se a comida fosse suprir algo que estava faltando ali dentro — que sinceramente eu até hoje não descobri — E então a gente conversava das coisas mais banais do mundo pra não ficar um ambiente constrangedor. Mas o que a gente não sabia é que não existia constrangimento algum quando estávamos perto um do outro. Porque, logo após ele terminar o sanduíche de frango-seco-tipo-subway eu dizia “Me leva pra casa” e me perguntava a causa do seu “Por quê?”. Se era preguiça de levantar o rabo gordo da cadeira ou era por realmente acreditar que minha casa é aonde ele estava. Mas uma coisa é certa; quando a gente ama a gente fica bobo. E eu meio que sou a prova viva disso. Quando a gente ama, tudo é um sinal, desde aquela mísera troca de olhares de no máximo 2 segundos até toda palavra que sai da boca da pessoa. Mas nós dois éramos como Chandler e Mônica. É. Ele era o meu bobão e palhaço com medo de qualquer tipo de compromisso que me fazia rir cada segundo de cada minuto de cada hora de cada dia. E eu era a sua Mônica histérica com minhas manias mais incontroláveis e absurdas que gostava de ter alguém como ele por perto. Mas também éramos como Ross e Rachel. Ambos sabiam que os seus destinos estavam traçados desde sempre porém não se entregavam. Tínhamos lá nossas diferenças e personalidades absurdas mas sabe como dizem né? Peça de quebra-cabeça pra se encaixar não pode ser igual. Mas agora falando sério, repassando tudo, eu realmente achei que ele fosse se apaixonar por mim. Que no meio de uma das nossas gargalhadas vendo Friends depois de uma fala engraçada do Joey, ele iria me olhar e perceber que nossas risadas formavam sintonia, que quando visse aquelas brigas de we were on a break de Ross e Rachel ia perceber que daria tudo para ter do mesmo tipo comigo, nem que seja fazendo papel de bobo tentando reatar pela milésima vez. Porque eu realmente acreditava que depois de chamar ele de fraco em mais uma derrota bem sucedida no fliperama ele iria dizer “seu fraco”. — BLÉ, CLICHÊ.— Eu realmente esperava que em uma dessas idas e vindas ao subway para saciar sua absurda vontade de sanduíche de frango ele iria finalmente admitir que queria fazer isso pelo resto da vida comigo e que no caminho de casa ao invés de se distanciar esperando que eu pegue finalmente a chave perdida na minha bolsa, ele iria ter a atitude de me puxar pra perto e bancar uma de “ladrão”. Mas eu tava certa. Ele realmente é fraco. E se prestasse atenção nas coisas que eu falo, saberia que eu não gosto de garoto maromba. Eu me amarro é num fraco mesmo. Nesse fraquinho aí. Esse que mal sabe se entregar a um sentimento. A verdade é que não sei se ele esperava isso, mas me apaixonei por ele. Mas como diz o outro, “quando a gente se apaixona até os defeitos se tornam qualidades”. E lá estava eu, apaixonada desde o sorriso que é meio torto de lá e cá dependendo da situação e o cheiro adocicado do perfume dele, até a sua mais insuportável mania de roer as unhas. Até que era bonitinho. Mas olha só que tola, logo eu que sempre me vi tão independente diante do mundo me vi dependendo de dele. Mas devo admitir que eu nunca fui do tipo de pessoa mimimi sabe. Não fiz planos para nós dois e nem planejei casamento. Não sabia aonde moraríamos e muito menos qual nome colocariamos em nossos filhos. Porque expectativas atraem decepções. Decepções atraem corações partidos. Mas eu sei. Ele não vai aparecer no meio de uma aula da faculdade com um buquê de flores me pedindo em namoro, nem vai tacar pedrinhas na minha janela de noite para eu ver a serenata que ele preparou com um cara de 50 anos, espanhol, quase engasgando com o próprio bigode e tocando violão enquanto ele canta minha música favorita. Ele não vai, até porque têm vergonha e do jeito que é burro tacaria um pedregulho e quebraria minha janela. Mas sabe. A gente se amava. Ô se amava. Mas eu não acreditava, e ele não sabia. Eu so tinha esperanças, esperanças de que desse vez, somente dessa vez.. tudo desse certo, mas eu..

— Miley, Miley - Disse Harry tentando chamar minha atenção.

— Oi - disse balançando a cabeça negativamente, tentando mandar pra longe todo tipo de pensamento voltado a ele.

— O filme já acabou - disse e eu olhei pra grande tela de cinema, um pouco a nossa frente, nem prestei atençao no bendito filme.. E sim, eu estava saindo com Harry Styles.

— Desculpa, eu estava meio... Desligada.

 — Tudo bem.. Quer dar uma volta? - perguntou atensioso.

 — acho melhor ir pra casa, amanha cedo tenho aula.. E eu to meio cansada.

 — Tudo bem então - ele sorriu.

Fomos em direção ao carro, suspirei pesado, encostando a cabeça no banco e fazendo uma leve careta, minha cabeça parecia que ia explodir, precisava chegar em casa, tomar um banho e me jogar no sofá, passar o resto da tarde comendo, lendo, escutando musica, qualquer coisa.

 — Ta tudo bem Miley? - perguntou Harry.

 — Tudo, so uma dor de cabeça, logo passa - sorri fraco.

Permanecemos em silencio, então ele ligou o radio, estava tocando be alright, novo cd de Justin Bieber, eu mereço? O mundo está conspirando contra mim, não é possivel, troquei a estação e Harry riu de mim.

— Qual é, essa música é chata. - disse bufando.

— Duvido que esse seja o real motivo pelo qual mudou de estação.

— Serio? - perguntei rindo.

— oque?

— que vamos falar sobre meu EX

— sla, vc ainda gosta dele, se quiser podemos falar sobre ele.

— Harry...

— Miley, eu gosto de você ok? demais, você é linda, legal.. e eu te queria pra mim, não em partes.. completamente, mas eu sei o quanto você o ama, e sei que não quer nada comigo a não ser amizade, não vou forçar a bara com você, quero ser seu amigo.. - ele disse e finalmente chegamos na minha casa.

— desculpa ok? - disse e sorri timida, o abracei forte e respirei fundo seu perfume, ele estava certo eu ainda o amava e não poderia iludir alguem tão bom quanto o Harry.

— Até gorduxa.

— ei, gorduxa é a mãe - disse fingindo irritação, ambos rimos beijei sua bochecha e disse

 — até bocó.

Desci do carro acenando pra ele, e logo entrando em casa. Subi correndo pro quarto, bom, nesses 6 messes eu comprei um apartamento, comecei uma carreira solo, tanta coisa aconteceu, risos. Os cortes continuam, eu ainda tenho disturbios alimentares, porem agora eu lido um pouco melhor com isso. Consigo esconder das pessoas, os cortes estão sendo feitos em lugares mais escondidos, e meus fãs, meus fãs são oque eu chamo de tudo. Entrei no twitter pelo iphone, fuçando minha mentions e vendo "você e Harry estão juntos?" ri da quantidade de perguntas iguais que tinha.

e postei, "Não, Harry e eu não estamos juntos, somos grandes amigos, e alias, ele me deve uma barra de chocolate"

Ri guardando o celular e entrando no banheiro, me despi e liguei o chuveiro, nada melhor que um bom banho, fechei os olhos deixando que a agua lavasse meu corpo todo, e rezei mentalmente pra que lavasse e purificasse também minha alma. Terminei meu banho e sai me enrolando na toalha, coloquei uma roupa.

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Fiz um coque no meu cabelo e entrei na cozinha, me sentia faminta, pergunta básica, oque eu iria comer? Precisava ir em um mercado, urgente. Peguei o telefone ligando pra uma pizzaria, me joguei no sofá ligando a tv, passava um filme qualquer, bufei de tedio, precisava do meu melhor amigo, peguei meu celular ligando pra Chaz.

— alo - ouvi sua voz rouca, que me fez sorrir.

— Chaz - sussurrei baixo.

— princesa - ele riu- diga

— ta ocupado?

— não, por que?

— preciso de companhia, preciso que venha pra cá -disse

— emergencia, Miley está deprimida - ele gargalhou- a gente pode ir pra uma festa, que tal?

— otimo, mas amanha tenho aula..

— e você se importa? - ele disse rindo.

— é.. não - ri

— passo ai as 20pm

— okay gato, beijos - disse e desliguei.

Escutei a campainha e eu corri pra abrir a porta, pizza finalmente.

Coloquei a caixa sobre a mesa da cozinha, pegando um pedaço e sentei no balcão comendo. Olhei no relogio e ainda estava cedo, 17 horas, coloquei um filme e deitei pra assistir.

*POV Justin Onn*

Me sinto cansado, passar a noite toda em uma gravadora e acordar 7horas da manha não é facil, não aguento mais isso.

 — Scooter, necessito de folga - disse.

 — Tudo bem JB te dou uma semana, você a aproveita bem e volta com tudo - ele disse e eu sorri, Deus não aguento mais isso.

A 6 messes vem sendo assim, os 6 piores messes de toda a minha vida, eu não consigo dormir de noite, não consigo trabalhar direito, não me sinto bem, não como, não saio.. Eu necessito dela para viver bem, será que só eu percebia isso? Droga Justin.

E ainda sou obrigado a ver capas e mais capas de revistas dela com o mesquinho do Harry filho da puta..

Entrei no carro e fui para casa.

Me joguei na cama e olhei pro teto, a baixinha, como você faz falta..

[...]

— Alo? - disse sonolento.

— Vish, acordei a bela adormecida? - Chaz filho da puta.

— É, você acordou - disse indiferente.

— Liguei pra te convidar pra ir em uma festa .

— Não to afim não.

— Qual é, vai negar festa? Danças, gatinhas? Bora Justin .

— Okay Chaz, eu vou.

— Daqui 30 minutos to ai - ele disse e desligou, 30 minutos? Esse menino é louco?

POV Justin Off

POV Miley Onn

Acordei com o som da TV, droga, to atrasada, me arrumar em 45 minutos não é fácil.

Levantei correndo e entrei no banho, escolhi um vestido, fiz uma trança de lado, uma maquiagem leve, peguei uma bolça de mão, so pra dinheiro, chave e celular, coloquei meu sapato e me olhei no espelho, sorri satisfeita.

http://www.polyvore.com/party/set?id=51820063

Vi um sms do Chaz "Te encontro aqui baixinha. Rua:**********"

Ri, filho da puta me enganou.

Peguei a chave do carro e desci, entrei no carro suspirei olhando no espelho, mandei um beijo pro mesmo, e liguei o som. Essa noite não vai ter ex, nem amigo, nem nada.. Só eu, eu e a diversão, sorri e fui pro local marcado com Chaz.

Entrei na boate e me dirigi a mesa, esbarrei em alguem perto do balcão do bar.

— Caralho, é bom prestar atenção - disse rude, arrumando o vestido.

— M-iley... - Eu reconhecia aquela voz mesmo em outro mundo.

— Justin?

Continua..