POV Melany

Meu pai ficou me encarando por um longo período, em quanto eu tentava não vacilar e correr em seus braços. Só de sentir na pele o medo de perder alguém, eu decidi que não correria o risco novamente. Quero estar mais próxima da minha família do que jamais fui.

– Escute-me Mel... - Ele começou. Sua voz foi interrompida ao meio da frase por uma crise incansável de tosse.A voz fraca e rouca. - Eles descobriram que eu... estou com câncer. A doença começou a imobilizar meus dedos da mão, não consegui segurar o voltante direito.

– O quê? - As palavras saíram quase mortas da minha boca. Meus olhos começaram a acumular água, ao redor deles. Tentava me mostrar forte diante de tal situação. - Não tem mais jeito descobrimos isso... tarde demais. Eu liguei para o pai de Steve, e ele me disse... que o menino conseguiu uma bolsa, na universidade Venice International. - Ele tossiu, dessa vez ainda mais forte. -Você tem... três meses antes de se mudar a Itália com ele... os dois podem dividir um apartamento ou algo do gênero.

– O quê? - Perguntei, dessa vez exaltada - Não! Eu não posso morar com o Steve papai e eu sei que o Sr. vai ficar bom! Tem cura para o câncer, podemos encontrar novos tratamentos, eu me esforço no semestre, faço de tudo para conseguir uma bolsa em uma boa faculdade de Nova Iorque e nós dois vamos seguindo em frente. Não tome decisões precipitadas por favor. E Annabeth? Como ela fica em papai? Nossa casa é o único lar dela.

– Escute bem Melany, Annie se casa daqui a dois meses e vai morar na casa do Percy. Nossa estadia aqui durará três meses ou seja, teremos tempo suficiente para acomodá-la em casa. - Foi cortado novamente pela tosse - Não queria fazer isso, não queria passar por isso filha, mas não escolhemos nosso destino.

As lágrimas já desciam pelo meu rosto. Não pudia acreditar no que escutava! Sai correndo do quarto com os olhos vermelhos e soluçando, muito. Correndo no corredor sinto duas mãos grandes envolverem minha cintura, e sem nem ao menos ligar para quem quer que seja, afundo minha cabeça em seu peito molhando sua camisa com as minhas lágrimas. Ele acaricia os meus cabelos e quando me dou conta de quem por causa da voz, me separo bruscamente.

– O que houve? - Steve perguntou se aproximando mais - Mel, seu pai já deve ter te contado né? - Assenti fechando os olhos, eu permiti que todas as lágrimas guardadas saíssem. - Eu sinto muito. - Foi o que disse antes de me abraçar novamente, me dando um beijo demorado no topo da cabeça. - O real motivo de não querer deixar a cidade é o seu namorado, né? - Fiz que sim com a cabeça, não tinha mais motivos para impedir com que as lágrimas se derramassem.

– Solta. Ela. Agora! - Escutei alguém dizer entre-dentes atrás de nós. Me virei a ponto de ver Nico nos encarar com um olhar furioso. Meu coração freou uma batida, mas logo deixei lágrimas caírem.

– Não faça nada com ele Nico, só estava me ajudando. - Seu olhar se tornou confuso e eu apenas rolei os olhos. - Ele estava me reconfortando, acabei de descobrir algo... - Novamente me permiti entrar no abraço carinhoso de Steve. Não sei porque, mas com ele eu sentia que estava sendo abraçada por um irmão, e era o que eu mais precisava naquele momento.

– O que houve com o seu pai, Mel? - Perguntou meu namorado tocando de leve minha mão. Esse gesto me fez separar-me de Steve delicadamente e encará-lo por um breve segundo, caindo dessa vez, no abraço carinhoso e super protetor de Nico.

– Não posso dizer... - Eu tentava formular essa frase em meio as minhas lágrimas. Ele acariciava os meus cabelos, e tudo que eu consegui fazer foi me afogar ainda mas em minhas lágrimas.

Nico não me deixou voltar pra casa, ele disse que em quanto meus pai estivesse no hospital eu seria sua hóspede. Ele conversou brevemente com seus pais que, ao contrário do que eu esperava, me acolheram de braços abertos. Eu sorri ao encará-los, Nico tinha uma família de verdade.

– Estão todos emocionados por que gente? - Perguntou a irmã dele, Bianca entrando na sala. - Por acaso descobriram que o meu bebê é um menino?

– Menino? - Os olhos de Hades brilharam, e ele correu em encontro com a filha lhe tocando o ventre rapidamente.

– Ela fez a ultrassonografia - Explicou Leo - São gêmeos, meninos. Bom, teremos companheiros para o time de futebol.

– Ou... temos o próximo modelo mais bem pago do mundo! - Corrigiu Maria, que foi apoiada por mim e Bianca imediatamente.

– Ahn... aproveitando a família inteira aqui, eu gostaria de dizer que a minha namorada, Melany Seyfild, vai morar com a gente tempo indeterminado. O pai dela sofreu um acidente e está no hospital, e eu sou inteligente o suficiente para convidá-la a ficar aqui.

– Isso vai ser ótimo! - Gritou Bia - Eu sempre quis ter uma irmã, mesmo que ela seja a namorada do mala do meu irmão. - Sorri.

– Mas... Mel você ainda não me contou sobre a conversa que teve com o seu pai. - Replicou Nico - O que vocês conversaram que foi tão forte a ponto de te deixar naquele estado? - Travei por completo.

– É meio pessoal Nico... - Comecei - Eu... só me deixei levar pelo calor do momento em ver meu pai inerte naquela cama, e deixei que as lágrimas caíssem. Nada demais eu juro.

– O Steve parecia saber o que estava acontecendo com você. - Rolei os olhos. O ciúmes era vidente em seus olhos.

– Escuta Nico - Foi a vez dele rolar os olhos -, Steve está metido nisso tanto quanto eu, e em breve você vai saber o que está acontecendo, mas por em quanto... por favor não pergunta mais nada. Juro que só Steve sabe o que está acontecendo, nem a Annie sabe, imagina o drama que estou vivendo!

– Falando em Annabeth - Maria interrompeu Nico que jazia com a boca aberta tentando formular alguma frase -, o casamento dela e do Percy será perfeito, será todo programado por mim! - Todos sorrimos. - Nico e Mel serão os padrinhos, a Annie fez questão em? E assim por diante sabem? Katie e Travis, Bianca e Leo... enfim, os amigos mais próximos.

– O.K - Hades interrompeu a esposa - Então, Nico que tal se você mostrasse a Melany o quarto dela?

– Claro... - Ele respondeu dando de ombros. - Vem Mel! - Ele me puxou pela mão e não pude evitar soltar uma risadinha sem graça.

Nico me guiou até um quarto afastado dos demais. Assim que entrei no quarto, percebi que não era o de hóspedes. A sua decoração era toda e completamente preta, escura. Uma combinação perfeita de Nico.

– Minha intuição me diz que esse quarto não é o meu... - Me finjo de desentendida.

– É sim! - Ele me responde. Monto em meu rosto uma expressão confusa, e ele apenas rola os olhos. - Bianca e Leo estão ocupando o quarto de hóspedes, você vai ter que ficar comigo aqui. - Disse se jogando na cama.

– Isso não faz sentido. E o quarto da Bianca?

– Quando ela foi em bora, meu pai reformou ele. Agora é um escritório. -Fiquei bastante desconfortável, confesso - Qual é Mel? Acha mesmo que eu vou fazer alguma coisa contra a sua vontade?

– Eu sei que não Nico mais de qualquer forma é estranho. Estamos namorando a menos de dois dias.

– É, eu sei. Mas... eu sinto como se eu te conhecesse por muito mais tempo. - Sorri. Era exatamente o que eu sentia. Ele bateu a mão em seu lado esquerdo da cama (que era de casal), e eu me direcionei até lá. Deitei-me em seu peito, e ele começou a acariciar as minhas costas.

– Agora me conta vai! O que você falou com o seu pai?

– Boa noite, Nico. - Respondi indo desligar as luzes e deitando-me ao lado dele logo em seguida. Pude o ouvir bufar, e isso fez com que eu abrisse um pequeno sorriso antes de me entregar ao mundo dos sonhos.