[Tom]

Acordei com uma enorme dor de cabeça, parecia que tudo iria explodir. Queria poder lembrar o que aconteceu para eu estar dessa maneira, mas era em vão, era como se tivessem apagado tudo de minha mente.

Levantei vagarosamente sentindo tudo girar, fui até o banheiro e tomei um banho o que me fez sentir-me melhor. Após colocar uma roupa descente, já que havia acordado somente de Box, o que me deixou mais intrigado para saber o que havia acontecido, desci e lá estava ela, encolhida em uma beirada do sofá, parecendo estar perdida em seus pensamentos. Perguntava-me como podia ser tão linda? Um sorriso bobo tomava conta de meus lábios, uma vontade de tomá-la em meus braços e, dizer tudo o que realmente sinto pedir que me perdoe, dizer que eu fui um idiota, um tolo ao fazer tudo o que fiz a ela. Mas eu sabia o quão magoada estava e, era melhor lhe dar um tempo, a mim só restava torcer para que um dia me perdoasse.

Laura estava tão distraída, que nem percebeu minha presença.

– Tom! Ela olhou-me assustada após eu, desnorteado, ter tropeçado e derrubado um vaso no chão.

– Ah me desculpe não queria tê-la assustado.

– Tudo bem. Ela ainda me olhava de uma maneira estranha como se estivesse com medo de algo.

– O que aconteceu ontem à noite? Perguntei na esperança dela me informar algo, já que nada lembrava.

– O... Que aconteceu ontem? Sua voz era trêmula.

– É, o que aconteceu. Não me lembro de nada.

– Ah. – Sorriu, aliviada? Estava estranhando sua reação. – Bom você bebeu um pouco fora do normal e...

– Como vim para casa? A interrompi.

– Você me deu a chave do carro. Vim dirigindo.

– E depois o que aconteceu?

– Co... Como assim o que aconteceu depois?

– Depois que chegamos, sei lá, aconteceu algo, você está estranha.

– Estranha? Impressão sua.

– Não sei ainda não me disse o que aconteceu?

– Nada. Não aconteceu nada, a gente chegou e você subiu aí se aconteceu algo depois eu não sei. Sorriu.

Antes que eu dissesse algo fui interrompido pelo celular de Laura, que pareceu agradecer, assim ela pode sair dali, como uma adolescente que escapa de um castigo que lhe é imposto pelos pais.

Laura estava estranha, eu sentia que havia acontecido algo e, ela não queria me contar.

Subi para meu quarto e fiquei a pensar no que poderia ter acontecido. Em meio à cama literalmente bagunçada um pequeno objeto metálico me chamou a atenção, quando o peguei em mãos vi que era um anel de laçinho, o que Laura usava na noite anterior, disso eu recordava. Mas o que o anel dela fazia em minha cama? Só então algumas coisas se tornaram nítidas em minha mente e, eu não acreditava que aquilo podia ter acontecido.

[Laura]

“ Tom estava bêbado, parecia transtornado, ou algo parecido, não desgrudava os olhos de mim, o que estava me fazendo sentir-me desconfortável.

Quanto mais me olhava, mais bebia. Eu estava impaciente queria poder beber algo para relaxar, para aliviar esse desconforto causado por Tom, mas eu não podia por causa dessa maldita alergia. Cautelosamente escolhi uma bebida que eu sabia que não continha tanto teor alcoólico, e que não me faria mal depois. Em apenas um gole bebi tudo e, lógico que Kika e Bill não estavam por perto, se não jamais me deixariam beber.

Os olhares de Tom já não me incomodavam tanto, fiquei observando as pessoas que ali dançavam quando Tom veio até mim e, o que me surpreendeu, entregou-me a chave do carro e em um único movimento me puxou junto de si para fora do local da festa, me deixando completamente confusa.

Já no estacionamento, ele abriu a porta do caroneiro e entrou o que me deixou ainda mais confusa, eu não sabia por que dele ter feito aquilo, só então entendi que era pra mim dirigir, mas eu não queria isso. Lembrando-me da última vez que conduzi seu carro, a tamanha briga que arranjei.

– Espera Tom. – Disse impedindo-o de fechar a porta. – Eu não vou dirigir!

– E por que não? Apesar de estar bêbado ele parecia sóbrio.

– Por que ninguém dirige seu carro?

– Sem minha autorização. – Ele riu. – Eu lhe dei a chave e, não estou a fim de dirigir. Fechou a porta.

Bufando fui até o outro lado do automóvel e entrei. Liguei o carro e dei partida. Durante todo o percurso dirigia furiosamente, eu estava com raiva, ódio, da pessoa ao meu lado, mas ao mesmo tempo ficava feliz por ele estar ali comigo e não com outra garota qualquer, meus sentimentos eram completamente bipolares.

Já em casa, Tom parecia confuso entre enfrentar a enorme escada, ou não. Eu apenas ria da situação vendo-o tentar subir os degraus e quase ter alguns possíveis tombos. Fui até ele e o segurei pelo braço, ajudando-o a subir. Com dificuldade, depois de um longo tempo chegamos ao topo. Cheguei à conclusão que escadas eram inimigas de pessoas sobre o efeito do álcool.

– Já te disseram que você fica maravilhosa nesse vestido? Ele me disse passando a língua sobre aquele maldito piercing que me deixava louca. Automaticamente senti minhas bochechas corarem.

– Ei! – Ele levou a mão em meu queixo, me fazendo erguer o rosto para encará-lo. – Não precisa ficar com vergonha, você é linda de qualquer forma, independentemente da roupa que usar, você é perfeita. Seu rosto estava tão próximo ao meu que podia sentir sua respiração ofegante.

– Por favor, Tom, para. Não faz isso comigo. Disse me afastando dele, mas sendo impedida pelo mesmo.

– Laura! – Me segurou pelo braço. – Eu amo você. Sabe quando algo faz você flutuar? Seu coração disparar? Era assim que eu me sentia ao ouvir aquilo.

– Quê? Ainda não conseguia acreditar, nem digerir o que ele havia dito.

– Eu amo você Laura. E não venha dizer que eu estou bêbado demais, ou qualquer outra coisa, porque é isso que eu sinto e não me peça pra te esquecer, eu não vou.

Lentamente foi se aproximando de mim até nenhum espaço restar entre nossas bocas. Iniciou um beijo calmo e sereno que aos poucos foi se tornando urgente. Há essas horas não restava sanidade alguma em mim e, sem pensar, raciocinar havia se tornado impossível, eu me entreguei a ele...”

As lembranças da noite anterior invadiam minha mente e, agora eu não sabia o que fazer, falar, ou a maneira que devia agir eu não sabia se aquilo havia sido certo ou errado, mas agora já estava feito só restava saber qual seriam as consequências.