Peeping Tom

Ele sentia medo.

                Ele se sentia inseguro.

                Cada vez que ela o tocava.

                As mãos gentis. Quentes. Reconfortantes. Atravessando sua pele e se aproximando de um lugar que parecia muito com seu coração.

                Por mais que ela insistisse, ele não merecia aquilo.

                Ele não entendia. Como ele, Tom Riddle, mereceria algum tipo de afeição?

                Ele, que assistira a vida dos outros escapar por seus dedos, tantas e tantas vezes. Sem nenhum tipo de remorso, emoção.

                Agora parecia que a vida dela era mais importante.

                Sentia-se constantemente como um espião, enxergando atrás de uma cortina, a visão embaçada. Os toques tão próximos e tão distantes.

                Não acreditava, não havia nada para acreditar.

                Permitir-se crer em algo que estivera longe de sua mente, sua vida. Algo que nunca chegara nem perto de si mesmo.

                Amor e paixão não existiam, eram apenas ilusões criadas por mentes necessitadas de atenção.

                Só serviam para enfraquecer. Esmagar qualquer resquício de bom-senso e racionalidade.

                Hermione não entendia.

                Hermione não via o que ele constantemente enxergava.

                Mas mesmo assim ela conseguia ter aquele brilho no olhar... Aquela coisa terrivelmente quente em seus olhos âmbar. Olhos que o lembravam de corujas. Aqueles olhos tão novos e cheios de sabedoria.

                Ele sabia muito mais do que ela, mas ela ensinava tudo para ele.

                Riddle não possuía conhecimento sobre o que entendia.

                E ele tinha medo.

                Ele continuava a ter medo.