Ps: I Love You escrita por Ghst


Capítulo 35
Capítulo 34 - Home is where the heart is




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- Certo, me expliquem novamente, por que não estamos executando o nosso simples plano maligno hoje? – perguntou Winter, segundando os materiais com firmeza nas mãos, enquanto adentrava a escola ao lado de Júlia e Kenna.
- Para o impacto ser maior, na segunda feira... – explicou Júlia, de maneira acadêmica. – O fim de semana trás um sentimento de relaxamento e tranqüilidade aos ignorantes dessa espelunca, entende? Quando cheguarem na segunda-feira, esgotados, cansados e com sono, terão um impacto maior.
Winter apenas abriu a boca, em compreensão.
Kenna riu e elas sairam andando, esbarrando em um Jimmy apressado, que corria na direção oposta.
- Oi pra você também, Sullivan! – gritou Kenna.
O rapaz se virou para elas e sorriu amarelo, realmente parecendo apressado.
- Oi, Kenna, tudo bom? – ele ouviu o relógio de pulso apitar e olhou as horas. – Ai, desculpa aí, mas eu tenho que correr. Tchau meninas.
Kenna riu e olhou para as amigas, espantada.
- É minha impressão ou o popzinho da escola sorriu e falou com as losers em público?
As outras duas riram, voltando a andar.
- Sabe. – Júlia começou. – Isso não faz diferença mesmo.
Winter sorriu maldosamente.
- Se os adolescentes dessa escola são como pensamos que eles são – e eles são – segunda feira nós não seremos mais losers!
As outras concordoram, encerrando o assunto ao ver que Leana as observava, parecendo irritada.

-X-

- E então, tá tudo certo? – Matt perguntou a Jimmy, na saída da escola, sexta-feira.
- Está... Tudo certo. – ele sorriu. – Você conseguiu treinar em casa?
Matt sorriu concordando.
- Man, eu sou foda, entenda isso!
- Foi você que me xingou quando tive a idéia.
Matt deu os ombros.
- Never mind... Até porque a pronuncia ainda não esta boa. O linguinha difícil, ein?
- Também achei... Mas o importante é que tudo esteja pronto pra amanha.
Matt bateu no ombro do amigo, vendo os demais se aproximarem.
- Vai estar, my friend.. . Vai estar...

-X-

- MATT, SEU PUTO! – gritou Winter, atendendo o celular.
- Bom dia pra você também, flor do dia. – ele disse do outro lado da linha.
- Não vem com essa, queridinho, por que razão, motivo ou circunstancia você está me ligando em pleno sábado... – ela consultou o relógio de cabeceira. – AS SETE E MEIA DA MANHA?
- Nossa, eu, como uma boa alma, liguei para a minha melhor amiga ever, querendo chamá-la para sair, e é assim que sou tratado! – ele disse, fingindo arrependimento. – Esta bem, mofe na sua cama, apodreça aí durante o seu sábado inteiro, ingrata!
Ela riu sozinha.
- Diz o que você quer, drama queen.
- Já disse, te chamar para sair. Eu to louco pra tomar sorvete numa sorveteria nova que abriu semana passada, mas ninguém me ama o suficiente para ir comigo, nem o inútil que dorme no quarto ao lado do seu.
- Você ligou pra ele?
- Liguei, a reação dele foi melhor e pior que a sua ao mesmo tempo.
- Por que?
- Ele não me xingou, que nem você, mas desligou o telefone na minha cara.
- Hum... Ta bom então, já que você é um pobre coitado, infeliz, eu vou com você. Vem me pegar aqui em meia hora?
- Claro... E a propósito, obrigado pelo “pobre coitado, infeliz”.
Ela riu.
- De nada, honey. Te vejo lá. – disse e desligou o celular.
Winter riu sozinha no seu quarto, levantando-se.
Seria bom um dia ao lado de Matt, sem as amigas e nem os outros rapazes, pra variar.

-X-

- Certo, eu tenho que admitir, esse sorvete é muito bom! – ela disse rindo, pegando um guardanapo de papel e limpando a boca.
- Eu disse que era bom – Matt sorriu vitorioso. – Agora todos os incompetentes que me rejeitaram se arrependeram de terem me rejeitado.
- Matthew, você acordou todos eles as sete e meia, em um sábado. O que você queria, flores?
- Só se fossem lírios brancos. – ele disse, rindo afeminadamente.
- Você é uma bicha!
- E você preconceituosa!
Winter riu, levando mais sorvete até a boca.

Matthew Sanders era, sem dúvidas, a pessoa mais estranha que ela já tinha visto. Ela amava a capacidade que o amigo tinha de ser racional e sério em alguns momentos, sempre parecendo saber tomar a decisão certa e, em outros momentos, ser um completo palhaço, idiota e retardado que não conseguia falar nada que realmente prestasse. Parecia ser duas pessoas diferentes em uma só.
- Matt, eu não aguento mais. – ela empurrou a tijela plástica, agora vazia.
- Eu ficaria assustado se você aguentasse. – ele riu, vendo a cara que ela fazia. – Nem adianta me olhar assim, você já enxeu esse potinho três vezes.
- Grande coisa, você ainda está comendo seu quarto, seu boi!
- Eu – ele apontou para si mesmo. – sou uma criança em desenvolvimento.
- A única criança em desenvolvimento é o Zacky, e é desenvolvimento de massa cefálica, não corporal.
O menino entortou a boca, pensativo.
- Eu acho que posso considerar isso um elogio.
- É, vai nessa! – ela suspirou alto, vendo ele limpar a boca e também empurrar o resto de sorvete. – Matt, eu quero voltar.
- Já?
- Já? Honey, você demorou duas horas pra me pegar em casa, parou naquele parquinho e enrolou por mais três horas inteiras, daí me arrastou para almoçar no shopping e, agora nós estamos há, pelo menos, umas duas horas aqui. Você tem noção que passamos a tarde inteira juntos?
Ele riu, abanando a mão.
- Isso é detalhe... A gente agora pode começar a viver um romance, né?
Ela gargalhou alto.
- Matthew, você tomou gardenau hoje? Ou isso é efeito de alguma substância alucinógena?
- Se o efeito das duas é o mesmo, isso não realmente interessa, né? – ele observou, como se aquilo fosse uma incrível descoberta gramatical.
- Cala a boca, se não eu não vou ter nenhum romance com você!
- Isso quer dizer que se eu ficar quieto eu te conquisto, gatinha?
Ela riu de novo. Rir era algo que tinha feito muito durante aquele dia.
Era engraçado fazer esse tipo de “brincadeira” com ele e ela sentia que estava, cada vez mais, aprendendo a jogar aquele jogo.

Ela inclinou-se sobre a mesa, com um olhar sedutor, ficando bem proxima a ele.
- É a sua única chance, garanhão.
Ele passou os dedos pela boca, fingindo fechar um ziper.
Win sorriu docemente para o amigo.
- Vamos agora, por favor.
Ele apenas resmungou, mostrando que não iria dizer nada e ela acabou dando-lhe um tapinha no ombro.
- Nós vamos agora, Matthew Sanders, eu estou cansada de você. – ela disse, vendo ele deixar o dinheiro dos sorvetes em cima da mesa, como a garçonete pedira.
Ele demorou a computar as palavras dela, e depois lançou um olhar irritado a menina.
- Corre, dude. CORRE!
Ela riu, e saiu correndo dele, que foi logo atrás, querendo fazê-la engolir as próprias palavras.

-X-

- EU! TO! CANSADA! – Winter gritou pausadamente, correndo os últimos passos que conseguia até a frente da casa dos Sullivan.
Ela deixou-se cair na grama do jardim à frente, enquanto o rapaz também dava os últimos passos, parando e tomando fôlego com as mãos apoiadas nos joelhos.
- Cara, bem que disseram que as anãs correm mais rápido! – ele reclamou, ofegante.
- Cuidado com o que diz, minhas pernas está em posição estratégica. – ela disse ameaçadora.
O rapaz então notou que a perna direita da menina repusava no chão, bem abaixo dele, entre as próprias pernas.
Ele pulou para o lado, e puxou a mão dela, levantando-a.
- Você não vai nem me deixar descançar?
- Não, acabou meu turno. – ele disse sorrindo. – Agora é a vez do meu amigo, Sullivan.
O sorriso no rosto dela diminuiu significativamente.
- Como assim?
Matt balançou a cabeça, indicando a casa do amigo.
- Entra lá.
Ela pegou a mão dele e foi puxando-o para a casa, junto de si.
Entrou e só viu o escuro no lugar. Lá fora o sol também já se punha.
- O que é que...
Ela nem conseguiu terminar de dizer, foi interrompida pelas luzes, que se acenderam repentinamente, revelando a casa com uma decoração completamente diferente.
As cores verde, amarelo e azul pareciam ter invadido o lugar completamente, prenchendo-o em todos os cantos.

Gritos de parabéns ecoaram de todos os cantos, revelando as pessoas que antes se escondiam.
Win estava complatemanete atordoada. Lá estavam todos os seus amigos e os parentes mais proximos de suas respectivas famílias, com exceção da dela, obviamente.
Estavam todos vestidos com roupas diferentes, em cores diferentes, mas nenhuma delas deixava de carregar a inscrição: BRAZIL.
Havia uma mesa cheia de comidas e doces que, sem nenhuma dúvida, eram típicamente brasileiros. Nada que um californiana ou canadense usaria em uma festa, mas tudo que não poderia faltar em um aniversário brasileiro.
Ela viu beijinhos, brigadeiros, sucos e refrigerantes e ainda um enorme bolo de chocolate com morango.
Olhou para os lados e Matt não estava mais lá.
Ela viu, pela porta de vidro que dava para o quintal, um tipo de palco, montado junto ao muro. Este enfeitado em azul e branco.
Sorrindo abertamente, mas com os olhos cheios de lágrimas, ela foi, abraçada a Júlia e Kenna, que diziam coisas as quais ela nem conseguia prestar atenção, até lá fora.
Todos a comprimentavam e entregavam presentes, mas ela não dava atenção a isso. o pouca neve que vinha com o começo de Abril havia sido substituída por areia, simulando o que ela sabia ser uma praia igual as da sua terra natal.
Ela viu Leana ali, mas não deu a mínima para a menina. Uma música que ela conhecia perfeitamente bem começava a ecoar pelo lugar e, já fora no quintal, ela via que Matt, Zacky, Johnny, Synsyter e Jimmy que a tocavam.
- Não tem ninguém que mereça tanto essa música quando a brasileirinha que a gente mais gosta. – disse Jimmy, envergonhado, procurando ser suave e não causar nenhuma reação ruim da parte de Leana.
Então, a música começou.
Winter ainda riu, quando, depois de ver Jimmy começar a tocar a música, Matt mexeu a boca, dizendo silenciosamente: “idéia dele, gatinha”, e então, começou a cantar.

Seus olhos de tom verde avelã

observando todo movimento que faço
E aquele sentimento de dúvida, está apagado
Eu nunca vou me sentir sozinho com você do meu lado
Você é unica, e em você eu confio

Win riu alegre, vendo como a prununcia deles era fortemente marcada pelo sotaque Americano. Aquilo deixava, aos olhos da menina, a música muito mais “fofa”.
Ela sabia que eles deviam ter treinado muito para conseguir cantar aquela música e isso fazia surgir um sentimento de orgulho pelos “seus garotos”.

E nós passamos por bons e maus momentos.
Mas seu amor incondicional esteve sempre em minha mente
Você esteve lá desde o começo pra mim
E seu amor sempre foi verdadeiro como pode ser

Matt e Zacky cantavam bem, uma ajudando o outro no backvocals, mas ela realmente sorriu quando viu o maior encaixar seu microfone em um suporte bem à frente de Jimmy.
Era a primeira vez que o veria cantar.

Eu dei meu coração pra você
Eu dei meu coração,

por que nada pode se comparar

neste mundo com você

Mais lágrimas vieram aos seus olhos e ela sorriu ainda mais.
Ele claramente sabia pronunciar o português melhor que Matt e Zacky, e talvez isso não o deixasse tão... Tão “engraçadinho” como os amigos eram, fazendo-a ter vontade de apertar-lhes as bochechas, mas ainda assim, ela estava amando a maneira como ele cantava sem tirar os olhos azuis de cima dela.
Por que era tão melhor quando ela ouvia a voz dele daquele jeito? Era tão calma, tão suave, tão... Pra ela.

Eu dei meu coração pra você
Eu dei meu coração,

por que nada pode se comparar

neste mundo com você

Jimmy terminou e tocou alguma coisa na sua bateria que ela sabia ser improvisada. Riu sozinha, sentindo-se plenamente feliz.
O sorriso dela tornou-se ainda mais largo quando, encarando-a no fundo dos olhos, Jimmy mexeu a boca de maneira que ficasse evidente o que ele queria dizer.
Ela confirmou com a cabeça, lendo nos lábios do rapaz: “forgive me”.


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