Kokoro No Shiki escrita por Konohana
Todos os guardiões olhavam para Tadase sem acreditar. O pequeno loiro estava com um caderno erguido, para que pudesse se comunicar. Kukai tentava se segurar para não rir da situação do rei, afinal, era engraçado vê-lo daquele jeito. Amu olhava para ele apiedada, sem saber o que dizer. Já Yaya estava bolando mil e um planos para abusar da condição do loiro.
Foi naquele momento, em que ninguém sabia o que fazer sobre a condição do rei, que Nagihiko chegou ao Royal Garden. Ele estava com uma calça jeans escura larga nas pernas, uma camisa azul-marinho com uma estampa abstrata em branco e vermelho. Em sua cabeça um boné preto e azul virado para o lado e embaixo de seu braço havia um skate, cuja prancha tinha o desenho de um dragão branco e azul. Voando ao seu lado estava Rhythm que também segurava um skate.
- Yo – cumprimentou ele, pulando os degraus da plataforma de dois em dois. – Por que estão com essas caras? Alguém morreu? – indagou, ao ver a expressão preocupada de todos ali.
- Sim, a voz do Tadase – respondeu Yaya, não conseguindo se conter e rindo da condição do garoto.
- Yaya pare de fazer piadas! A coisa é série! – exclamou Amu, lançando um olhar irritado para a Às. – O Tadase-kun perdeu a voz ontem e não consegue falar mais.
Nagihiko sentiu sua boca se abrir em espanto, olhando fixamente para o loiro, que ao perceber seu olhar, corou e desviou os olhos. Se Tadase, desde ontem não conseguia falar, isso significava que talvez Nagihiko não houvesse conseguido uma resposta porque o loiro não conseguia falar! Nagihiko teve que conter a vontade de sorrir, pois em uma situação como aquela, isso poderia ser julgado da forma errada.
- Mas não o levaram a um médico? – indagou, olhando para todos à espera de uma resposta.
- Os pais do Tadase o levaram ontem, quando ele chegou em casa – respondeu Kiseki, que estava realmente preocupado com a condição em que o dono se encontrava. – Mas o médico disse que não havia nada errado com as cordas vocais do Tadase, e que provavelmente deveria ser psicológico, ou algo assim. Disseram que deveriam dar um tempo, para ver se ele voltava a falar espontaneamente.
- Hm… entendo. Deve ser difícil para você, não é mesmo Hotori-kun? – indagou Nagihiko, olhando para o loiro.
Tadase encarou seus olhos e depois os abaixou, olhando para o caderno que carregava consigo. Nagihiko o viu escrever rapidamente para depois erguê-lo: “Estou bem. Não se preocupe.” Eram as palavras que o loiro havia escrito.
- Entendo, espero que você fique melhor Hotori-kun – desejou, sorrindo gentilmente para o garoto. – Eu vim convidá-los para passarem o fim de semana lá em casa, mas acho que você não vai poder assim, não é mesmo?
- Ahm? O fim de semana na sua casa? Sua mãe deixou? – indagou Amu surpresa, sabendo que a mãe de Nadeshiko era realmente rigorosa, por tanto, não parecia ser do feitio dela permitir algo como aquilo.
- Minha mãe foi para Paris ontem à noite – explicou Nagihiko, sorrindo com a surpresa da rosada. – Estamos apenas eu, Baya e o meu tio. E eles deixaram.
- A Yaya também pode ir? Ou é só para meninos? – indagou Yaya, com os olhinhos brilhantes.
- É um convite para todos – afirmou Nagihiko, dando uma risada ao ver a expressão da ruiva. – Meu tio é mais liberal do que a minha mãe, então ele me deixou convidar a todos. Se vocês não tiverem nada planejado, é claro.
- Yaya vai! – gritou à ruivinha, dando pulinhos de alegria.
- Conte comigo, hoje eu terei a minha revanche daquela queda de braço – afirmou Kukai, sorrindo de forma confiante.
- Eu tenho que ligar para a minha família, mas acho que eles vão deixar – respondeu Amu, dando um sorriso animado. Já fazia muito tempo desde a última vez que havia ido à casa de Nadeshiko.
- Que bom – comentou Nagi, dando um sorriso e depois olhando para o loiro. – E você Hotori-kun? Quer vir?
Os olhos carmesins se fixaram dos âmbares. A verdadeira razão de Nagihiko convidar a todos, era apenas um pretexto para poder fazer com que o loiro conhecesse melhor seu lado masculino, e assim talvez se apaixonasse por ele. Tadase conhecia apenas Nadeshiko. Ele só conhecia seu lado mulher. Queria mostrar a ele o seu lado masculino. Um lado diferente do de Nadeshiko.
Tadase corou um pouco com o olhar expectante que recebia. Abaixou o olhar e voltou a escrever rapidamente no caderno, para depois erguê-lo: “Vou adorar ir.” Era a resposta do loiro, que fez com que Nagihiko sorrisse satisfeito. Pelo menos Tadase não parecia querer evita-lo.
Os próximos minutos foram usados para que os guardiões pedissem autorizações para seus pais e arrumassem pequenas malas para irem a casa de Nagihiko. Amu foi a que mais demorou, simplesmente porque seu pai não queria deixar que sua filhinha dormisse em uma casa onde haveria homens, mas depois de alguns minutos e com a ajuda de sua mãe, ela conseguiu convencê-lo.
Agora os cinco caminhavam em direção à casa de Nagihiko em meio a uma conversa animada. O garoto estava em cima de seu skate, deslizando de forma lenta para acompanhar a todos. Tadase, no entanto, não estava conseguindo prestar atenção em nada na conversa, apenas conseguia olhar para Nagihiko. Via a forma como os olhos âmbares brilhavam em confiança. O jeito como aquelas roupas masculino lhe dava um ar completamente diferente do de Nadeshiko.
“Talvez seja absurdo… mas… Fujisaki-kun parece ser mais atraente do que a Fujisaki-san…” pensou, sem conseguir deixar de corar um pouco mais, ao ver que Nagi havia percebido seu olhar, lhe forçando a parar de olhá-lo com tanta insistência. “Eu queria poder dizer a ele o que penso… ontem não consegui… e agora que perdi a voz…” Ergueu a mão tocando a garganta. “Eu quero poder falar logo…”
Todos pararam de andar ao escutarem um grito feminino.
- Ladrão! Socorro!
Eles olharam para ver o que estava acontecendo, vendo então um homem correndo segurando uma bolsa vermelha, sendo perseguido por uma mulher de aparentes trinta anos. Todos se assustaram enquanto observavam o homem se aproximar. Instintivamente, os guardiões se afastaram com medo, mas Nagihiko não mexeu um único músculo.
- Fujisaki, o que está fazendo? – indagou Kukai, assustado vendo que o garoto não se mexia.
- Você vai se machucar! – gritou Yaya, apavorada com a situação.
Nagihiko deu um sorriso de lado ao escutar aquilo. Ele jamais poderia ignorar uma situação como aquela. Não sendo um Fujisaki. Separou um pouco as pernas, firmando-as no chão com mais pressão, deixando os braços tensos ao lado de seu corpo.
Quando o homem estava a menos de um metro e meio de distante, Nagihiko fechou os olhos, como se estivesse pronto para receber o empurram que certamente ganharia.
- Saia da frente moleque! – escutou o ladrão gritar, enquanto ele erguia o braço para emburrá-lo. Aquele foi o erro do ladrão.
Nagihiko abriu os olhos quando o braço estava a centímetros de sua cabeça, erguendo uma das mãos e circulando em torno do braço do ladrão, para então torcê-lo com força, levando a outra mão livro para o pescoço do homem apertando com certa força, usando uma das pernas para lhe dar uma rasteira e jogar o homem no chão.
Todos os guardiões olhavam a cena sem acreditar, suas bocas abertas e olhos arregalados em espanto. Viram Nagihiko dominar complemente um homem com três vezes seu peso e duas vezes seu tamanho.
- Chamem a polícia – mandou Nagihiko, que continuava aplicando pressão no pescoço do homem, enquanto mantinha o braço torcido preso nas costas.
Amu piscou e puxou o celular ainda um pouco atônica, discando o número da polícia. A mulher que havia sido roubada os alcançou, com os olhos brilhando em lágrimas surpresa e encantada por ver uma criança ser capaz de imobilizar daquela forma um ladrão.
Alguns minutos depois, uma viatura chegou e levou o bandido. Os policiais estavam completamente em choque ao ver quem havia sido a pessoa a deter o ladrão. Depois que eles levaram o homem e Nagihiko devolveu a bolsa para a mulher, os guardiões finalmente haviam recuperado o dom da fala.
- Você é louco? Aquele cara podia ter acabado com você! – gritou Kukai, que ainda estava um tanto nervoso.
- Sugoi! Yaya só tinha visto isso em filmes! Nagi sugoi! – exclamou Yaya pulando em volta do garoto.
- Você está bem, Nagihiko-kun? – indagou Amu, olhando preocupada para o irmão de sua melhor amiga.
- Daijoubu – afirmou, sorrindo para todos. – Eu só fiz o que qualquer um da minha família faria.
- Duvido que a Nadeshiko fizesse algo assim – contrapôs Kukai, que já estava começando a se acalmar.
- Gomen, acho que usei o termo errado – desculpou-se, dando uma risada em seguida. – Fiz o que qualquer homem da minha família faria.
Tadase se aproximou de Nagihiko e lhe estendeu o caderno que usava para se comunicar. Nagihiko o pegou e o leu, um pouco surpreso e feliz pelas palavras que estavam escritas ali. Sorriu para o loiro e devolveu o caderno, vendo o rosto de Tadase começar a corar um pouco mais com seu sorriso.
- É melhor irmos andando – falou Nagihiko, se virando e pegando seu skate no chão, que havia deixado de lado em meio a confusão.
Todos concordaram e continuaram o caminho para a casa de Nagihiko, porém, este agora pouco falava, apenas pensando nas palavras gentis do jovem rei. Palavras que ele desejou que significassem mais do que deveriam significar. Mas talvez, com o tempo, significasse.
“Fiquei com medo que se machucasse. Estou feliz que esteja bem.”
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Desculpem a demora ^^'''
passei por uns problemas nos últimos dias, por isso demorei para escrever esse cap =P
prometo tentar não atrasar os próximos ^^
bjj
=*