A viagem era longa, pelo menos, para Albus Severus.

Sozinho em um vagão para Hogwarts, o pequeno jovem filho do bruxo mais famoso se distraia olhando a paisagem – e, assim, imaginava se tudo que seus pais disseram sobre a escola de Magia que ele agora faria parte era, realmente, verdade.

Essa reflexão durou até o momento que alguém abriu a porta onde ele se encontrava. Um garoto de mesma idade - um pouco mais alto - com ambiciosos olhos azuis e com seu cabelo - de um louro bem fraco e despojado - preso atrás da orelha com o auxílio de um gel.

- Muito prazer - Seu sorriso antes convencido mudou para um amigável, até acolhedor - Me chamo Scorpius Malfoy. Este sobrenome não deve lhe ser estranho, não é, Albus Severus Potter? - O pequeno ficou surpreso e sem jeito pelo outro já saber seu nome, tanto ao ponto de responder timidamente com um mero "sim" a sua pergunta.

Malfoy então sentou-se e começou a puxar assunto, acalmando e intrigando o Potter sobre o motivo de sua aproximação repentina. Todavia, ele se entretia com a conversa, deixando um sorriso escapar quando era interessante ou uma ponta de tristeza quando era algo sério. Tais reações deixavam o garoto confuso a ponto de não entender o porquê de seus pais não terem sido amigos antes - pelo contrário, eram rivais e não suportavam um ao outro. E pelo jeito, Scorpius pensava o mesmo.

-... Espero que possamos ser amigos em Hogwarts, ao contrário de nossos pais. - Malfoy estendeu a mão, esperando uma confirmação positiva. Isso só piorou a confusão de pensamentos de Albus, mas que no fim, cumprimentou-o com um largo e esperançoso sorriso.

Então, prosseguiram o resto da viagem apenas continuando a conversa do ponto onde parou, e só teve um fim definitivo quando iriam subir nas embarcações disponibilizadas para facilitar a chegada dos alunos a uma grande fase de suas vidas: Estudar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Assim que chegou ao salão comunal, Albus conseguia ver com clareza seu irmão mais velho, James Sirius, sentado na mesa da Grifinória, acenando e sorrindo alegremente - algo que foi retribuído da mesma forma, ao ponto de sentir-se mais revigorado. Por que motivo? Ah... Claro. Se Tinha uma coisa ele almejava era ir para esta casa. Pois, é a casa onde sua família costuma ficar, e ficava esperançoso só imaginar ser selecionado. Mas, por alguma razão, também ficaria muito feliz se fosse para a mesma casa de seu novo amigo. Seus pensamentos eram tantos que nem tinha visto a hora do Chapéu Seletor começar.

Cada aluno, em sua vez, iria se sentar e, assim, a Diretora Minerva McGonagall colocaria o Chapéu Seletor, esperando ser avaliado de acordo com sua capacidade e, assim, selecionado para uma das quatro casas da Escola: Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal ou Sonserina.

Em um curto período de tempo, havia chegado a vez de Scorpius. O Potter criou a expectativa do seu melhor amigo – já estava considerando-o assim, sem maiores motivos – tivesse a casa “Grifinória” anunciada. Mas o que ouviu foi um confiante e sonoro “Sonserina”, que o deixou internamente em pânico.

“E agora?” Era o que o pequeno se perguntava, pois não sabia se manteria a vontade de seguir a tradição da família ou se cederia a vontade de ficar bem próximo do Malfoy. Uma dúvida que, por algum motivo, doía-lhe o peito – especialmente quando pensava no loiro.

Depois de muitos alunos, enfim chegou era sua vez. Albus engoliu em seco no momento em que subiu os degraus e sentou-se na cadeira para ser selecionado, e lá podia enxergar seu futuro: Ao de James Sirius Potter, seu irmão, na Grifinória, ou ao lado de Scorpius Malfoy, seu amigo, na Sonserina.

O Chapéu demorava a anunciar algo, pois sabia da dúvida que o Potter tinha, – e que, aliás, ambos as casas eram adequadas a ele – mas sempre o persuadia em cima de uma ou outra, mas isso só complicava a situação. Após um tempo então, em meio a um suspiro, o pequeno decide se entregar a decisão de ir a Sonserina, e assim foi anunciada sua casa a todos. Albus correu animado para a mesa sentando-se ao lado de seu amigo, sem incrivelmente sentir arrependimento algum, a contragosto de seu irmão, que observava de longe.

Tudo seguiu conforme deveria ocorrer, e ao toque de recolher, os alunos foram instruídos sobre os dormitórios e avisos finais, e cada um seguiu para seus quartos, tal como foi pedido.

Mas não estava sendo algo fácil para o Potter tentar dormir. Não estava acostumado com aquele local, portanto, sentia uma irritante insônia. O jeito que pensou, então, era junto de Scorpius Malfoy. O pequeno então se dirigiu até a cama do outro que também não conseguia fechar os olhos definitivamente. Albus se aproximou o máximo possível, para falar em um tom baixo, mas que desse para escutar.

- S-Scorpius... Posso dormir contigo? – Suas bochechas estavam coradas, e novamente sem-jeito por esta situação. O loiro levantou-se, e seu rosto era um misto de sono e confusão, adicionando a descrença por isto estar acontecendo.

- Como assim?! Agora?! – O Potter apenas balançou a cabeça positivamente, um pouco triste por incomodar o amigo. Scorpius então, sentindo certa pena, bufou e ajeitou-se para dar espaço ao outro. Algo que foi recompensado com um sorriso inocente e um abraço apertado quando Albus se deitou.

- Muito Obrigado! Te amo... – E assim o menor dormiu, deixando o outro vermelho, mas tranquilo ao ponto de dormir com um sorriso no rosto.