Oi, meu nome é Annabeth. Tenho 16 anos e moro em Forks. Minha mãe morreu há dois anos e agora moro com meu pai e meu irmão mais novo. Só. É muito estranho viver numa casa só com homens, mas com o tempo eu aprendi a me acostumar mais. Não me adaptei MUITO bem, mas dá pra viver. Depois que ela morreu meu pai fez um acorodo com minha avó: passarei todas as minhas férias de verão na casa dela na Califórnia, onde tudo é lindo e ensolarado. Adoro ir para lá, sentir os raios solares batendo em minha pele, o mormaço de um dia quente... Tudo lá é perfeito. Menos o fato de não ter ninguém que eu conheça. Aqui eu tenho a Thalia e a Luna, posso contar tudo pra elas. Meus segredos, meus infortúnios, minhas vitórias, tudo. Esse ano ficarei um semestre com minha avó. Minha matricula no colégio novo já tinha sido feita.

Cheguei na casa da minha avó ontem e já estou com saudades das minhas amigas.

Já estava pronta para o meu primeiro dia de aula, material novo. Tinha tudo. Cadernos, apostilas... Menos animação para ter que encarar várias pessoas novas que - é claro - iriam me estranhar.

– Annabeth - ouvi alguém me chamar -, venha aqui, querida!

Desci as escadas e encontrei minha avó na sala de estar, tecendo uma... (o que era aquilo?) hmm... Um par de meias.

– Oi - disse eu.

Ela parou colocou o rolo com lã e as agulhas numa mesinha que fica ao lado da sua cadeira de balanço e levantou - tropeçando. Ela sentou novamente, Fui até ela e a ajudei a se levantar. Ela andou na direção da janela e acenou para alguém.

– Já tem carona para o colégio? - balançei a cabeça, em negação - Tem uma pessoa que pode te levar. Venha aqui - fui até ela e vi através da janela um carro estacionado em frente da casa. De lá, saiu um garoto alto e musculoso (e ele não era feio). Ei! Eu só dei minha opinião!

– Quem é esse? - perguntei com desdém.

– Ele é o nosso vizinho. Percy Jackson. Ele estuda no mesmo ano e na mesma escola que você. Tomei a liberdade de perguntar se ele podia te levar para o colégio até você ter seu próprio carro. Sorri para ela. Fomos até ele.

– Percy, essa é a Annabeth. É ela quem você vai levar pro colégio. - ele estendeu a mão na minha direção e eu a cumprimentei.

Agora que estou mais próxima dele posso ver suas feições. Alto, cabelos pretos, musculoso, bonito e... - nossos olhares se encontraram - seus olhos. São de um verde tão intenso quanto o mar. Acho que são eles que os deixa tão lindo. Me despedi da minha avó e entrei no carro.

O colégio não ficava tão longe dali. Uns 2 quilômetros e já estávamos lá. Não troquei nenhuma palavra com o garoto, ele também pareceu nem se importar.

Chegamos na escola.

– Quer que eu te faça companhia até você fazer amizade com alguém? - perguntou Percy, com uma voz doce.

– Você vai largar seus amigos pra ficar comigo? - pensei antes de falar - Não precisa, vai lá.

– Olha, eu não ligo muito pros meus "amigos", eles nem sentiriam minha falta.

Achei estranho. Porque Percy parece ser daqueles garotos que comandam um grupo de garotos metidos e acham que comandam a escola, mas me enganei.

Aceitei que ele me fizesse companhia.

Percy me mostrou o colégio todo. O pátio, o refeitório, a piscina, o campo de futebol, a quadra de basquete, a diretoria, o auditório...

Antes de irmos para a nossa primeira aula, pedi para que ele me mostrasse onde ficava o banheiro.

Ele ficou me esperando na porta. Não havia ninguém no banheiro. Lavei meu rosto. Me olhei no espelho por uns minutos pra ver se não tinha nada fora do lugar. Foi então que eu reparei que minha camisa estava suja de gracha. Minha calça também. Cinquenta por cento da parte de trás de minha camisa estava preta. Se fosse de uma cor mais escura nem iria ligar, mas como a camisa é (ou foi) branca, dá pra ver de longe. Não me desesperei, porque eu tinha levado uma camisa extra na mochila - mania herdada da minha mãe (obrigada mãe, pensei). Me troquei. Ouvi o sinal para a primeira aula. Lavei o rosto novamente e fui na direção da porta. Não sei como, mas minha camisa prendeu na maçaneta da porta e rasgou até a metade da minha barriga. Maravilha. Meu primeiro dia de aula e eu estava em trapos, parecendo uma mendiga.

Percy não estava mais no corredor. Pra onde será que ele foi? Como iria sair dali com a camisa rasgada? Pra minha sorte a maioria dos alunos já tinham ido para suas salas. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque ninguém iria reparar em mim e ruim por eu ter de entrar na sala de aula neste estado! Não podia ficar parada ali, não podia perder o primeiro tempo de aula por causa de um mero pedaço de pano. Tentei esconder minha barriga com os braços. Cheguei à porta da sala e ela estava fechada. Respirei fundo e entrei.

– Bom dia. Posso entrar? - disse eu.

Foi de imediato, todos pararam de fazer o que estavam fazendo para olhar pra mim. A professora me olhou com o canto do olho. Uma menina me olhou de cima à baixo e virou pra turma.

– Parece que a novata tem estilo. - disse ela.

Todos começaram a rir. Um minuto se passou. Se não fosse a professora perceber o que estava acontecendo eles estariam rindo há mais tempo. Vi que Percy não estava rindo. Estava quieto no canto da sala, com a culpa estampada no rosto.

– Senhorita, pode me explicar por que veio vestida assim? - perguntou a professora... (tentei ler o que estava escrito em seu crachá) Minerva.

Expliquei o que aconteu comigo. Enquanto eu falava, ouvia risadas vindas dos meus novos "colegas" de classe.

– Sinto muito pelo ocorrido. Mas não é permitida a entrada de alunos na sala de aula depois do sinal. Desculpe-me. - parecia que a professora estava mesmo com dó de mim, e eu não gostei nem um pouco disso. Me fazia parecer mais fraca. Ela se dirigiu até a sua mesa e anotou alguma coisa em um cartão amarelo. Me entregou. - Vá até a sala do diretor e entregue isso à ele. Ele vai dizer o que fazer.

Peguei o cartão e saí da sala. Para o meu primeiro dia de aula, minha situação não está tão ruim, pensei.