A Violinista escrita por m_stephane


Capítulo 4
Capítulo 4




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Seu nome era Flaville e definitivamente era uma garota bonita. Dona de enormes olhos verdes e de uma fisionomia inesquecível. Estava há poucas semanas no Brasil, mas já tinha uma certeza: aquele era o pior lugar do planeta. As ruas imundas, o cheiro terrível, bêbados e mendigos caídos na calçada, o clima devastador... por mais que Flaville estivesse acostumada com os países menos desenvolvidos que o seu, com o Brasil ela não se dava nada bem.

Agora para completar seus problemas, além de suas melhores amigas, Anne e Madeleine, terem sido terrivelmente assassinadas, ela ainda precisava prestar longos depoimentos que certamente não dariam fruto algum.

 
-          Ela tinha algum inimigo? – perguntou o policial.
-          Por que não desistem disso? Nunca encontrarão o assassino, seus incompetentes!
-          Como tem tanta certeza?
-          É simples, vocês nem sequer conseguem cuidar de ladrões de galinha, como cuidarão de um caso como esse? Precisam pedir ajuda.
-          Muito bem srta Clarck, obrigado por cooperar. – suspirou o policial, terrivelmente cansado daquela mulher.
-          Não tem de que.

Flaville levantou-se da mesa e seguiu para a rua, pegaria o primeiro barco rumo a Europa, havia chegado ao seu limite, não agüentaria mais um segundo no meio de tanta pobreza e moscas. No meio do caminho enquanto cruzava um beco assustou-se com alguém a chamando.
-          Olá Flaville. – disse a pessoa.
Ela olhou para trás preocupada mas logo identificou a pessoa e sorriu.
-          Olá meu querido, não me assuste mais assim.
-          Desculpe. – ele pôs-se a andar ao lado dela – Como está passando?
-          Você sabe, Anne era melhor pessoa do mundo, não sei como conseguirei viver daqui para frente. – fez uma expressão de choro e assou-se na manga do vestido.
-          Bem, acho que posso aliviar sua dor.
-          Como? – ela parou de andar e fitou-o bem no fundo dos olhos, não gostou do que encontrou.
Flaville não teve nem tempo de pensar. Rapidamente se viu no chão sendo esfaqueada por aquele homem. Ela quis gritar mas a dor era grande demais. Seu último pensamento foi: “Como ele pode fazer isso?”.

*******

-          Eu conheço essa garota. – disse o detetive Renato ao deparar-se com a vitima mutilada deitava sobre o chão escuro da rua, seu corpo estava coberto por um lençol branco já um pouco manchado pelo sangue.
-          Flaville Clarck, ela esteve na delegacia ontem. – disse o assistente Padilha, enquanto aproximava-se de Renato.
-          Ah, sim. A inglesa metida que não quis ajudar. – Renato começou a andar para longe do cadáver – Isso é obra de nosso querido assassino?  
-          Acho que não, senhor, os crimes não batem. Flaville não era música e pelo o que percebemos nosso amigo gosta de matar artistas.
-          Mas Flaville era amiga de Anne Morgan, não era?
-          E de Madeleine. – interrompeu o inspetor Augusto. – Como pode ver por essa foto – uma foto antiga, um pouco amarelada de cinco garotas paradas em frente a um teatro e com um grande sorriso no rosto, cada uma com um violino nas mãos. – Madeleine, Anne, Flaville e essas outras duas garotas trabalhavam num teatro de Paris.
-          Aí está, a ligação que faltava. – disse Renato exaltado.
-          E, senhor Padilha, Flaville tocava violino sim.
-          E quem são essas duas garotas? – Renato novamente.
-          Ainda não sabemos, a foto acabou de ser encontrada entre os pertences de Anne.
-          São bastante bonitas. – sorriu Padilha enquanto analisava a foto.
-          Isso são, ou eram. – Renato deixou a última palavra o mais melancólica possível – Parece-me que esse assassino não aprecia a beleza dessa moça e está pretendendo matar a todas. Uma pergunta, o que elas estão fazendo no Brasil?
-          Madeleine casou-se com um fazendeiro brasileiro e veio morar aqui, isso já fazia uns bons cinco anos. – começou dizendo Augusto enquanto lia uns escritos em um bloquinho de papel – Anne e Flaville além de amigas e companheiras de palco, as duas eram inseparáveis. Seria impossível trazer uma para o Brasil sem trazer a outra.
-          Ok, isso explica muita coisa. Mas porque Flaville não tocou em nenhum dia? – perguntou Renato.
-          Não sabemos. – Augusto estava visivelmente decepcionado.
-           Bem, faltam duas ainda, vamos tentar deixa-las vivas. – suspirou Renato coçando a cabeça com uma caneta. – Padilha, descubra quem são e onde estão essas duas meninas. 


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