Madness escrita por Ayame Kioshi


Capítulo 9
IX. Orfanato.




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Subimos em um ônibus que ia na direção do Wammy's House e esperamos a viagem passar. Misa não falou nada e escorou a cabeça em meu ombro, o que causou certa dor depois de um tempo. Permaneci imóvel, pois ela estava dormindo como um anjo. Primeiro machuco os braços, depois o ombro. Ótimo.

Fiquei observando a cidade pela janela, e vi que realmente era um lugar lindo. Eu não saia de casa fazia muito tempo, como já disse, então até tinha me esquecido da aparência do local. Foi bom passear de ônibus pela primeira vez na minha vida.

Ao chegarmos perto do orfanato, acordei Misa e nos levantamos dos bancos, indo até a porta. O ônibus parou na frente do lugar e nós descemos do veículo com pressa. Fiquei admirando o Wammy's e lembrando de antigamente. Eu conversava com muita gente, e era admirado por todos. Dei um sorriso de canto e entrei no orfanato ao lado de Misa. Roger percebeu minha presença e correu até meu encontro, cumprimentando-me com firme aperto de mão. Amane só acenou e deu um beijinho na bochecha do homem.

– Então L, o que faz aqui? - Perguntou o homem com certa curiosidade na voz. Eu não pisava no Wammy's House desde meus treze ou quatorze anos de idade.

– Eu quero anunciar uma coisa para todos do orfanato. Me permite? - Perguntei cordialmente. Estava tentando ser o mais formal possível, pois se ele descobrisse que eu andei enlouquecendo, não me deixaria fazer anúncio nenhum.

– Desculpe, não posso permitir a menos que me fale o que é. - Respondeu Roger no mesmo tom que o meu. Dei um suspiro desapontado e meus olhos encontraram o do mais velho.

– Watari está morto. - Fui o mais direto possível. O outro ficou boquiaberto, estava um tanto chocado com a notícia. Tentei parecer forte. - Quero avisar isso aos moradores daqui.

– O Watari... Não, isso não pode ser verdade... - Murmurou para si mesmo, mas o tom era alto o bastante para que eu pudesse ouvir. Desviei o olhar para um garoto que passou por ali: Baixinho, albino, tinha alguns brinquedos na mão. Ele deu um sorriso esperançoso.

– Olá, L. - Falou o albino enquanto se aproximava de mim. Fiquei sem reação por alguns segundos, depois consegui forçar um sorriso. De início, eu não tinha reconhecido o rapaz. Após analisar bem sua voz, pude me lembrar.

– Oi, Near. Como vai? - Perguntei gentilmente. Misa não estava entendendo mais nada do que estava acontecendo, só observava o lugar. - Onde estão os outros garotos? Faz muito tempo que não os vejo... Você cresceu muito, sabia?

– Eles estão no quarto agora, estávamos jogando um jogo. Sentimos sua falta, Lawliet. As coisas sem você ficaram bem chatas. - Respondeu o menino com desanimação em sua voz. - O que faz aqui?

– Eu vim falar uma coisa para o pessoal do orfanato, somente. Depois farei uma consulta ao médico daqui. - Admiti. Não ia mais esconder nada de ninguém. Near arregalou os olhos, pareceu surpreso com o que eu havia dito.

– Que aviso? Porque você vai em um médico? - E ele começou a fazer milhares de perguntas. O garoto não havia mudado nada... Sempre que me via, milhares de perguntas vinham em sua mente. Ignorei algumas delas.

– Eu nunca fui em um médico, preciso ter uma primeira vez, não acha? - Soltei uma risada curta. Near não acreditou, mas manti aquela explicação. - Sobre o aviso... Depois você saberá. Agora, vá lá com seus amigos. Diga que sinto muita falta deles e daria tudo para estar aqui novamente... Mas agora tenho milhares de problemas a resolver. - Suspirei, meus olhos ficaram lotados de lágrimas. Virei a cabeça para o lado oposto e as segurei. O menor pareceu magoado também.

– Certo, estou indo. Vejo você em breve... detetive L. - Near deu as costas e sumiu de minha vista, provavelmente voltou para o quarto e foi avisar para seus amigos (Matt e Mello, creio) que eu estava no orfanato. Voltei a falar com Roger.

– Continuando... Sim, Watari veio a falecer a dois dias atrás. Já foi cremado e a caixa com suas cinzas se encontra em minha escrivaninha. Se você desejar, posso trazê-la para o Wammy's. Mas não é com isso que me importo no momento. - Disse. O homem esperou minha próxima fala. - Você assumirá o posto de Watari ou eu terei que fazê-lo?

– Os habitantes daqui não gostam tanto de mim como gostam de você... Então eu realmente não sei responder sua pergunta. Se você quiser ficar, fique. Mas eu andei sabendo que você teve alguns problemas psicológicos, o que pode alterar muito sua decisão. - Respondeu Roger. Fitei o chão, indeciso.

– Eu irei consultar o médico daqui... Se tudo der certo, eu assumo a posição de Watari sem problema algum, mas quero você ao meu lado. Não consigo governar isso aqui sozinho, até porque, tenho investigações a fazer. Então... Você topa?

– Topo.

Roger e eu mexemos a cabeça em concordância e apertamos as mãos denovo. Era estranho ser um rapaz sério em um local onde passei minha infância toda. Eu ainda não era L quando vivia aqui, eu era o pequeno e inocente - porém super-dotado - Ryuuzaki Lawliet. Me dirigi até o salão de jantar ao lado de Roger e vi que todos já estavam me esperando. Na certa, Near avisou que eu estava aqui para todos. Isso facilitou muito mais as coisas.

Procurei um local alto para avisar sobre a morte de meu pai e sobre o meu novo posto no orfanato, não precisei pedir silêncio pois todos se sentiram "intimidados" ao me verem. Novamente, isso facilitou muito. Olhei cada habitante do orfanato e pude reconhecer a maioria. Mello, Matt e Near conversavam entre si - em sussurros, claro - e viravam o olhar para mim. Pigarreei e criei coragem para falar.

– Olá. - Consegui dizer. Eu era realmente tímido na frente de tantas crianças observando cada movimento que eu fazia. Continuei a falar. - Vocês não devem saber o motivo de eu estar aqui, creio. Como disse á Near, darei um aviso importante. Pode ser bom para alguns, ruim para outros. Depende de cada um. - Respirei fundo e evitei contato visual com as crianças. - O dono daqui, Watari... Direi de uma forma bem indelicada... Watari morreu.

Ouvi alguns gritos, outros choravam. Near, Mello e Matt só ficaram realmente surpresos. Na frente de tanta gente, até eu ficava com vontade de chorar. Ver crianças sofrendo desse jeito é deprimente para mim. Fiquei cabisbaixo e tentei prosseguir com o discurso.

– Nada está acabado. O orfanato não fechará, vocês permanecerão bem... Algumas coisas irão mudar, claro. Roger tomará o lugar de Watari ao meu lado, se tudo der certo, eu voltarei para cá. Obviamente, não como um morador, mas como um administrador, diretor ou seja como quiserem chamar.

Pude ver os três garotos nos quais eu tinha mais intimidade correndo até mim. Estavam com um sorriso infantil no rosto, sorriso que eu não via desde que eles eram pequenos. Tentei me manter sério, como sempre fui, mas não funcionou. Também lancei um sorriso infantil para os três, meus grandes amigos. Misa estava feliz por mim.

– Era só isso. Terei que sair agora. - Coloquei as mãos nos bolsos e saí do salão, indo em direção ao consultório. Por dentro, eu estava morrendo de medo. Parecia muito bem, eu podia estar voltando ao normal, mas nunca se sabe. Desapontar meus antigos amigos era a única coisa que eu não queria.

– Vai lá, Ryuuzaki-kun. Eu sei que vai dar tudo certo. - Misa apertou minha mão e me deu um beijo no pescoço. Ela pode perceber minha preocupação; meu medo. - Não fica assim, amor... Independente do resultado, saiba que os outros entenderão. Eu amo você.

– Assim espero. - Entrei na sala e fechei a porta. De fora, só dava para ver minha sombra na porta.


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Notas finais do capítulo

Um aviso:
Eu não farei um capítulo sobre a consulta, he he. O próximo será ele saindo do consultório com o resultado e tal. Morram de curiosidade~
Eu sei que o capítulo ficou pequeno, desculpa. Eu estou morrendo de sono.