Amor... Uma palavra consideravelmente forte, e de significado inanimado. Faria essa palavra parte de minha vida?... Talvez.

Encontro-me deliciando uma fatia de torta de creme com morangos silvestres, juntamente com uma aromática xícara de Earl Grey. E de acompanhamento, a paisagem maguinífica do jardim de minha mansão - já sendo tocado pela luz do sol-.

Ficaria horas observando tal maravilha, se não tivesse sido acordada de meus devaneios.

-Allana?- chamava-me calmamente a voz de meu pai.

-Sim?- perguntei voltando minha atenção para ele.

-Estou lhe chamando faz tempo.

- Perdoe-me, meu pai. O que desejas?

- Bem, me ausentarei por algumas horas. Tenho de ir a uma reunião de negócios com algum sócios da companhia. - disse ele levantando-se, ajeitando suas vestes e vindo em minha direção.

-Está bem. - falei, logo recebendo um beijo dele, depositado em minha testa.

-Prometo que voltarei a tempo para vê-la nas aulas de piano. - disse-me abrindo um agradável sorriso, que eu logo retribui.

Ví a figura de meu pai ir em direção a porta da sala de jantar, e logo sair pela mesma.

Ele, Vincent Phantomhive, é dono da maior empresa de brinquedos da Inglaterra, a Compania Phantom. Eu o admiro muito, e espero que algum dia possa ajudá-lo nos negócios da fábrica.

Levantei-me e segui da sala de jantar até a sala de estar da ala norte. Ao abrir a porta, deparei-me com minha mãe sentada em uma poltrona, brincando com meu pequeno e adorado irmãozinho.

-Hahaha, Ciel, desse jeito vamos cair da poltrona. - disse minha mãe entre risadas.

Ela, Rachel Phantomhive, é dona da beleza mais estonteante que já vi. Seus cabelos dourados contrastam perfeitamente com seus olhos azuis e sua pele branca igualada a porcelana.

Senti dois olhos infantis me olharem alegremente.

- Onee-san! - gritou o garotinho de cabelos cinza azulados enquanto corria em minha direção. Logo aquela miniatura de gente abraçou minhas pernas com seus pequenos e frágeis braços.

- Ciel, desse jeito irei cair! - falei quase rindo. 

Peguei aquele menino em meus braços e o abracei fervorosamente.

- Estava com saudades. - disse ele.

- Ora, mas nós nos vimos noite passada antes de irmos dormir.

- Mas uma noite é tempo demais. - sorriu aquele pequenino ser.

O abracei mais forte e fui em direção a poltrona onde minha mãe se encontrava.

- Ohayo, oka-san. - cumprimentei-a e depositei um beijo em sua bochecha.

- Ohayo, querida. - cumprimentou-me ela com um sorriso esboçado em seu rosto. - Seu pai já foi para a reunião?

- Hai.

- Onee-san, você vai brincar comigo essa tarde?

- Mas é claro que sim, meu ursinho. - disse dando-lhe vários beijos em suas bochechas rosadas.

- Ciel, por que não vai brincar um pouco em seu quarto? Tenho que falar uma coisa a sós com sua irmã.

- Hai. - disse ele descendo de meu colo e logo saindo da sala.

Aquele pequenino, Ciel Phantomhive, é a maior alegria da minha vida. Sempre que olho para aqueles olhos azuis, um sorriso bobo se forma em meus lábios.

- O que foi, oka-san? - perguntei me sentando em uma poltrona ao seu lado.

- Allana... Você sabe que hoje a noite, seu pai vai falar-lhe sobre... Aquele assunto, não é? - falou ela calmamente.

- Hai, oka-san...- respondi cabisbaixa.

- Meu amor, você sabe que isso tem de acontecer.

- Eu sei... Mas não pensei que seria tão repentino...

Ela acariciou uma de minhas maçãs do rosto, e logo disse.

- Tudo vai ficar bem - falou aquele anjo de olhos azuis que eu tinha sorte e chamar de mãe, que ao mesmo tempo dava um de seus sorrisos resplandecentes.

Eu, Allana Phantomhive, tenho 15 anos e sou filha do Conde e da Condessa Phantomhive. Como toda dama inglesa da alta classe, terei de passar por um casamento arranjado. A maioria dos matrimônios arranjados dão certo... Mas e se o meu não der?... E se eu não gostar do meu marido?...

E se eu não conseguir essa palavra consideravelmente forte e de significado inanimado que todos conhecem como "amor"?