Mais um mês tinha passado, Sakura e Kiba estavam felizes juntos, apesar de algumas discussões e as constantes brigas de Sakura e Hana.

Tenten e Neji também iam bem, continuavam com suas provocações de sempre, mas sempre terminavam com um beijo apaixonado, eles se completavam.

Shikamaru estava pronto pra voltar ao trabalho, ainda precisava de uma muleta para se locomover, sua perna ainda doía um pouco quando forçava, mas ficar em casa agüentando sua mãe e Temari era problema demais pra ele, preferia lidar com os pacientes.

Naruto já estava em casa, sendo paparicado por seus pais, Hinata ainda não tinha tido coragem para contar tudo a ele olho a olho, mas por algum motivo Kushina a tinha, misteriosamente, chamada para almoçar lá naquele dia e ela foi.

–Olá, Naruto-kun... – disse Hinata entrando no quarto dele, ele via TV jogado na cama, seus machucados estavam completamente sarados, de vez em quando doía levemente, mas ele estava novo em folha.

–Oh! Hina-chan!Que surpresa! – disse ajeitando-se cama.

–Sua mãe me chamou pra almoçar...

–Ah! Eu estava mesmo querendo falar com você...

–Estava? – perguntou surpresa, sentiu seu rosto esquentar e escondeu as bochechas com as mãos.

–É...

–Sobre... O quê...?

–Hina-chan... Naquele dia... Quando eu acordei... – a moça desviou o rosto – Não, Hina-chan, olhe pra mim. – pediu pegando o rosto dela entre as mãos e forçando-a a olhar pra ele – Foi você, não foi? Aquela voz doce e suave era sua, não era?

–V-você ouviu...? – ele ainda sustentava seu rosto, obrigando-a a encarar-lhe, seus olhos estavam arregalados pelo espanto, ela desconfiava que ele havia ouvido, mas ouvir da boca dele era demais, suas lágrimas já estavam transbordando.

–Eu ouvi... Por um instante eu pensei que poderia ter sido a Sakura-chan...

–Eu sei... Você a ama... – disse com um sorrisinho triste.

–É... Mas... Hina-chan... Eu gosto de mulheres “fortes” e decididas... – a moça abaixou o olhar - Você é tão fofa e delicada por fora, mas... Você é tão forte e tem tanta coragem por dentro... – ela voltou a arregalar o olhar e o encarou incrédula, ele tinha o largo sorriso do qual ela mais sentira falta nesse tempo.

–N-naruto-kun...

–Sabe, Hina-chan... Eu não posso dizer que te amo, mas eu gosto muito, muito, muito mesmo de você, minha mãe me contou que você ia lá todos os dias me visitar e ela ainda brincou dizendo que aprovava você. A Sakura-chan aparecia de vez em quando e está noiva do Kiba... Não estou dizendo que você é comoa segunda opção, de jeito nenhum, só que eu não quero mais amar a Sakura-chan, eu quero amar quem me ama. Eu quero amar você.

–N-Na-

–Hina-chan... – ele soltou o rosto dela e segurou suas mãos - Você quer ter a Kushina-san como sogra? – perguntou sorridente.

Ela nada disse, apenas o abraçou, ele retribuiu o abraço com carinho e ficaram assim por alguns minutos, compartilhando o cheiro um do outro.

...

–Tem alguma coisa errada aqui... – comentou Shikamaru analisando os exames de um paciente.

–Tem mesmo, você precisa relaxar mais. – disse Temari entrando na sala com uma bandeja com café e biscoitos, ela fechou a porta com o quadril e deu uma piscadela pra ele.

–Relaxar? Relaxar é a coisa mais difícil de se fazer agora... Olhe isso, Tema. – disse mostrando os papeis que analisava.

–Não estou entendo nada...

–É simples. Tem um casal que teve duas filhas e um filho, a mãe é portadora de uma doença e o pai tem essa doença, é genética, de acordo com os outros dados esse menino deveria ter nascido com essa doença. Mas ele nasceu normal.

–A mulher pulou a cerca, e daí? O problema é deles, você não tem nada a ver com isso. – disse afastando as coisas da mesa dele e sentando ali, em sua frente, cruzou as pernas deixando a saia-tulipa bem justa.

–Claro que tenho! Preciso resolver esse caso, o retorno deles é em uma semana.

–O que significa que você ainda tem uma semana pra resolver isso. – disse beijando sua vasta testa – Eu vou falar isso pra sempre, mas ainda prefiro você de cabelo solto.

–E toda vez que você disser isso eu vou dizer que eu também te prefiro cabelo solto, porque coque não combina com você.

–Eu sei, Shikamaru. – deu um suspiro – Você ainda precisa descansar, tá? Hoje seu turno acaba às 16:00. – disse ajeitando o jaleco aberto dele.

–É?

–É.

–Então a gente vai jantar fora hoje.

–Sério?

–Por que não?

–Qual a ocasião?

–Nenhuma em especial, mas você não quer cozinhar, quer?

–Não estou afim.

–Também não quer comer da minha comida, quer?

–Aquela gororoba? Não, obrigada.

–Então escolha o restaurante, vamos pra lá assim que acabarmos aqui.

–Sim, chefeinho. – disse puxando-lhe pela gola pra um beijo demorado, suas pernas agarram a cintura dele e ficaram por um bom tempo ali, sentindo o gosto um do outro.

...

–Você lembra daquela vez, não lembra...? Acho que você tinha uns7 anos... Nos encheu até sairmos pra comprar um gato. Você ainda gosta de gatos, não é, Sasuke? – perguntou Itachi, Mikoto tinha ido a lanchonete do hospital, Fugaku estava na empresa Karin tinha aproveitado que era sábado e Ino não tinha praticamente nenhum paciente e deu uma escapada pra ficar com o namorado - Quando você acordar podemos comprar outro... Aquele apartamento precisa de mais vida...

Karin estava ao lado da cama, segurando a mão do namorado, ela continha o choro, Itachi tinha tirado a tarde pra contar história nostálgicas.

–Quando você tinha dez anos, inventou de subir numa árvore, me fez subir pra te buscar e ainda caiu lá de cima e torceu o tornozelo, fez aquilo de propósito pra não ir à escola, não foi...? – Você sempre foi tão danado... Sabia que às vezes eu até sinto falta da nossa infância? A casa dos nossos pais... Você correndo pelo chão de madeira gritando “Onii-chan! Onii-chan! Vamos brincar!”... Eu sinto falta da época que sorríamos por tão pouco... Nos divertíamos com qualquer coisa... A época que você me fazia subir nas árvores pra te tirar de lá, ou correr atrás de você por puro capricho...

O moreno na cama permanecia inatingível, mais pálido do que o normal, mas seu rosto estava sereno, até que uma lágrima escorreu de seu olho esquerdo e em seguida escorreu outra de seu olho direito.

Karin parou de chorar num instante e olhou para o monitor, ele apitava um pouco mais rápido, mas logo se estabilizou, Itachi sentiu a esperança aumentando, ele sabia que seu irmão estava vivo, mas aquilo era uma prova de que ele poderia estar perto de acordar, ele estava em constante observação, então logo chegou um médico no quarto, ele deu uma examinada.

–Provavelmente ele pode nos ouvir. Mas não significa que vá acordar agora. É como se algo o impedisse de acordar, entende? – explicou o médico – O coma é exatamente como dormir, é um sono profundo, o paciente sonha e vez ou outra até ouve o que as pessoas estão falando ao seu redor e pode até reagir a isso, mas não tem força suficiente pra acordar. De todo jeito isso é bom sinal. Pode ser que Sasuke volte logo pra nós! – ele fez uma pequena pausa – Bem, a fratura na bacia está completamente cicatrizada, vou conversar com a fisioterapeuta, ela virá algumas vezes por semana pra fazer exercícios nele pra ver se quando acordar as seqüelas são menos graves.

–Certo. – concordou Itachi e o médico saiu.

–Ele não agüentaria ficar tanto tempo longe do trabalho... – comentou Karin com um sorriso triste – Né, Sasuke? A gente sente sua falta aqui, meu bem... – disse acariciando-lhe os negros cabelos.

–Boa tarde! – cumprimentou Naruto entrando no quarto, ele evitava visitar o amigo, ficava deprimido quando o fazia – Ne, Sasuke... – chamou – Prefiro te ver acordado e me xingando do que mudo assim... Tão vulnerável... – comentou – Alguma mudança? – perguntou a Itachi.

–Parece que ele está começando a reagir a estímulos externos.

–Como assim?

–Ele pode nos ouvir. – explicou Karin.

–Sério? Sasuke, está nos ouvindo?

–Cala a boca, Naruto. – disse Karin, ela sentiu um leve aperto na mão, era a mão dele que ela ainda segurava – Peraí, Sasuke, faça isso de novo. – demorou alguns segundos para que ele repetisse o ato – Meu Kami-sama! – berrou de felicidade, os monitores aceleraram um pouco novamente – Ele já tem controle sobre o próprio corpo!

–Acorde, Sasuke. – pediu Itachi – Vamos, meu irmão, acorde.

Ele apertou a mão de Karin mais uma vez e depois os monitores voltaram ao normal e foram desacelerando e desacelerando até que pararam, foram frações de segundos até que mais pareciam horas até uma equipe médica chegar com o desfibrilador. Afastou os outros três que estavam lá e tentaram reanimar o corpo ainda quente do rapaz, o aparelho não deu resultado e apelaram para uma injeção de adrenalina, era uma grande seringa com uma longa agulha, injetaram diretamente no peito para atingir o coração e reanimá-lo.