Mes Petit Chat Japonais escrita por Konohana


Capítulo 1
Capítulo 1




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Todos os gatos que amava sempre fugiam de mim. Foi assim com Camille. Mesmo que havíamos prometido sempre estar juntos, no fim nos separarmos e nunca mais poderíamos nos rever do mesmo modo. Ela era um Blanche e eu apenas um ferreiro. Jamais poderia acontecer. Mas mesmo assim, nós dois queríamos fingir que havia um meio. Que mesmo que se ela casasse, haveria um meio de ficarmos juntos. Foi uma doce ilusão.


Depois daquele dia, nunca mais desejei gostar de um gato, pois não queria vê-lo ir embora novamente. Foi quando meu avô a trouxe para nossa casa. Tão pequena e delicada. Seus olhos grandes e gentis.


Eu sabia, desde o primeiro momento em que a vi, que aquela pequena gatinha já havia me conquistado. No entanto, eu neguei o quanto pude, pois não queria perder outro gato amado. Essa perca seria muito mais dolorosa, pois quando ela fosse embora, seriamos separados por países.


Mesmo que eu fizesse de tudo para não admitir, a cada dia que se passava se tornava mais difícil. Quando Alice Blanche quis se aproximar de Yune, eu senti medo. Um sentimento que não tinha há muito tempo, mas eu o senti naquele dia. Alice podia dar a Yune uma vida de confortos e regalias, algo que alguém como eu jamais poderia dar. Eu fiquei com medo, mas logo o alivio chegou, pois Yune não se deixou vislumbrar pela riqueza.


Eu senti medo outras vezes, depois que Alice apareceu. Medo de perder Yune a cada segundo. Medo de ver outro gato ir embora. Talvez por isso me sentisse tão pressionado.


Tive medo de perdê-la quando a fiz chorar. Eu só queria protege-la, mas Yune era teimosa. Gritei com ela e a vi derramar lágrimas por alguém que não passava de um ladrão. Quando meu avô a encontrou desmaiada, a culpa me assolou. Senti-me culpado por ter gritado com ela e a feito chorar.


Naquele dia, fiz algo jamais pensei em fazer. Joguei meu orgulho em algum lugar que até hoje não sei onde foi, e abaixei minha cabeça para Alice Blanche, implorando que ela nos arranjasse um médico para cuidar de Yune. Tentei concertar meu erro e fazer com aquela percebesse quem não estava só em Paris. Que tinha a mim e ao meu avô. Queria que ela percebesse que eu a protegeria.


Quando a vi derramar outras lágrimas, estas de emoção, por causa das flores que aquele pequeno ladrão havia lhe dado, senti ciúme. Uma criança que vivia apenas para roubar dos outros, havia conseguido alcançar o coração de Yune antes de mim. Isso me frustrou, mas não deixei que isso me irritasse por muito tempo. Naquele dia, cuidei de Yune como um pequeno bibelô e percebi que por mais que eu quisesse esconder, jamais poderia deixar de amá-la cada dia mais.


Meu maior desafio foi quando fomos convidados pelos Blanche para tomar chá. Eu iria rever Camille e isso me fez ter medo novamente. Eu sabia que estava a cada dia mais apaixonado por Yune, mas um amor de infância não pode ser esquecido. Eu temia que ao olhar para Camille, aqueles sentimentos que eu quis esquecer pudessem retornar e com eles eu acabasse ferindo Yune novamente.


Eu quis apenas me focar na pequena gatinha de quimono que brincava no jardim, mas a bela gata de olhos azuis insistiu em me atormentar com perguntas. Foi quando percebi que não sabia nada sobre Yune. Quis me manter firme, dizendo que isso não importava. Que eu não precisava saber. Uma mentira.


Pela janela eu vi Yune brincar. Vi ela sorrir para Alice e mais uma vez senti ciúme. Alice era outra pessoa que havia alcançado o coração de Yune antes de mim. Vendo-a sorrir e se divertir com aquela burguesa, eu temi mais uma vez perde-la.


Meu medo se tornou em pânico, no dia em que Yune me pediu para deixa-la ir a Grand Magasin. Mais uma vez eu a feri quando neguei seu pedido. Mas não queria que ela se aproximasse daquele lugar. Um lugar onde as minhas lembranças eram tão sombrias. Eu sabia que era diferente, mas não quis deixa-la ir. Yune acabou se desculpando comigo e eu senti meu coração apertar com aquilo. Eu havia sido o errado, mas era ela quem estava pedindo desculpas.


Eu quis concertar meu erro e prometi leva-la a um piquenique. Achei que seria ótimo para ela. Sair e se divertir um pouco. Na verdade, era apenas mais um ato de egoísmo meu. Eu queria ser o responsável por seus sorrisos daquela vez. Foi maravilhoso no inicio. Vi ela correr e brincar. Mas depois a vi chorar.


Foi então que eu percebi que precisava saber. Saber o que a afligia. Eu precisava saber de seu passado. Se eu não soubesse, jamais poderia amá-la completamente e fazer com que esse sentimento se tornasse mutuo. Então pedi que ela me contasse, sei que naquele dia meu avô percebeu o tamanho de meus sentimentos, enquanto ouvíamos Yune falar sobre a irmã que havia deixado no Japão.


Depois de escutar aquilo, entendi que eu não perguntava nada para ela, simplesmente porque eu tinha medo. Medo de que quanto mais eu soubesse, mais próximos seriamos e mais difícil seria quando ela fosse embora. Sim. Eu sabia que ela iria embora um dia, pois ela tinha uma família em outro país. Era certo que, mais uma vez, eu perderia um gato amado. Perderia Yune.


Eu tentei fazer de tudo para não pensar isso, me concentrando no trabalho, mas era impossível. Meus desejos de abraça-la e impedir que se afastasse de mim apenas cresciam. Acabei, sem ao menos perceber, fazendo mais coisas com Yune.


Alguns na Galeria riam de mim, porque já percebiam meus sentimentos. Falavam que eu sempre andava com aquela gatinha negra. Eu já não me importava que soubessem, só queria ter a certeza de que Yune estaria comigo.


Mas outra vez eu a fiz chorar. Quando ela só estava querendo me ajudar, eu a feri. Era algo realmente bobo, mas eu gritei com ela. Naquele momento, eu a afastei de mim. Só percebi o meu erro, quando não consegui encontra-la. Havia perdido outro gato? Foi o que eu pensei naquele momento.


Mas… eu não queria perder Yune. Não queria que ela fosse para mim. Diferente de Camille, eu queria que Yune ficasse ao meu lado, não importando como. Foi por isso que eu corri. Corri para encontra-la e trazê-la de volta.


Com a ajuda de todos, eu a procurei e a encontrei no telhado. Era realmente uma gata, que vivia por subir aonde não deveria. Quando ela caiu sobre o telhado de vidro, senti pavor. Implorei a Deus que me permitisse salvá-la e eu consegui. Eu a puxei para mim e sem perceber, mantive meu braço ao redor dela. Nunca mais a queria longe de mim.


Naquele dia eu percebi. Todos os gatos que eu amava sempre iam para longe, porque eu simplesmente não lutava para mantê-los perto de mim. Camille deve ter desejado que eu a segurasse e a trouxesse para perto de mim, como eu fazia com Yune. Mas eu não amava Camille com a mesma intensidade que amo Yune. Por isso eu estou lutando para mantê-la ao meu lado.


Por isso jurei que jamais deixaria que a minha pequena gata japonesa fosse embora. Isso porque, eu amo Yune mais do que a qualquer outra. Minha pequena gatinha, Yune.


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