- Então, temos um tempo limitado. - disse Peter, excitado. - Tipo, daqui a duas semanas eles irão nos levar... Para onde quer que levem os prisioneiros depois daqui. Para onde devem ter levado Amanda. - De repente, ele sentiu medo. - Alyss... O que você acha que acontece depois daqui? 

- Não sei - respondeu a mensageira, com a testa franzida de concentração. - Tenho várias hipóteses, uma pior que a outra, mas não há nada que indique que alguma é verdadeira. - então ela reparou no nome que ele mencionara. - Quem é Amanda*?

- Era minha namorada. - ele explicou, um pouco encabulado, mesmo sem saber por que. - Ela foi sequestrada antes de mim, mas não está aqui, então... 

- Oh. - Alyss não pôde deixar de pensar que isso podia complicar ainda mais as coisas para a aprendiz de Will. - Sinto muito. 

- É... Não tenho muitas esperanças de ela ainda estar viva. 

- Não diga isso. Você não sabe o que acontece depois daqui. Talvez ela ainda esteja viva... - E, talvez, se esse for o caso, estivesse melhor morta, ela quis acrescentar, mas não o fez. Não queria assustar o garoto, e ainda não tinha certeza daquilo. 

- De qualquer forma - continuou Peter, mudando de assunto. -, se Amanda estiver morta, quero impedir que Christine e as outras sigam esse caminho. Você tem alguma ideia de como iremos fazer isso?

Alyss pensou por um instante. 

- Você é um bom ator? - perguntou. Ele sacudiu a cabeça. - Bem, isso é uma desvantagem. O único modo de salvar a todos aqui é pedir ajuda a alguém, de preferência aos arqueiros. Sendo assim, precisamos de duas coisas: Informações e um meio de passá-las para fora. Um jeito de coletar informações seria fingir passar para o lado deles, mas como você não é um bom ator, não creio que possamos fazer isso.

- Você pode tentar.

- Está vendo algum homem por aqui? Não há nenhum prisioneiro do sexo masculino, por isso suponho que não gostem muito de mulheres. 

Peter deu um sorriso torto. 

- Você não está falando sério, está? Não acho que aja um único homem aqui que não é louco por vocês, mulheres. Vai ver é por isso que... - ele inclinou a cabeça, como se tivesse sido uma ideia. - Ei! Quem sabe possamos usar isso a nosso favor.  

A mensageira lançou-lhe um olhar incrédulo.

- Você não quer dizer...

- Ah, sim, é exatamente o que eu quero dizer - ele sorriu outra vez, de forma ligeiramente maliciosa. - Por que você não vai lá e joga um charme pra eles?

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- O-o quê? - exclamou Alyss, corando. - Eu não vou fazer isso! 

- Nem se for a única forma de sairmos daqui e ajudarmos Christine? 

- Eu... Essa não é a única forma - ela tentou argumentar. - Tenho certeza de que podemos achar outro jeito. 

- Não está agindo como uma verdadeira mensageira do rei - ele alertou. 

- O que você sabe sobre ser uma mensageira do rei?

- Nada, só que vocês devem ser corajosas. Certo? 

- Está insinuando que não sou corajosa? - ela exclamou, ligeiramente aborrecida. - Como você tem coragem de...

- Não estou dizendo isso! - Peter apressou-se a explicar, com medo de levar um tapa. - De qualquer forma, qual é o problema? É a forma mais rápida de nos tornamos amiguinhos deles. 

- Eu podia tentar conquistar a confiança deles de outro jeito. - sugeriu ela, tentando a todo custo evitar aquela opção. 

- Alyss, me escute - o garoto segurou o braço dela. - Eu não sou treinado nem nada assim, mas preste atenção. Você mesma disse que eles não confiam em mulheres. Além disso, pelo que eu percebi do Ethan, isso vai dar muito mais certo que qualquer outra coisa. Ele é... Um tremendo mulherengo. Por que você está tão nervosa com isso? Achei que tivesse enfrentado coisa muito pior. 

Alyss mordeu o lábio.

- Enfrentei, só que... Isso é diferente. Isso é...

- Espere aí! - interrompeu Peter, divertindo-se com a reação dela, ao mesmo tempo que ficava meio chocado com sua linha de raciocínio. - Acho que você está levando isso um pouco longe demais. Você só precisa jogar um charme ou algo assim, não precisa fazer nada.

- Eu sei! - disse ela. - Eu não faria, de qualquer forma. Esse não é o problema.

- Bem, qual é, então?

Ela mordeu o lábio com mais força. Não queria dizer que estava pensando em Will e no que ele pensaria disso. Peter pareceu perceber que o problema era algo do gênero, pois disse:

- Tenho certeza de que seu namorado entenderia. Se ele for realmente um cara legal, ele não iria julgá-la por algo tão idiota. 

Ele tinha razão. 

Alyss suspirou.

- Está bem - disse, rendendo-se. - Vou ver o que posso fazer.