O Arco Perdido escrita por Jubilee, Adrielli de Almeida


Capítulo 3
Kathleen - Causa perdida




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Assim que me sento minha cabeça começa a girar.

—Água —sussurro — Preciso de água.

Algo molhado aparece sobre meus lábios. Eu tomo e me sinto melhor. Minha visão está embaçada e minha cabeça parece ter sido martelada horas à fio.

—Você está bem? — pergunta uma voz de garoto.

—Depende de quem pergunta — murmuro. Minha voz soa fraca e rouca. Levo a mão aos olhos e algo sai em minha mão. Uma lente transparente. Minha visão se melhora e eu agradeço a isso. Olho em volta. Milhares de olhares me encaram.

—Quíron — fala uma voz de garota. — Só pode ser ela. Quer dizer...

—Agora não Thalia. –—fala uma voz de um homem de meia-idade.

Eu olho para o lado e uma garota de olhos azuis elétricos me encara; Arco nas costas, cabelo repicado e preto, camiseta do Green Day...

—Só... só preciso dos conselheiros. Mande os outros campistas paras as atividades de rotina; deixe só os conselheiros. – diz a garota com o olhar fixo em mim.

—Thalia... Criança, talvez não seja a hora... – fala o homem. Deve ter uns quarentas anos é cadeirante. Tem barba rala e cabelo encaracolados.

—Tudo bem— suspira ele por fim. — Mas é bom que isso seja realmente necessário, criança. Estamos em tempos difíceis.

É necessário Quíron. —fala ela.

—Thalia Grace? — murmuro. — Ora, vejam só... — ela me encara — Fiquei sabendo, que substituiu Zoë Doce-Amarga... É verdade?

—Como você...? Você perdeu a memória. Não... Não...

—Hum — franzo os lábios.

—Memória recente — explica o garoto loiro que perguntou se eu estava bem. Quando ele fala que eu havia perdi a memória, fico preocupada. Tento me lembrar de como cheguei aqui, ou por que. Nada. Nada vezes nada. Mas algo me incomoda.

—Como sabe quem eu sou? — pergunta Thalia, cerrando os dentes.

—Eu já me juntei às caçadoras — digo, me lembrando. — Quando Zoë... Ainda estava viva. Ela era como uma mãe.

A raiva de Thalia se transforma em surpresa.

—Conheceu Zoë? E foi caçadora? Quando?

Engulo em seco.

—Há tempos atrás. Não é importante agora. Acampamento Júpiter, hã?

Todos me encararam.

—O que foi? — perguntei;

—Hã... Meio-sangue. — diz uma garota baixinha. Acabo de perceber que ela está ali. É baixinha e tem olhos... Que parecem ser verdes... Ou será que são castanhos? Cabelos curtos e multicoloridos. Usa uma camiseta laranja que eu não consigo ler o que estava escrito, graças à dislexia. —Acampamento Meio-Sangue. Sou Mari.

—Kath — respondo.

Quando percebo que os campistas estão saindo aos poucos, lançando olhares nervosos para mim. Alguns poucos vêm em nossa direção. Uma menina asiática todo arrumada; dois garotos que pareciam gêmeos; uma garota com cabelos negros e olhar penetrante...

Mari me apresenta a eles. Nyssa, de Hefesto. Drew, de Afrodite. Travis e Connor Stoll, de Hermes. AHSANTOPOSEIDON! Travis Stoll é lindo! Ele tem olhos inteligentes; é alto, tem cabelos encaracolados e castanhos. Um sorriso deslumbrante e parece um elfo do papai Noel. Connor é parecido, mas não tão bonito.

—Fecha a boca, que entra mosca — fala Mari baixinho e rindo. Olho para o garoto loiro que havia me ajudado, e Mari intercepta meu olhar. O risinho se apaga. É minha vez de sorrir.

—Heróis — diz Quíron — Infelizmente, Thalia veio por outro propósito...

—Eu sabia que não eram saudades — resmunga Connor.

—... Ela teve uma visão. — continua Quíron como se ninguém tivesse o interrompido. — Um filho de Apolo. Um filho e uma filha de Hermes. E. E uma filha de Poseidon.

Encarei Quíron.

—Por isso, você veio— Nyssa diz a mim. — Acho que já temos a filha de Poseidon.

Ela dá uma olhada para o meu lado.

—E o filho de Apolo — o garoto loiro ergueu um pouquinho o queixo. —Seja qual for a missão que Thalia precisar... Eu irei.

Passo os olhos por todos os presentes. E paro na Mari. O queixo dela parece ter caído.

—Muito bem — ela grita irritada —Se Will, vai, eu vou junto.

—Mana... —começa Travis. — Quer dizer... É uma missão. Você... Você nunca saiu do acampamento.

—Hey, você acha mesmo que eu posso me dar mal?! — diz ela, toda segura de si. — Nosso pai é o deus dos viajantes, lembra?!

Travis franze a testa.

—Eu vou — diz ele. — Para cuidar de você.

Ela parece inconformada, como uma garotinha de cinco anos que arrancou a barba falsa do papai Noel do shopping.

— Não! — protesta ela.

— Sim, Mari! Você não vai sozinha!

— Vá se ferrar, seu superprotetor de quinta! Ontem eu quase me ferrei...

— EI, EI, EI — eu me levanto meio tonta e me enfio no meio dos dois que estão prestes a se atracar. Mari na ponta dos pés para encarar Travis. —Parem! Os dois!

— Mari, querida,acho que seu irmão tem razão. — diz uma garota de olhos verdes e cabelos castanhos.

—Fique fora disso, Katie! Isso é comigo e Travis. —Apesar de tudo, Mari recua. Eu agradeço silenciosamente.

— Ótimo!— diz Thalia, animada — Temos os quatro...

— Criança, acalme-se. Não é tão fácil assim. Se eles precisam de uma missão precisarão consultar Rachel. —Thalia engole em seco, mas assente.

— Mas antes— Quíron se vira para mim. — Mari, poderia mostrar o acampamento a Kathleen?

— Claro...

ö

Realmente, é... Incrível!

—Aquilo é treino de tiro ao alvo? — pergunto.

—Sim — responde Mari. Ela ainda está meio zangada; com Travis ou Will. Eu não sei bem.

—Ei — chamo baixinho — Você sabe como cheguei aqui?

Ela para e me olha.

—Ninguém sabe. Você simplesmente apareceu na colina meio-sangue. Travis a encontrou. Na verdade, ele ficou todo nervosinho quando Will cuidou de você.

—Hein? — franzo a testa; ela revira os olhos. Eu quase rio com a cena, mas, algo na expressão dela faz com que eu pense o contrário.

—Vocês, filhos de Poseidon, são todos uns lerdos.

Eu devia considerar uma ofensa. Eu devia. Mas estou ocupada demais rindo. O resto da manhã passo ao lado de Mari. Ela me mostrou tudo. Arena, Anfiteatro, Refeitório...

— Você precisa de uma arma — ela comenta. —Vamos até o Arsenal.

—Vocês tem um Arsenal cheio de armas, tipo, mortais?

—Mortais?

—Que machucam... De verdade.

—Claro— responde ela, como se fosse a coisa mais normal do mundo — Como vamos lutar contra monstros?

—M-monstros?

—Meus deuses, garota! Não sabe nada sobre isso aqui?! Parece até uma mortal...

—Eu perdi a memória, ok?

Ela suspira e assente. Caminhamos um pouco e passamos por um riacho. Algumas garotas saem das árvores — digo, literalmente saíram DA ÁRVORE— e nos encararam. Aperto os olhos. Como eu sei o nome dos espíritos das árvores?

Eu ouço um som vindo da floresta. Paro e olho.

— Kathleen? Vamos! Eu não tenho...

— Shh.

— O quê?

— Shhhh!— repito e observo a floresta.

— O que foi? — pergunta ela, vindo ao meu lado. Então ela ouve também e observa atentamente a floresta.

—O que...?

Então o barulho ficou mais alto e mais alto, então... para.

— Droga — geme ela.

E eu sei, de certa forma, que estamos ferradas.


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