O Arco Perdido escrita por Jubilee, Adrielli de Almeida
Assim que me sento minha cabeça começa a girar.
—Água —sussurro — Preciso de água.
Algo molhado aparece sobre meus lábios. Eu tomo e me sinto melhor. Minha visão está embaçada e minha cabeça parece ter sido martelada horas à fio.
—Você está bem? — pergunta uma voz de garoto.
—Depende de quem pergunta — murmuro. Minha voz soa fraca e rouca. Levo a mão aos olhos e algo sai em minha mão. Uma lente transparente. Minha visão se melhora e eu agradeço a isso. Olho em volta. Milhares de olhares me encaram.
—Quíron — fala uma voz de garota. — Só pode ser ela. Quer dizer...
—Agora não Thalia. –—fala uma voz de um homem de meia-idade.
Eu olho para o lado e uma garota de olhos azuis elétricos me encara; Arco nas costas, cabelo repicado e preto, camiseta do Green Day...
—Só... só preciso dos conselheiros. Mande os outros campistas paras as atividades de rotina; deixe só os conselheiros. – diz a garota com o olhar fixo em mim.
—Thalia... Criança, talvez não seja a hora... – fala o homem. Deve ter uns quarentas anos é cadeirante. Tem barba rala e cabelo encaracolados.
—Tudo bem— suspira ele por fim. — Mas é bom que isso seja realmente necessário, criança. Estamos em tempos difíceis.
—É necessário Quíron. —fala ela.
—Thalia Grace? — murmuro. — Ora, vejam só... — ela me encara — Fiquei sabendo, que substituiu Zoë Doce-Amarga... É verdade?
—Como você...? Você perdeu a memória. Não... Não...
—Hum — franzo os lábios.
—Memória recente — explica o garoto loiro que perguntou se eu estava bem. Quando ele fala que eu havia perdi a memória, fico preocupada. Tento me lembrar de como cheguei aqui, ou por que. Nada. Nada vezes nada. Mas algo me incomoda.
—Como sabe quem eu sou? — pergunta Thalia, cerrando os dentes.
—Eu já me juntei às caçadoras — digo, me lembrando. — Quando Zoë... Ainda estava viva. Ela era como uma mãe.
A raiva de Thalia se transforma em surpresa.
—Conheceu Zoë? E foi caçadora? Quando?
Engulo em seco.
—Há tempos atrás. Não é importante agora. Acampamento Júpiter, hã?
Todos me encararam.
—O que foi? — perguntei;
—Hã... Meio-sangue. — diz uma garota baixinha. Acabo de perceber que ela está ali. É baixinha e tem olhos... Que parecem ser verdes... Ou será que são castanhos? Cabelos curtos e multicoloridos. Usa uma camiseta laranja que eu não consigo ler o que estava escrito, graças à dislexia. —Acampamento Meio-Sangue. Sou Mari.
—Kath — respondo.
Quando percebo que os campistas estão saindo aos poucos, lançando olhares nervosos para mim. Alguns poucos vêm em nossa direção. Uma menina asiática todo arrumada; dois garotos que pareciam gêmeos; uma garota com cabelos negros e olhar penetrante...
Mari me apresenta a eles. Nyssa, de Hefesto. Drew, de Afrodite. Travis e Connor Stoll, de Hermes. AHSANTOPOSEIDON! Travis Stoll é lindo! Ele tem olhos inteligentes; é alto, tem cabelos encaracolados e castanhos. Um sorriso deslumbrante e parece um elfo do papai Noel. Connor é parecido, mas não tão bonito.
—Fecha a boca, que entra mosca — fala Mari baixinho e rindo. Olho para o garoto loiro que havia me ajudado, e Mari intercepta meu olhar. O risinho se apaga. É minha vez de sorrir.
—Heróis — diz Quíron — Infelizmente, Thalia veio por outro propósito...
—Eu sabia que não eram saudades — resmunga Connor.
—... Ela teve uma visão. — continua Quíron como se ninguém tivesse o interrompido. — Um filho de Apolo. Um filho e uma filha de Hermes. E. E uma filha de Poseidon.
Encarei Quíron.
—Por isso, você veio— Nyssa diz a mim. — Acho que já temos a filha de Poseidon.
Ela dá uma olhada para o meu lado.
—E o filho de Apolo — o garoto loiro ergueu um pouquinho o queixo. —Seja qual for a missão que Thalia precisar... Eu irei.
Passo os olhos por todos os presentes. E paro na Mari. O queixo dela parece ter caído.
—Muito bem — ela grita irritada —Se Will, vai, eu vou junto.
—Mana... —começa Travis. — Quer dizer... É uma missão. Você... Você nunca saiu do acampamento.
—Hey, você acha mesmo que eu posso me dar mal?! — diz ela, toda segura de si. — Nosso pai é o deus dos viajantes, lembra?!
Travis franze a testa.
—Eu vou — diz ele. — Para cuidar de você.
Ela parece inconformada, como uma garotinha de cinco anos que arrancou a barba falsa do papai Noel do shopping.
— Não! — protesta ela.
— Sim, Mari! Você não vai sozinha!
— Vá se ferrar, seu superprotetor de quinta! Ontem eu quase me ferrei...
— EI, EI, EI — eu me levanto meio tonta e me enfio no meio dos dois que estão prestes a se atracar. Mari na ponta dos pés para encarar Travis. —Parem! Os dois!
— Mari, querida,acho que seu irmão tem razão. — diz uma garota de olhos verdes e cabelos castanhos.
—Fique fora disso, Katie! Isso é comigo e Travis. —Apesar de tudo, Mari recua. Eu agradeço silenciosamente.
— Ótimo!— diz Thalia, animada — Temos os quatro...
— Criança, acalme-se. Não é tão fácil assim. Se eles precisam de uma missão precisarão consultar Rachel. —Thalia engole em seco, mas assente.
— Mas antes— Quíron se vira para mim. — Mari, poderia mostrar o acampamento a Kathleen?
— Claro...
ö
Realmente, é... Incrível!
—Aquilo é treino de tiro ao alvo? — pergunto.
—Sim — responde Mari. Ela ainda está meio zangada; com Travis ou Will. Eu não sei bem.
—Ei — chamo baixinho — Você sabe como cheguei aqui?
Ela para e me olha.
—Ninguém sabe. Você simplesmente apareceu na colina meio-sangue. Travis a encontrou. Na verdade, ele ficou todo nervosinho quando Will cuidou de você.
—Hein? — franzo a testa; ela revira os olhos. Eu quase rio com a cena, mas, algo na expressão dela faz com que eu pense o contrário.
—Vocês, filhos de Poseidon, são todos uns lerdos.
Eu devia considerar uma ofensa. Eu devia. Mas estou ocupada demais rindo. O resto da manhã passo ao lado de Mari. Ela me mostrou tudo. Arena, Anfiteatro, Refeitório...
— Você precisa de uma arma — ela comenta. —Vamos até o Arsenal.
—Vocês tem um Arsenal cheio de armas, tipo, mortais?
—Mortais?
—Que machucam... De verdade.
—Claro— responde ela, como se fosse a coisa mais normal do mundo — Como vamos lutar contra monstros?
—M-monstros?
—Meus deuses, garota! Não sabe nada sobre isso aqui?! Parece até uma mortal...
—Eu perdi a memória, ok?
Ela suspira e assente. Caminhamos um pouco e passamos por um riacho. Algumas garotas saem das árvores — digo, literalmente saíram DA ÁRVORE— e nos encararam. Aperto os olhos. Como eu sei o nome dos espíritos das árvores?
Eu ouço um som vindo da floresta. Paro e olho.
— Kathleen? Vamos! Eu não tenho...
— Shh.
— O quê?
— Shhhh!— repito e observo a floresta.
— O que foi? — pergunta ela, vindo ao meu lado. Então ela ouve também e observa atentamente a floresta.
—O que...?
Então o barulho ficou mais alto e mais alto, então... para.
— Droga — geme ela.
E eu sei, de certa forma, que estamos ferradas.
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