O Arco Perdido escrita por Jubilee, Adrielli de Almeida
Notas iniciais do capítulo
Olá :) Demorei?
Marina – Airplanes in the night Sky
Minha mãe providenciou passagens na primeira classe, assentos duplos com tudo de mais moderno. Travis e Kath, eu e Will. Apolo está em uma poltrona mais a frente, cantando a aeromoça.
A pobre moça está com os joelhos bambos. Sejamos honestos. Apolo é quente. E ela, provavelmente, está a um passo de pular de cabeça no nosso mundo.
Estou com a cabeça encostada no peito de Will, estamos assistindo um filme sem os fones de ouvido, tentando deduzir o que os personagens estão dizendo.
Não entendi muito bem o nervosismo de Kath, afinal não sofremos nenhuma turbulência até agora.
Ela está segurando o braço da poltrona com tanta força que as juntas de seus dedos estão brancas.
Travis está cochichando algo para tentar acalmá-la, mas ela simplesmente continua rangendo os dentes e olhando fixamente para a poltrona da frente.
Em nossa pequena televisão, um xerife gira uma algema em seu dedo indicador e saca a arma.
— Cavalheiro, sinto-lhe informar, mas está preso... Em nome da lei e de tudo que está certo em nossa nação. — diz Will, com um sotaque sulista carregado.
A tela fica preta e os créditos começam a rolar.
— Você sabe imitar muito bem o sotaque sulista — pontuo, sorrindo.
— O que quer dizer com isso, garota? — ele diz falando exatamente como um texano irritado.
Consigo imaginá-lo com um bigode grosso e um distintivo em formato de estrela.
Quando digo isso em voz alta ele vira de costas e pergunta.
— Ah, graças aos deuses, você descobriu. Agora me faça um favor: puxe a cordinha entre minhas escápulas. Pode ser que você dê sorte eu fale sobre a cobra na minha bota.
— Engraçadinho. Estou falando sério. Parece que você veio de um dos condados, Solace.
— Nunca falamos sobre isso. — ele ri nervoso.
— Não deve ser muito difícil. Você sabe tudo sobre mim.
— Quíron me contou enquanto você estava desmaiada.
— Não dificulte as coisas. Fale-me sobre sua mãe, sua casa... De onde você veio. Quero saber tudo.
Ele suspira e me puxa para seu colo.
— Minha mãe é terapeuta em San Antonio, Texas, ela estava trabalhando em um caso de tentativa de suicídio quando conheceu Apolo. Ela estava atolada em trabalho, mas... Bem, você o conhece. Ela ainda vive lá com meu padrasto... O Joshua é ok. Eu moro em uma casa grande... Bem, para que sete crianças e eu tenhamos quartos separados é extremamente necessário.
— Sete irmãos? — pergunto, meio atordoada. — Deve ser maravilhoso!
Ele ri e aperta minha mão.
— Não é para tanto...
— Vocês pregam peças uns nos outros? Com farinha, bexigas d’água, tinta, jornal, máquinas de cortar grama, armas de paintiball?
Ele ri ainda mais, meu entusiasmo com sua família enorme o surpreende.
— Pera. — ele para de rir — Máquinas de cortar grama?
— Travis pode te contar algumas ótimas pegadinhas com essas máquinas fantásticas... — digo com uma piscadela. — São todos meninos?
— Não, são quatro meninos, Dakota, Jason, Adam e Peter. As meninas são Evs, Jess e Molly.
— Devem ser lindos. — digo com um suspiro. — Porque nunca me contou sobre eles antes?
— Não achei importante.
— Drew não achava importante. — deduzo.
— O que?
— Sei que eram amigos antes de eu chegar, Will, e também sei que você estava com ela até verão retrasado.
— Como você sabe tanto, baixinha?
— É um talento. — dou de ombros.
— Ela odiava que eu falasse sobre eles. Achava que sete irmãos fariam com que eu parecesse pobre ou algo assim.
— Adoraria saber o que se passa na cabeça dela. E conhecer seus irmãos, também.
Apoio minha cabeça em seu peito e adormeço.
...
Estou em uma sala vazia, toda branca, à direita vejo uma janela que dá vista para uma campina, á frente uma fonte d’água, á minha esquerda vejo portas de correr que dão em uma praia. E no meio da sala, uma placa.
“Escolha: sobrevivência, conhecimento ou paz interior.” diz.
Minha boca está seca, por isso o gorgolejar da fonte me atrai, ando naquela direção, quando algo me impede...
O que haveria na campina?
Engulo em seco e mudo de direção.
O som das ondas faz com que eu pense novamente. A areia da praia poderia me acalmar...
Olho para a fonte novamente.
Consigo ouvir murmúrios vindos da campina e risadas na praia.
Os sons vão se tornando cada vez mais altos e minha cabeça começa a girar.
“Sobrevivência, conhecimento ou paz interior” repito mentalmente.
Respiro fundo e vou em direção à fonte, dessa vez com convicção.
Ignoro os ruído que vem da janela.
Esqueço o barulho das ondas.
Sobrevivência acima de tudo. Não é isso que ensinam no exército? Ou algo do gênero...
Minha cabeça arde em chamas.
A sala começa a diminuir, as paredes chegando cada vez mais perto.
Continuo andando, mas a caminhada parece não terminar nunca.
Minha visão está duplicada.
Quando chego a meu destino, posso sentir a umidade grudar em meus cílios. Não é certo que uma fonte possa fazer isso, mas a sensação é boa.
Mergulho o rosto na água gelada e sinto um peso invisível deixar meus ombros.
Solto o ar de meus pulmões e vejo as bolhas subirem.
Quando tento voltar a superfície, algo me prende embaixo d’água.
A água começa a ferver e queimar meu rosto.
Meus pulmões ardem.
Algo me lança para fora da fonte, e caio deitada no chão com a barriga voltada para cima.
Sento-me com dificuldade e posso ver um espectro azul saindo da fonte. Ele olha para mim e faz uma pequena reverencia.
— Muito obrigado, Marina. Por facilitar as coisas para nós. Tenha bons sonhos. Ou não.
...
Acordo chorando e gritando no colo de Will.
Ele está dormindo como uma pedra.
Limpo o suor que escorre de minha testa e afundo o rosto no moletom dele.
Tem o cheiro da minha casa, mas também tem o dele.
É uma combinação acalentadora.
Enrosco-me em meu próprio corpo e ligo a televisão.
“Muito obrigado, Marina”
“Muito obrigado, Marina”
“Muito obrigado, Marina”
A frase ressoa dolorosamente em meus ouvidos.
E se eu tivesse escolhido a janela?
Ou a porta?
“Muito obrigado, Marina”
“Muito obrigado, Marina”
Porque não desprezei minha própria sobrevivência para que pudesse entender toda a missão?
“Muito obrigado, Marina”
“Muito obrigado, Marina”
Porque não desisti de tudo? De minha honra, de meus medos...
“Muito obrigado, Marina”
“Muito obrigado, Marina”
Porque sou egoísta.
— Mari, acalme-se. — diz Will, sonolento. Devo ter o acordado.
Saio do transe. É isso que eles (sejam lá quem forem) querem. Que eu fique nervosa. Doente.
Ele me abraça.
— Não se preocupe... — ele sussurra — Vamos sair dessa, baixinha.
Esse sonho tirou toda minha confiança. Estou com vontade de fugir para longe e nunca mais voltar.
— Batman com fones de ouvido? — ele pergunta delicadamente.
Aceno com a cabeça.
Gothan city é longe o suficiente... Acho.
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O que acharam???
Ah, e uma perguntinha, quem vcs acham que é o espectro azul?
Beigos mil :*