O Arco Perdido escrita por Jubilee, Adrielli de Almeida


Capítulo 13
Will - Loucura


Notas iniciais do capítulo

Sim, o Will ganhou um capitulo só dele! Ele está super ultra mega blaster fofo, e sempre que eu releio vomito arco-íris e choro purpurina! Espero que você gostem... Se fizer sucesso talvez ele tenha outro capítulo... :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/222724/chapter/13

Meus lábios formigam enquanto ela me puxa pelo pulso. Por que exatamente ela me beijou?

Ela estava murmurando enquanto dormia, sua mão estava agarrada na minha, sua respiração estava pesada. Parecia irritada com alguma coisa... É difícil saber quando se trata de Mari. Tive medo de acordá-la antes, mas quando os gritos começaram não pude me controlar...

Corremos até nossos chalés, e quando entro no sete Harmony me surpreende.

— Ela te beijou, não foi? —pergunta ela, apontando para mim com uma flecha. É uma garota alta, quase da minha altura, com cabelos loiros cacheados e pele bronzeada, mas não chega a ser tão ameaçadora quanto a garota com metade de sua altura e um terço do peso que deixei no onze.

— Ã?

— Eu previ que aconteceria... Só não sabia onde, achei que seria durante a missão. Não sabia que existiam tetos de madeira por aqui.

— Como você previu?

— Um sonho. Quíron avisou que poderia acontecer.

— Ah.

— Will, — ela diz estalando os dedos — foco! Sem distrações agora!

— Mas... E ela vai ficar bem? Ou vai mesmo, ér, você sabe. Morrer.

— Hm. Não sei ao certo e você tem que parar com isso. Concentração pode salvá-lo e a falta dela, matá-la. Ah, se ela virar mesmo caçadora, a July de Afrodite queria falar com você.

— Virar mesmo?!

— Ah, é, papai, não conversou com você sobre aquilo. Do mesmo jeito, cuidado! Tenho a leve impressão de que isso aí vai matá-la— ela aponta com a flecha para o meu coração e sorri, depois aponta para uma mochila em cima da poltrona. — Não se preocupe com as coisas, já preparei para você.

— Mas... Obrigado, Harm.

— Boa sorte na missão, Will. — vejo um pouco de tristeza em seus olhos, ela sabe de algo ruim, algo muito ruim.

...

Chego a Casa Grande e apenas as Caçadoras, Apolo e Artemis estão presentes.

Já se passaram dez minutos do horário marcado.

— Pai... — digo, medindo as palavras — Harmony me disse umas coisas... As previsões dela podem estar corretas, mesmo não sendo o Oráculo?

— Ah, estão corretas, sim. Harmony enxerga o que pode acontecer, nada de verdades definitivas como a Rachel, mas são verdades.

Estou prestes a perguntar se os últimos versos da profecia são verdades absolutas, quando Mari chega arrastando uma bolsa com franjas. Ela tomou banho e colocou um short jeans escuro com a camiseta do acampamento, nos pés as botas de amarrar de sempre, mas no braço direito um par de jeans compridos e uma bata branca que parecem ser de marca.

— Se vamos para a casa da minha mãe, precisamos estar apresentáveis. — ela ri — Para ser bom, é preciso parecer bom. — recita, com tanto escárnio que o ódio chega a ser palpável.

— Só vamos pegar as coordenadas e ira embora, Mari. Não se preocupe.

— Nunca será isso.

Apolo olha para Artemis e ela retribui o olhar.

— Precisamos ir. Aqui está a localização do acampamento. Não saiam da trilha. — diz ela, tocando meu pulso. Um mapa todo prateado se desenrola ali. — Jamais.

Eles vão embora e nós dois ficamos sentados na varanda, esperando por Travis e Kath. Nenhum de nós fala... O que definitivamente não ocorre recorrentemente.

Ela puxa uma garrafa térmica da bolsa e coloca sobre a mesa de Pinochet.

— Chá?— ela pergunta, sorrindo.

— Do que?

— Não sei direito... Achei o saquinho no fundo do porta-joias.

— Você tem um porta-joias?

— Hm. São as coisas da minha avó. Quer ver?

Não sei o que dizer. Achei que ela estava brincando... A avó dela foi uma semideusa também, uma filha de Zeus, mas... as coisas não deram lá muito certo para ela. Pelo menos, foi o que Quíron me contou. Algo me diz que há muito mais nessa história.

Nunca achei que ela fosse mesmo se oferecer para me mostrar algo tão pessoal... parece invasivo.

Mas, antes que eu possa impedi-la, ela está pegando uma caixinha de madeira, pequena e decorada com espirais, com um fecho de cobre com duas cobras.

Ela abre a caixa e começa tirar os itens de lá, contando a história de cada um com uma voz monótona. Até agora meu favorito é um colar com um pequeno recipiente com sangue de górgona.

— Essa aqui, — diz ela apontando para uma pulseira — ela ganhou da própria Afrodite, pelo menos era o que ela dizia. Dizia que quem a usasse se tornaria irresistível para qualquer homem no mundo. Não que eu acredite.

Sorrio e pego a pulseira de sua mão, passando-a pelo meu pulso.

— Ai, o que acha, eu estou i-r-r-e-s-i-s-t-í-v-e-l? Certo? —digo, afetado.

Ela ri, e aquele som é tão agradável, como o tilintar de sinos de vento, que quero ouvir de novo; ela tem duas covinhas...

— Ai, amigooooo, você está mais que irresistível! As meninas querem seu corpo nu!— ela diz, alargando o sorriso.

Tiro a pulseira do meu pulso e a giro com o dedo indicador. É pesada, com berloques de esmeralda.

— E eu? — diz ela, puxando a pulseira. — Será que se eu colocá-la ficarei irresistível? Ou sua irresistibilidade vai ofuscar a minha?

Ela gira a pulseira no dedo indicador e apoia a cabeça no meu ombro.

— Você sempre foi irresistível. — sussurro.

O coração dela está acelerado, ele bate tão rápido quanto o meu.

Olho no fundo dos olhos dela, que normalmente são insondáveis, mas hoje posso ver cada pedacinho de insegurança, sobre a missão, sobre sua mãe, sobre mim.

E é quando eu a beijo.

Seus lábios são macios, com gosto de baunilha e chocolate, ela entrelaça os braços em meu pescoço e me beija de volta.

Seus dedos brincam delicadamente com meu cabelo.

Não sei como o tempo passa, nem como nos separamos, mas sei que não teríamos parado se não ouvíssemos a risada de Travis.

— É melhor, er... Acho que... — digo, meio rouco.

Ela murmura algo sobre querer arrancar os braços de Travis e enterrá-los nos estábulos.

— Acho que precisamos conversar, depois...

— Mari? Will? Demoramos? — pergunta Kath preocupada.

— Nem um pouco! Pontuais como um ogro. — ela diz, erguendo uma sobrancelha.

— O horário marcado era 10 horas. — completo. — Fofo da parte de vocês chegar às... 4 horas.

— Hm... Desculpe...

Mari dá um salto e levanta.

— É melhor irmos. Minha mãe vai ter um treco se chegarmos tarde demais.

...

Entramos na van com Argos, às quatro e quinze, e chegamos a um prédio chique às  seis e vinte.

— Preciso me trocar... — ela diz. — Vou me trocar na mala. Não olhem!

Ela se enfia no porta-malas e joga a camiseta laranja para frente. Ouço o barulho de um zíper se fechando. Ela joga o short e os tênis também. Quando ela volta, está vestida exatamente como uma garota rica em Nova Iorque. Não parece certo.

Ela esconde o colar de contas embaixo da bata branca e enfia pela cabeça um colar de ouro branco.

— Vamos lá, Mari. Sua mãe não pode ser tão ruim assim, afinal, Hermes se apaixonou por ela. — reclama Travis.

Ela suspira.

— Vamos lá, Mari... — Kath sussurra.

Mas, Mari ainda está magoada com a filha de Poseidon.

Ela pula da van e me puxa pela mão.

Kath está confusa.

Entramos no hall, e um porteiro idoso nos recebe.

— Srta. Marina de Luca? Já voltou do acampamento de verão? Sua mãe ficará, er, satisfeita. E quem são esses?

Ela respira fundo.

— Will, é o loiro, Travis, aquele ali, e a garota é Kathleen. Minha mãe ficará feliz em recebê-los — ela diz, formalmente.

O porteiro assente e nos deixa passar.

Entramos em um elevador cheio de pompa. Ela aperta minha mão com mais força; está gelada.

Ela aperta o botão C, que deve significar Cobertura e joga um batom para Kath.

— Passe. Ou minha mãe vai achar que te encontramos na rua.

Kath olha para as próprias roupas, jeans rasgados e uma regata roxa.

Quando as portas do elevador se abrem, damos de cara com o apartamento mais limpo, mais branco e o maior que já entrei.

Agora entendo a roupa clara e sem cor da Mari.

A coisa mais colorida na casa inteira é provavelmente uma almofada artesanal no sofá... Um presente de Dia das Mães, provavelmente.

— Mãe. Estamos em casa.

Ouço o clap clap de salto altos.

— Estamos? Como assim “estamos”? Hermes só me falou sobre você.

A mãe dela é baixa, não tanto quanto ela; têm cabelos pretos e a pele pálida, usa um terninho cinza e tem os olhos mais azuis que já vi.

Quando ela percebe o erro, se corrige:

— Teremos comida árabe para o jantar, querida. Pode vir até meu escritório? Um instantinho, Marina. Só um instantinho. Vocês podem se sentir a vontade enquanto isso. Ah, e querida? — ela diz, olhando para Kath— Se você quiser, Marina pode lhe emprestar alguma coisa. Ela te leva ao closet depois.

Mari parece estar sendo torturada, quando sua mãe a leva até a primeira porta a esquerda.

Nunca pensei que poderia temer um mortal, muito menos temer por ela.

Afinal ela carrega uma adaga no tênis e conseguiu destruir um autômato com as próprias mãos.

Mas o olhar que a mãe dela lançou me deixou nervoso.

Ela ama a filha, sim, isso é papável. Mas está disposta a ir embora, também.

— Uau, olha essa tevê. — diz Travis, procurando o controle.

Kath está jogada no sofá, com uma cara que está longe de parecer “feliz”.

Sento-me do lado dela.

— Estou tão mal assim? — ela pergunta.

— Não. — sorrio.

Travis revira os olhos.

— Onde pessoas ricas guardam os controles?!

— Sei lá, Travis, no porta-controles!— murmura Kath, apontando para a caixa ao lado da televisão.

— Ah.

Ela puxa uma carta do bolso... Ela rasga envelope e pega o conteúdo.

— E-está em branco?— ela sussurra.

Ela coloca o papel de volta no envelope, que se sela sozinho.

Alguém pigarreia.

Olho para cima e me deparo com um... Um mordomo?!

— Gostariam de alguma coisa? Uma água, um refrigerante, um petisco?

...

O tempo passa, Travis come, Kath abre e reabre a carta diversas vez e eu espero.

Elas ainda estão conversando...

Levanto-me. O TDAH não permite que eu continue parado. Vou até a estante de livros e passo os dedos pelos títulos. Lombadas lisas e bem cuidadas. Mas uma é diferente, está meio gasta. Puxo.

É um álbum de fotografias.

Uma garota sorrindo, com a cara toda manchada de tinta, um dente faltando e um esquilo morto na mão direita. Mari...

Ela e a mãe, rindo, na praia.

Ela agarrando um cachorrinho.

Sua mãe em um píer. Essa foto tem um dedo aparecendo perto da lente como se uma criança de sete anos estivesse segurando a câmera.

Ela em cima de uma cadeira, com a mão no peito, como se estivesse discursando.

De ponta cabeça, segurando um pirulito.

Fazendo pose com um dracma.

E agora ela cresceu; uma foto dela com uma tesoura, cortando o próprio cabelo, aos onze anos, nas seguintes ela percebe que está sendo fotografada.

Na próxima foto ela já está usando o colar do acampamento. Seus olhos âmbar estão brilhando mais que o normal e o sorriso poderia iluminar um estádio.

As outras páginas estão vazias. Mais nada.

Foi quando ela brigou com a mãe.

— Will?!

Coloco o álbum de volta no lugar rapidamente e me viro pra ela.

— Queria conversar comigo?— seus olhos estão vermelhos, e as bochechas úmidas.

— Marina, depois você conversa com seu amiguinho. Kath precisa de roupas melhores. Como disse teremos companhia. — ordena sua mãe.

— Você poderia ajudá-la, mamãe? Não sei o tipo de pessoa que esperamos. E minhas roupas são curtas demais pra ela...

— Hm, claro. Venha, Kath. Acho que a deficiência vertical de minha filha não te atingiu, portanto, um vestido meu será o ideal, certo?

Logo que sua mãe sai da sala, ela me abraça. Sinto suas lágrimas molhando minha camiseta. Passo a mão em seu cabelo.

— Sh... Shhh... Tudo vai ficar bem... — disse

Mesmo sabendo que, na verdade, nada vai ficar bem. Somos semideuses, afinal. Nada é fácil para nós. Tudo que podemos fazer é manter os olhos abertos, e permanecer atentos. Porque, você pode ter certeza, os deuses e os monstros estão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

não sei se deu pra notar, mas o Will está fazendo um trocadilho com Eyes Open da Taylor Swift no final!
♪Keep your eyes opeeeeen ♪
Pronto parei.O que acharam?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Arco Perdido" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.