Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 10
Floresta


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde amores! Tudo bem com vocês? Olha, eu acho que esse capítulo está pequeno, mas está bom, e por motivos que vocês irão descobrir! Então, vamos ler!



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Ethan Williams POV – Início da Manhã de 03 de Abril.


Por que raios Andrew quer que eu encontre com ele na floresta, praticamente de madrugada? Por que não poderia ser algo normal como uma rodoviária, o aeroporto na capital... Mas não. Na floresta. Esse moleque tem problemas.

A neblina estava densa, impedindo-me de ver mais de um metro a minha frente além de contornos difusos. Os poucos raios de sol que adentravam pelas copas das árvores não conseguiam atravessar a espessa parede branca de neblina. O silêncio dominava, sendo cortando por um eventual piar e o barulho dos meus pés quebrando galhos e folhas secas – o que eu cuidava para evitar. Eu tinha de caminhar até a clareira, onde Andrew estaria (não faço ideia de como, mas estaria), e eu ainda estava longe. Andei por mais um tempo, até que ouvi um barulho atrás de mim. Virei-me rapidamente e a maldita neblina impediu-me de ver alguma coisa.

Virei-me para frente e continuei andando. Era capaz de Andrew já estar me esperando na clareira. Ouvi o barulho novamente – era um farfalhar de folhas e o estalar de galhos secos quebrando. Haveria, talvez, um animal por perto, ou então, alguém me perseguindo. Fiquei em silêncio, ponderando se eu deveria fazer alguma coisa. E fiz. Continuei andando.

Uns dez passos adiante, o barulho se repetiu – desta vez à minha direita. Parei. Alguma coisa estava definitivamente errada. Senti a adrenalina começar a se espalhar pelo meu sangue que circulava cada vez mais rápido dentro de meu corpo, de acordo com o ritmo do meu coração. Virei-me lentamente para frente, determinado a continuar e chegar à clareira, esperando que não fosse nada, somente minha imaginação paranoica.

Continuei caminhando, tenso. O barulho não voltou a se repetir. Segui caminhando e fui relaxando aos poucos, conforme eu não escutava mais nada e sentia mais segurança. Eu estava quase na clareira quando ouvi um barulho alto, e mal me virei quando duas mãos agarraram meu pescoço e prensaram-me contra uma árvore. Não havia conseguido enxergar nada até então, apenas um vulto vermelho. Uma risada ecoou nos meus ouvidos.

– Andrew! – Berrei. – Seu filho da...

– Ei, não difame minha mãe. É maldade.

– Quem é você para me falar de maldade? – Perguntei bravo, enquanto Andrew se afastava.

– Touché.

– Então você só quis vir na floresta para fazer essa brincadeira?

– É. – Disse ele com cara de anjo. – Não foi tão ruim, vai.

Bufei, olhando-o com censura. Ele piscou repetidamente, ainda mantendo a cara de anjo.

– Ethan. Ethanzito. Ethaner.

– Depois eu que tenho que parar com a viadagem. – Eu disse sorrindo, indo abraçá-lo. Andrew era meu amigo desde sempre, e tinha a mesma vida e os mesmos problemas que eu... Desde sempre. Andrew Cooper também era um caçador de bruxas.

– Onde está Fred?

– Chega amanhã, se nada o atrasar. Terminou uma missão ontem em Atenas e está a caminho.

– E o Holmes? – Perguntei azedo.

– Já deve estar na cidade.

– Ah, ótimo. – Eu disse sarcástico. Andrew se limitou a sorrir enquanto caminhávamos de volta para a civilização.


Marie Jean POV – Manhã de 03 de Abril.


Entrei na sala de aula e nem Ethan nem os outros haviam chego. Na verdade, eu havia chegado bem cedo naquela escola, e sequer havia necessidade. Pouquíssimas pessoas haviam chego e notei que havia um aluno novo. Estranhei por ser metade do trimestre e terem dito que as vagas estavam fechadas.

O rapaz tinha cabelos castanhos cacheados e de um jeito bagunçado bonito. Era dono de olhos verdes e assim que me viu, sorriu. Sorri de volta e sentei-me na minha mesa, sem olhá-lo mais, pegando um livro na minha mochila. Comecei a ler enquanto esperava Lisa, Ethan e Peter chegarem.

– Olá. – Disse uma voz a minha frente. Levantei a cabeça e vi o aluno novo sentado na cadeira diante da minha, olhando-me com um sorriso.

– Oi. – Respondi. Dei um sorriso constrangido de quem não sabe o que dizer, enquanto deixava o livro aberto na mesa.

– Como você se chama?

– Marie Jean. Mas me chame de Jean.

– Prazer, eu sou o Harry. Mas me chame de Hazza.

Harry estendeu a mão e eu a apertei. Ele começou a puxar assunto até que vi Ethan entrar na sala, acompanhado de um moreno alto. Eu sorri.

– Hey, amor. – Eu cumprimentei. Ethan sorriu e se abaixou para me beijar levemente nos lábios. – Tudo bem?

– Sim, e você?

– Também. Esse é o...

– Holmes. – Disse Ethan, ficando tenso ao meu lado e tentando disfarçar.

– Williams. – Respondeu Harry, entretanto em um tom muito mais amigável. Olhei de um para o outro e vi raiva no olhar de Ethan, e um sentimento parecido no olhar de Harry... Porém com mais escárnio.

– Vocês se conhecem? – Perguntei, confusa.

– Infelizmente. – Disse Ethan.

– Não seja tão mau, Ethan. – Disse Harry. – Não foi tão ruim assim.

– Ah, sim, claro.

– Mas do que...? – Perguntei.

– Longa história. – Responderam Harry e Ethan em uníssono, sem desgrudar o olhar um do outro.

– Eu sou o Andrew, mesmo que ninguém tenha perguntado. – Disse o moreno, com ar de diversão, sorrindo para mim.

– Eu sou a Marie Jean. – Sorrindo de volta.

– Ethan falou muito sobre você. – Comentou, sorrindo maliciosamente de canto e dando uma rápida olhada para Ethan, que desviou o olhar do olhar de Harry. – E posso garantir que foi muito bem.

Corei com a afirmação, e Andrew sorriu satisfeito enquanto Ethan olhava para mim com ternura, mas ainda tenso. O sinal irritantemente escandaloso entoou acima de nós e Harry foi para o seu lugar. Ethan sentou-se atrás de mim enquanto Andrew sentava a minha frente, e Lisa e Peter chegavam correndo dentro de sala, para sentar ao nosso lado.

– Mais tarde você vai me contar tudo sobre o seu passado e Harry. Ok? – Eu disse, olhando séria para Ethan, que somente assentiu. Sentada de lado, me virei para Andrew e comecei a puxar assunto com ele.

– Então, você é o que do Ethan? – Perguntei, levando minha mão direita até a mesa de Ethan e puxando sua mão, entrelaçando-a na minha. Soube, mesmo sem ver, que ele estava sorrindo. Andrew também sorriu.

– Primo.

– Ah... Eu jamais pensaria isso. Vocês não tem nenhuma semelhança...

– É que somos primos de segundo grau. – Disse Ethan.

– Ah...

O professor entrou na sala e deu início a aula, naquela manhã que começava a se arrastar. O sono começou a se abater e fui me inclinando na carteira, até que pousei minha cabeça sobre meus braços, enquanto minhas pálpebras pesavam cada vez mais...


“Eu estava andando em um corredor escuro e comprido. O chão estava coberto por uma camada de poeira, e era possível enxergar marcas de pés e alguma coisa sendo arrastada. A madeira velha rangia abaixo dos meus pés, e eu estava tensa – meus músculos doíam de tanta tensão. Meu coração palpitava com a expectativa de ser descoberta; mas ser descoberta pelo o quê? Por quem?

Continuei caminhando. No final do corredor, havia uma escada que levava à um andar superior, também coberta de poeira. A madeira era em um estilo mais rústico, colonial, escura, manchada por algo mais escuro e recente. Na penumbra não consegui distinguir perfeitamente o que era, mas torci para não ser sangue. Comecei a subir a longa escadaria, que terminava em um outro corredor, semelhante ao de baixo – porém com algumas portas. A última, lá no final, estava aberta, com uma luz bruxuleante alaranjada a brilhar por ela. O cheiro de queimado me indicava que aquilo era fogo – deveria haver uma lareira.

Meu instinto disse para que eu andasse até lá, e foi o que eu fiz. A passos lentos caminhei até lá, fazendo o maior silêncio que conseguia. Conforme me aproximava do cômodo, eu conseguia escutar vozes, sussurros, ruídos.

Cada vez mais perto da porta. A luz iria iluminar-me a qualquer momento e eu não tinha mais controle sobre minhas pernas, que me levavam até a sala. A luz bruxuleante chegou a mim, e com ela, a imagem da sala. Estava um caos completo, com um colchão velho e esfiapado sozinho no chão. Em cima dele, amordaçada, desgrenhada e ferida, estava minha mãe.

– Jean! – Exclamou ela. – Tome cuidado. Proteja-se. Há alguém enganando você. Cuidado. Seja forte.

– Cale a boca, mulher! – Gritou um homem, da qual não consegui ver o rosto, e ele a estapeou. Ela caiu no colchão, lacrimejando.

– NÃO! – Gritei.”


– Jean. Jean? Está tudo bem? – Perguntou uma voz ao meu lado, da qual não reconheci primeiramente. Minha mente se esforçou e se recordou que era a voz de Ethan. Abri os olhos e ergui a cabeça. Ethan estava ajoelhado na minha frente, preocupado, enquanto o resto da turma me olhava alternando olhares de escárnio, surpresa, preocupação.

– Sim, sim. – Respondi gaguejando.

– Ethan, leve-a para tomar um ar e um copo da água. – Disse o professor. Ethan assentiu e me ajudou a levantar. Saímos da sala em silêncio e ele mantinha seu braço em volta da minha cintura, como se tentasse evitar que eu desabasse no chão - o que era bem provável. Ele me fez sentar no banco que havia ao lado do bebedouro e pegou um copo, enchendo-o de água. Entregou a mim e se agachou na minha frente.

– Você está realmente bem?

– Mais ou menos.

– O que houve? – Perguntou, colocando a mão na minha coxa.

– Um pesadelo.

– Mais um?

– Aparentemente, um dos piores.

– Isso deve ter algum significado, algum presságio. Pessoas como nós não tem sonhos assim á toa.

– Eu só quero que pare, somente isso.

– Nós vamos dar um jeito, meu anjo, nós vamos. – Disse ele, com voz doce. Sorri de canto e tomei mais um gole de água.

No fundo eu sabia que alguma coisa estava terrivelmente errada. Mas rezava para que não estivesse.



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Notas finais do capítulo

E então, o que me dizem a respeito? Quero saber tudo o que se passou na mente de vocês enquanto Fred, hein? Deve estar chatinho esse lance dos pesadelos da Marie Jean, mas prometo que vou dar um jeito nisso. Quero agradecer de novo pelas recomendações e reviews que ganhei, e deixar bem claro que vocês são livres para deixá-los, hein? ahahahahah